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Sangramento ou degola? Oposição disputa o comando do Estado Islâmico

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caruso charge globo dilma
Charge de Chico Caruso publicada na capa de O Globo (Pragmatismo Político)

Afinal, quem é o Jihadista John, que, no domingo, Dia Internacional da Mulher, ameaçava cortar a cabeça da presidente Dilma Rousseff, na capa do jornal O Globo?

Para o jornalista Fernando Brito, não resta dúvida. Trata-se do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que parece ser o líder incontestável da oposição brasileira.

No entanto, em encontro realizado nesta segunda-feira em São Paulo, o ex-presidente adotou uma posição mais branda. “Não adianta nada tirar a presidente”, disse ele.

Ou seja: ao que tudo indica, FHC passou a defender a tese do sangramento lento e gradual da presidente – um caminho que foi defendido pelo pit bull da legenda, o senador Aloysio Nunes (PSDB-SP). “Não quero que ela saia, quero sangrar a Dilma, não quero que o Brasil seja presidido pelo Michel Temer”, afirmou Aloysio.

Em favor da degola, dois tucanos se posicionaram: o senador José Serra (PSDB-SP) e o governador Beto Richa, do Paraná.

“O governo está tão fraco que dá margem a que gente reivindique o impeachment”, disse Serra, em entrevista ao jornal El Pais. Richa afirmou que, “devido à crise moral” vivida atualmente pelo Brasil, “é possível” um eventual impeachment da presidente Dilma Rousseff. Detalhe: recentemente, milhares de paranaenses foram às ruas quando descobriram que Richa pretendia usar recursos do fundo de previdência para pagar salários.

O presidente nacional do partido, Aécio Neves (PSDB-MG), não tem falado em impeachment, nem em sangramento – apenas em “descalabro moral”, muito embora seu caso na Lava Jato, sobre desvios em Furnas, ainda possa ser reaberto. A honrosa exceção, no PSDB, deve ser feita aos governadores Geraldo Alckmin, de São Paulo, e Marconi Perillo, de Goiás, que já se pronunciaram diversas vezes em defesa da legalidade e da manutenção da ordem democrática.

Do estado governado por Perillo, veio também mais uma adesão ao golpe: do senador Ronaldo Caiado (DEM/GO), que rejeitou a tese do ‘sangramento’ da presidente Dilma Rousseff. “Quero a cura”, disse Caiado, que, recentemente, saiu em defesa do senador Agripino Maia (DEM/RN), acusado pela procuradoria-geral da República de receber propinas de R$ 1,1 milhão no Rio Grande do Norte.

Como diria Millôr Fernandes, o problema do Brasil não está no moralismo, mas nos nossos moralistas.

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PSDB e DEM chamam população às ruas

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agripino maia aécio dem psdb
DEM e PSDB, capitaneados por Agripino Maia e Aécio Neves, darão suporte aos protestos do dia 15 contra Dilma Rousseff. SDD, de Paulinho da Força, também irá apoiar o ato

Os principais partidos de oposição decidiram formalizar apoio aos protestos contra a presidente Dilma Rousseff que ocorrerão no próximo dia 15. Além de convidar seus filiados, as legendas estão disponibilizando estrutura física para o evento.

“O Solidariedade participará com bandeiras, camisetas e três carros de som”, diz o deputado Paulinho da Força (SDD-SP).

“Nós do PPS vamos ao ato com bandeiras do Brasil. Queremos quebrar esse preconceito de que a manifestação não pode ser política”, afirma Roberto Freire, presidente do PPS.

O DEM sugeriu uma possibilidade de ruptura institucional. “Minimizar a manifestação maciça de brasileiros durante um pronunciamento de uma presidente em rádio e televisão é não entender o ineditismo do fato. No Brasil, nunca se viu isso. Dizer que isso é um movimento pequeno é subestimar aquilo que, Deus nos livre, pode estar por vir”, diz o presidente do partido, Agripino Maia, denunciado ao Supremo Tribunal Federal por receber propina de R$ 1,1 milhão no Rio Grande do Norte.

O PSDB, maior partido de oposição, decidiu apoiar os movimentos ‘vem pra rua’ e ‘onda azul’, que estarão nos atos do próximo domingo. A legenda também está envolvida na divulgação do ato nas redes sociais. Imagens da campanha de Aécio Neves à presidência da República no ano passado estão sendo amplamente utilizadas em vídeos que convocam a população. Profissionais que participaram da campanha do tucano estão entre as pessoas que difundem o material.

Os vídeos estão sendo divulgados em páginas que defendem a manifestação anti-Dilma e também em aplicativos como o WhatsApp. As imagens foram gravadas em alta resolução e boa qualidade técnica, assim como as músicas feitas em estúdio.

O movimento Vem Pra Rua, por exemplo, divulgou um vídeo em que a abertura toda é feita com imagens da propaganda tucana.

Aliados da presidenta afirmam que grupos econômicos estão, em segredo, ajudando, com recursos e robôs, a amplificar essas ações na internet.

VEJA TAMBÉM: Impeachment? A História não se repete: é palhaço quem quer

com Folha de S.Paulo e Fórum

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Futebol de domingo é antecipado para não atrapalhar protesto contra Dilma

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dilma protesto domingo 15/03
Jogo do Palmeiras no domingo é antecipado por conta de manifestação contra presidente Dilma Rousseff

Ivan Longo, Revista Fórum

Domingo (15) tem futebol pela manhã em São Paulo. E não é o futebol com os amigos e nem uma partida de futsal pela televisão, mas um jogo oficial válido pela 10ª rodada do campeonato paulista, entre Palmeiras e XV de Piracicaba. Inicialmente marcada para 16h – como acontece com boa parte dos demais jogos oficiais do estado aos domingos – a partida foi antecipada para às 11h da manhã, por uma determinação da secretaria de Segurança Pública.

O motivo? A manifestação contra a presidenta Dilma Rousseff, marcada para a parte da tarde do mesmo dia no vão livre do Masp, quase 8 quilômetros distante do local onde será realizado o jogo – no estádio do Palmeiras, o Allianz Parque.

A justificativa? “Segurança”. De acordo com o secretário de Segurança Pública, Alexandre Moraes, o evento esportivo não poderia acontecer na parte da tarde, período em que estão “previstas manifestações na capital paulista”. “Haverá manifestação popular, por isso a Polícia Militar terá de concentrar todo o contingente policial para trabalhar em cima da manifestação, e não do jogo”, explicou o coronel Marcos Marinho, Diretor de Segurança da Federação Paulista de Futebol (FPF).

VEJA TAMBÉM: “Mentira deslavada”, diz Letícia Sabatella sobre vídeo que convoca impeachment

O caso, no entanto, soa no mínimo estranho quando analisado com cautela. A justificativa da segurança até parece plausível em um primeiro momento, mas, dado o cenário que está se desenhando em cima dessa manifestação somado a alguns fatos que giram em torno dessa justificativa, não fica difícil entender que a segurança não é a única razão da alteração.

De acordo com o coronel Marinho, da FPF, no último jogo do Palmeiras (Palmeiras X Brangantino), no sábado (7), foi mobilizado um contingente com cerca de 115 policiais. Como a partida deste domingo não é nenhum clássico, o contingente de PMs deve ser parecido. A torcida será composta, praticamente, apenas por palmeirenses. Isto é, as chances de um conflito e, consequentemente, da necessidade de uma mobilização maior de policiais, será praticamente nula.

PM no estádio X PM na manifestação: medida desnecessária

A Polícia Militar no estado de São Paulo conta com um contingente total de mais de 90 mil homens. Nas últimas manifestações populares que aconteceram na cidade, foram mobilizados cerca de mil PMs em cada. Nas partidas de futebol que não são clássicos, como já dito, a média é de 115 policiais.

Somente esses dados já dão uma dimensão de que o número de policiais necessários para o evento esportivo é irrisório perto da quantidade de homens que a polícia tem à disposição e daqueles que são, efetivamente, mobilizados para manifestações.

Guaracy Mingardi, ex-secretário de Segurança Pública de Guarulhos, cientista político e especialista no assunto, vai além. Ele lembra que a PM já tem tropas especiais para cada situação.

Não há nenhuma necessidade [de fazer a alteração do horário do jogo]. Primeiramente por que, a princípio, espera-se que o protesto seja pacífico. Segundo que a Polícia Militar já é organizada para atender diferentes demandas ao mesmo tempo. Tem a Tropa de Choque, tem a Rota, que certamente não vai ser usada em protesto, tem a cavalaria, tem um batalhão específico pra manifestações e tem um específico para eventos esportivos”, explicou.

Nesse sentido, é inevitável que as motivações apresentadas pela secretaria do governo de Geraldo Alckmin (PSDB) sejam colocadas em dúvida. “Deve ter alguma coisa política envolvida… Eles podem querer que a atenção não seja dividida com o protesto, querer que mais gente vá a manifestação, tirando gente do jogo de futebol. É estranho, mas aí não posso ser preciso”, comentou Mingardi.

O Diretório Municipal do PT  recebeu com estranheza a notícia da mudança de horário do jogo por conta do protesto. “Muito estranha a decisão da mudança, porque não é comum que os jogos tenham seu horário alterado em razão de eventos na cidade, e muito menos de uma manifestação. Esperamos que não haja nessa decisão da Secretaria de Segurança Pública nenhuma outra questão senão uma preocupação técnica e baseada em critérios objetivos”, afirmou o vereador Paulo Fiorilo, presidente do diretório.

Preocupação com o transporte público: antes não tinha, agora tem

A secretaria de Segurança Pública informou ainda que, além da questão da segurança, a mudança de horário do jogo se faz necessária pois os o término dos dois eventos poderia coincidir, o que poderia “acarretar sobrecarga no transporte público, dificultando a vida da cidade”.

Essa preocupação com a locomoção das pessoas em dia de manifestação também é pouco usual. Ao longo desse e de outros anos, em diversas ocasiões, a Polícia Militar fechou estações de Metrô em pleno funcionamento para impedir o trânsito de manifestantes. Em alguns atos, inclusive, a PM chegou a invadir estações e disparar bombas de gás e balas de borracha contra manifestantes e usuários.

Aparentemente há um tratamento bem diferente do governo estadual com a manifestação de domingo em relação a outras manifestações que vinham ocorrendo até então na capital.

É tudo pela “segurança”.

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Pedir impeachment é varrer a corrupção para debaixo do tapete

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impeachment pt corrupção direita seletiva manifestação

Que ninguém se engane ou se faça de desavisado. As organizações Impeachment S.A. – uma sociedade mais ou menos anônima – está aí não só para promover eventos, mas, sobretudo, para se capitalizar.

Quem quiser ir às ruas no dia 15, com nariz de palhaço e cartazes pró-impeachment, vai estar batendo o bumbo e vomitando seu ódio com o patrocínio de empresas e políticos que querem bombar o desgaste de um governo por razões nada republicanas.

Algumas das organizações mais ativas na mobilização das manifestações do dia 15 de março são um negócio patrocinado pela oposição partidária e empresarial, com os préstimos sempre valiosos do cartel midiático, que dá uma boa força para a sua divulgação.

Tal e qual nos bons tempos do golpismo dos anos 1950 e 1960, trabalhar pela derrubada de um governo é, em parte, ideologia, mas tem seu lado ‘business’. Dá dinheiro.

Os grupos que organizam os protestos e clamam pelo impeachment começam como rede social, mas crescem com apoio partidário e empresarial.

Nenhum desses grupos deixa de pedir, publicamente, recursos para financiar seu ‘trabalho’ – seria melhor dizerem ‘seu negócio’. Até aí, nada de mais.

Leia também: Impeachment? A História não se repete: é palhaço quem quer

Porém, o grosso das contribuições que algumas dessas pessoas recebem não são públicas e nem de pessoas que dão 5, 10, 100 reais. Hoje, a maior parte da grana que rola em prol do impeachment de Dilma tem outra origem.

Empresários em pelo menos três estados (São Paulo, Pernambuco e Paraná) relatam ter recebido telefonemas pedindo dinheiro para a organização dos atos do dia 15. A fonte da informação são advogados consultados para saber da legalidade da doação e possíveis implicações jurídicas para as empresas.

Em um dos casos, o pedido não foi feito diretamente por alguém ligado aos perfis de redes sociais que convocam o ato, mas por um deputado de oposição, com o seguinte argumento: “precisamos ajudar esse pessoal que está se mobilizando para tirar esses vagabundos do poder“.

O curioso é que o deputado oposicionista faz parte do seleto grupo de parlamentares que teve o privilégio de contar, entre seus financiadores de campanha, com empresas citadas na Lava Jato. Portanto, pelo critério da Impeachment S.A., o deputado amigo é, de fato, um honorável vagabundo.

É bom lembrar que quase a metade dos nomes da famigerada lista do ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, estava ligada às campanhas de Aécio ou Marina Silva

As empreiteiras pegas na Operação Lava Jato doaram quase meio bilhão de reais aos políticos e aos partidos com as maiores bancadas no Congresso, o que inclui os de oposição, como PSDB e DEM. Será que alguém vai se lembrar disso no dia 15?

