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Lula volta ao RS neste domingo e diz que governo não mede esforços para salvar vidas

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Lula volta RS domingo governo não mede esforços salvar vidas
Imagem: Ricardo Stuckert | PR

Guilherme Arandas Domingos, DCM

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva estará de volta ao Rio Grande do Sul amanhã para coordenar de perto as operações de resgate e apoio à população gaúcha em meio às adversidades climáticas. O foco principal do governo federal é garantir suporte total ao estado neste momento crítico.

Em meio às fortes chuvas que assolam o estado, o governo federal mantém um diálogo constante com as autoridades estaduais e municipais para oferecer todo o auxílio necessário. “Não serão poupados esforços para socorrer os municípios atingidos e preservar vidas”, afirmou o presidente em seu conta no X.

O ministro da Secretaria de Comunicação Social, Paulo Pimenta, também comentou e compartilhou um vídeo em suas redes sociais explicando como o presidente Lula e o país irão agir diante da tragédia que está ocorrendo no Rio Grande do Sul.

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O retorno do presidente ao Rio Grande do Sul demonstra o compromisso do governo em agir rapidamente diante da situação de emergência. A presença de Lula visa garantir que todas as medidas possíveis sejam tomadas para minimizar os impactos das enchentes e proporcionar segurança à população afetada.

Leia também: Chuvas no RS: por que chove tanto no estado? Entenda as causas

Com a colaboração entre as esferas governamentais, espera-se uma resposta eficaz e ágil para enfrentar os desafios decorrentes das chuvas intensas no estado.

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Moro ameaça arrastar decisões do Supremo para a batalha contra a Corregedoria

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Moro ameaça arrastar Supremo para batalha contra Corregedoria
Sergio Moro, do União-PR (Imagem: Marcos Oliveira | Agência Senado)

Cintia Alves, Jornal GGN

O senador e ex-juiz federal Sergio Moro ameaçou arrastar decisões do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça para a batalha que enfrentará no plenário do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) por conta de uma representação disciplinar instaurada em setembro de 2023, após a Corregedoria realizar uma correição extraordinária na 13ª Vara Federal de Curitiba e levantar uma série de possíveis ilegalidades e arbitrariedades praticadas por magistrados que atuaram na Lava Jato.

A Corregedoria questiona uma série de condutas atípicas adotadas por Moro. Entre elas, a decisão de tratar a Petrobras como “vítima universal” dos crimes investigados, e de ter repassado à petroleira, sem nenhum critério ou transparência, recursos bilionários que a força-tarefa da Lava Jato arrecadou a partir de multas aplicadas às empresas e pessoas físicas que assinaram acordo de leniência ou delação premiada com o Ministério Público Federal, tudo sem aguardar o trânsito em julgado.

Saiba mais: Lava Jato destruiu 4,4 milhões de empregos no Brasil, revela estudo da UFRJ

Nas palavras da defesa do senador, diante da “remota hipótese” de o plenário do CNJ decidir transformar a representação disciplinar em PAD (processo administrativo disciplinar), Moro já deixa avisado que vai requerer produção de provas, “adiantando-se que, entre elas, será solicitada cópia dos processos no STF [Supremo Tribunal Federal] e no STJ [Superior Tribunal de Justiça] nos quais foram adotados idênticos procedimentos de destinação de valores que os empregados pelo Reclamado.”

Segundo Moro, “o próprio Supremo Tribunal Federal, nos processos da Operação Lava Jato, ao apreciar recursos e atos de sua competência e nos acordos de colaboração que homologou, também definiu a PETROBRAS como vítima, determinando a transferência dos recursos depositados em contas judiciais pelos colaboradores para a referida empresa estatal.”

Moro citou decisões do ministro Teori Zavascki, primeiro relator da Lava Jato no STF, envolvendo o caso Paulo Roberto Costa; também lembrou do investigado Nestor Cerveró. “Em ambos os casos também não se aguardou o trânsito em julgado“, disparou Moro.

O ex-juiz sustentou que decidiu eleger a Petrobras como vítima dos crimes investigados na Lava Jato porque “doutrina e jurisprudência são unânimes em apontar a entidade da Administração pública direta ou indireta lesionada como vítima”.

Moro ainda argumentou que decidiu repassar parte das multas bilionárias à Petrobras antes do trânsito em julgado para que o dinheiro não perdesse valor monetário parado em contas judiciais. “Assim, a transferência imediata dos valores depositados nas contas judiciais para a PETROBRAS e independentemente de trânsito em julgado foi motivado pelo zelo judicial na preservação dos valores pertencentes à vítima“, disse.

A intenção de Moro de arrastar decisões do STF e STJ para a batalha no CNJ está expressa em sua defesa prévia. Conforme o GGN mostrou nesta reportagem aqui, Moro entregou a defesa prévia ao CNJ ainda em 2023. Os oficiais de Justiça levaram cerca de 2 meses para conseguir notificar o senador, que não era facilmente encontrado nem em seu endereço no Paraná, nem no gabinete em Brasília.

O ex-juiz requereu o arquivamento da representação disciplinar alegando, sobretudo, que deixou a magistratura há 5 anos, logo, está fora do alcance do CNJ, sem contar que a pretensão punitiva supostamente já teria prescrito. No mérito, ele sustentou que não cometeu irregularidades e que seus atos foram estritamente jurisdicionais.

Aliada à estratégia de nivelar suas decisões às decisões do Supremo, Moro ainda solicitou o levantamento do sigilo do processo no CNJ, para que o julgamento no plenário tenha exposição ao público.

Entenda o caso

A correição extraordinária da 13ª Vara Federal, encampada pelo corregedor Luís Felipe Salomão, identificou que Moro teria criado um procedimento ultra secreto para movimentar os recursos das multas de acordos de leniência e delação premiada na Lava Jato. Somente de uma das contas judiciais associadas ao procedimento sob sigilo de grau máximo, Moro teria repassado mais de 2 bilhões de reais para a Petrobras a título de “reparação”.

Ocorre que, segundo apurou a correição, essa devolução de recursos era parte de um esquema de “cash back” criado pelos agentes da Lava Jato para atender a seus próprios interesses privados. Moro e os procuradores de Curitiba sabiam ao menos desde 2015 que a Petrobras enfrentaria processo nos EUA, não na condição de “vítima” como no Brasil, mas sim de “culpada”, o que a levaria a petroleira ao pagamento de multa estratosférica às autoridades americanas – como, de fato, veio a ocorrer em 2018, quando a Petrobras assinou acordo para pagar quase 3 bilhões de dólares e encerrar o processo.

Para a Corregedoria, os repasses autorizados por Moro foram uma forma de ajudar a Petrobras a fazer frente à multa que pagaria nos EUA, para depois a equipe de Deltan Dallagnol tentar “desviar” o dinheiro que voltaria ao Brasil (os EUA decidiram devolver 80% do valor) para uma fundação privada. A juíza Gabriela Hardt também é alvo de representação disciplinar por ter homologado o acordo para a fundação Lava Jato. Na sessão do dia 16 de abril de 2024, o CNJ decidiu julgar a representação contra Hardt primeiro, deixando Moro para um segundo momento.

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O muro da Mauá sabe o que destruiu Porto Alegre

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muro Mauá sabe que destruiu Porto Alegre

Moisés Mendes*, em seu Blog

Sacos de areia foram amontoados na semana passada na base das 14 comportas do muro da Avenida Mauá, que separa Porto Alegre do Rio Guaíba. Era parte do plano de prevenção contra a cheia.

Mas os sacos não aguentaram a pressão da água. Porto Alegre virou a Veneza gaúcha dos desastres climáticos, do egoísmo e da inépcia.

As comportas e os sacos estavam, em alguns trechos, a menos de 20 metros de armazéns do cais do porto da cidade. Os mesmos armazéns que acolheram, em março, o South Summit Brazil 2024.

Um mês antes das cheias que atingem um terço do Estado e invadem a capital, Porto Alegre havia sido a cidade mundial das ideias, da inovação, da tecnologia e do empreendedorismo.

É provável que nenhuma das soluções apresentadas por 3 mil startups tratasse de técnicas do uso de sacos de areia em situações parecidas. Os sacos se romperam, a cidade foi inundada por causa dessa e de muitas outras deficiências, e seus moradores se interrogam: o que falhou?

Por que Porto Alegre consegue acolher o evento das soluções, geralmente virtuais, que irão gerir o mundo no século 21, e não consegue enfrentar uma cheia analógica? E os dois eventos, o Summit Brazil e a estrutura para evitar a invasão das águas, foram vizinhos no mesmo espaço na beira do rio.

Porto Alegre foi invadida pelas águas porque o muro e as comportas são dos anos 70 (uma das comportas estourou), a cidade sucateou seu sistema de drenagem e não sabem mais nem mesmo usar sacos de areia para conter a água.

O Estado e o município, a exemplo do que acontece no Brasil todo, privatizaram o que era bom e rentável, ou sucatearam para vender depois, ficaram com o que consideram ruim ou pouco lucrativo, desmantelaram estruturas e quadros de pessoal e acabaram por expor seus servidores sobreviventes a constrangimentos.

Faltam inteligências, no plural, para dar conta de coisas do cotidiano e de situações excepcionais, como a catástrofe do clima que o homem provoca.

O professor Rualdo Menegat, do Instituto de Geociências da UFRGS, sintetiza, em artigo compartilhado por toda parte: além de vender tudo, “desmontaram também a inteligência estratégica do Estado”.

Sumiram as inteligências de Estado que pensavam a vida, a economia, o meio ambiente, as cidades, a tecnologia, as questões sociais. O setor público desistiu, ao transferir o que é seu ao setor privado, de refletir sobre o que precisa fazer por prerrogativa e dever.

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O privado passa também a pensar pelo que deveria ser tarefa da área pública. Vale para o município, não só nas questões consideradas estratégicas, mas cotidianas.

Augusto Damiani, engenheiro hidrólogo, ex-diretor-geral do Dmae (o departamento de águas e saneamento de Porto Alegre), servidor público aposentado, já sabia que a água invadiria Porto Alegre.

Porque a prefeitura não faz a manutenção das comportas. Porque a drenagem da cidade não funciona mais. E porque, acreditem, aqueles pequenos sacos de plástico com areia, desses de obras caseiras, colocados na base das comportas, não deveriam estar ali.

As comportas vazaram, os bueiros estouraram e os sacos de areia se esfarelaram. No caso singelo dos sacos, era preciso usar outro recipiente mais forte e outras misturas, com uso até de cimento. Os sacos deveriam ser maiores, para segurar a água. E as frestas das comportas deveriam ser vedadas com borrachas.

E assim se deu a combinação de grandes e pequenos desastres materiais e humanos. O Rio Grande do Sul está sendo devastado pela chuvarada que provoca mais danos em áreas mais degradadas. É tão óbvio.

Porque as pessoas das mais variadas áreas, as empresas e a agricultura do agro pop e suas ganâncias tiveram a cumplicidade da leniência dos que se elegeram para cuidar do setor público.