Como o negócio funciona e prospera

A Impeachment S.A. virou franquia. Uma pessoa ou um pequeno grupo monta um perfil, sai à cata de adesões e seguidores e cria memes para serem espalhadas na rede. Com alguma sorte, essa ‘produção’ se torna viral – pronto, a fórmula de sucesso deu resultado.

Os grupos que organizam o protesto do dia 15 são muitos. Cada estado tem um ativista ou grupo de maior proeminência. Eles hoje disputam o mercado do protesto de forma cada vez mais empresarial. Com naturalidade, eles são absolutamente francos em dizer que o capitalismo é seu sonho de consumo. Qualquer maneira de ganhar dinheiro vale a pena.

Dependendo da força de adesão de cada perfil, o criador usa sua lista de seguidores, com ou sem nariz de palhaço, como portfólio para negociar patrocínio privado.

Quanto mais o impeachment se tornar um oba-oba, do tipo “atrás do trio elétrico só não vai quem já morreu“, tanto melhor para o negócio de derrubar a presidenta.

A busca de um mercado do protesto veio a partir do momento em que esses mascates do impeachment bateram às portas dos partidos, como o PSDB, o DEM e o PPS.

Pelo menos no caso de Pernambuco, houve tentativas também junto ao PSB, cujo ex-candidato à presidência, Eduardo Campos, também consta citado na delação de Paulo Roberto Costa. O PSB hoje abriga, entre outros, ‘socialistas’ da estirpe do antigo PFL, como os renomados Heráclito Fortes (PI) e Paulo Bornhausen (SC).

Alguns dos ativistas da Impeachment S.A., de espírito empreendedor mais aguçado, pegaram a lista de financiadores de campanhas de políticos da oposição com os quais mantêm contato e foram pedir ajuda para conseguir abrir portas em empresas dispostas a financiar a campanha do impeachment.

Os políticos tucanos, ao que parece, têm sido os mais empenhados em redirecionar os pedidos de patrocínio privado para o universo das empresas.

Publicamente, só para variar, os tucanos definiram, com o perdão ao vocábulo ‘definir’, que apoiam o ato pró-impeachment, mas são contra o impeachment. Hein? Precisamos de pelo menos uns dois minutos para entender o raciocínio e pegar algum tucano pelo colarinho branco, escondido atrás de mais esse muro.

Os tucanos querem o protesto, torcem pelo protesto, ajudam a patrocinar o protesto, mas fingem que não têm nada a ver com isso. Faz sentido – e ainda tem gente que acredita que eles realmente não trabalham pelo impeachment.

Por que 15 de março?

A própria data do protesto foi calculada politicamente, pela Impeachment S.A., com um propósito evidente.

O alvo do protesto é a presidenta Dilma Rousseff, convenhamos, justamente no mês em que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, divulga a lista dos políticos envolvidos no escândalo. Mais exatamente, na semana seguinte àquela em que a lista de políticos é tornada pública.

Os revoltontos do dia 15 pedirão o impeachment de Dilma, que sequer aparece citada na Lava Jato. Será que vão pedir também o impeachment do senador Aécio Neves, cuja campanha recebeu doações das mesmas honoráveis empreiteiras, diretamente para o comitê de campanha desse candidato?

Vão pedir pelo menos o impeachment de Agripino Maia (DEM-RN), acusado de receber R$ 1 milhão em propina? Delator por delator, Agripino tem o seu e merece algum cartaz de algum revoltonto mais bem informado.

Irão pedir a apuração rigorosa e a prisão dos envolvidos com o trensalão tucano? Ou a falta d’água em São Paulo racionou também a memória e o senso de moral e ética dos que se dizem fartos – principalmente depois de seu repasto?

Irão eles pedir o impeachment dos parlamentares do PMDB? Eles fazem parte do segundo maior partido da Câmara, o primeiro no Senado, e seriam decisivos para a chance de impeachment. Só que, por coincidência, estão entre os preferidos das empreiteiras na hora de financiar campanhas.

Os revoltontos do dia 15 ainda não pararam para pensar que querem um impeachment de Dilma a ser feito por um Congresso cujo financiamento de campanha desenfreado deixa a maioria de seus parlamentares abaixo de qualquer suspeita – se for para generalizar o ‘argumento’ de quem vê Dilma como uma inimiga a ser banida.

Serão esses, de fato, os que podem abrir a boca para falar em afastar a presidenta eleita ? Estranho. Não deveriam ser eles os primeiros alvos de cassação?

Quem promove a campanha pelo impeachment está dando sua contribuição voluntária ou patrocinada para tirar o foco dos corruptos que de fato têm nome no cartório da Lava Jato – o que não é o caso da presidenta.

Seria melhor, antes de falarem em impeachment de uma presidenta eleita pelo voto de 54,5 milhões, que os revoltontos do dia 15 pegassem a lista de Janot e a usassem para escrever seus cartazes.

Por que não o fazem? Talvez por que isso não seja lá um bom negócio.

Antonio Lassance, Carta Maior

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Marina Silva critica movimento pró-impeachment

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marina silva impeachment
Marina Silva, ex-senadora e ex-presidenciável (divulgação)

Em evento realizado na Universidade de Harvard, nos EUA, a ex-candidata à presidência pelo PSB, Marina Silva, criticou indiretamente o movimento pró-impeachment que ocorre no Brasil desde as eleições, em outubro passado. Ela afirmou que “as pessoas devem ter maturidade com suas escolhas” e que governo “não é como uma camisa que se troca todo dia”. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Em evento fechado com os alunos da universidade, Marina também falou sobre o “grave problema com a corrupção” vivido pelo país. Para a ex-ministra, “a corrupção não é um problema da Dilma, do Lula, do Fernando Henrique, nem do Collor, nem do Sarney. É um problema nosso (da sociedade)”, e “enquanto se achar que o problema é deles, vamos continuar tendo esse problema”.

Questionada sobre temas como os protestos contra a presidente Dilma Rousseff (PT) e a Operação Lava Jato, Marina preferiu não se manifestar diretamente. Segundo a matéria do Estadão, ela estaria “ouvindo muitas pessoas e conversando com políticos, acadêmicos, jovens, mulheres e comunidades” sobre esses assuntos.

Marina foi homenageada em Harvard em uma exposição fotográfica chamada “Inspiring Change, Inspiring Us” (Inspirando mudanças, inspirando todos nós). As homenageadas foram escolhidas por um grupo de alunos, professores e autoridades.

A biografia de Marina feita pelos organizadores fala da dedicação dela às causas de justiça social, contra o desmatamento e preservação do meio ambiente. Também fala de sua luta contra a expulsão de comunidades indígenas de suas terras.

Impeachment via Miami

Reduto de brasileiros, a cidade de Miami, nos Estados Unidos, foi o local que registrou maior percentual de votos no candidato Aécio Neves (PSDB) nas eleições de 2014 para a presidência da República. Nenhum município no Brasil superou a marca de 91,79% de votos válidos para o tucano, contra 8,21% de Dilma Rousseff.

Decepcionado com a vitória da petista, um grupo de brasileiros que vive na cidade norte-americana organiza para o próximo domingo (15) um protesto a favor do impeachment, fazendo coro com outras manifestações que ocorrerão no mesmo dia. A convocação está sendo feita pelas redes sociais e tem cerca de 450 pessoas confirmadas. Além das pautas usuais dos manifestantes, como o fim da corrupção, a alta do dólar tem sido uma reclamação constante.

impeachment dilma miami

informações de ABr, Agência Estado e Revista Fórum

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Contra o impeachment; pelo Plebiscito

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contra impeachment plebiscito reforma política
Entenda impeachment e plebiscito (Imagem: Pragmatismo Político)

Delmar Bertuol*, Pragmatismo Político

Sabemos todos que não há embasamento legal para o impeachment da Presidenta Dilma. Os que defendem a derrubada dela também são cientes da impossibilidade jurídica, mas tentam relativizar as leis para defenderem uma ilegalidade em nome de uma ideologia que eles juram não ter.

Deixando essa informação dita (por mais redundante que seja repeti-la, é salutar fazê-lo, pois os golpistas insistem nos seus falaciosos argumentos), vamos nos reservar o direito de suposições. Do faz de conta, para ficar na linguagem em consonância com as ideias golpistas: pueris.

Mesmo no caso de um motivo legal para o impeachment, ele não é automático. Deve passar pelo Congresso. Pelas duas Casas. Óquei. Quem
recebe a denúncia é a Câmara de Deputados, na pessoa do seu Presidente. Ocorre que seu Presidente, eleito pelos pares, também está sendo investigado por corrupção. O Presidente da Câmara receberia a denúncia de cujo crime ele também pode estar envolvido.

Passada e aprovada a denúncia na Câmara, formar-se-ia uma CPI congressual para investigar a conduta da Presidenta. Porém, dezenas de legisladores do Congresso estão também sendo investigados não só por outras fraudes e maracutaias como, pasmem, pelo mesmo crime que a Presidenta estaria envolvida. Até mesmo parlamentares que fazem oposição ao Governo estão sendo investigados.

E, como se não bastasse, uma vez concluído pela culpa da Presidenta, cabe ao Senado decidir se cassa ou não o mandato da Dilma. E esta sessão será presidida pelo Presidente do Senado, Renan Calheiros, que já esteve envolvido em outros casos de corrupção e também é, pasmem, suspeito de participar do achaque à Petrobras, casualmente, repito, o mesmo crime pela qual a Dilma pagaria seu envolvimento com o mandato. Não haveria, portanto, sustentação política nem moral para o impeachment.

O Brasil não precisa de mais um golpe contra sua democracia.

Precisamos fortalecê-la cada vez mais, e isso só se faz com o fortalecimento das instituições e também e no mesmo nível de importância, com uma reforma política com ampla participação popular. Precisamos de um plebiscito, urgentemente, para decidirmos as regras e normas que nossos eleitos e candidatos seguirão.

Se a população é, como sustentam os defensores de um referendo, leiga para certos assuntos e decisões, é chegada a hora de deixarmos nossa ignorância de lado e entendermos os conceitos. É chegada a hora de nos envolvermos. O Brasil não pode aceitar um golpe. A população é que deve, através de um plebiscito, dar um golpe nos maus políticos.

*Delmar Bertuol é escritor, membro da Academia Montenegrina de Letras, graduando em história e colaborou para Pragmatismo Político

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Cartaz oferece recompensa por João Pedro Stédile, vivo ou morto

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mst João Pedro Stédile cartaz
João Pedro Stédile, coordenador do MST

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) divulgou nota em que denuncia ameaça de morte a João Pedro Stédile, um de seus coordenadores, por meio de cartaz que circula nas redes sociais. “Stédile vivo ou morto”, afirma o cartaz, oferecendo recompensa de R$ 10 mil a quem capturar o suposto “inimigo da pátria”.

Além de informar que identificou o autor e tomou medidas jurídicas contra crime de incitação ao homicídio, na nota o movimento faz um análise do momento político pelo qual o país passa, agravado pela postura conservadora no processo de formação de opinião, disseminado pela mídia: “O panfleto, e o que se vê nas ruas e redes sociais, é reflexo, sobretudo, de uma mídia partidarizada, que manipula, distorce e esconde informações, ao mesmo tempo que promove o ódio e o preconceito contra os que pensam diferente”, afirma.

Essa mídia, órfã de ética e de responsabilidade social, é que forma seus leitores com a mentalidade do autor que fez o criminoso cartaz sobre Stédile. É quem alimenta as redes sociais com os valores mais anti-sociais e incivilizatórios“, continua o documento.

Confira a íntegra do documento:

Nota ao povo brasileiro

Circula pelas redes sociais da internet um anúncio que pede “Stédile vivo ou morto”. Apresentando-o como líder do MST e “inimigo da Pátria”, o autor oferece uma recompensa de R$ 10 mil para quem atender o seu pedido. Em outras palavras, está incentivado e prometendo pagar para matar uma pessoa, no caso João Pedro Stédile, da coordenação nacional do MST.

Há indícios que a ação criminosa partiu da conta pessoal no facebook de Paulo Mendonça, guarda municipal de Macaé (RJ). E foi, imediatamente, reproduzida pela maioria das redes sociais que diariamente destilam ódio contra os movimentos populares, migrantes, petistas e agora, especialmente, contra a presidenta Dilma Rousseff. São as mesmas redes sociais, em sua maioria, que estão chamando a população para os atos do dia 15/3, para exigir a saída de Dilma do cargo de Presidenta da República, eleita legitimamente em 2014.

Já foram tomadas as providências, junto às autoridades, para que o autor do cartaz e todos os que estão fazendo sua divulgação, com o mesmo propósito, sejam investigados e responsabilizados criminalmente, uma vez que são autores do crime de incitação à pratica de homicídio.

Mas o panfleto é apenas um reflexo dos setores da elite brasileira que estão dispostos a promover uma onda de violência e ódio, com o intuito de desestabilizar o governo e retomar o poder, de onde foram afastados com a vitória petista nas urnas em 2002.

Para estes setores não há limites, nem sequer bom senso. Recusam-se a aceitar a vontade da população manifestada no processo democrático de eleger seus governantes.

Deixam-se levar por instintos golpistas, embalados pelo apoio e a conivência da mídia conservadora e anti-democrática. Usam a retórica do combate a corrupção e da necessidade de afastar os que consideram estar destruindo o país, para flertar com a ruptura democrática. Posam de democráticos esquecendo que os governos da ditadura militar também diziam ser.

São os mesmos que cometeram, impunemente, o crime de lesa-pátria com a política de privatizações, na década de 1990.

O panfleto, e o que se vê nas ruas e redes sociais, é reflexo, sobretudo, de uma mídia partidarizada, que manipula, distorce e esconde informações, ao mesmo tempo que promove o ódio e o preconceito contra os que pensam diferente. O teólogo Leonardo Boff tem razão quando responsabiliza a mídia, conservadora, golpista, que nunca respeitou um governo popular, pela dramaticidade da crise política instalada no país. E corajosamente nomina os promotores do caos em que querem jogar o país: é o jornal O Globo, a TV Globo, a Folha de S. Paulo, o Estado de S. Paulo e a perversa e mentirosa revista Veja.

Um poder midiático que tem a capacidade de sequestrar partidos políticos e setores dos poderes republicanos.

Essa mídia, órfã de ética e de responsabilidade social, é que forma seus leitores com a mentalidade do autor que fez o criminoso cartaz sobre Stédile. É quem alimenta as redes sociais com os valores mais anti-sociais e incivilizatórios.

Os tucanos, traindo sua origem socialdemocrata, fazem oposição ao governo alimentando um ódio coletivo inicialmente restrito à classe alta, mas agora espraiado em todos os segmentos sociais, contra um partido político e a presidenta eleita. Imaginam que serão beneficiados com o caos que querem instalar, envergonhando, com essa política rasteira, os seus que os antecederam.

Um monstro foi criado pela forma como os tucanos escolheram fazer oposição ao governo petista e pela irresponsabilidade da mídia empresarial. A violência e o ódio estão se naturalizando pelas ruas. Essa criatura já escolheu suas vítimas primeiras: os casais homossexuais e seus filhos, os imigrantes, pobres das periferias, dirigentes de movimentos populares e militantes políticos de esquerda. Mas não raras vezes, essas criaturas, sempre ávidas de violência e intolerância, não poupam sequer seus criadores e os que hoje os acompanham.

Haverá uma longa jornada para superar as dificuldades criadas pelos que se opõe a construir um país socialmente justo, democrático e igualitário.

A começar por uma profunda reforma política, que nos leve a uma nova Assembleia Nacional Constituinte, exclusiva e soberana. É preciso taxar as grandes fortunas e enfrentar o poder dos rentistas e do sistema financeiro. Batalhas tão urgentes e necessárias quanto as de enfrentar o desafio de democratizar comunicação para assegurar, igualmente, a liberdade de expressão e o direito à informação, direitos bloqueados pelo monopólio da comunicação existente no país.

Somente assim, os saudosistas dos governos ditatoriais serão derrotados, e o povo terá a consciência de que defender o pais é lutar pela democracia, e não o contrário, como imagina hoje o autor do cartaz criminoso.

RBA

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O que Dilma precisa fazer para não ter o mesmo destino de FHC

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dilma crise política discurso

Luis Nassif, Jornal GGN

Ato 1 – como construir um desastre em quatro meses

Terminada a eleição, Dilma Rousseff sai vitoriosa. Foi ela quem imprimiu o ritmo final de campanha, intuiu a hora de atacar e garantiu a vitória no segundo turno. Saiu das eleições extenuada física, psicológica e emocionalmente, mas com a sensação de ter-se graduada com louvor em política: nessa eleição a vitoriosa havia sido ela, não Lula.

Assessores alertavam que o terceiro turno não esperaria a trégua tradicional: começaria no dia seguinte às eleições. Virando a esquina estava a bocarra da Lava Jato, os problemas da Petrobras, o desajuste fiscal, o início do desemprego e derrotados que saíram da campanha babando sangue.

O período deveria ser aproveitado para a freada de arrumação, preparar o segundo governo, juntar ideias, organizar grupos de trabalho em cada área. Os desafios a serem superados eram enormes: montar uma estratégia defensiva de resposta à Lava Jato e de saída para a Petrobras; um plano de governo para a agenda positiva; e um trabalho de recomposição da base de apoio.

Mas Dilma sumiu do mapa. Trancou-se por dois meses, com raríssimas aparições públicas, empenhando-se exclusivamente em montar um ministério para chamar de seu. Fechou-se a qualquer sugestão, inclusive de Lula – que se afastou dela.

Entre 5 de novembro e 15 de fevereiro foram 8 aparições públicas – sem discurso, a não ser os protocolares. Seu eleitorado se sentiu abandonado; sua equipe, perdida.

No final do ano todos os Ministros já tinham preparado suas cartas de demissão, colocando simbolicamente o cargo à disposição da presidente. Em fevereiro, pouca coisa decidida. Ministros, secretários, assessores sem saber se colocavam filhos na escola, providenciavam a volta para seus locais de origem, procuravam emprego. As empresas públicas em suspenso, sem planejamento, os Ministérios paralisados, aguardando as definições.

As únicas decisões de Dilma foram entregar a Fazenda a um economista ortodoxo e montar um conselho político para assessorá-la nas estratégias parlamentares.

Quando a longa gestação chegou ao fim, abriu-se o baú da reforma ministerial aguardando que dele saltasse o Anjo Gabriel, anunciando a anunciação. Em seu lugar, pulularam sacis, lobisomens, boitatás e mulas sem cabeça – especialmente as espécies sem cabeça.

O governo perdeu fragorosamente as eleições na Câmara – único objetivo de um Ministério político -; a base de apoio esfacelou-se. O Ministro Joaquim Levy anunciou um pacote fiscal que, necessário ou não, atropelava todo o discurso de campanha de Dilma. Além de abandonado, agora seu eleitorado sentia-se traído, porque sem explicações, pedidos de desculpas, autocríticas seja lá o que lhe permitisse criar um álibi qualquer para continuar defendendo Dilma.

Sem a blindagem na opinião pública, Dilma viu-se acossada por um exército de tiranossauros, uma fauna exótica onde se misturam Fernando Henrique Cardoso (o Marcello Reis do PSDB), Lobão, Aécio, Marcello Reis (o FHC do “Revoltados, Já”) e, por trás, José Serra – com sua notável capacidade de sumir na hora do pau e arrotar valentia nos bastidores (alô, alô! Você que convive com Serra: não é isso mesmo?). Todos devidamente pautados por Marcello Reis, brilhante intelectual emergente desses tempos e cólera, na verdade uma zebra que assumiu a liderança da oposição, dando o tom primário e a palavra de ordem tosca para seus seguidores, além de estimular um comércio crescente de camisetas com ofensas a Dilma.

FHC assimilou o discurso com uma pequena copidescagem para torná-lo mais elegante, o Príncipe curvando-se aos fatos e conformando-se com o sub-comando de um exército saído das profundezas do tempo. Aloyzio Nunes foi a seco, em alguns momentos superando o grande Marcello Reis. E, assim, a oposição foi, a reboque de Marcello e da mídia.

A passeata do dia 15 entra nos telejornais, na agenda de eventos dos jornais impressos, no alarido dos locutores de rádio, firmando-se como grande atração do dia, a ponto de deslocar o horário de um jogo de futebol.

Foi duro o choque de realidade.

Nos dois meses de retiro, a interlocução de Dilma foi só com Aloizio Mercadante, que mais ouviu do que falou, mais obedeceu do que aconselhou e acabou levando a culpa por muitas decisões que não foram dele.

Em prazo recorde, o capital acumulado nas eleições se esvaiu. O handicap de Dilma passou a ser a outra face da moeda: a cara rancorosa do comandante Marcello Reis, do sub-comandante FHC e a desenvoltura agressiva de Eduardo Cunha.

Seguiram-se vários movimentos trôpegos de quem tenta entender o tamanho da jamanta que a atropelou. E toca a juntar os cacos.

Antes de entrar nesse terreno, alguns dados para entender o fator Dilma Rousseff.

Ato 2 – entendendo o fator Dilma

Dilma tem aspectos bastante semelhantes ao do ex-presidente Itamar Franco. Ambos sempre se viram na dimensão de pessoa física, não da institucionalidade do cargo, ou como representantes de projetos, de ideias.

Dilma só reage quando a pessoa física é atingida. Se o PGR (Procurador Geral da República) sugere a demissão da diretoria da Petrobras, afeta a autoridade pessoal de Dilma e ela reage. Se alguém insinua seu conhecimento das falcatruas, também reage indignada. Se os ataques são contra o governo, as instituições, a democracia ou o PT, ignora em nome do republicanismo.

Vasculhando a história do país, não se encontrará presidente mais honesto, patriota e anti-arreglos. Dilma abomina qualquer forma de desonestidade e mesmo da manipulação pessoal do interesse público. E a pessoa física não consegue aceitar situações que o homem de Estado acataria de forma pragmática em nome do projeto político.

Foi assim que Dilma tomou-se de uma ojeriza expressa por Eduardo Cunha, quando chegaram ao seu conhecimento rumores sobre os jogos de interesse bancados pelo deputado.

Por duas vezes Cunha enfiou em uma medida provisória a possibilidade de construção de aeroportos particulares, medida que interessava diretamente à Camargo Correia e à Andrade Gutierrez. Por duas vezes, Dilma vetou.

Nos bastidores, falava-se em financiamento de até R$ 80 milhões para a bancada de Cunha, caso a medida passasse. Outra participação ativa foi na Lei dos Portos, um lobby explícito em favor de grupos portuários.

Esse maneira de pensar e agir foram decisivas na montagem da estratégia política de não aceitar qualquer acordo prévio com Eduardo Cunha nas eleições para a mesa da Câmara. E explica grande parte dos conflitos com Lula, cujo pragmatismo abriu espaço para o fortalecimento dessa fauna.

E, aí, entra-se em um terreno pantanoso, ainda não suficientemente analisado pelas instituições nacionais, especialmente pelo STF (Supremo Tribunal Federal) e pelo Ministério Público: o avanço político do crime organizado.

Ato 3 – o avanço político do crime organizado.

A lista HSBC expõe, de forma ampla, o que foi o ambiente cinza do mercado financeiro internacional depois da liberalização financeira, uma mixórdia onde se misturavam caixa 2, dinheiro do narcotráfico, do terrorismo internacional, da corrupção política, das jogadas financeiras.

É essa zona cinzenta que favorece a proliferação do crime.

Na política também existe uma zona cinzenta, um cenário que favorece a expansão da influência do crime organizado. No caso brasileiro, a zona cinzenta ganhou dimensão quando o STF implodiu o sistema partidário e permitiu a proliferação dos pequenos partidos. E, depois, quando o financiamento privado de campanha decidiu investir na sua própria bancada, em vez de bancar políticos individualmente.

Sempre houve políticos bancados pelo crime mas, em geral, eram subordinados à organização partidária que restringia sua capacidade de atuação no Congresso. Com o pluripartidarismo à brasileira, esse disciplinamento deixou de existir. Abriu-se uma caixa de Pandora de difícil equacionamento, especialmente depois que os partidos majoritários passaram a se engalfinhar em uma luta fratricida.

Os elogios de líderes do PT e do PSDB a Eduardo Cunha, no seu depoimento espontâneo à CPI da Petrobras, é um dos episódios mais vexatórios da história do Congresso e mais significativo desses tempos sem rumo.

O avanço do crime organizado não se deu apenas na atividade parlamentar, mas também em outros territórios extra-institucionais, como a imprensa.

O episódio que inaugurou essa nova fase foi a parceria entre a revista Veja e a organização criminosa de Carlinhos Cachoeira.

ética veja dilma mosqueteiros

Não era mais a imprensa se aliando a colarinhos brancos sofisticados, a golpistas do mercado financeiro, a banqueiros suspeitos, mas à corrupção chula de bicheiros e contraventores.
Cachoeira elegeu um senador, Demóstenes Torres.

Veja transformou-o em um cruzado contra a corrupção, deu-lhe status de celebridade no mercado de opinião. Com o poder conquistado, Demóstenes fazia os jogos de interesse de Cachoeira e da Abril (na matéria da Veja, foto ao lado, apenas Demóstenes é réu, os demais são apenas coadjuvantes para deixá-lo em boa companhia).

A CPMI de Cachoeira poderia ser o início da grande luta política contra o crime organizado ao desvendar as ligações de Cachoeira com a Veja e com empreiteiras – como a Delta -, que por sua vez mantinham ligações estreitas com o mundo político, a começar do então governador do Rio Sérgio Cabral.