E por isso agora falta inteligência para pensar soluções para o Estado e para as cidades. Não há inteligência porque, de forma deliberada, o entreguismo só funciona se o Estado for descerebrado.

Damiani, que dirigiu também o Departamento de Esgotos Pluviais (Dep) de Porto Alegre, estima que faltem hoje 2 mil servidores no Dmae. A estrutura de pessoal de águas e saneamento tem um terço das necessidades.

Damiani e Menegat são dois sábios das águas, conhecem seus impactos em áreas rurais e urbanas maltratadas. Sabem por que os bueiros das ruas de Porto Alegre estão explodindo com a cheia e por que os rios se esparramam pelas cidades.

Ambos são inteligências desprezadas pelos privatistas do Estado, que venderam a CEEE, a estatal de energia, e a Corsan, a estatal da água, e estavam com o plano pronto, desde o ano passado, para vender o Dmae, depois de entregarem por centavos a Carris, a companhia de ônibus da capital.

Venderam tudo, e a inteligência estratégica de que fala Menegat não tem mais nem a companhia da inteligência prática, capaz de definir o melhor saco de areia para conter uma cheia.

É um problema periférico e específico, que só interessa aos gaúchos? Na visão egocêntrica de parte do Brasil, pode ser. Principalmente para os que enxergam o Sul como uma coisa distante, com seus dramas não resolvidos.

Mas o Rio Grande governado por Eduardo Leite (PSDB) e a Porto Alegre gerida por Sebastião Melo (MDB) são o Brasil amanhã. Mesmo que já tenham sido exemplos pelo que faziam bem feito.

Poucos lembram que o mesmo cais do Summit Brazil foi, há duas décadas, o cais dos encontros do Fórum Social Mundial. O evento de agora está preocupado em encontrar soluções que virem negócios, às vezes imaginados por uma pessoa ou um pequeno grupo. Aquele evento do começo do século 21 ambicionava as soluções coletivas.

Aparentemente, as inteligências dos dois eventos poderiam se cruzar e se interligar, mas na essência enxergam mundos diferentes. O muro da Mauá, que o entreguismo não conseguiu privatizar, é testemunha.

*Moisés Mendes é jornalista em Porto Alegre. É autor do livro de crônicas Todos querem ser Mujica (Editora Diadorim).

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Eduardo Leite ignorou estudo que enumerava ações necessárias para evitar tragédia

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Eduardo Leite ignorou estudo enumerava ações necessárias evitar tragédia
(Imagem: Diego Vara | ABr)

Camila Bezerra, CGM

O programa TVGGN 20H da última terça-feira (7) contou com a participação de Carlos Minc, ex-ministro do Meio Ambiente entre 2008 e 2010, para comentar os efeitos das chuvas no Rio Grande do Sul, que desde o final de abril vitimaram 95 pessoas e atingiu 1,4 milhão de gaúchos.

Questionado pelo jornalista Luís Nassif sobre o legado que a tragédia traz, o ex-ministro respondeu que o Brasil aprende muito lentamente e a um custo muito doloroso.

Vou te dar um exemplo: em 2011, teve a desgraça aqui em Petrópolis. Eu era secretário do Meio Ambiente [do Rio de Janeiro]. O que nós fizemos? Pagamos para fazer mapeamento de risco em toda região serrana, baixada, noroeste, Angra, Paraty. Foi feito. Depois, contratamos a universidade para fazer o plano de contingência de todos esses municípios, um a um”, comenta Minc.

Leia também: O muro da Mauá sabe o que destruiu Porto Alegre

Mas, em vez de considerar o documento para a criação de novas políticas públicas de proteção ambiental e prevenção de desastres naturais, os prefeitos simplesmente pegavam o mapeamento e colocavam um vaso de flor sobre eles para continuar licenciando condomínios, shoppings e estradas em locais apontados como áreas de risco.

“A gente teve de fazer uma lei inacreditável, dizendo que os municípios tinham de incorporar nos planos diretores e nas leis de uso do solo as restrições e condicionantes do mapeamento de risco e do plano de contingência”, lembra o ex-ministro.

Surpresa?

O Rio Grande do Sul passou pela mesma negligência dos gestores públicos. Minc afirma que desde 2015 existe um estudo publicado em que a conclusão era de que a situação no estado ia piorar consideravelmente por conta dos alagamentos.

Para evitar tragédias, os diques precisavam de ampliação e reforço, uma vez que estavam subdimensionados. O trabalho apontou ainda que a região precisava ampliar a velocidade do sistema de drenagem para, segundo o ex-ministro, “prevenir a desgraceira que aconteceu”. “O estudo foi publicado, mas parece que o governador não leu, porque ele disse que foi surpreendido”.

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Minc comenta ainda que, no final de 2023, a assembleia gaúcha aprovou um projeto de lei, sancionado pelo governador Eduardo Leite (PSDB), autorizando a construção de barragens em áreas de proteção ambiental. “Ou seja, essa turma acha que prevenção é coisa desses ecologistas desvairados. Quando acontece uma desgraça, põe a culpa em São Pedro e dizem que estão sendo surpreendidos. Mas surpreendidos como? Se fala disso o tempo todo”.

Para concluir, o entrevistado ressaltou ainda que os eventos extremos vão ser cada vez mais intensos e em espaços cada vez mais curtos entre um e outro. Sendo assim, o poder público não pode evitá-los, mas existem maneiras de prevenção.

Confira a entrevista completa na TVGGH:

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Andes, Proifes e a democracia no sindicalismo docente

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Valter Lúcio de Oliveira*

Decisões que afetam todo um coletivo só tem sua legitimidade reconhecida quando são construídas a partir da convicção de que se buscou os melhores meios para informar e se chegar ao maior número possível de pessoas concernidas. Num processo decisório com tais características mesmo os descontentes com a decisão tomada acabam se resignando ao fato de que, simplesmente, perderam para a maioria. Nesse sentido, os procedimentos dizem muito sobre o resultado a que se deseja chegar. Como demonstrarei abaixo através dos exemplos da Associação Docente da Universidade Federal Fluminense (Aduff) e da Associação Docente da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Adufrj), os procedimentos adotados por cada uma determinaram resultados muito diferentes.

Na Universidade Federal Fluminense (UFF) a Aduff, que é filiada ao Andes Sindicato Nacional, promove, como tem sido na maioria das universidades cujas ADs (Associação Docentes) são filiadas ao Andes, assembleias presenciais que reúnem, quando muito, entre 10 e 12% do quadro docente ativo. No contexto da atual greve nacional, a assembleia que alcançou maior participação (ao redor de 430 professores) foi justamente a que rejeitou a proposta, defendida pelos dirigentes sindicais, de entrada em greve. No entanto, inconformada e visando reverter aquele resultado, a diretoria da Aduff chamou nova assembleia logo para a semana seguinte. E, de fato, essa nova assembleia reverteu aquela decisão (foram mais ou menos 390 participantes). Após essa, outras duas assembleias ocorreram sendo que a última, ocorrida no dia 23/5, reuniu um número bem menor de docentes, aproximadamente 210. Acentua-se que a UFF tem ao redor 3600 professores na ativa. Deve ser considerado ainda que parte significativa dos que comparecem às assembleias são professores aposentados. Se somássemos aposentados e ativos a representatividade das assembleias seria, proporcionalmente, ainda menor.

Nessas assembleias, um dos pontos de pauta incontornável é o da “análise de conjuntura”. Nesse momento, aqueles militantes que se sentem peixes dentro d’agua naquele espaço se revezam por quase duas horas para expor suas posições individuais acerca de diversos temais, que podem ir da guerra na Ucrânia até leituras que veem similaridades entre a Argentina de Milei e o Brasil de Lula. Em função desse modus operandi que todos já conhecem, muitos docentes optam por chegar com uma ou duas horas de atraso, outros se credenciam logo no início e vão se dedicar a outras atividades até que seja superado aquele ritual que pouco contribui para se alterar as posições sobre os pontos de maior relevância. Ao final de uma assembleia, que pode chegar a durar mais de 4h, ocorre a votação para a qual a maioria das pessoas que estão ali se mobilizaram (mesmo que uma parte já tenha desistido de aguardar por tanto tempo). As votações são realizadas convocando os presentes a levantarem os braços em favor de uma ou de outra proposta. Numa assembleia com participação acima da média, como foi o caso em que se reuniu ao redor de 400 professores entre ativos e aposentados – ainda assim um número muito pouco representativo –, a contagem dessas dezenas de braços levantados já foi bastante difícil e tumultuada; imagina o caos que seria se um terço dos professores (considerando apenas os ativos), algo ao redor de 1200 professores, decidissem comparecer às assembleias?

Uma das associações, também filiadas ao Andes, que decidiu subverter esse formato de assembleia foi a dos docentes da UFRJ. Ali as assembleias ocorriam enquanto uma urna ficava aberta à votação através de uma cédula em papel em que constavam as opções de voto para se entrar ou não em greve. Mesmo após o encerramento da assembleia as urnas continuavam abertas por mais algumas horas. Os que já chegavam convictos de seus votos, não eram obrigados a enfrentar, como uma espécie de pedágio, as longas horas de discursos muito pouco proveitosos. Os que estavam indecisos poderiam se beneficiar dos argumentos apresentados na assembleia e votar em seguida. Nestas assembleias também poderiam propor outras atividades, como as paralizações pontuais e outras manifestações. A apuração dos votos era realizada no mesmo dia. Esse formato foi aplicado em duas ocasiões durante a atual greve nacional e nas duas o desejo da maioria foi o de não aderir à greve. Associado a este formado da urna, a Adufrj também “inovou” ao adotar a consulta virtual em relação à proposta de reajustes apresentada pelo governo federal, ocasião em apenas os filiados puderam votar. Também nesse caso a maioria dos docentes decidiu diferente da direção do Andes apontando que aceitavam a proposta do governo.

Estes exemplos me parecem ilustrativo de concepções contrastantes de democracia sindical. E o conflito que está em curso entre o Andes e o Proifes, em que o primeiro, juntamente com várias de suas ADs, estão buscando por todos os meios, inclusive o judicial, a deslegitimar o segundo é também reflexo dessas concepções. Mas onde está a razão nesse conflito?

O Proifes é acusado de ser um sindicado submisso ao atual governo federal ou, nos termos mais correntes, é acusado de praticar um sindicalismo pelego, chapa branca. Este, por sua vez, acusa o Andes de intransigência e de colocar a máquina sindical a serviço dos interesses de grupos políticos da extrema esquerda. O acusam de banalizar o uso da greve e a utilizar esse instrumento de luta mais como forma de obter dividendos políticos do que como forma de atender aos anseios da maioria docente. Entre o Proifes e Andes há ainda um outro movimento, o Renova Andes. Esse movimento dirige algumas ADs e também é crítico ao Proifes, mas seu foco tem sido o de se apresentar como alternativa aos grupos que há anos se revezam na condução do Andes. Não é aqui o momento de fazer ponderações sobre essa miríade de agrupamentos políticos que se organizam ao redor desses sindicatos, mas, a partir dos exemplos citados acima, o da UFF e UFRJ, gostaria de apontar para alguns aspectos relativos à democracia sindical que tem no Proifes e no Andes modelos bem diferentes.