A CPMI mostrou a especialização que se formara no mercado de corrupção. O bicheiro prospectava contratos e licitações no setor público, passíveis de corrupção, uma atuação que poderia começar nas discussões de projetos de leis e emendas orçamentárias e se desdobrar por repartições públicas federais e estaduais; aliava-se a uma empresa parceira, que assumia a fase legal do projeto; garantia a blindagem com a parceria com a mídia e com os padrinhos políticos.

Na série “O caso de Veja” narro como essa parceria provocou o escândalo Marinho que alijou dos Correios o esquema Roberto Jefferson para a entrada de parceiros de Cachoeira – uma outra quadrilha, desbaratada dois anos depois pela Polícia Federal.

O Ministério Público cochilou ao não avançar nas investigações abertas pela CPMI de Cachoeira. Seria o ponto de partida para o início da verdadeira guerra contra a corrupção política mais visceral, aquela que envolve o crime organizado.

A Lava Jato abre uma nova possibilidade para se desbaratar esse modelo, ao identificar seus desdobramentos regionais. E o MPF terá que sair da zona de conforto e enveredar por caminhos nunca dantes navegados: as interseções do crime organizado com o país institucionalizado, incluindo aí a mídia e o Congresso.

É nesse terreno pantanoso que a pessoa física Dilma Rousseff precisa entrar, enfrentando um jogo sujo, tomada por pruridos próprios das pessoas de bem, mas sem o senso prático das pessoas de Estado, juntando os cacos e retomando as redes da governabilidade. E a mãe de todas as batalhas, o por assim dizer caco-mor, é a recomposição da base política.

Ato 4 – o início da reação política.

Em 2010, Dilma tinha à mão o maior conhecedor de Congresso, o vice presidente Michel Temer. Dilma esvaziou-o tanto que, tendo por alavanca apenas a atuação sobre comissões temáticas da Câmara, o notório Eduardo Cunha logrou o controle do PMDB.

Na 5a feira foi anunciado o novo conselho político, desta vez enriquecido por profissionais: Michel Temer, Eliseu Padilha, Eduardo Braga, Gilberto Kassab e Aldo Rebello, o mais diplomático de seus Ministros, mantido Aloizio Mercadante, o menos político de seus ministros.

Foi tão rápida a decisão que na 5a, por volta das 19:30, Kassab ainda não sabia do novo conselho. E Padilha foi avisado pelos jornais.

Será um trabalho complexo, que ajudará a definir a nova base de apoio e, com ela, um novo Ministério. O atual morreu de velhice prévia.

Não será tarefa fácil. Cunha impõe um receio aos adversários que vai muito além do mero confronto político, como atesta a maneira cautelosa com que o vice presidente Temer refere-se a ele.

Mas nenhuma estratégia política será bem sucedida sem se construir um cenário econômico razoável. Por isso mesmo, o segundo caco a ser juntado é o econômico.

Ato 5 – recompondo o incêndio econômico

Ainda há muito fato negativo pela frente, os desdobramentos do pacote fiscal, o aumento do desemprego, da inflação. Mas o governo começa a despertar da inércia.

O primeiro ato foi a substituição de Graça Foster na presidência da Petrobras. A teimosia de Dilma atrasou por seis meses o ajuste e quase deixou o gigante de joelhos. A entrada de Ademir Bendine, com um plano claro de reestruturação, deu início à volta à normalidade. Já se tem um plano de ação pela frente, com a negociação com as agências de rating e os credores.

O segundo ato – já na reta final – foi a montagem do grupo de bancos públicos e privados para garantir a manutenção da rede de fornecedores da Petrobras nessa fase mais crítica.

O terceiro ato – em andamento – é o redesenho das concessões em infraestrutura e o encaminhamento do PAC 3. Não se pretende iniciar obras novas, nem novos investimentos, dada a penúria fiscal, mas completar as que estão em andamento.

No campo das concessões, o Planejamento já está trabalhando com o setor privado na definição dos projetos executivos, dentro da modalidade de licitar também o projeto. As conversas estão indo bem, os primeiros resultados deverão aparecer em breve e as primeiras licitações deverão ocorrer até o final do ano.

Em geral, leva 9 meses entre o início dos trabalhos e a licitação na rua. Haverá um interregno até o final do ano e, depois, entrará em voo de cruzeiro.

Enquanto isto, haverá um longo desafio pela frente de restaurar o ânimo social do país.

Ato 6 – a dura reconquista da confiança

É forçar a barra julgar que as reações contra Dilma e o PT sejam meras manifestações das classes A e B. Pode ser uma visão paulistana ou carioca, mas o ódio contra o PT e contra Dilma desceu na escala social.

Gilberto Carvalho já alertara, antes mesmo das eleições, sobre a profundidade da resistência contra ambos.

Será necessário um penoso processo de reconstrução da credibilidade perdida, algo que passa pela retomada do crescimento (que dificilmente ocorrerá antes de dois anos), pela definição de um programa de governo que possa mostrar a retomada do futuro, mesmo que em algum ponto distante, pela revitalização dos programas sociais, pela retomada de políticas industriais eficientes.

O governo tem todas armas à mão. Os últimos anos geraram um enorme estoque de ideias centrais em diversas áreas, no desenvolvimento regional, nas políticas sociais, nos componentes de políticas industriais modernas, nos modelos de parceria universidade-empresas, nos próximos passos das políticas educacionais.

Mas há um problema crítico de comunicação interna no governo.

Dilma não tem a menor ideia sobre os estudos já desenvolvidos, as ideias-chave já gestadas, para poder tecer as amarras de um plano integrado de governo.

Ainda há tempo de fazer o que deveria ter feito no dia seguinte às eleições: um enorme brainstorm juntando todas as áreas do governo, com assessoria de bons gestores e bons analistas políticos, visando renascer das cinzas as ideias centrais sobre o que poderá ser o segundo governo Dilma.

Para não ter o mesmo destino do segundo governo FHC, que se arrastou sem nada produzir até o fim do mandato. E não havia tanto ódio no ar quanto agora.

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Cid Gomes pede demissão após peitar Eduardo Cunha (PMDB-RJ)

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Cid Gomes pede demissão após PMDB exigir sua saída do cargo. O então ministro da educação atacou duramente o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) [Imagem: Gustavo Lima/ Câmara dos Deputados]

O ministro da Educação, Cid Gomes, pediu demissão na tarde desta quarta-feira (18) à presidente Dilma Rousseff, que aceitou. O pedido ocorreu logo depois de o ministro participar na Câmara dos Deputados de sessão em que declarou que deputados “oportunistas” devem sair do governo.

“A minha declaração na Câmara, é óbvio que cria dificuldades para a base do governo. Portanto, eu não quis criar nenhum constrangimento. Pedi demissão em caráter irrevogável”, declarou o ministro.

Do plenário, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, chegou a anunciar a demissão antes mesmo de ter sido oficializada. “Comunico à Casa o comunicado que recebi do chefe da Casa Civil [ministro Aloizio Mercadante] comunicando a demissão do ministro da Educação, Cid Gomes”, anunciou Cunha no plenário.

Depois, a Presidência da República divulgou nota oficial com o seguinte teor: “O ministro da Educação, Cid Gomes, entregou nesta quarta-feira, 18 de março, seu pedido de demissão à presidenta Dilma Rousseff. Ela agradeceu a dedicação dele à frente da pasta.”

Embate

Cid Gomes foi convocado pelos deputados a prestar esclarecimentos após declarar que a Câmara tem “uns 400 deputados, 300 deputados que achacam”. O então ministro da Educação afirmou também que deputados da base aliada que têm cargos na administração federal deveriam “largar o osso”.

Durante seu discurso, Cid subiu o tom e chegou a apontar o dedo ao presidente da casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), dizendo que prefere ser acusado pelo peemedebista de ser “mal educado”, a ser acusado de “achacar” empresas, no esquema de corrupção da Petrobras.

SAIBA MAIS:
(1) Eduardo Cunha é aplaudido na CPI da Petrobras e deputada se revolta: “vergonhoso”

“Eu fui acusado de ser mal educado. O ministro da Educação é mal educado. Eu prefiro ser acusado por ele [Eduardo Cunha] do que ser como ele, acusado de achaque, que é o que diz a manchete da Folha de S.Paulo”, afirmou Cid Gomes. Ele disse ainda que muitos parlamentares que integram a base de sustentação do governo agem com “oportunismo”

As declarações geraram fortes ataques dos parlamentares em plenário. Lideranças do PMDB e da oposição pediram a demissão do ministro, que logo depois confirmada.

com agências

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Progressistas, temos que ir pra rua contra o impeachment

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Nicolas Chernavsky*

Existe uma discussão, extremamente válida, nos setores mais progressistas brasileiros sobre a conveniência ou não do progressismo realizar grandes manifestações de rua neste momento defendendo suas principais bandeiras, especialmente a rejeição ao impeachment da presidenta Dilma Rousseff. Mas observando-se a situação atual e pesando-se os argumentos, fica cada vez mais claro que o conservadorismo caminha para colocar em prática a estratégia implementada recentemente na Tailândia, na Ucrânia e no Egito – para citar alguns exemplos – em que o conservadorismo foi às ruas e o progressismo não. Nestes países, isso gerou na opinião pública a ilusão de que a sociedade estava maciçamente do lado do conservadorismo, criando as condições políticas para, no caso da Tailândia, o Judiciário anular as eleições e as Forças Armadas darem um golpe de Estado, no caso do Egito, as Forças Armadas darem um golpe de Estado, e no caso da Ucrânia, o parlamento realizar o impeachment do presidente sem ter os votos exigidos por lei para isso.

No caso do Brasil, por ter uma democracia mais consolidada que Tailândia, Egito e Ucrânia, o caminho factível para o conservadorismo é o caminho do impeachment legal (não como na Ucrânia, onde o conservadorismo não tinha os votos necessários no parlamento e deu um golpe de Estado parlamentar). Assim, para ter os 2/3 da Câmara de Deputados e do Senado necessários para realizar o impeachment da presidenta Dilma, o conservadorismo precisa criar a impressão na opinião pública brasileira e mundial de que a população do país apoia em sua grande maioria o impeachment. Isso se faz através de enormes manifestações de rua conservadoras, como ocorreu nos três países já citados. A única forma de evitar essa falsa impressão é o progressismo também fazer enormes manifestações de rua, como aliás costuma ocorrer na Argentina e na Venezuela, sendo um fator essencial para esses governos progressistas continuarem em vigor.

Leia aqui todos os textos de Nicolas Chernavsky

Poderia-se argumentar que o fato de que somente há cerca de 5 meses Dilma conquistou 51,64% dos votos deixa impressão suficiente de que ela tem um apoio considerável da população. Apesar de ser um argumento importante, ele perde força conforme passa o tempo. De fato, esse argumento explica bastante porque as primeiras manifestações pelo impeachment e por um golpe de Estado tiveram pouco apelo popular quando realizadas logo após o segundo turno da última eleição presidencial. Mas agora que já se passaram 5 meses, já pode-se começar a dizer que o momento é outro, e com 6 ou 9 meses, por exemplo, a eleição já vai estar longe o suficiente para que o conservadorismo alegue que Dilma já perdeu grande parte dos 51,64% dos votos que teve em outubro de 2014. Sabem como é, né, vão surgir “pesquisas de popularidade” que vão colocar a popularidade de Dilma lá embaixo, muitos progressistas vão acreditar, porque ainda não perceberam tanto esse tipo de manipulação, e o movimento pró-impeachment pode chegar a ter sucesso. Agora é rua, com fotos e vídeos nas redes sociais das enormes manifestações progressistas que têm que acontecer, rodando a Internet para não deixar que os meios de comunicação mais conservadores as ocultem.

Quanto ao argumento de que realizar grandes manifestações de rua progressistas serviria de “combustível” ou “provocação” para as manifestações de rua conservadoras, isso seria verdade em outro contexto, de manifestações de rua pequenininhas do conservadorismo. Agora, não, isso acabou, passamos a outra fase da disputa política, à disputa política da rua, com a diferença, em relação a 1964, por exemplo, que o conservadorismo praticamente não tem a carta do golpe militar. O conservadorismo está desesperado porque sem impeachment, e sem o fim da reeleição, seriam 4 anos de Dilma e provavelmente mais 8 anos de Lula, ou seja, mais 12 anos. Somados aos 12 anos de progressismo que já passaram, seriam 24 anos seguidos acabando com a fome, a miséria e transformando nosso país de um país pobre em um país de classe média. Pra rua!!!