Como previsto, o Proifes assinou o acordo proposto pelo governo, uma vez que a maior parte de sua base votou nesse sentido. Do seu lado, a diretoria do Andes recusou a proposta e manifestou sua indignação com a atitude do governo federal de não seguir negociando prometendo continuar com a greve. Algumas análises provenientes de militantes do Andes dizem que o Proifes é minúsculo e, portanto, não tem legitimidade para assinar um acordo em nome de toda a categoria. Por um lado, a diretoria do Andes tem razão em apontar que a direção do Proifes tem manifestado posições pouco afeitas ao papel de um sindicato de trabalhadores e ser numericamente pouco representativo, mas, por outro lado, não há dúvidas de que sim, o Proifes, que esteve presente e participando das mesas de negociação, tem legitimidade para assinar o acordo com o governo. Se para o Andes a questão quantitativa da representatividade é um ponto importante no seu ataque ao Proifes, é forçoso reconhecer que este tem mecanismos de participação e consulta que alcançam, proporcionalmente, um número muito maior de docentes.

Ao observarmos o que ocorreu na UFF e na UFRJ é fácil notar que os resultados são muito diferentes quando se adotam procedimentos mais democráticos de aferição dos anseios da categoria. E, insisto, os exemplos aqui utilizados são de Associações Docentes vinculadas ao mesmo Andes Sindicado Nacional. Enquanto a Aduff decidiu recusar a proposta do governo por 170 votos em uma assembleia com menos de 250 docentes, a Adufrj decidiu aceitar a proposta por 670 votos em uma votação que contou com quase 1300 votantes. Esse contraste também ficou evidente nas votações para aderir ou não à greve.

Na perspectiva de fortalecimento do sindicato enquanto uma estrutura fundamental aos interesses dos trabalhadores, não tenho dúvida de que a experiencia da UFRJ é muito mais coerente. Criar as condições para que o conjunto da categoria seja de fato consultada, é um princípio que valoriza e fortalece o sindicato como organização legítima não apenas internamente, mas também frente à sociedade. Além disso, a diversidade de posicionamentos dos docentes é respeitada e levada a sério, jamais descartada de forma divisionista e muitas vezes ofensiva, como se toda oposição ao movimento grevista significasse peleguismo e conservadorismo.

Nesse sentido, considero que o sindicato sai profundamente enfraquecido quando suas direções partem do princípio de que as únicas posições verdadeiramente esclarecidas e, portanto, legítimas, são aquelas que apenas respalda a suas orientações, respaldo muitas vezes aferido em assembleias manipuladas, desgastantes e minúsculas. Esse formato deixa exposto uma lógica vanguardista que infantiliza o conjunto dos docentes que, por diversos motivos, possuem posicionamentos variados que, em sua imensa maioria, são construídos desde uma perspectiva de esquerda. O que fica bastante evidente nestes casos é o princípio de que um sindicato pequeno, pouco participativo e que adota estratégias de afugentar os docentes é mais adequado ao desejo de controlar os seus rumos em detrimento do desejo da maioria. E essa não é uma lógica perniciosa apenas em contextos como o atual, ela reverbera ao longo de muito tempo e produz como consequência para a maioria dos docentes o descrédito em relação ao sindicato. Ao final, é um tiro no pé da própria luta sindical.

Gostaria de observar, por fim, que o Andes erra o alvo ao querer, deliberadamente, aniquilar o Proifes. Para além das disputas que mobilizam diversos interesses e grupos políticos ao redor dessas organizações, me parece que a existência de ambos os sindicatos interessa e é benéfico ao conjunto dos docentes. O Proifes, apesar de reunir proporcionalmente poucos docentes, cria, claramente, um ponto de tensão em relação ao Andes, e vice-versa. Na disputa pela melhor representação, é razoável considerar que tanto um quanto o outro tende ao aprimoramento de suas ações. Com o objetivo de ampliar as suas bases o Proifes pode, por exemplo, buscar ser mais combativo em suas ações e manifestações e o Andes pode adotar mecanismos que afastem qualquer dúvida quanto a sua real representatividade. Se, nesse processo, um deles chegar ao ponto de ser enfraquecido e eliminado que seja, ao menos, por vias verdadeiramente democráticas de consulta às suas bases, jamais por medidas judiciais ou autoritárias.

*Valter Lúcio de Oliveira é professor do Depto de Sociologia e Metodologia das Ciências Sociais e dos Programas de Pós Graduação em Sociologia (PPGS) e em Sociologia e Direito (PPGSD) da Universidade Federal Fluminense – UFF.

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Globo entra na pauta incômoda sugerida por Lula

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 Globo entra pauta incômoda sugerida por Lula
Imagem: Ricardo Stuckert

Moisés Mendes*, em seu Blog

O Globo finalmente fez, mesmo que de forma enviesada, a pauta que Lula sugere todos os anos. Lula repete, como repetiu em fevereiro último, na festa de refiliação de Marta Suplicy, que o PT se acomodou e envelheceu.

Porque, entre outros motivos, seus quadros e lideranças se apegaram demais a mandatos, à verba partidária e a cargos públicos.

É uma pauta para os jornais e para o próprio partido, que não sabe lidar com esses incômodos. O Globo cumpre parte da pauta, a partir da ideia de renovação ligada à idade.

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É uma abordagem que foge da provocação mais ampla feita por Lula, quando a renovação independe do fato do quadro ou do líder ser jovem, maduro ou idoso. Que se trate a renovação no sentido de caras e instigações novas mesmo.

A conclusão do jornal, pelo menos quanto à idade, tem aparecido desde a eleição de 2022: a baixa renovação do PT na Câmara, enquanto a direita se renova.

Por que são mais velhos? Porque são quase sempre os mesmos, nos mesmos mandatos. Alguns poderão dizer: mas Lula é a prova da não-renovação. Sim, ele mesmo admite que é.

Compartilho abaixo os trechos do começo da reportagem do Globo. O jornalão fez a sua parte, mesmo que com uma abordagem pela metade e etarista. O PT, nas internas, vai continuar refugando esse debate?

PT vê parlamentares envelhecerem, enquanto PL e PSOL rejuvenescem; confira idade média de cada partido
Guilherme Caetano, O Globo

Partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem a maior idade média entre as bancadas da Câmara dos Deputados

Quatro décadas depois de eleger seus primeiros candidatos e à frente da Presidência da República pela quinta vez, o PT enfrenta um dilema.

Na medida em que o seu maior líder, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, se aproxima dos 80 anos de idade, a legenda tem envelhecido junto com ele e tido dificuldade de se renovar.

O novo perfil petista pode ser observado na bancada de 68 deputados federais. O PT é hoje o partido mais “sênior” da Câmara — a bancada tinha uma idade média de 55,7 anos ao tomar posse em 2023, acima da média geral. O levantamento do GLOBO levou em conta todas as siglas com mais de dez assentos na legislatura atual: são 12 partidos somando 466 parlamentares.

Atrás do PT vêm PDT (idade média de 54,5 anos na data da posse), PSDB (53,3), PSB (51,1), PSD (50,9), PL (49,5), PP (49,4), Republicanos (49,3), MDB (48,5), União Brasil (47,6), PSOL (47,2) e Podemos (45,2).

Quando chegou pela primeira vez à Câmara, em 1983, o PT era conhecido pelas jovens lideranças ligadas a movimentos sociais, como Luiz Dulci (27), José Genoino (36), Eduardo Suplicy (41) e Lula (37), então candidato derrotado ao governo de São Paulo no ano anterior.

Os seis parlamentares da primeira bancada eleita tinham uma idade média de 39,7 anos. O mais velho era Plínio de Arruda Sampaio, então com 52. Metade da bancada era de “vintões” e “trintões”.

O cenário mudou radicalmente. Em 2023, a ala com menos de 40 encolheu para 13% da bancada. Os quinquagenários são basicamente um terço, 32%, os sexagenários, 30,8%, e os septagenários, 7%.

Enquanto isso, o PSOL tem dado espaço para lideranças jovens na esquerda. “Quarentona”, a bancada federal tem hoje a menor idade média entre os partidos de esquerda, e é mais diverso em termos de raça e gênero. Desconsiderando Luiza Erundina (SP), que aos 89 anos desloca a média para cima, a bancada psolista teria 43,8 anos, similar à segunda bancada eleita do PT, de 1987 a 1990.

A falta de renovação de lideranças nacionais empurra o PT para um beco. Em 2018, quando Lula estava preso e precisou lançar Fernando Haddad à Presidência em seu lugar, as alternativas para oxigenar a esquerda nacional vinham de outros partidos: Guilherme Boulos (36 anos naquele ano), no PSOL, e Manuela d’Ávila (37), no PCdoB.

O estado de São Paulo, berço do PT, é símbolo da dificuldade do partido em se renovar. A bancada paulista, com uma idade média de 60 anos, ainda é dependente de um dos seus mais antigos quadros, Eduardo Suplicy, para conseguir votos. Aos 81 anos, ele foi o deputado mais votado do PT no país em 2022.

A baixa renovação chegou a tal ponto que Thainara Faria, empossada aos 28 anos, é a única abaixo dos 50 entre os 18 eleitos do PT na Assembleia Legislativa de São Paulo. Na Câmara dos Vereadores da capital paulista, ninguém além de Luna Zarattini (hoje com 31) tem menos de 40 anos na bancada petista. A escassez é tanta que, pela primeira vez na história, o PT não lançou candidato à Prefeitura de São Paulo e apoiará Boulos.

Juventude conservadora

O PL, que abriga o ex-presidente Jair Bolsonaro e é a maior força de oposição ao PT, tem uma idade média inferior a 50 anos. Apesar de associado ao eleitorado idoso, o bolsonarismo tem sido capaz de se renovar mais que o partido de Lula. Os “vintões” e “trintões” correspondem a 21,2% da bancada.

O deputado federal mais votado do país (1,47 milhão) é o mineiro Nikolas Ferreira (PL), militante radical que tomou posse aos 26 anos. Com 11 milhões de seguidores no Instagram, ele é considerado um dos maiores ativos do bolsonarismo no diálogo com jovens conservadores.

*Moisés Mendes é jornalista em Porto Alegre. É autor do livro de crônicas Todos querem ser Mujica (Editora Diadorim).

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Cármen Lucia toma posse na presidência do TSE

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Cármen Lucia toma posse presidência TSE
Cerimônia de posse da ministra Cármen Lúcia (Imagem: Alejandro Zambrana | TSE)

A ministra do Supremo Tribunal Federal Cármen Lúcia tomou posse nesta segunda-feira (3) no cargo de presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O mandato será de dois anos.

A cerimônia de posse teve a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e dos presidentes da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, e do Senado, Rodrigo Pacheco, além de outras autoridades.

Cármen Lúcia entra na vaga deixada por Alexandre de Moraes, que cumpriu o período máximo de um biênio na chefia do TSE. A ministra será responsável por comandar as eleições municipais de outubro.