*Nicolas Chernavsky é jornalista formado pela Universidade de São Paulo (USP), editor do CulturaPolítica.info e colaborador do Pragmatismo Político

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Percepções sobre os manifestos de 15/03/15

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Percepções sobre os manifestos 2015 (Imagem: Pragmatismo Político)

Jonathas Carvalho, Pragmatismo Político

Vivemos, no Brasil e no mundo, tempos em que a pluralidade de pensamentos, ideias e ações trazem a tona procedimentos diversos de interpretação da realidade. No entanto, esta pluralidade, seja ligada a questão político-econômica, ambiental ou humana permite uma série de subsídios para compreender a realidade que nos cerca. Os manifestos de 15/03/15 atestam que a pluralidade em que vivemos está situada no âmbito da confrontação de forças político-ideológicas (sejam partidárias ou não) em detrimento da construção de uma política mais dialógica que contemple todos os setores da sociedade para os rumos da nação. Por isso qualquer manifestação consistente e continuada precisa minimamente compreender as seguintes indagações:

a) quem são os idealizadores e apoiadores do movimento?

b) quais os princípios/propósitos/reivindicações que norteiam o movimento?

c) quais propostas alternativas pelo movimento para concretizar as reivindicações?

d) de quais maneiras o movimento aceita dialogar com os órgãos competentes no sentido de expor suas pautas e receber pronta resposta?

Respeitando a densidade de cada pergunta é pertinente respondê-las com a relevância que apresentam, pois se configura em uma forma processual de compreender a construção de um movimento cívico considerado suprapartidário e não midiático, embora não possamos desconsiderar a influência de ambos nas ações do movimento.

Com relação à primeira pergunta os principais idealizadores (há outros grupos e indivíduos que também representam o movimento) do manifesto são: o Movimento Brasil Livre (MBL), o Vem pra Rua e o Revoltados On Line. O primeiro é um movimento mais reacionário proposto, em sua maioria, por jovens entre 20 e 30 anos e o segundo é mais moderado composto por empresários. O terceiro grupo pode ser considerado o mais reacionário de todos, sendo composto por civis (blogueiros, empresários, advogado, entre outros).

A segunda pergunta é um desdobramento da primeira e sugere que o MBL é um movimento neoliberal que tem como um dos principais propósitos o impeachment da presidente Dilma, além dos aspectos apresentados em seu site: IMPRENSA LIVRE E INDEPENDENTE, sem verbas ou regulamentações governamentais que influenciem seus posicionamentos; LIBERDADE ECONÔMICA, um mercado livre de regulações abusivas e impostos escorchantes; SEPARAÇÃO DE PODERES, instituições independentes, livres da ingerência sufocante de partidos totalitários; ELEIÇÕES LIVRES E IDÔNEAS, um processo eleitoral transparente e livre coerções partidárias; FIM DOS SUBSÍDIOS DIREITOS E INDIRETOS A DITADURAS, tributos cobrados do povo brasileiro devem ser investidos no Brasil. Já o Vem pra Rua declara ser contra qualquer tipo de violência condenando qualquer tipo de extremismo (separatismo, intervenção militar, golpe de Estado) e não compactuando com governos autoritários, mas destaca a insatisfação com a atual gestão do Governo Federal tendo como propósito, conforme destacam em seu site “[…] através da informação instigar o povo Brasileiro a ir pra rua em busca de um país melhor” registrando insatisfação com a corrupção no país. O Revoltados On Line constitui um movimento mais reducionista de caráter político, empresarial e comercial, porém, mais radical com pretensão propositada no impeachment do governo Dilma e um flerte mais próximo com a Ditadura Militar, estabelecendo, inclusive, uma espécie de luta (governo do PT representado por Lula e Dilma).

A terceira pergunta permite afirmar que os movimentos idealizadores não têm propostas alternativas no sentido de dialogar com o Governo, mas se mostram contrários à política de gestão executiva do PT, em especial, no que tange a parcerias multilaterais com governos como Cuba e Venezuela proposta de regulamentação da mídia e um mercado livre de regulações (caso do MBL), a exigência cabal do impeachment da presidente Dilma (Revoltados On Line) e um país mais transparente e contra a corrupção (Vem pra Rua).

A última pergunta talvez seja a mais preocupante, pois a presidente Dilma declarou a necessidade de dialogar com humildade e firmeza com os movimentos, bem como definiu na campanha de 2014 que uma das principais marcas de seu segundo governo seria o diálogo. Porém, vale registrar que há um distanciamento entre discurso e prática, visto que o diálogo não tem sido marca no início deste governo. Já os grupos idealizadores dos manifestos de 15/03/15 se mostram mais renitentes em dialogar com o Governo, visto que o movimento em si já é uma clara demonstração de insatisfação com a conduta do governo e exigência de mudanças no campo político-econômico (baixa da inflação, diminuição de impostos, etc.).

Diante da compreensão intencional dos manifestos a percepção sobre os atos de 15/03 pode ser vista por múltiplos contextos.

O primeiro é que, de fato, se trata de um movimento elitista. O elitismo aqui tem várias conotações: movimento organizado por setores empresariais e neoliberais da sociedade (mais convencional); movimento que se mostra parcialmente resistente à ascensão de políticas sociais como familiar, habitação e educacional que valorizam processos de distribuição de renda e mais oportunidades a setores sociais que foram historicamente marginalizados; movimento resistente à democratização dos meios de comunicação; movimento que, embora centralize a luta contra a corrupção, não prioriza a luta por reformas que satisfaçam necessidades do contexto majoritário da sociedade; e movimento que prioriza o enxugamento da máquina estatal através de privatizações de suas principais empresas/organizações.

O segundo é que os manifestos revelam o que posso chamar de diversidade na unidade, pois são percepções diversas de grupos cívicos, mas com a finalidade principal de desgastar ou exigir o impedimento da presidente da república, sem atentar de forma mais ampla e precisa sobre os processos históricos de corrupção no Brasil e a premência de reformas para melhoria do país como a política e a tributária.

A diversidade na unidade é visível em manifestações, tais como: “Fora Dilma” que se configura no discurso do sabemos o que NÃO queremos, mas NÃO sabemos o que queremos. Em tese, não há um mal grande em contestar a gestão presidencial. O mal é não saber o real motivo pelo qual a saída de Dilma é mais viável e o que pode ser feito após sua saída; “Intervenção Militar” que sustenta o teor mais contraditório do manifesto, uma vez que qualquer ação que se intitule democrática, mas que tem uma finalidade ditatorial é, por essência, antidemocrática; rechace a qualquer símbolo ligado ao PT ou a práticas vinculadas a esquerda como as metodologias educacionais construídas pelo educador Paulo Freire que afrontam o legado de um dos maiores intelectuais da história do Brasil com reconhecido caráter de atuação internacional.

O terceiro é relativo à tendenciosidade de parte da grande mídia na cobertura dos manifestos. Diante de um movimento de efervescência política, houve uma grande oportunidade da mídia em discutir sobre os rumos e as reformas que o país precisa para amadurecer democraticamente. Mas a cobertura ficou reduzida a insatisfação do movimento contra a corrupção no governo Dilma. Inegavelmente a corrupção é um mal enraizado desde “a infância do Brasil” e precisa ser tratado como processo histórico. Por exemplo, o caso de corrupção Petrobrás, divulgado apenas nos anos mais recentes, tem sua concepção alargada ainda no governo Fernando Henrique assinado em 1998, que isenta a Petrobras no cumprimento da Lei 8.666/1993 (Lei de Licitações) em que a estatal é desobrigada a cumprir todos os requisitos previstos na lei de licitação através do estabelecimento de concorrência por meio de convite a empresas sem aplicar todos os limites de preços definidos pela legislação.

Quando a grande mídia se furta em discutir sobre corrupção no Brasil e dispensa a perspectiva de dialogar sobre medidas políticas, institucionais e jurisdicionais (por exemplo, a reforma política) para erradicação da corrupção, presta um desserviço à nação mediocrizando o valor moral da informação que produz e emite ao seu público. Reduzir todos os problemas do erário público a corrupção no governo Dilma é praticar proselitismo político com a pretensão concreta de desgastar ou impedir uma presidente de gerenciar o país e não de auxiliar na resolução dos problemas de corrupção no Brasil.

O quarto está ligado à ideia de que o combate à corrupção tem que ser vinculado a todos os poderes e não somente ao Executivo. A amplíssima maioria do movimento de 15/03 foi focalizada na gestão de Dilma, mas esqueceu que grande parte da corrupção também reside no Legislativo, Judiciário e Midiático, conforme revela os escândalos das mais de 8600 contas no HSBC que pode se constituir como um dos maiores escândalos já conhecidos na história global e possui nomes do meio político, empresarial e midiático. O papel da mídia e da sociedade civil é avaliar os diversos poderes, suas relações e independências e cobrar as reformas necessárias e não simplesmente cobrar por conveniência ideológica. Neste caso, o movimento de 15/03 foi importante porque despertou reflexões sobre a realidade política do Brasil, mas foi reducionista pelo fato de não reconhecer a corrupção no Brasil como mal histórico e descentralizado.

O quinto tem ligação direta com a conduta do governo Dilma. Por mais que o movimento de 15/03 possua seus reducionismos é relevante para compreender sobre qual projeto de governo ainda é estabelecido pelo PT. Há dois graves problemas mal gerenciados no governo Dilma: o primeiro é de comunicação, já que falta diálogo do governo com os diversos movimentos e setores sociais. Sem o diálogo continuado ampliam-se as possibilidades de confrontação de forças com a sociedade civil respaldada, em especial, por setores reacionários da grande mídia e da elite financeira do Brasil e até internacional; o segundo é de identidade, pois, ao longo dos 12 anos inegavelmente o PT vem perdendo sua identidade reguladora de ação política e moral. Sem a recuperação de sua identidade política, o PT se distancia dos movimentos que o apoiaram e aprofunda ainda mais a rejeição dos movimentos de oposição que veem no enfraquecimento identitário do PT, novas possibilidades de assumir o poder.

Neste sentido, os movimentos de 15/03 também representam uma forte escalada da oposição mais à direita em aproveitar o desgaste do governo, mas não com o objetivo de extirpar a corrupção e sim de reassumir os rumos da nação mediante uma política pautada na falta de investigação à corrupção e privatizações.

O grande legado dos manifestos de 15/03 é que há uma insatisfação significativa com o governo Dilma, mas não há preceitos para um impeachment, de modo que nenhum governo pode ser desgastado ou impedido por indícios, como parte do manifesto e da grande mídia querem pontuar que Dilma é responsável pelos atos de corrupção. Essa insatisfação revela que há uma grande confrontação política e pragmática de forças entre três grandes grupos nacionais: o governo (que se mostra mais isolado e indisposto ao diálogo), manifestantes civis, grande mídia, elite empresarial/banqueira/industrial e partidos de oposição mais identificados com as bandeiras históricas da direita e movimentos sociais/partidos de oposição mais identificados com a bandeira da esquerda que buscam construir uma identidade de projeto que conforme Manuel Castells significa a ação dos atores sociais, utilizando-se de qualquer tipo de material cultural ao seu alcance, constroem uma nova identidade capaz de redefinir sua posição na sociedade.

Portanto, a luta mais consistente no Brasil é aquela pautada na construção e implementação de reformas para um futuro mais justo. Isso significa que reformas como a política, a tributária, judiciária, educacional e a regulação da mídia não devem ser partidárias, mas situadas na promoção da justiça social. O Brasil clama por reformas e quaisquer movimentos que não centralizem em sua luta a construção dialogada das reformas podem desvirtuar a compreensão e resolução dos venais problemas que nos assolam.

*Jonathas Carvalho é professor da Universidade Federal do Cariri (UFCA), doutor em Ciência da Informação pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e colaborou para Pragmatismo Político

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Por que Aécio Neves não age como Cid Gomes?

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Cid Gomes (PROS) e Aécio Neves (PSDB) (Imagem: Pragmatismo Político)

Numa semana em que a mídia tradicional turbinou a repercussão das manifestações “contra a corrupção” de domingo passado, o fato político realmente relevante aconteceu dentro do plenário da Câmara, quando o agora ex-ministro da Educação Cid Gomes (Pros) disse em alto e bom som que aquela Casa Legislativa abriga “achacadores – gente que só pensa em vantagem pessoal e partidária em vez de atuar republicanamente na construção de uma sociedade equilibrada e de um país que tenha como meta e missão a erradicação de toda forma de injustiça.

As declarações de Cid Gomes mostram que a oposição ao governo federal também vive seu inferno astral, em franca crise política, por escolher o caminho do quanto pior, melhor. É inegável que a imagem dos parlamentares cronicamente opositores está desgastada.

Mais além: ficou claro que Cid Gomes disse mais em um minuto de sua fala na Câmara dos Deputados do que o senador e candidato derrotado à Presidência Aécio Neves deveria dizer como oposição, mas nunca poderá nem conseguirá dizer.

O povo não entende a atuação dúbia do PSDB de atacar só o PT e poupar partidos da base governista como o PP e o PMDB. O povo enxerga jogo de cena, acordos velados de bastidores e um velho jeito de fazer política voltado a preservar privilégios só para os “amigos“. Privilégios que chegam à impunidade.