O ministro Nunes Marques ficará com a vice-presidência do tribunal pelo mesmo período. Os ministros André Mendonça (STF), Raul Araújo e Maria Isabel Galotti (STJ), Floriano de Azevedo Marques e André Ramos Tavares (Advocacia) completam a composição do plenário.

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O TSE é composto por sete ministros, sendo três do STF, dois do Superior Tribunal de Justiça (STJ), e dois advogados com notório saber jurídico indicados pelo presidente da República.

Eleições

Durante a cerimônia, Cármen elogiou o trabalho de Alexandre de Moraes e disse que o ministro teve atuação “firme e rigorosa” em defesa da democracia nas eleições de 2022. Durante a fala, Moraes foi aplaudido pelo plenário.

“A atuação foi determinante para a realização de eleições seguras, sérias e transparentes em um momento de grande perturbação, provocada pela ação de antidemocratas, que buscaram quebrantar os pilares das conquistas republicanas nos últimos 40 anos”, afirmou.

A nova presidente também garantiu que o Brasil terá eleições livres e democráticas em outubro. Cármen também acrescentou que a disseminação de mentiras pelas redes sociais é um “desaforo tirânico” contra as democracias e que os abusos não serão tolerados.

“O algoritmo do ódio, visível e presente, senta-se à mesa de todos. É preciso ter em mente que o ódio e violência não são gratuitos. Instigados por mentiras, reproduzem-se. Esses ódios parecem intransponíveis, mas não são”, completou.

Perfil

Cármen Lúcia foi nomeada para o Supremo durante o primeiro mandato ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2006. Ela sucedeu o ministro Nelson Jobim na Corte. Antes de chegar ao STF, a ministra atuou como procuradora de Minas Gerais. É formada em direito pela Pontifícia Universidade Católica (PUC-MG).

Será a segunda passagem da ministra pela presidência do TSE. Em 2012, Cármen se tornou a primeira mulher a comandar a Justiça Eleitoral e o pleito municipal daquele ano. De volta ao tribunal, a ministra se destaca pelo combate às fraudes de cotas de gênero nas eleições e violência política contra candidatas.

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O que estou fazendo aqui?

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que estou fazendo aqui marina silva eduardo leite
Marina Silva e Eduardo Leite (Imagem: Gabriela Biló | FolhaPress)

Moisés Mendes*, em seu Blog

Esta foto de Gabriela Biló, da Folhapress, publicada na Folha online nessa quarta-feira, poderia ter dezenas de legendas. Gabriela flagrou Marina Silva e Eduardo Leite na cerimônia pelo Dia Mundial do Meio Ambiente, em Brasília.

Marina acena para alguém, enquanto Leite larga a mão esquerda no ombro dela. Há assimetria em tudo. A ministra do Meio Ambiente está de costas para o governador, que parece buscar um ponto de fuga.

O que Leite estava fazendo ali naquela cerimônia? A foto denuncia: estava perdido. Não há nada que indique convergência na imagem. Nada que, apesar da mão no ombro, passe alguma intimidade ou cumplicidade.

Eduardo Leite é o governador do Estado destruído por uma catástrofe climática única, sem exemplo no mundo com essa extensão. Foi ele quem causou o desastre? Não. São homens que pensam como ele em toda parte.

Não são negacionistas, como alguns os identificam, inclusive Marina. São figuras privadas ou públicas que desprezam o meio ambiente, geralmente em nome de interesses econômicos poderosos. Leite destruiu a legislação ambiental gaúcha em 2019, no primeiro ano do seu primeiro governo.

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Tudo o que faz anda em desacordo com quase tudo que diz. Não se preparou para a enchente do ano passado e não adotou nenhuma medida de prevenção contra o que os cientistas anunciavam que se repetiria.

Não há no seu governo um gesto, um só, na direção contrária à da destruição. Não há nada pela proteção ambiental. Seu programa de governo não tem nenhuma referência ao meio ambiente.

Essa semana, Leite fez uma cerimônia no Palácio Piratini para anunciar que uma agência holandesa irá coordenar um plano de prevenção para as bacias hidrográficas do Estado.

Bajulou os holandeses para desprezar grupos de cientistas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), que já atuam em várias frentes de estudos sobre o enfrentamento das cheias e ofereceram seus serviços ao Estado.

E foi a Brasília para aparecer na foto com Marina e pedir que Lula pague os salários de empregados de empresas prejudicadas pelas cheias.

Leite não tem uma fala, uma frase, não tem nada que o habilite a estar em eventos como esse do Dia Mundial do Meio Ambiente. Mas estava lá, tentando afagar Marina, com uma proximidade cenográfica, porque nada os aproxima.

Eduardo Leite é um desastre político do tamanho da catástrofe que destruiu cidades gaúchas. É um sujeito fora do lugar, estando em Porto Alegre ou em Brasília.

*Moisés Mendes é jornalista em Porto Alegre. É autor do livro de crônicas Todos querem ser Mujica (Editora Diadorim).

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Propaganda Eleitoral Antecipada: Uma Brecha na Democracia Brasileira?

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Propaganda Eleitoral Antecipada Brecha Democracia Brasileira

No cenário político do Brasil, a propaganda eleitoral antecipada emerge como uma questão controversa, despertando debates acalorados entre políticos, juristas e cidadãos. A prática, embora proibida pela legislação eleitoral, tornou-se uma realidade constante nas campanhas brasileiras, levantando questões fundamentais sobre a integridade do processo democrático e a equidade na disputa pelo poder.

No âmbito legal, a propaganda eleitoral antecipada é definida como qualquer forma de divulgação de candidaturas antes do período estabelecido pela Justiça Eleitoral. De acordo com a Lei das Eleições (Lei nº 9.504/1997), a propaganda eleitoral só é permitida a partir do dia 15 de agosto do ano da eleição. No entanto, a legislação é frequentemente desafiada por políticos ávidos por visibilidade e vantagem competitiva.

Dados recentes revelam que a prática de propaganda eleitoral antecipada tem sido uma constante nas eleições brasileiras. De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), nas eleições de 2022, foram registradas mais de 10 mil denúncias de propaganda eleitoral antecipada em todo o país. Esse número alarmante destaca a persistência do problema e a necessidade de medidas mais eficazes para coibi-lo.

Um dos principais meios utilizados é o uso das redes sociais. Com o advento da internet e das redes sociais, os políticos encontraram uma plataforma poderosa para se comunicar diretamente com os eleitores, contornando as restrições legais da propaganda eleitoral. Perfis de políticos proliferam nas redes, compartilhando mensagens que promovem suas candidaturas de maneira velada, mas eficaz.

Além das redes sociais, outros métodos incluem entrevistas em programas de televisão, artigos em jornais e revistas, distribuição de brindes com referências políticas e até mesmo eventos públicos patrocinados por pré-candidatos. Essas estratégias são frequentemente justificadas como ações de pré-campanha ou simplesmente como atividades de prestação de contas à sociedade.

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Contudo, os críticos da propaganda eleitoral antecipada argumentam que essa prática distorce o processo democrático, favorecendo os candidatos mais populares e financeiramente poderosos. Ao permitir que alguns candidatos tenham uma exposição desproporcional antes do início oficial da campanha, a propaganda eleitoral antecipada cria uma competição desigual, minando a igualdade de condições entre os concorrentes.

Outra preocupação levantada é a influência do poder econômico, candidatos com recursos financeiros significativos têm maior capacidade de investir em estratégias de comunicação e marketing, ampliando sua visibilidade e consolidando sua imagem junto aos eleitores. Isso cria uma dinâmica em que a competição eleitoral é cada vez mais determinada pela capacidade financeira dos candidatos, em detrimento da qualidade de suas propostas e de seu compromisso com o bem público.

Além disso, ela pode comprometer a transparência e a lisura do processo eleitoral. Ao burlar as regras estabelecidas pela legislação, os políticos minam a credibilidade das instituições democráticas e abrem espaço para práticas questionáveis, como o uso indevido da máquina pública e a manipulação da opinião pública.

Diante desse cenário preocupante, a sociedade civil e as instituições democráticas têm buscado formas de combater a propaganda eleitoral antecipada e fortalecer a integridade do processo eleitoral. Uma das propostas em discussão é o fortalecimento da fiscalização por parte da Justiça Eleitoral, com a aplicação de sanções mais rigorosas aos infratores e o aprimoramento dos mecanismos de denúncia por parte dos cidadãos.

Além disso, a conscientização pública sobre os riscos e a importância do respeito às regras eleitorais também desempenham um papel fundamental na prevenção dessa prática. Educar os eleitores sobre seus direitos e responsabilidades no processo eleitoral pode ajudar a reduzir a influência da propaganda antecipada e fortalecer a democracia como um todo.

Em última análise, a propaganda eleitoral antecipada representa um desafio significativo para a democracia brasileira, exigindo uma resposta coletiva e coordenada por parte da sociedade e das instituições democráticas. Somente através do compromisso com a transparência, a equidade e a participação cidadã podemos garantir a integridade do processo eleitoral e a legitimidade do sistema democrático brasileiro.

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Luana precisa dar uma olhada nos planos da turma de Malafaia

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Luana precisa dar olhada planos turma Malafaia
Luana Elídia Afonso Piovani

Moisés Mendes*, em seu Blog

Luana Piovani nos livrou da invasão da praia pelos farofeiros milionários da turma do Neymar. E Silas Malafaia tenta evitar a invasão da praia de Bolsonaro pelo ônibus com os farofeiros militarizados de Tarcísio de Freitas.

São alertas acionados por figuras improváveis e que, é óbvio, estão em praias opostas. O caso da PEC das praias deveria ter sido alardeado pelos próprios políticos de esquerda com mandato na Câmara e no Senado, pelos ambientalistas e pela imprensa. Ficaram quietinhos, com as exceções de sempre.

Luana Piovani deu o grito de guerra: daqui não passarão. E o futevôlei de Neymar com Flavio Bolsonaro parece ter sido interrompido, pelo menos por enquanto.

Saiba mais: Luana Piovani critica Defante por pedir desculpas a Neymar: “Postura humilhante”

Agora, Silas Malafaia, e não alguém da alta cúpula do PL e das internas do comando bolsonarista, alerta que Tarcísio está urdindo a morte política do próprio líder para ocupar seu território.

Malafaia cumpre o papel de acionar o alarme, com um detalhe constrangedor. O acusado de virar posseiro das praias e de todo o espólio de Bolsonaro é o governador de São Paulo. Que disse no trio elétrico da aglomeração na Paulista, em fevereiro, que não teria sido nada na vida sem o padrinho.

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Mas a turma com vínculos com Malafaia está envolvida em outro caso que Luana pode arredar dos cantinhos. Luana precisa entrar no debate de uma armadilha com os componentes básicos da pregação moralista neopentecostal.

Um plano escabroso tramita na Câmara. É o projeto 5167/09, que já passou pela Comissão de Previdência e chegará não se sabe quando à Comissão de Constituição e Justiça. O projeto tem a autoria do deputado Capitão Assunção (PL-ES).

O capitão quer proibir a união homoafetiva. Por que tentar legislar sobre uma questão encerrada em 2011 pelo Supremo, que permitiu a união civil entre quaisquer pessoas, sem restrições de sexo?

Olhe só, Luana, a trama da extrema direita. Fizeram o que chamam de apenso (um contrabando) a um projeto do deputado Clodovil Hernandes e inverteram a proposta original, de 2007.

Clodovil morreu em 2009. Eles pegaram o projeto e subverteram sua ideia essencial: ao invés de acompanhar a proposta de permitir uniões homoafetivas, o projeto apensado passou a proibir. O relator é o deputado Pastor Eurico (PL-PE).

Um capitão e um pastor tentam revogar o que o STF decidiu há 13 anos. Vai passar? Dizem que não passa. Mas o projeto das praias passou na Câmara e estava andando no Senado.

Como passam os projetos que liberam agrotóxicos. E tentarão fazer passar o projeto da anistia para manés do 8 de janeiro e, quem sabe, até para Bolsonaro.

Esse projeto da turma que tem Malafaia acima de tudo já foi tema de alerta de Paolla Oliveira nas redes sociais. Mas não teve a mesma repercussão da advertência do caso das praias.

Podem dizer o que sempre dizem: que o projeto contra a união de LGBTQIA+ dorme numa gaveta, como dormia o projeto original de Clodovil, e que dali não sairá. Não é bem assim.

A PEC das praias foi aprovada em fevereiro de 2022 e parecia estar numa gaveta do Senado, mas tramitava na moita, com a relatoria silenciosa de Flavio Bolsonaro, até ser denunciada por Luana.

Leia também: Entenda o interesse especial de Flávio Bolsonaro na privatização das praias brasileiras

O projeto que proíbe a união civil homoafetiva é um entre centenas de propostas da extrema direita, que circulam nas sombras dentro do Congresso. Luana poderia se especializar em acompanhar a evolução das ideias do fascismo na Câmara e no Senado.

E Malafaia? O pastor talvez se dê conta logo de que seu alerta pode ter chegado tarde. Que Bolsonaro virou o santinho do pau oco da extrema direita e que Tarcísio Freitas já se adonou da praia do chefe e até do guarda-sol que seria de Michelle.

*Moisés Mendes é jornalista em Porto Alegre. É autor do livro de crônicas Todos querem ser Mujica (Editora Diadorim).

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O corpo fechado de Arthur Lira

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corpo fechado de Arthur Lira câmara deputados
Imagem: Marina Ramos | Câmara dos Deputados

Moisés Mendes*, em seu Blog

Amigos de Eduardo Cunha mandaram espalhar pela imprensa amiga, pouco antes de cassação do sujeito em setembro de 2016, que ele tinha 80 deputados na mão. Comiam e bebiam o que ele determinava que comessem e bebessem.

Era um blefe. Não tinha tanta gente para que pudesse contar com pelo menos uma base na casa, diante do cerco da Justiça por envolvimento com corrupção.

Não tinha nada. Foi sacrificado pela própria Câmara por 450 votos a 10, poucos dias depois do golpe contra Dilma Rousseff, que ele deflagrou e que abriu a porteira para o que temos aí.

Cunha não tinha o que Aécio Neves parece ter ainda hoje, dentro do Congresso e dentro do sistema de Justiça. É o que Arthur Lira pensa ter e Sergio Moro planeja que, se não tem, ainda terá.

Querem ter o suporte do espírito de corpo no Congresso, porque não interessa aos outros que um ou outro parceiro tombe diante deles, e o reconhecimento de que têm força política, por parte do Judiciário.

Aécio tinha o corpo fechado no Supremo que o protegeu. Moro tem uma armadura cheia de furos, mas está certo de que pode escapar. O sistema escolhe os que vão para a guilhotina e os que escapam, dependendo do momento.

Um congressista a caminho da morte política é ele e suas circunstâncias dentro da casa e no Ministério Público e no STF. Arthur Lira tem todo jeito de ser o melhor de todos, a mais bem acabada criatura entre as que se movem com a arrogância dos que acham que não correm riscos.

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É o personagem acabado do velho toma lá, me dá cá, em sua versão século 21 das emendas secretas. A criatura que tem uma base que Cunha não tinha. Lira é um profissional único, o craque que Cunha gostaria de ter sido.

Já foi poupado pelo sistema de Justiça e está limpo no Supremo. Escapou de poucas e boas (kits de robótica e caso do assessor-mula com dinheiro na mala) e nem precisa mandar dizer a quem interessa que tem um poder que nenhum outro teve.

Tem a capacidade de arregimentar sua turma dentro e fora também do Senado para manter Alexandre de Moraes sob a ameaça de um impeachment.

Arthur Lira, que depende de quem vai sucedê-lo na Câmara para continuar manobrando todo tipo de manobra, é a força do novo coronelismo a ser ainda testada.

Lira sabe que o futuro dele não é o da maldição de Cunha, porque seus domínios são mais estruturados, em tempos que não são os mesmos de oito anos atrás.

Mas tem um desafio que se presenta a todos os que se metem em pântanos, fazem todas as concessões a seus monstros e patrocinam, mesmo que às escondidas, coisas do nível do PL do estupro e da anistia para os manés do 8 de janeiro.

O Congresso que degolou Delcídio do Amaral e Demóstenes Torres há horas não degola ninguém, nem vai degolar. Talvez dê um susto em Carla Zambelli.

E nós vamos continuar nos perguntando? Do que mais Arthur Lira será capaz, quando estiver fora da presidência da Câmara, mas com a ambição de continuar gerindo demandas diversas das facções do centrão e da extrema direita e extorquindo o governo?

O que ainda não sabemos das fraquezas de Arthur Lira que talvez venhamos a saber antes ou depois de ele deixar o trono, no início de 2025? Ou Arthur Lira é um homem sem fraquezas?

*Moisés Mendes é jornalista em Porto Alegre. É autor do livro de crônicas Todos querem ser Mujica (Editora Diadorim).

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OS COLECIONADORES

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Eduardo Bonzatto*, Pragmatismo Político

Colecionadores são solitários e discretos. Gostaria de assinalar alguns dos maiores colecionadores de revistas em quadrinhos do Brasil. Waldo Vieira, Kendi Sakamoto, para citar apenas alguns.
Para esses grandes colecionadores, os itens mais colecionáveis são as revistas numeradas dos anos 1940-50-60.
No Brasil, as editoras desse período foram prolíficas em suas edições, que duraram décadas.
Geralmente, esses colecionadores se orgulham de linhagens de publicações extensas e duradouras.
Mas qual o critério para colecionar. São muitos. A extensão é um deles, mas também o significado de alguma obra específica na história do colecionador. A antiguidade ou raridade. Em grau menor, o preço de um quadrinho que se tornou raro, a expressão de seu conhecimento numa determinada particularidade para estudar o conjunto, uma série perdida, um artifício desleal para impor a raridade, como por exemplo adquirir um quadrinho em sua quase totalidade e destruir as cópias, como reza lendas de colecionadores.
O que torna um quadrinho desejável?
Mais uma vez a subjetividade impera para além da realidade. E aqui podemos distinguir colecionadores de colecionadores. Grandes espaços dominados por prateleiras de grife pode ser um indicativo. Quadrinhos de capas duras, cuja formosura se alinha ao gosto da moda, outro.
Alimentados por padrões tubeanos, os novos colecionadores de butique se espalham como moscas ansiosas pelas redes. Estão submetidos os hipes ocasionais na aquisição da última moda que não podem deixar faltar na coleção. É um mantra.
Mas esses são colecionadores episódicos. Os antigos cavoucadores de sebos empoeirados vivem de outro jeito. São solitários e discretos.
Caminham entre os gibis antigos de modo soturno e abrem ao acaso um e outro folheando o tempo na forma de poeira. Aspiram levemente a manifestação da história. Sabem perfeitamente tudo daquela peça, história e história. Cada gibi é uma queda das torres gêmeas ou o pouso do homem na lua. Se recordam o instante do encontro, o que vestiam ou pensavam no momento exato. São memórias táteis e olfativas. Jamais se perdem.

Leia aqui todos os textos de Eduardo Bonzatto

Todo colecionador que se preze realiza rituais para vivenciar sua busca. Antes de ter o quadrinho em mãos já sabe tudo dele. Dispensando a leitura apressada dos neófitos. Saboreiam cada instante, cada sensação, cada perfeição diante do encontro há tanto esperado.
Quanto mais difícil a busca, mais intensa será a comemoração, mas tudo é muito íntimo, secreto. Afinal, não existe mais ninguém que possa compartilhar o júbilo de uma alma de colecionador. Todos os outros estão perdidos em corredores empoeirados, aspirando seu próprio tempo.
É claro que os fenômenos de tuber afetaram os velhos colecionadores, mas nenhum compararia um antigo gibi empoirado com um omnibus de super herói. Aliás, os super herois são colecionáveis exatamente por sua longevidade em bancas de revistas.
As longas séries contam as histórias dos heróis e da produção gráfica e editorial também. Repletos de informações sensíveis e de detalhes históricos, os colecionadores dominam um metie que nenhum tuber sequer pode imaginar com seu papel de vendedor de enciclopédia atualizado pela internet.
Exemplo desses novos colecionadores é Fábio Ribeiro.
“Quadrinhos eu levo a sério, é uma compulsão. Eu tenho que ter tudo no máximo possível”, confessa Fábio Gomes Ribeiro, de 43 anos, diante de um acervo com cerca de 20 mil revistas em quadrinhos que ele guarda em três cômodos inteiros de seu apartamento, no bairro do Marapé, em Santos.
A título de comparação, Sakamoto guarda em sua casa mais de 80 mil revistas em quadrinhos. Waldo Vieira, que faleceu em 2015, doou sua coleção de mais de 300 mil itens para o centro de conscienciologia em Foz do Iguaçu.
Há uma grande diferença entre um colecionador de revistas em quadrinhos e um consumidor modal de conteúdos de youtube. A diferença entre um savoir-faire e um consumidor está no refinamento, na complexidade e, sobretudo, na sofisticação.
Imagine conseguir o santo graal dos quadrinhos que só dois ou três especialistas conhecem e não poder dividir com alguém que tenha essa dimensão. É preciso ter alguém por perto que possa amenizar sua solidão.
Colecionar pode ser uma arte ou um modismo. Um passará.

*Eduardo Bonzatto é professor da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) escritor e compositor

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Brasil, o país de sempre

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brasil país sempre hipocrisia aborto maconha drogas
Imagem: Canal Curta

Anderson Pires*

Dizem que a fé move montanhas e que Deus é brasileiro. Certamente, as frases servem como alento para um país de tanta potencialidade, mas que vive a eterna busca por dias melhores. O Brasil do futuro é um país que nunca chega. Apesar de tantas riquezas naturais e dimensões continentais, estamos num poço de atraso social, humanístico e cultural.

Nas últimas semanas tivemos provas cabais de como estamos muito distantes do futuro almejado. As duas principais pautas envolviam temas que deveriam ter sido superados no século passado: o aborto e o uso da maconha.