No fundo, Cid Gomes falou o que líderes da oposição, da qual Aécio é a face mais midiática, teriam obrigação de dizer e, se dissessem até poderiam melhorar suas chances nas urnas. Mas nunca veremos, ao fim dos oito anos de mandato como senador que o tucano tem até 2018, ele fazer um discurso como o de Cid, simplesmente porque tem “rabo preso“, por puro interesse político eleitoreiro.

A parte do PMDB e do PP que Cid Gomes classificou como de achacadores é aquela que apoiou Aécio em 2014. Alguns ostensivamente e outros, veladamente.

O episódio, que pode ter criado um embaraço para o Executivo, mas escancarou à população com que tipo de gente a presidenta Dilma está sendo obrigada a lidar, com o Congresso eleito pelo voto em outubro passado, começou com mais um fato ampliado pela mídia em sua ofensiva golpista.

Cid Gomes havia feito uma avaliação em ambiente restrito criticando a parcela de deputados que, segundo ele, usava seus mandatos para emparedar o governo e obrigando-o a acatar suas demandas, desejos e vaidades, ainda que em prejuízo do país e da sociedade brasileira.

A declaração vazou para a imprensa, tornou-se pública, resultou em editoriais e bravatas, abriu uma crise entre o então ministro e a Câmara dos Deputados, que o convocou para “explicar-se“, em mais um evento que se previa um espetáculo para a televisão.

Cid Gomes, porém, disse respeitar o Parlamento, mas repetiu, agora publicamente, todas as críticas aos que se aproveitam de compor a base aliada do governo, com seus partidos nomeando ministros e secretários, mas agem como oposição.

Disse muito claramente que os partidos que desejam fazer oposição deveriam “largar o osso“. Chegou a dirigir-se diretamente ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), respondendo que preferia ser chamado de mal-educado do que de “achacador“, como Cunha estava aparecendo nas manchetes dos jornais.

A confusão foi grande com deputados que vestiram a carapuça e usaram termos ofensivos contra o ex-ministro. Cunha, com sua aversão crônica pela democracia, cortou o microfone de Cid, que retirou-se da Casa. Ao sair, em entrevista, reiterou o que havia dito e defendeu os esforços da presidenta Dilma para tentar qualificar a política e da árdua luta para a combater a corrupção em ambiente adverso.

Em seguida pediu demissão pelo “sincericídio“, pois é óbvio que, por mais que muita gente pense igual à ele, é impossível ter responsabilidade de governar e, ao mesmo tempo, declarar guerra aberta e pública à boa parte de base governista na Câmara.

Cid Gomes vocalizou o que a base eleitoral de Dilma Rousseff nas ruas e nos lares brasileiros vive. A sensação de que o Congresso, de forma generalizada, está pouco ou nada se importando com o eleitorado. E que nada barrará a oposição capitaneada por PSDB e DEM para atingir seus objetivos políticos.

Helena Sthephanowitz, RBA

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Eduardo Cunha ou Frank Underwood, você tem mais medo de quem?

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Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara e Frank Underwood, personagem da série ‘House of Cards’ (Imagem: Pragmatismo Político)

Caderno PrOA

Desde que assumiu como presidente da Câmara, o deputado Eduardo Cunha já se acostumou a ser comparado com o ardiloso político interpretado na série americana House of Cards pelo ator Kevin Spacey.

A aproximação de Cunha com o personagem Frank Underwood, um homem que não encontra limites para sua ambição política, seduziu até mesmo a revista britânica The Economist, que fez a brincadeira em uma reportagem publicada em fevereiro. Na semana em que o deputado brasileiro provocou a queda de um ministro, o PrOA se pergunta: quem é mais perigoso?

1. Colegas do Partido Democrata e adversários do Partido Republicano desconfiam das intenções espúrias de Frank Underwood, que corta um dobrado para conquistar aliados para seus planos de poder. Já Eduardo Cunha conta com o apoio de boa parte do Congresso — e é até aplaudido quando depõe em CPI.

2. Frank Underwood não está nem aí para a vida sexual dos eleitores. Já Eduardo Cunha criou uma comissão especial para que a tramitação do projeto que reconhece como família apenas núcleos familiares formados por um homem e uma mulher seja acelerada, é autor do projeto para a criação do Dia do Orgulho Hétero e posiciona-se contra a adoção de crianças por casais gays.

3. Frank Underwood só está interessado em ter mais poder, mas não pesa sobre ele a suspeita de desviar dinheiro para proveito próprio, enquanto Eduardo Cunha foi acusado de fraudar licitações para favorecer a construtora de um colega de partido durante o governo de Anthony Garotinho. Em depoimento à Polícia Federal sobre o esquema de desvios da Petrobras, o policial afastado Jayme de Oliveira Filho disse que entregou malas de dinheiro em uma casa na Barra da Tijuca que seria de Eduardo Cunha.

4. Frank Underwood quer ser lembrado por um grande projeto de combate ao desemprego nos Estados Unidos (o America Works). Eduardo Cunha deverá ser lembrado como o presidente da Câmara que afirmou que a descriminalização do aborto só seria votada no Congresso se passasse “sobre o seu cadáver”.

5. Frank Underwood é um personagem com fome de poder, cometeu crimes e provocou o impeachment de um presidente, mas é de mentirinha. Eduardo Cunha é de verdade. E mora no Brasil.

MAIS SOBRE EDUARDO CUNHA:
(1) “Vou engavetar a regulamentação da mídia”, diz Eduardo Cunha
(2) Conheça Eduardo Cunha, o novo presidente da Câmara dos Deputados

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Vamos combinar?

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corrupção ódio pt esquerda dilma direita

André Falcão*

Seu ódio não é contra a corrupção, cujo manto podre vem sendo levantado, ainda que com holofotes e megafones voltados só para um dos lados do espectro político, mais particularmente para o governo e o PT, que independentemente de seu voto vem vencendo todas as eleições presidenciais.

Seu ódio não é contra a corrupção, que desde 2003 é combatida com instituições finalmente livres do cabresto dos donos de ocasião do poder, com o auxílio de mecanismos de controle criados por esses governos, sem espaço para engavetamento de inquéritos por procurador amestrado, e com os órgãos policiais efetivamente autônomos e livres para investigar o que e quem quer que seja, com toda a publicidade.

Seu ódio não é contra a corrupção, porque você não é estúpido para acreditar que a corrupção é algo novo no Brasil, nascida, criada e desenvolvida por alguns inescrupulosos que possam estar enfileirados em partidos de esquerda, ou de centro-esquerda, como o PT, que merecem, sim, os rigores da lei, mas não seletivamente.

Leia aqui todos os textos de André Falcão

Seu ódio não é contra a corrupção, porque você sabe que os grandes grupos midiáticos são useiros e vezeiros na utilização de “dois pesos, duas medidas” quando se trata desse tema, ou quando se trata de qualquer outro tema que possa ser negativo ou positivo ao governo; se negativo, amplificadores, quando não o engodo, o falseamento, a manipulação, a mentira deslavada; se positivo, o silêncio, na melhor das hipóteses.

Seu ódio, meu caro, é porque você não aguenta um governo que finalmente tenha desejado e conseguido realizar, num mundo capitalista visivelmente decadente, alguma coisa de justiça social, ainda que com mais de quinhentos anos de atraso; seu ódio é porque você não suporta a ideia de que as pessoas comecem a compreender que elas podem ter uma vida melhor, porque isto não pode e não deve ser um privilégio ditado pelas oportunidades dadas apenas a quem teve um berço rico ou remediado para nascer; seu ódio é porque você é individualista, mesquinho e egoísta, além de complexado por não suportar que a filha(o) de sua(eu) empregada(o) esteja cursando uma faculdade no exterior e a(o) sua(eu) tenha perdido o terceiro ou quarto vestibular; seu ódio é porque sem gente desqualificada e sem direitos você daqui a pouco sequer empregada poderá ter.

Seu ódio, por favor, sem hipocrisia, vamos combinar?, não é contra a presidenta Dilma, mulher honrada e corajosa, eleita legitimamente: seu ódio é porque já está evidente que o “pobre”, hoje, é você.

*André Falcão é advogado e autor do Blog do André Falcão. Escreve semanalmente para Pragmatismo Político

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Um manual prático para os embates políticos do momento

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por Ricardo de João Braga*

O Brasil está no caminho certo? Você sabe qual é o melhor caminho? Segue um breve manual autoral e um repertório de ideias para ajudá-lo a participar do momento político brasileiro atual de forma “qualificada”.

Se quer apoiar o governo, leia O Capital (Karl Marx), A Grande Transformação (Karl Polanyi), Formação Econômica do Brasil (Celso Furtado), História Econômica do Brasil (Caio Prado Jr.), Sociedade de Classes e Subdesenvolvimento (Florestan Fernandes), tenha saudades da Cepal dos anos 50 e 60 e afirme que este governo está lutando para dar um destino autônomo ao país, para emancipar o povo, para criar um capitalismo nacional (talvez mesmo como preparação para o socialismo). Você pode utilizar como palavras de ordem o ataque ao imperialismo e às perdas internacionais, pode sempre retirar da manga o argumento que a classe trabalhadora é explorada, pode também ─ está muito na moda ─ identificar a classe média brasileira à pequena burguesia e todo cidadão crítico a um machista conservador que odeia pobres, nordestinos e direitos das mulheres e minorias. (Se estiver num ambiente mais acolhedor, diga que Cuba é uma grande democracia e que lá o poder econômico não influencia as eleições, que são livres). Saiba que o mundo é dividido entre o bem (a sua causa) e o mal, e aquele que leu os mesmos livros que você é do bem, os outros, do mal. Neste caso você deve se esquecer que boa parte do eleitorado do PT hoje tem ideias conservadores, e que a mesma classe média pequeno burguesa de 2015 era a elite intelectual que apoiou as várias campanhas presidenciais de Lula no passado.

Esqueça também que foi o capitalismo que multiplicou por centenas de vezes a capacidade produtiva e tecnológica de nossa sociedade, com avanços na medicina, nos transportes e na comunicação (evite falar ao celular ou ser visto utilizando-o, pois é um invento capitalista). Ignore solenemente o fato de que os países mais ricos e desenvolvidos são também aqueles com mais liberdades civis. Não hesite, não tenha dúvidas. Se precisar, parta pro confronto.

Se você deseja atacar o governo, leia A Riqueza das Nações (Adam Smith), O Caminho da Servidão (Friedrich Hayek), A Revolução dos Bichos e 1984 (George Orwel), aprenda sobre as Expectativas Racionais (Robert Lucas) e a PublicChoice (J. Buchanan; G. Tullock), acredite que o FMI e o Banco Mundial são órgãos apenas técnicos e afirme que os adversários do governo estão realmente interessados em adotar uma nova forma de governar, com menos Estado, mais transparência e mais liberdade econômica. Neste caso você pode sempre atacar o governo por ser ineficiente, ladrão e corrupto, por comprar votos do povo com o programa assistencialista Bolsa Família e por dar direitos a falsas minorias e a vagabundos. Acredite que aquele que não percebe a ciência destes argumentos é burro, e você, inteligente. Neste caso você deve esquecer que as ideias e os programas liberais fizeram a Bolívia privatizar a água da chuva, o Chile acabar com a previdência pública, a Argentina cortar direitos trabalhistas e terem ajudado a América Latina ter sido e continuar sendo um continente exportador de produtos agrícolas tropicais e minérios (que paga baixos salários e tem uma enorme quantidade de pobres).

Deve esquecer também que os países que tem se desenvolvido nas últimas décadas investiram muito em educação e deram forte apoio estatal às indústrias e às exportações. Se vir um pobre na rua, fique tranquilo, afirme que ele não quis estudar e não gosta de trabalhar, enquanto você no seu carro merece o que tem pelo trabalho duro e pelo estudo.Não hesite, não tenha dúvidas. Se precisar, parta pro confronto.

ALERTA: para permanecer convicto não misture os autores das duas listas. Ao contrário, ataque a lista adversária (sem mesmo ter lido e compreendido) e acuse-a de “ideologia barata”. Permaneça firme na que você escolheu!

Se espera encontrar no panorama político brasileiro um grupo impoluto e que irá lhe salvar, evite ler Os Donos do Poder (Raymundo Faoro) ou A Gramática Política Brasileira (Edson Nunes). Neste caso, ignore sempre os argumentos sobre patrimonialismo, familismo, nepotismo, etc. Evite a todo custo ler Casa Grande e Senzala (Gilberto Freyre) ou Raízes do Brasil (Sérgio Buarque de Holanda), mas caso leia estes livros, de forma alguma olhe-se no espelho, sob pena de parar de acreditar no Brasil (você é o Brasil). Não duvide da chegada de um salvador da pátria, e ignore que o sistema político é reflexo das relações sociais criadas e mantidas no dia a dia.