Em pleno século 21, estamos debatendo questões de saúde pública com base na moral religiosa desqualificada. Sim! É desqualificada! Porque a lógica que adotam é baseada em dogmas religiosos que foram criados quando inexistiam parâmetros de análise e toda verdade era imposta.

Leia também: Brasileiro é contra casamento gay, aborto e legalização da maconha

Tanto o aborto quanto o uso da maconha demandam abordagem social, cultural e de saúde pública. Em um mundo com tantos avanços científicos e tecnológicos, parece bizarro que os principais argumentos sejam de cunho religioso. Partem da premissa que a vida se estabelece por vontade divina e não por um processo biológico que a caracteriza.

Ao contrário do que os dogmáticos defendem, a vida não se determina pela espiritualidade. Sendo assim, qualquer debate que tenha como premissa a moral cristã, caracteriza uma quebra do estado laico. Até porque existem outras crenças e os sem crenças religiosas.

Clique aqui e leia todos os textos de Anderson Pires

Em resumo, o debate sobre o aborto no Brasil remete a inquisição, com uma abordagem sexista, que marginaliza a mulher que optar por interromper a gravidez. Os inquisidores chegam a apelar para a possibilidade de um feto ser mantido vivo fora do corpo, como justificativa para proibição do aborto em qualquer situação.

Em paralelo a esse debate sobre o aborto, outro tema que mereceu manifestações acaloradas foi a descriminalização da maconha para consumo. Mais uma vez, os moralistas partem para o ataque e usam discursos rasteiros em relação ao uso da droga. O mais pueril é o velho argumento de que a maconha seria a porta de entrada para outras drogas.

Qualquer ignóbil é capaz de perceber que se existe alguma porta de entrada para as drogas, não é maconha, mas o álcool. Quem já fumou um baseado sabe que os efeitos provocados são bem distintos dos de outras drogas, não gera excitação ou euforia.

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Mas o que mais me assusta são esses temas serem tratados como os mais importantes do Brasil. Enquanto a desigualdade bate recordes, os poderes executivo, legislativo e judiciário estão concentrados debatendo o aborto e a maconha.

Isso é arcaico. Mostra o baixo nível de civilidade que nos encontramos. Tanto o aborto quanto a maconha estão presentes na sociedade por tempo demais para serem tratados como tabu ou dogma. Numa sociedade minimamente desenvolvida, questões como essa estariam no âmbito das políticas públicas ou assimiladas aos costumes.

Como disse Cazuza: “Eu vejo o futuro repetir o passado”. O Brasil caminha para um futuro que em nada difere do passado. As pautas pequenas mostram a pequinês da nossa sociedade. Servem para ofuscar os grandes problemas. Acobertam as desigualdades e tiram do foco o que realmente seria capaz de mudar a realidade do país.

*Anderson Pires é formado em comunicação social – jornalismo pela UFPB, publicitário, cozinheiro e autor do Termômetro da Política.

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Professora é afastada por agredir criança autista de 4 anos em Santa Catarina

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Professora afastada agredir criança autista anos Santa Catarina
Municipal de Educação de Porto União afastou professora que agrediu criança autista

Richard Vieira, ND Mais

Uma professora da rede municipal de Porto União, no Planalto Norte catarinense, foi afastada de suas funções após ser acusada de agredir uma criança autista de 4 anos. A mãe do garoto expôs a situação e registrou um boletim de ocorrência. O caso ocorreu no dia 4 de junho e foi registrado pelas câmeras de segurança da escola.

Nas imagens, é possível ver o momento em que a criança sai por uma porta, seguida pela professora, que a puxa de volta para dentro da sala de aula. Em seguida, a criança se deita no chão e a professora a arrasta com o pé para dentro da sala. O menino se levanta e acerta a professora com os braços, que revida.

“Soco no coração”, diz mãe

A mãe da criança, que preferiu não ser identificada para preservar a privacidade do filho, contou como o encontrou após o ocorrido. “Ele veio pela mão da diretora chorando e disse que a professora tinha dado um soco no coração dele. Foi um choque, um impacto muito grande, porque acredito muito no meu filho. Ele é muito esclarecido, conta com muita precisão e tem a memória muito boa”.

Após o episódio, a mãe solicitou as imagens da câmera de segurança e, depois de analisá-las, decidiu registrar um boletim de ocorrência. O caso agora é investigado pelas autoridades.

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“Quero deixar um alerta que os pais fiquem atentos, porque por mais que seja um autista não-verbal, nós conhecemos os nossos filhos, quando há uma alteração de comportamento. Não existe só a agressão física, existe também a psicológica, que para eles, que têm uma hipersensibilidade, é muito prejudicial. Muitos têm dificuldade de socialização, com sensibilidade ao som, a gritos, e não têm a capacidade de entender o porquê daquela agressão, daquela pessoa que deveria estar cuidando, atendendo, ser o porto seguro, agredindo”, destacou a mãe.

Professora afastada

A Secretaria Municipal de Educação de Porto União informou, por meio de nota, que tomou conhecimento dos fatos e decidiu pelo afastamento da professora por 60 dias, sem prejuízo de remuneração. O afastamento ocorreu no último dia 7 e pode ser prorrogado ao fim do procedimento.

Além disso, foi instaurado um processo administrativo disciplinar para apurar a conduta da servidora pública, com uma comissão responsável pela investigação, que tem duração prevista de 60 dias.

Procurada pela reportagem, a professora disse que não falaria a respeito do caso e encaminhou o contato da sua assessoria jurídica. O ND Mais tentou contato com os advogados, mas até o fechamento da matéria não obteve retorno. O espaço segue aberto para manifestações.

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Pastor evangélico com meio milhão de seguidores é preso por compartilhar violência sexual infantil

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Pastor evangélico meio milhão seguidores preso compartilhar violência sexual infantil
Pastor evangélico Agnaldo Roberto Betti

Augusto de Sousa, DCM

O pastor evangélico Agnaldo Roberto Betti, de 58 anos, tinha mais de 457 mil seguidores no Instagram quando foi preso em flagrante na última quarta-feira (3) durante uma operação conjunta das polícias Federal e Militar. O líder religioso, que atuava na igreja, foi detido por compartilhar vídeos de pornografia infantil.

A Polícia Militar informou que Betti foi surpreendido em sua residência enquanto acessava conteúdos ilícitos por meio de um aplicativo. Ele ainda tentou deletar os arquivos, mas foi impedido pelos agentes. A Polícia Federal revelou que o pastor já havia sido indiciado anteriormente pelo mesmo crime, mas continuou a adquirir e compartilhar materiais de violência sexual infantojuvenil.

A Assembleia de Deus Ministério Belém se manifestou repudiando veementemente qualquer comportamento que viole os princípios bíblicos e a proteção à infância. A instituição suspendeu o pastor de suas funções e do quadro de membros até que os fatos sejam devidamente apurados. “Desconhecíamos qualquer tipo de investigação envolvendo o pastor”, afirmou a igreja.

Betti é fundador e administrador do “Canal EBD – Agnaldo Betti” no YouTube, que tem 416 mil inscritos e mais de 1,7 mil vídeos sobre “lições bíblicas” que se dividem em três pilares: para adultos, para jovens e conteúdos juvenis. Sua conta no Instagram foi deletada após a prisão.

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Em 2012, ele foi homenageado pela Câmara Municipal de Campinas com o Diploma de Mérito Cristão “Pastor João Batista de Sá” pelos serviços prestados na evangelização e educação cristã.

A investigação que culminou na prisão do pastor faz parte da Operação Escudo da Inocência, uma iniciativa da Polícia Federal para proteger crianças e adolescentes vítimas de abuso sexual. Segundo a PF, este é o primeiro caso de flagrante de compartilhamento de pornografia infantil na região.

Após a prisão, Agnaldo Betti foi encaminhado à Delegacia da Polícia Federal e, após os procedimentos legais, será transferido para o sistema penitenciário, onde aguardará os trâmites da 9ª Vara Federal de Campinas.

Leia também: Pastor evangélico é condenado após “creche da igreja” ser usada para estupro coletivo de crianças

A igreja afirmou que, apesar de Betti ainda integrar o quadro de membros, ele não exerce funções pastorais desde março de 2017. Desde então, ele mantinha um ministério pessoal itinerante, concentrando suas atividades no canal da internet.

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A esquerda grotesca que compara Trump a Van Gogh

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esquerda grotesca compara Trump Van Gogh
Vincent van Gogh vs Donald Trump

Moisés Mendes*, em seu Blog

Van Gogh é o mágico das luzes, um dos maiores gênios da humanidade. Donald Trump é hoje, ao lado de Benjamin Netanyahu, o facínora das trevas.

Usar o retrato de Van Gogh para uma comparação com Trump, por causa da orelha, é passar todos os limites de uma pretensa criatividade.

A extrema direita é que está rindo da crueldade dessa ‘charge’ grotesca disseminada pelas redes por gente esperta que deve se achar de esquerda.

Que a inteligência artificial delete da Internet todas as imagens que comparam um monstro a um gênio.

E o que é pior, usurpando a própria obra do gênio pra tentar rir do monstro. Daqui a pouco, estarão liberados para, em nome do humor absoluto, comparar Bolsonaro ao Aleijadinho?

(É claro que, na sua publicação original, esse texto não virá acompanhado do desenho grotesco de uma certa esquerda sem imaginação, que ajuda a explicar a ascensão do fascismo.)

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Saiba mais: Atirador é eleitor do Partido Republicano, diz FBI; testemunha conta que alertou seguranças mas ninguém fez nada

*Moisés Mendes é jornalista em Porto Alegre. É autor do livro de crônicas Todos querem ser Mujica (Editora Diadorim).

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Dia do Homem é hoje? Entenda porque existem duas datas de comemoração

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Dia Homem hoje Entenda porque existem duas datas comemoração
Imagem: Getty

Com Uol e CNN

Se você navegou pela internet no dia de hoje e se deparou com uma data comemorativa um tanto diferente, esse texto é para você. Nesta segunda-feira (15/7) é comemorado o Dia do Homem. Mas, afinal, para que serve essa data?

O Dia do Homem existe — e, no Brasil, é comemorado em duas datas. Por aqui, tanto 15 de julho quanto 19 de novembro são dias de comemorar e conscientizar a população masculina.

Por que existem duas datas?

O dia nacional do homem é 15 de julho. A data foi instituída em 1992 pela Ordem Nacional dos Escritores como uma forma de chamar a atenção da população masculina para cuidar da saúde.

Internacionalmente, no entanto, o Dia do Homem é 19 de novembro. A data surgiu por uma iniciativa do governo de Mikhail Gorbachev, ainda na União Soviética, que buscou homenagear figuras importantes da história de seu país e logo foi se incorporando ao calendário de outros países.

Outro Dia Internacional do Homem surgiu em Trinidad e Tobago. Uma outra hipótese afirma que o International Men’s Day foi criado pelo médico Jerome Teelucksingh, em 1999. A ideia também era fazer da data um momento para chamar a atenção para a saúde do homem.