Contudo, caso você acredite que o meio termo, o equilíbrio, a razoabilidade podem fazer algum sentido, caso acredite que você tem importância na superação do conflito atual, leia todos os livros acima e considere que eles não estão de todo certos, nem de todo errados. Neste caso acrescente também algum livro da religião de sua preferência, ou algum pensador que lhe agrada, e leia sempre com uma perspectiva humanista. Parecerá claro a você que o diálogo e a serenidade são o melhor caminho.

* Ricardo de João Braga é doutor em Ciência Política pelo Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Iesp/Uerj) e economista. É professor do Mestrado Profissional em Poder Legislativo, da Câmara dos Deputados. (Congresso em Foco)

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Thomas Traumann sai da Secom e pode assumir comunicação da Petrobras

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Thomas Traumann comunicação social
Thomas Traumann, ex-ministro da Comunicação Social (Folhapress)

A Secretaria de Imprensa da Presidência da República informou nesta quarta-feira (25) que o ministro da Comunicação Social, Thomas Traumann, entregou pedido de demissão à presidente Dilma Rousseff, que aceitou.

Traumann é o terceiro ministro a deixar o cargo no segundo mandato da presidente Dilma Rousseff. Além dele, saíram Cid Gomes (Educação), substituído interinamente por Luiz Cláudio Costa; e Marcelo Néri (Secretaria de Assuntos Estratégicos), substituído por Roberto Mangabeira Unger.

Minutos após a Presidência confirmar a saída de Traumann, o ex-ministro usou sua conta no microblog Twitter para postar trechos da música “Novos Rumos”, do compositor Paulinho da Viola.

“Vou imprimir novos rumos ao barco agitado que foi minha vida. Fiz minha velas ao mar, disse adeus sem chorar e estou de partida. Todos os anos vividos são portos perdidos que eu deixo para trás. Quero viver diferente, que a sorte da gente é a gente que faz”, escreveu.

A Secretaria de Comunicação Social é responsável pela interlocução do Palácio do Planalto com a imprensa, por gerenciar as estratégias de comunicação de todos os ministérios e definir a aplicação das verbas publicitárias do governo nos veículos de comunicação.

Thomas Traumann está sendo cotado para assumir a comunicação da Petrobras, sobretudo após a demissão do gerente executivo de Comunicação Institucional da empresa Wilson Santarosa, que ocupava o cargo desde o governo do ex-presidente Lula.

Na nota divulgada pelo Palácio do Planalto, a presidente Dilma Rousseff reconheceu o empenho e a dedicação de Traumann, que está cotado para a assumir a área de comunicação da Petrobras.

NOTA OFICIAL

A presidenta Dilma Rousseff aceitou hoje, 25, o pedido de demissão do ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social, Thomas Traumann.

A presidenta agradeceu a competência, dedicação e lealdade de Traumann no período como ministro e porta-voz.

Secretaria de Imprensa
Presidência da República

Agência Brasil

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“Impeachment sem provas traria o caos para o Brasil”, diz Marina Silva

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marina silva impeachment dilma
Marina Silva não vê ‘impeachment’ como solução. Ao contrário, ex-presidenciável conta que ferramenta aprofundaria o caos no Brasil

Marina Silva, ex-candidata à presidência da República pelo PSB, criticou o movimento que defende o impeachment da presidente Dilma Rousseff em entrevista ao jornal Valor Econômico. De acordo com a ex-ministra do Meio Ambiente, sem um fato que indique a responsabilidade direta da presidente, o impeachment não evitaria o caos e até poderia aprofundá-lo.

“Não é porque este ou aquele grupo está insatisfeito que se deve recorrer a essa ferramenta”, disse.

Marina destacou que são legítimas as manifestações já que, segundo ela, “na eleição foi vendido um Brasil colorido, sabendo-se que o país estava vivendo uma profunda crise”.

A ex-candidata reforçou ainda que não se pode escolher um partido para o governo, “simplesmente porque quer um pedaço do Estado para chamar de seu”. Ela destacou que nas democracias evoluídas, a composição do governo é feita com que os partidos tem de melhor nos seus quadros.

Marina também comentou a campanha eleitoral de 2014 e o apoio dado a Aécio Neves no segundo turno.

“Quando o apoiei falei que achava que a nossa postura devia ser de que nem todo o PT devia ser derrotado, nem todo o PSDB deveria ser vitorioso. Deveria ser vitorioso o PSDB de Montoro, Covas, Fernando Henrique e todos os que estabeleceram uma transição democrática para que o sociólogo entregasse o país ao operário. E nem todo o PT deveria ser derrotado. O PT que fez a distribuição de renda, que ajudou a tirar 30 milhões de pessoas da pobreza, esse deveria continuar vitorioso nas políticas”, afirmou.

A ex-senadora também se mostrou preocupada com o atual sistema político brasileiro, em que alianças com os partidos precisam ser costuradas para se manter uma governabilidade. Marina disse que a relação com os partidos precisa ser “programática”, ao invés de “pragmática”, mas não apresentou soluções.

“Se tivéssemos vencido as eleições teríamos uma transição para outra agenda, outra composição que não fosse mais aquela pragmática, do cargo em troca de apoio, mas programática […] Não consigo imaginar como é que teremos mais quatro anos dessa governabilidade com base em distribuição de pedaços do Estado”, disse.

com Valor e JB

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Renan, Collor e Cunha quase impõem derrota dolorida a Dilma

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Eduardo Cunha e Renan Calheiros [divulgação]

Em meados de março, uma manobra articulada por Renan Calheiros (PMDB-AL), Fernando Collor (PTB-AL) e Eduardo Cunha (PMDB-RJ) por muito pouco não provocou uma enorme crise no governo da presidente Dilma Rousseff (PT). Os três parlamentares quase derrubaram o veto da presidente à prorrogação até 2042 dos subsídios sobre a energia elétrica para grandes empresas do Nordeste. Corre à boca pequena que se o veto tivesse sido derrubado, o Ministro da Fazenda, Joaquim Levy, pediria demissão.

A manutenção do subsídio elétrico provocaria um custo extra de R$ 5 bilhões nas contas do Tesouro neste ano, tornando mais difícil cumprir a meta de superávit primário de 1,2% do PIB (Produto Interno Bruto) em 2014.

Na Câmara, Eduardo Cunha já havia comandado, com sucesso, a derrubada do veto com o apoio de 310 deputados. Faltava o Senado.

A manobra para tentar derrubar o veto de Dilma no Senado, que acabou fracassada, foi comandada pelo presidente do casa, Renan Calheiros.

Para tentar viabilizar sua manobra, Renan foi ao gabinete do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), acompanhado do senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL) para pedir a suspensão da sessão da Câmara.

Isso garantiu ao Congresso continuar funcionando para que o veto fosse analisado. Ao lado de Renan, Collor foi um dos principais articuladores da manobra contrária ao governo

Antes da votação no Senado, o governo agiu. Os ministros Pepe Vargas (Relações Institucionais) e Eduardo Braga (Minas e Energia) levaram a Renan Calheiros e a senadores governistas a mensagem de que a queda do veto poria em risco o ajuste fiscal e estava levando, inclusive, o ministro Joaquim Levy a dizer que “preferia pedir demissão do cargo”.

O veto acabou não caindo por apenas dois votos no Senado – 39 senadores votaram pela derrubada, dois a menos do que o mínimo de 41 necessário.

Posteriormente, o ministro Joaquim Levy disse a interlocutores que “não tenho nenhuma intenção nem motivos para deixar o governo” e está comprometido com a missão que lhe foi dada pela presidente Dilma de ajustar a política econômica.

Mais enfrentamento

Apesar de não ter conseguido derrubar o veto de Dilma sobre os subsídios da energia elétrica, Renan Calheiros não demonstra que irá recuar em seu objetivo de dificultar a vida de Dilma Rousseff e já conseguiu impor várias derrotas ao governo.

O presidente do Senado prometeu nesta quinta-feira que vai barrar o nome indicado por Dilma para ocupar a vaga de Joaquim Barbosa no Supremo Tribunal Federal (STF). Todo indicado para o STF precisa, obrigatoriamente, ter seu nome aprovado no Senado para tornar-se ministro.

O jurista Luiz Edson Fachin, advogado, professor e um dos maiores nomes do Direito Civil brasileiro seria a primeira opção de indicação do governo para a vaga de Barbosa. Consultado pela Casa Civil, Calheiros disse que o nome de Fachin não passará pelo Senado por que o jurista teria ligações com o PT.

A PEC da Bengala, outra derrota imposta à Dilma, foi aprovada no Congresso Nacional com votação expressiva. A medida amplia de 70 para 75 anos a idade para a aposentadoria compulsória de magistrados de tribunais superiores e do Tribunal de Contas da União (TCU) e tira de Dilma o direito de indicar cinco novos ministros para o STF até o final do seu segundo mandato.

A origem do ódio

“Não é independência, é oposição. E é um movimento sem volta. Não existe a hipótese de ele [Renan] voltar a apoiar esse governo”. A frase foi dita por um dos principais interlocutores de Renan Calheiros.

renan calheiros ministro fhc
Renan Calheiros foi Ministro da Justiça no governo FHC

Por trás de tamanha indignação, um fato – a inclusão do nome Renan entre os políticos que responderão a inquéritos criminais por envolvimento com o desvio de recursos na Petrobras.

Renan Calheiros e Eduardo Cunha, presidentes do Senado e da Câmara, respectivamente, consideram que o governo teve ação determinante na escolha dos nomes que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, submeteu ao Supremo Tribunal Federal (STF) ao encaminhar os pedidos de inquérito contra as autoridades com foro privilegiado denunciadas pelos delatores da Operação Lava Jato. Ambos acreditam que Dilma poderia ter agido no sentido de evitar que eles aparecessem na lista dos investigados.

A tese encampada por Renan e Cunha não faz sentido. Fosse assim, não teria Janot proposto inquérito contra dezenas de políticos governistas e apenas um da oposição. Nem teria deixado em dúvida a origem dos recursos usados na campanha presidencial de Dilma em 2010.

“O Renan era o principal apoio do governo aqui e passou, junto com Cunha e outros, a ser apresentado como o grande vilão da corrupção na Petrobras. Ora, a responsabilidade pelos crimes na Petrobras é de Dilma, não pode ser imputada ao Congresso”, diz um senador tomando as dores do presidente do Senado e garantindo que “ele não vai deixar barato”.

Deputado Federal por 10 anos (1982 a 1992) e senador desde 1994 até os dias atuais (21 anos no cargo), Renan Calheiros já cansou de provar que conhece todos os atalhos não só para chegar no poder, mas para nele permanecer. Foi líder do governo Collor no Congresso Nacional, vice-presidente executivo da Petrobras Química S.A. (Petroquisa) de 1993 a 1994 no governo Itamar Franco, Ministro da Justiça do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e Presidente do Senado Federal por duas vezes. Até onde irá Renan é uma pergunta que, até agora, ninguém pode responder ao certo.

renan calheiros collor líder governo
Renan Calheiros (esq.), líder do governo Collor

Pragmatismo Político, com informações de Folhapress e Congresso em Foco

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SAIBA MAIS: Por que Renan Calheiros se rebelou contra Dilma

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Financiamento empresarial de campanha é proibido em 39 países

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financiamento campanha eleitoral candidatos empresas

O debate sobre a necessidade de mudar o modelo de financiamento de campanhas no Brasil voltou a ganhar fôlego em meio as denúncias de que propinas cobradas em contratos da Petrobras acabavam irrigando partidos políticos e candidatos como doações oficiais de campanha.

A crescente preocupação com o assunto, porém, não é exclusividade do Brasil. Um monitoramento internacional sobre financiamentos de campanha em 180 países, realizado há quinze anos pelo Instituto Internacional pela Democracia e Assistência Eleitoral (Idea, na sigla em inglês), indica uma tendência mundial de aumento – ainda que lento – da restrição a doações empresariais.

A proposta de eliminar ou reduzir drasticamente o financiamento de campanhas por empresas não busca apenas atacar o problema da corrupção, observa o diretor da área de Partidos Políticos do Idea, Sam van der Staak. O princípio central que norteia essas medidas é a preocupação com a influência desproporcional que as empresas teriam sobre o Estado por causa dos volumosos recursos destinados a eleger políticos, seja no Executivo ou no Legislativo.

Em todo o mundo, a política se tornou um negócio caro, em tal magnitude que o dinheiro é hoje uma das maiores ameaças à democracia“, afirma um relatório de janeiro do instituto.

Segundo Staak, o número de países que baniu completamente o financiamento por empresas cresceu levemente nos últimos quinze anos. Já a criação de limites para as doações “tem sido discutida de forma mais ativa em muitos países“, nota ele.

Propostas

No Brasil, o PT e os movimentos sociais estão à frente da proposta de proibir totalmente o financiamento por empresas – dessa forma as campanhas seriam bancadas exclusivamente por recursos públicos e pequenas doações de pessoas físicas.

Os números oficiais mostram que hoje as empresas são as principais financiadoras da disputa eleitoral no Brasil. Nas últimas eleições, partidos e candidatos arrecadaram cerca de R$ 5 bilhões de doações privadas, quase na sua totalidade feitas por empresas. Além disso, receberam no ano passado R$ 308 milhões de recursos públicos por meio do Fundo Partidário, enquanto o tempo “gratuito” de televisão custou R$ 840 milhões aos cofres da União por meio de isenção fiscal para os canais de TV.

No momento, o Supremo Tribunal Federal (STF) julga uma ação movida pela Ordem dos Advogados do Brasil questionando se a doação por empresas é constitucional. Dos onze ministros, seis já votaram pela proibição desse tipo de financiamento, no entanto, o ministro Gilmar Mendes pediu vista do processo em abril do ano passado e até hoje não proferiu seu voto, no que tem sido criticado como uma manobra para impedir a conclusão do julgamento antes que o próprio Congresso analise a questão.

O PMDB, que hoje tem a presidência da Câmara e do Senado, quer uma alteração menos radical desse modelo. Uma proposta apresentada pelo partido na semana passada sugeriu que empresas só possam doar diretamente a um único partido, mas sem indicar limitação de valores.

Outra proposta, encampada pelo Instituto Ethos e alguns cientistas políticos, prevê que as doações por empresas continuem sendo permitidas, mas que haja um teto baixo para essas transferências. O objetivo, com isso, é reduzir o poder de influência de cada financiador – já que haveria mais doadores transferindo valores semelhantes.

O Instituto Ethos foi criado para incentivar práticas socialmente responsáveis no setor privado. Ele tem 585 empresas associadas, entre elas grandes doadoras de campanhas eleitorais como os bancos Bradesco, Itaú e Santander, a construtora WTorre, a rede de frigoríficos Marfrig, e até mesmo empreiteiras investigadas na Operação Lava Jato, como Camargo Corrêa e Odebrecht.

O instituto defende hoje a adoção de regras que limitem drasticamente as doações por empresas e mesmo a proibição nos casos de companhias que tenham contratos com governos ou sejam sócias de bancos públicos.

Se tal proibição existisse hoje, atingiria diretamente o grupo JBS, maior doador da campanha de 2014. Tendo o BNDES como sócio, o grupo destinou mais de R$ 350 milhões a diferentes políticos na eleição do ano passado e foi também o maior apoiador tanto da campanha da presidente Dilma Rousseff, como da de seu principal adversário, o tucano Aécio Neves.

A eleição (brasileira) está virando quase que um plano de negócios de mercado“, afirma Jorge Abrahão, presidente do Instituto Ethos, fazendo referência a um instrumento do mundo corporativo usado para definir os objetivos de uma empresa e o que será feito para alcançá-los.

Os estudos que fazemos indicam que a eleição a cada ano fica mais cara e o número de votos que os partidos recebem é proporcional aos recursos que eles ganham (de empresas). Na medida em que você limita (as doações), você vai diminuir o peso desse poder econômico“, acrescenta Abrahão.

Levantamentos dos jornais Folha de S.Paulo e Estadão com base nas milhares de declarações de candidatos ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) indicam que, em 2014, as doações privadas somaram cerca de R$ 5 bilhões no Brasil – quase o dobro do valor arrecadado em 2006 (R$ 2,6 bilhões, já atualizado pela inflação).

Sam van der Staak, do Idea, nota que as eleições brasileiras são relativamente caras. Segundo levantamento do instituto, o valor gasto em média por voto aqui (US$ 19,90) é cinco vezes maior do que no México (US$ 4,20) e o dobro do que na Costa Rica (US$ 9,60), países onde as doações de empresas são proibidas.

Pelo mundo

O banco de dados do Idea – organização intergovernamental que hoje tem status de observadora na ONU – revela que 39 países proíbem doações de empresas para candidatos, como México, Canadá, Paraguai, Peru, Colômbia, Costa Rica, Portugal, França, Polônia, Ucrânia e Egito. O mais novo integrante do grupo pode ser a Espanha, que atualmente estuda adotar a medida.

Outros 126 países permitem o financiamento de candidatos por empresas, como Brasil, Reino Unido, Itália, Alemanha, Noruega, Argentina, Chile, Venezuela e praticamente toda a África e a Ásia.

A proibição formal, porém, nem sempre impede que o capital corporativo encontre outras formas de influenciar o jogo político, nota Staak. Os Estados Unidos, por exemplo, proíbem doações diretas de empresas, mas como elas são autorizadas a fazer suas próprias campanhas a favor e contra candidatos, na prática os efeitos da restrição são nulos.

Tampouco a corrupção desaparece de uma hora para outra. Um relatório do instituto aponta que o número de infrações detectadas em doações políticas em Portugal cresceu fortemente desde o ano 2000, quando o país proibiu o financiamento por empresas.

Em parte, isso é reflexo da fiscalização mais dura que também foi implementada no período, nota o documento. Mas, por outro lado, também observou-se o desenvolvimento de práticas para burlar as restrições às doações privadas, como lista de doadores fantasmas.

A corrupção tem muito a ver com as atitudes culturais. Muitos países que são menos corruptos (como Noruega e Suécia), até recentemente, não tinha sequer muitas das leis necessárias para conter escândalos de financiamento político. As reformas devem, portanto, ter o objetivo de tornar mais difícil as doações irregulares e ficar sempre um passo à frente dessas práticas“, afirma Staak.

Defensor da proibição do financiamento por empresas no Brasil, o filósofo Marcos Nobre, reconhece que a medida não terminará com a corrupção no país como mágica, mas ainda assim defende sua adoção. “O que (a proibição) vai fazer é tornar a disputa eleitoral menos desigual e isso é bom para a democracia“, nota ele.

Para evitar o crescimento do caixa 2 (doações ilegais), o fim do financiamento por empresas tem que vir acompanhado do fortalecimento do Ministério Público e da Justiça Eleitoral“, ressaltou.

Limite de doações

Cláudio Abramo – ex-diretor da Transparência Brasil, organização especializada em contas eleitorais – critica a proposta por considerar que ela inevitavelmente levaria ao aumento das doações ilegais e também por ver pouco espaço político para sua aprovação no Congresso.

Ele defende que a criação de limites baixos para as doações de empresas seria o melhor caminho para tornar o sistema político mais justo.

É preciso atacar o problema principal do financiamento hoje, que é a inexistência de limites reais (ao financiamento). Então, você tem uma desigualdade imensa entre os doadores de forma que alguns poucos ganham um poder de influência muito maior que outros doadores. A ideia seria limitar muito drasticamente a quantidade de dinheiro que cada grupo empresarial possa dar, reduzindo portanto a influência de cada um deles“, afirma.

O levantamento do Idea mostra que 55 países restringem de alguma forma os financiamentos, seja de empresas ou pessoas físicas.

O Brasil estabelece um teto para as doações, mas a regra adotada não segue o padrão internacional e acaba sendo inócua. Enquanto a maioria dos países que têm limites estabelecem valores absolutos (por exemplo, 7,5 mil euros por pessoa, na França), aqui o teto máximo da doação é um percentual dos recursos do doador – 2% do faturamento no ano anterior, no caso das empresas, e 10% da renda, no caso das pessoas físicas.

Grandes empresas e pessoas ricas, portanto, têm um potencial muito maior de influir no processo eleitoral.

Mariana Schreiber, BBC

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PM espanca manifestante que defendia democracia em ato pró-ditadura

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víctor santana ditadura militar

por Marco Blog

Não chores, Víctor. Nós vencemos!

O jovem ator Víctor Santana caminhava com uma mochila nas costas. Estava a caminho do trabalho, nesse sábado dia 28 de março. Na porta do Comando Militar Leste do Exército, ao lado da Central do Brasil, foi surpreendido com bandeiras integralistas, saudações nazistas e um grupo que pedia golpe militar. Eram cerca de 70 pessoas, alguns visivelmente transtornados e agressivos. Olhei pro Vitor e vi que chorava. Muito. Quem sabe pensando em um parente desaparecido ou morto pela ditadura. Não sei.

Também passava por ali, depois de uma manifestação em comemoração aos 93 anos do Partidão e em um gesto solidário segurei no braço dele – ‘Não fique assim, essa gente não significa nada’ – justifiquei. Vitor seguiu em direção ao grupo e eu o acompanhei já prevendo confronto. Disse ao policial que escoltava o grupo que era inconstitucional e criminosa aquela manifestação. Um rapaz se aproximou e gritou a centímetros do meu rosto: ‘você é um viado maconheiro’ e ‘Comunista tem que morrer’. Respondi no mesmo tom e intensidade e chamei atenção do policial: ‘Quero o mesmo direito deles e vou ficar aqui protestando contra a manifestação’.

Lembrei ao policial: ‘Não há intervenção militar com consentimento da Constituição, que define as atribuições das Forças Armadas, subordinadas ao Presidente da República, eleito pelo povo e dono do poder’. Me dirigi aos manifestantes com o megafone: ‘Prestem continência para esse povo que passa aqui em direção a Central, esse povo é que paga seus salários e o das forças armadas’, concluí. ‘É pra eles que vocês devem continência!’

Sob ameaças de agressão física e morte por muitos homens e mulheres da marcha solicitei novamente proteção policial. Victor se negou a sofrer a revista – por que ele e não a mim também que estava com mochila? Minha cor de pele influenciou? Em alguns minutos Vitor foi cercado e levado pela policia. Foi injustamente preso com uso de uma força desproporcional, tendo sido alegado desacato. Um absurdo.

Tentei negociar sua libertação mas ele extremamente nervoso reagiu a violência. Fiquei sozinho e sem saber o que fazer, apenas tomado pela indignação. Victor desapareceu em meio a dezenas de policiais, foi colocado em um camburão e sob aplausos do grupo. Munido de um megafone que havia trazido na mochila do ato que promovemos em Teresópolis naquela manhã, comecei então a enfrentar a marcha, que foram cercados e isolados pelos policiais. Eu é que sou apenas um e eles é que ganham proteção?, me perguntei.

Comecei a convocar e a explicar aos trabalhadores que passavam em direção à Central do Brasil o que estava acontecendo. Uma dezena pelo menos parou. Uma transexual na calçada também enviava gestos e gritos ao grupo. Começamos aos poucos a sufocar e paralisar a manifestação fascista. Cercados pelo cordão de isolamento, alguns faziam gestos obscenos para nossa direção, outros exibiam faixas. Conseguimos depois de uma hora de intenso confronto verbal calar o grupo, que foi se dispensando.

Embora não intencional – não sabia da manifestação e nem conhecia Vitor – a mobilização deu uma resposta aos fascistas. Assanhados pelo êxito das manifestações contra Dilma de algumas semanas atrás, acreditavam que poderiam empurrar a multidão a pauta do golpe. O tom anticomunista dominou o ato, com cantos militares, hinos e os gritos de ordem contra bandeiras vermelhas.

Nasci meses após o golpe militar de 1964 e, quando jovem, a ditadura já estava deteriorada e a esquerda em ascensão. Nunca tinha ouvido ou sofrido agressão por ser de esquerda ou por ser comunista, muito pelo contrário, acostumado ao reconhecimento por tantos anos de ilegalidade e tantas lutas que vencemos. Foi um batismo cruel ver e ouvir que eu era o inimigo que precisa ser destruído e eliminado. Minha geração de militantes jamais viveu essa situação e com sinceridade não sei como enfrentá-la. A direita saiu do armário, está empoderada pelas manifestações, pela bancada que elegeram, pelo crescimento do apoio popular a sua pauta conservadora. Tudo que ganhamos nos últimos trinta anos – esses poucos avanços – está sob risco de desaparecer.

Nossas bandeiras atacadas, nossos militantes atônitos diante do ódio. Eu nunca havia experimentado o olhar do ódio anticomunista, antes sempre adormecido, envergonhado, tímido e trabalhando na escuridão. Minha geração está ainda anestesiada, achando que esses grupos são ainda minoritários e sem futuro. Como já disse Bertolt Brecht, ‘a cadela do fascismo está sempre no cio’. Jamais devemos subestimar esses grupos e seus líderes. A última vez que assim fizemos, amargamos uma grande derrota para a humanidade que foi o nazismo. Hoje foi um dia de comemoração pelos 93 anos do partido em minha cidade.

Hoje foi um dia que aprendi o que outras gerações viveram. E viver esse Partido é viver sua história e entender como foi difícil vencer o fascismo em todas suas versões e roupagens. Retroceder jamais.Vou tentar achar Vitor (só descobri seu nome depois que li a denúncia de sua prisão feita por Chico Alencar) e dizer que vencemos aquela batalha. E que estou à disposição para testemunhar e processar aqueles policiais violentos. E todas as outras que virão vai depender também dele e de todos os camaradas. Vamos enfrentar esse neofascismo com inteligência, estratégia e mobilização. Vamos vencer porque somos a humanidade e eles, a barbárie.

Cenas da prisão de Victor:

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