De forma geral, o objetivo é conscientizar sobre a saúde masculina. Dentre as várias justificativas estão a necessidade de que homens passassem a ter mais atenção em relação à própria saúde e também mais consciência sobre questões ligadas a igualdade e equidade de direitos entre homens e mulheres. A primeira hipótese é amplamente difundida em várias redes em detrimento da segunda.

Nenhuma das datas, no entanto, é reconhecida pela ONU. A ideia de celebrar o Dia Internacional do Homem recebeu apenas apoio escrito de funcionários da UNESCO quando a data surgiu em Trinidad e Tobago, e o evento continuou a ser celebrado anualmente por lá e em outros países.

Data não tem ligação com o Dia Internacional da Mulher

As datas têm origens diferentes. O Dia Internacional da Mulher nasceu da luta de mulheres por direitos trabalhistas, proposto pela socialista alemã Clara Zetkin, durante o II Congresso Internacional de Mulheres Socialistas.

Naquela época, as jornadas de trabalho nas fábricas chegavam a 14 horas por dia, incluindo os domingos, e envolviam não apenas homens, mas também mulheres e crianças.

Já o Dia do Homem tem um caráter mais conscientizador. Na maioria dos casos, a criação da data é motivada por preocupações com a saúde masculina.

Saúde masculina vai além de exames de próstata

Principais doenças que afetam os homens

⭢ Doenças cardiovasculares: os homens têm maior incidência de doenças cardíacas, como problema arterial coronariano e hipertensão. Fatores de risco incluem tabagismo, dieta inadequada e falta de exercício.
⭢ Câncer: homens são suscetíveis a tipos específicos de câncer, como próstata, testículo, pulmão e colorretal. A detecção precoce é essencial para um tratamento eficaz.
⭢ Doenças Respiratórias: condições como DPOC e asma são comuns entre homens, especialmente fumantes.
⭢ Diabetes: a obesidade e a inatividade física são fatores de risco para diabetes tipo 2, mais prevalente em homens.
⭢ Infecções sexualmente transmissíveis (ISTs): a prevenção de ISTs, como clamídia, gonorreia e HIV, é essencial por meio do uso de preservativos.
⭢ Doenças mentais: o público masculino frequentemente subestima ou ignora problemas de saúde mental, como depressão e ansiedade.

É preciso quebrar estigmas

Ainda há um tabu significativo em torno da procura por ajuda médica entre homens. “A ideia de que procurar ajuda é um sinal de fraqueza persiste,” diz Berger.

Medeiros acrescenta ainda que muitos homens priorizam outras responsabilidades, negligenciando a própria saúde. No entanto, campanhas e incentivos têm aumentado a frequência de consultas médicas entre homens, melhorando a expectativa e a qualidade de vida.

Consultas médicas essenciais

1. Exame físico anual

Este exame básico inclui a medição da pressão arterial, verificação do índice de massa corporal (IMC), além de exames gerais de próstata e testículos. A avaliação geral ajuda a detectar problemas de saúde precocemente, como destaca André Berger, uro-oncologista e cirurgião robótico.

2. Exame de sangue

Análises de sangue são fundamentais para monitorar níveis de colesterol, glicose, função hepática e renal, entre outros indicadores de saúde.

3. Exame de próstata

A partir dos 50 anos, homens devem realizar exames regulares de próstata para detectar sinais de câncer ou outras doenças.

4. Exame de testículos

A autoverificação regular dos testículos pode identificar nódulos ou inchaços que podem indicar câncer testicular.

5. Exame de pele

Monitorar a pele regularmente para detectar sinais de câncer, como manchas escuras ou feridas que não cicatrizam, é vital.

6. Exame de visão

Avaliações periódicas de visão ajudam a detectar problemas como miopia, astigmatismo e glaucoma.

7. Exame dentário

Visitas regulares ao dentista são essenciais para a saúde bucal, prevenindo cáries e doenças gengivais.

8. Consulta com cardiologista

A verificação da saúde cardíaca é crucial, especialmente para detectar doenças cardiovasculares que têm alta incidência entre homens.

Importância da prevenção

Berger enfatiza que a prevenção é crucial para evitar problemas graves de saúde. “O diagnóstico precoce permite tratamentos menos agressivos e com altas chances de cura,” afirma. No caso de câncer de próstata, a taxa de sucesso no tratamento pode chegar a 90% se detectado em estágios iniciais.

Lucilio Medeiros, urologista e membro da Sociedade Brasileira de Urologia, ressalta que muitas doenças são diagnosticadas precocemente por meio de exames de rotina, antes mesmo do aparecimento dos sintomas. “Quando a doença já apresenta uma dor intensa, o tratamento pode ser mais complicado,” explica.

Incentivo à saúde

O Dia do Homem no Brasil serve como um lembrete da importância de cuidar da saúde masculina de forma eficiente. Consultas regulares com urologistas, cardiologistas e outros especialistas são fundamentais para a detecção precoce de doenças e a promoção de uma vida saudável.

Segundo os especialistas, campanhas de conscientização são cruciais para educar e motivar os homens a buscar cuidados médicos preventivos, reforçando que a prevenção é sempre mais eficaz e menos onerosa do que o tratamento.

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Dois celulares são roubados ou furtados por minuto no Brasil

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Dois celulares roubados furtados minuto Brasil
Imagem: Marcelo Camargo | Agência Brasil

Mariana Tokarnia, Agência Brasil

No Brasil, quase dois celulares são roubados ou furtados por minuto. Quase um milhão de ocorrências foram registradas em delegacias de todo o país em 2023. Os dados são do 18º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado nesta quinta-feira (18), pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

Os dados mostram que, pela primeira vez, o número de furtos, ou seja, a subtração dos aparelhos sem o uso da violência, superou o de roubos de aparelhos, com 494.295 contra 442.999 casos, respectivamente, ao longo de 2023. No total, foram 937.294 ocorrências nas delegacias brasileiras.

Apesar de serem altos, em relação a 2022, os números de roubos e furtos de celulares, em termos globais, apresentaram redução de 4,7%. Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o número de ocorrências mostra a centralidade que tais aparelhos ocupam na nova dinâmica dos crimes patrimoniais. Os celulares se consolidam como porta de entrada frequente para outras modalidades delituosas em ascensão, como estelionatos e golpes virtuais.

A marca mais visada pelos criminosos foi a Samsung, com 37,4% dos casos, seguida pela Apple, com 25%, e pela Motorola, com 23,1%. Embora respondam por apenas 10% do mercado nacional, os iPhones representam uma em cada quatro subtrações de aparelhos. O Fórum ressalta que quando se atenta a proporções, é possível dizer que os usuários da Apple correm mais riscos na comparação com aqueles que utilizam telefones de outras marcas.

Segundo a publicação, em 78% das ocorrências, os criminosos optaram por vias públicas. Os casos são mais frequentes em dias de semana, em especial entre segundas e sextas-feiras, com prevalência entre 5h e 7h da manhã e o período entre 18h e 22h – horários em que, geralmente, a população está em deslocamento nas grandes metrópoles, indo ao trabalho ou voltando para casa.

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No caso dos furtos, as vias públicas responderam por 44% dos registros, seguidas dos estabelecimentos comerciais/financeiros e residências, com 14% e 13% das ocorrências, respectivamente. Ao contrário dos roubos, os furtos de celulares são mais comuns nos finais de semana, que concentram 35% dos casos. Nessa categoria, os criminosos escolhem horários com movimento reduzido nas cidades, principalmente entre 10h e 11h e a partir do meio da tarde, por volta das 15h, até 20h.

De acordo com o anuário, as cidades com as maiores taxas de roubo e furto de celulares são: Manaus, com 2.096,3 casos a cada 100 mil habitantes; Teresina, com 1.866; São Paulo, com 1781,6; Salvador, com 1.716,6; e Lauro de Freitas (BA), com 1.695,8. A taxa do Brasil é de 461,5 ocorrências registradas para cada 100 mil habitantes. Entre as 50 cidades com maiores taxas de roubo e de furto de celular, 15 estão localizadas no estado de São Paulo.

Um golpe a cada 16 segundos

A publicação mostra ainda que os roubos de rua cederam lugar a estelionatos quando se observa o quadro de preferências criminais contemporâneas. Houve um total de 1.965.353 registros de estelionatos no ano passado, ou seja, um golpe a cada 16 segundos. O crescimento, em relação a 2022, foi de 8,2%. Em relação a 2018 houve alta de 360%.

Por outro lado, houve queda, entre 2022 e 2023, em seis diferentes modalidades de roubos: a estabelecimentos comerciais (18,8%); a residências (17,3%); a transeuntes (13,8%); de cargas (13,2%); de veículos (12,4%); e de celulares (10,1%).

“A gente está tendo uma mudança de paradigma na criminalidade patrimonial no Brasil e isso tem, evidentemente, bastante relação com os celulares, que acabam sendo a porta de entrada para esse mundo híbrido que a gente vive, com a digitalização das finanças, com a utilização das redes sociais”, diz o coordenador de projetos do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, David Marques.

“O celular tem o seu valor pelo aparelho, pelo seu valor de uso, mas também pelo que o celular dá acesso, que são as informações pessoais, são as informações bancárias, são as redes sociais das pessoas. Então, esse é um fenômeno que já vinha em curso, mas ele se aprofundou, se acelerou bastante a partir do contexto da pandemia e que segue aí chamando atenção enquanto uma mudança realmente de paradigma na dinâmica criminal dos crimes patrimoniais”.

O Anuário Brasileiro de Segurança Pública é baseado em informações fornecidas pelos governos estaduais, pelo Tesouro Nacional, pelas polícias civil, militar e federal, entre outras fontes oficiais da Segurança Pública.

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Donald Trump está escapando. Jair Bolsonaro pode escapar?

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Donald Trump escapando. Jair Bolsonaro pode escapar
Imagem: Win McNamee | Getty

Moisés Mendes*, em seu Blog

Dois dias depois da performance desastrada de Joe Biden no debate com Donald Trump, no final de junho, a Suprema Corte americana anunciou que o republicano tinha imunidades quando ocupou a Casa Branca. Inclusive para cometer o que se configura não só como desmandos, mas como crimes graves.

Na sequência, dois dias depois do atentado na Pensilvânia, uma juíza da Flórida engavetou o processo em que Trump era acusado de ter furtado do governo e levado para a sua casa em Miami, depois de derrotado, documentos secretos da Casa Branca.

Podem ser casualidades que apontam na mesma direção. O tempo para que a Justiça cercasse Trump pode ter se esvaído. Os juízes conservadores, dos quais dependem as decisões que envolvem Trump, passam a se sentir mais à vontade para favorecer o fascista e reverter expectativas.

Trump tem decisões favoráveis porque provou, principalmente a partir de junho – e depois de ter sido condenado no caso da atriz pornô por ele subornada para ficar quieta –, que está forte de novo.

E as expectativas eram, até a decisão da Suprema Corte, de que o sistema de Justiça poderia manter Trump sob controle, mesmo que sem condenações este ano, antes do que acontecerá na eleição de 5 de novembro.

Foi quando Biden afirmou, logo após o anúncio dos juízes sobre as imunidades, que os americanos teriam de pensar que cabe à política oferecer respostas à ameaças de avanço da extrema direita. Biden quase disse: nesse caso, desistam da Justiça.

Quem no Brasil poderá dizer que os brasileiros devem desistir das expectativas de que Ministério Público e Judiciário vão nos livrar do fascismo? Não só no sentido de julgar, condenar e reparar, mas nos livrar mesmo.

Não só assegurar que os criminosos que agiram nas estruturas do governo, durante quatro anos, serão punidos. Mas que as punições serão capazes de impedir, pelo menos no médio prazo, que eles se rearticulem e voltem a agir contra a democracia.

É preciso pensar no que pode e não pode acontecer, a partir da suspeita de que os relógios dos tempos, no plural, do sistema de Justiça podem estar desregulados. Os tempos da Polícia Federal, do MP e do Supremo, pelo que se vê, já estariam entrando em desalinho.

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Foi como resposta a essa suspeita, de que o tempo está passando, que o procurador-geral da República, Paulo Gonet (foto), disse em entrevista ao Globo:

“Vou fazendo o que eu me convenço de que é o certo na hora que me convenço que é a devida”.

O detalhe do verbo no gerúndio parece irrelevante, mas não é. Gonet não faz, mas vai fazendo o que deve ser feito na hora certa. E até agora não há nada a indicar que ele esteja vendo a hora errada, até porque depende, antes, do que lhe é oferecido pelas investigações para que possa formular denúncias.

Só que o tempo está apressando o passo e desafiando investigadores, acusadores e julgadores. E tudo o que envolve as facções bolsonaristas precisará logo de um final, de preferência nesse ano ou no máximo no início de 2025.

Porque, se deixarem tudo para o ano que vem, estaremos entrando no mais sensível tempo da política, às vésperas da campanha para 2026. E num contexto mundial de Trump reeleito e com a extrema direita brasileira excitada, se obtiver bons resultados nas eleições municipais?

Os casos das fraudes dos atestados das vacinas e das joias até poderiam, numa inversão de tempo, ficar para depois, mesmo que sejam os menos complexos e estejam com investigações mais adiantadas, se a PGR conseguisse oferecer respostas a quem espera um desfecho para o que mais importa, que são os crimes do golpe.

Nos Estados Unidos, com os últimos movimentos do Judiciário, fica cada vez mais evidente que Trump deve escapar da acusação de que incentivou e comandou ações golpistas, da apuração dos votos à invasão do Capitólio.

Paulo Gonet sabe que Jair Bolsonaro vê o tempo do trumpismo nos Estados Unidos favorecendo o tempo do bolsonarismo no Brasil. Por enquanto, no gerúndio.

*Moisés Mendes é jornalista em Porto Alegre. É autor do livro de crônicas Todos querem ser Mujica (Editora Diadorim).

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DICOTOMIA

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Eduardo Bonzatto*, Pragmatismo Político

Ideologia, quero uma pra viver
Cazuza

“Nos indivíduos, a insanidade é rara; mas em grupos, partidos, nações e épocas, é a regra.” — Friedrich Nietzsche

A dicotomia é uma arritmia dos corações. Mas a dicotomia só é possível porque a filosofia (todos aqueles seres tão cheios de soberba que amam o conhecimento acima de tudo) profere um estatuto de verdades. E verdades é o sonho que o homem moderno alimenta e imagina possuir dentro de suas convicções.
A dicotomia é um buraco sem fundo em que todos que ali entram perdem sua humanidade e se transformam em objetos de briga. É uma rinha preparada para o conflito. Tudo ali está enovelado de ideologia.
Se o mecanismo dicotômico for acionado, não há mais espaço para a compreensão e o respeito, pois tudo se liquefaz e se transforma em ódio, um ódio líquido e azedo, intragável. Vai produzindo uma náusea a se espalhar pelos corpos como uma febre, um contágio.
Qualquer discussão pode nos levar para o buraco da dicotomia e aí nos armamos não para destruir os argumentos do outro, mas para destuir o outro. Nesse caso, o outro realmente é o inferno.
E quanto mais próximos os contendores, maiores serão as agressões, pois a dicotomia é uma disputa rasa de poder pessoal e intelectual.
Na rinha, os argumentos serão como lâminas irresponsáveis, pois é a agressão que importa ali.
Como é acionada a dicotomia?
Com um convite. A solicitação para uma conversa e a conversa é uma armadilha, pois contém em si uma provocação, uma afronta às convicções do outro. E a afronta, como um mecanismo de atração, requer armamentos afiados em ambas as mãos. Sem espaço para cumprimentos.
A dicotomia é o reino da retórica, do já sabido e resgatado. É um recurso de slogans de pura sobrevivência e que uma vez acionado não pode mais ser recolhido.
O domínio se apodera do corpo todo, indissociável, unindo a mente, a voz, as garras e as verdades universais.
No outro se instala o mesmo ferramental, brilhante, afiado, pontiagudo. E pronto a desferir o golpe ocasional a depender da palavra, da voz, da injúria.
Na dicotomia é injurioso defender um lado em detrimento do outro lado se esse lado não for do bem. Pois a dicotomia sempre se instala entre dois lados de uma questão. Lados antagônicos, opostos e irreconciliáveis. E ego, muito ego indispensável.
É o momento da glorificação do ego, e sabemos que o ego é o bem, como forma social íntima.
O duelo de egos é infrutífero como uma pá de cal sobre a vida. Tudo seca, tudo corroi, tudo desaparece e fica apenas o brilho pálido do próprio ego. Mas cada um sai como se tivesse ganho algo novo, uma batalha, um pequeno prêmio colorido. O bem sempre vence afinal.
A cada contenda dicotômica as relações se enfraquecem e não existe mais conexão alguma, o vizma se dissolve com líquidos pútridos e boia no vazio da pequena alma.
Qualquer um pode impedir a dicotomia e nenhum quer. Mas o ego é o senhor da heteronomia e quer o poder de reduzir à força a humanidade do outro. No centro da voragem dicotômica não há vestígios de amor algum. Todo ele sugado para a escuridão do apocalipse, essa revelação que não pode se ocultar no centro de tudo.
Na escuridão da dicotomia não existe nada além de dor, raiva, ódio, desavença sem fim. Por isso é preciso recusar entrar ali. Qualquer um pode puxar o outro para dentro, como se fosse um caminho natural da inteligência, mas é apenas um resguardo da infinita comiseração para a morte em vida.
A dicotomia é um evento singular (pois está vívida na mente que se julga do bem), dual (preparada para destruir o mal), mas que pode ser replicado indefinidamente até ocorrer com um país inteiro, com o próprio e conhecido mundo. É nisso que a dicotomia é familiar, pois ocorre no pequeno círculo e se expande até o infinito de pessoas em que entra em contato. É um contágio em leucemização. Tudo que toca morre. E quem entra no buraco da dicotomia quando sai não se lembra das ofensas, das lâminas afiadas em que se transformara a língua. Tudo parece perfeitamente justificado.
E isso é o pior de tudo, pois a qualquer momento entramos no mesmo buraco, como se nunca o tivéssemos provado.

Leia aqui todos os textos de Eduardo Bonzatto

A dicotomia existe a partir de um momento histórico muito preciso em que há uma ruptura aparente no tecido social entre o bem e o mal e o bem se instaura por valores de superioridade, como a preocupação com o planeta e o desejo discursivo do fim da desigualdade social e esse lugar moral assume estatuto de verdade e de opção pela vida. E qualquer um que discorde desse lugar superior será tragado pela indignidade do mal, impedindo qualquer hipótese de operar com ideias divergentes, pois a divergência, na dicotomia, é o mal.
Dessa forma podemos afirmar que não existe de fato uma dicotomia entre esquerda a direita. Existe uma percepção de se estar num lugar superior diante de inferiores que por pensarem diferente merecem a extinção.
Esse lugar supostamente superior resguarda uma narrativa completa e coerente e qualquer um que pense divergente será imediatamente arremessado ao lugar oposto, de modo imediato.
Segundo Dietrich Bonhoeffer (1906-1945), a estupidez é um inimigo mais perigoso para o bem do que o mal.
Em sua obra Teoria sobre a estupidez, ele afirma:
“Contra a estupidez não temos defesa. Nem protestos nem força podem alcançá-la. O raciocínio é inútil. Os fatos que contradizem os preconceitos pessoais podem simplesmente ser desacreditados — na verdade, o estúpido pode contrariá-los criticando-os e, se forem inegáveis, podem apenas ser postos de lado como exceções triviais. Assim, o estúpido, diferente do canalha, fica completamente satisfeito consigo mesmo. Aliás, ele pode facilmente tornar-se perigoso, uma vez que não é preciso muito para transformá-lo em agressor. Por essa razão, é necessário ter mais cuidado com ele do que com um mal-intencionado. Nunca mais vamos tentar persuadir a pessoa estúpida com razão, pois isso é insensato e perigoso.”
A dicotomia como estado atual de discurso pronto replica essa teoria com estanha coincidência. Não adiante discutir com os estúpidos, pois ela te levará para o buraco da dicotomia sem refletir um só instante e vai se chamar de burro.
“Notamos ainda que as pessoas que se isolaram dos outros ou que vivem em solidão manifestam este defeito com menos frequência do que os indivíduos ou grupos de pessoas inclinadas ou condenadas à sociabilidade. E assim parece que a estupidez é talvez menos um problema psicológico e mais um problema sociológico.”
A narrativa é a certeza do estúpido:
“Na conversa com ele [o estúpido], sente-se praticamente que não se trata de uma pessoa, mas dos slogans, palavras de ordem e coisas do gênero que se apoderaram dele. Ele está sob um feitiço, cego, usado e abusado em seu próprio ser. Assim, depois de se tornar um instrumento insensível, a pessoa estúpida também será capaz de qualquer mal e, ao mesmo tempo, incapaz de ver o que é o mal.”
Com as redes e as necessidades de likes, os estúpidos proliferaram virtualmente. Da mesma forma, o empoderamento constitui elemento fundamental para a proliferação da estupidez.
“O poder de um precisa da estupidez do outro. O processo em ação aqui não é que as capacidades humanas particulares, como o intelecto, por exemplo, atrofiam ou falham de repente. Em vez disso, parece que, sob o peso esmagador do aumento do poder, os seres humanos são privados de sua independência interior e, de maneira mais ou menos consciente, desistem de estabelecer uma posição autônoma em relação às circunstâncias emergentes. O fato de a pessoa estúpida ser muitas vezes teimosa não deve cegar-nos para o fato de ela não ser independente.”
Dicotomia, dualidade, dialética carregam diferenças importantes que precisamos entender.
Dualidade são as zonas de luz e sombra que carregamos em nós. Definem nossa imperfeição por ações que são boas e más, sem prevalência de um sobre o outro. Qualidades e defeitos definem o humano.
Já o pensamento dialético nos convida ao consenso, em que pensamentos que se opõem podem gerar uma terceira forma derivada das formas opostas anteriores e em conflito sadio.

*Eduardo Bonzatto é professor da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) escritor e compositor

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