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OS PÓLOS QUE DEFINEM O PODER NESTE MUNDO

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Eduardo Bonzatto*, Pragmatismo Político

Ártico e antártica. Ártico, deriva do grego arktos, significa urso e antártica, sem arktos, sem urso.
Parece aceitável, a nós colonizados, que os países do norte do mundo sejam desenvolvidos plenamente e os do sul do mundo subdesenvolvidos em busca de sua emancipação. O império cognitivo nos ensinou isso desde a mais tenra idade com suas escolas, seus conhecimentos socialmente produzidos, suas verdades universais, o currículo oculto sempre ativo e a linguagem centralizada na escrita.
O que a linguagem e o domínio de sua forma significam para um mundo hierárquico?
Vilém Flusser (1920-1991), filósofo checo-brasileiro aponta o problema:
“A comunicação humana é um artifício, cuja intenção é nos fazer esquecer a brutal falta de sentido de uma vida condenada a morte. Sob a perspectiva da natureza, o homem é um animal solitário, que sabe que vai morrer, e que na hora de sua morte está sozinho. E potencialmente, cada hora é a hora da morte. Sem dúvida, não é possível viver com esse conhecimento da solidão fundamental e sem sentido. A comunicação humana tece o véu do mundo codificado. O véu da arte, da ciência, da filosofia e da religião ao redor de nós. E o tece com pontos cada vez mais apertados. Para que esqueçamos nossa própria solidão, nossa morte, e também a morte daqueles que amamos. O homem comunica-se com os outros. É um animal político. Não pelo fato de ser um animal social. Mas sim, porque é um animal solitário incapaz de viver na solidão”.
Mas essa solidão é compensada com a teorização do mundo pelo domínio da linguagem, de um determinismo, um artifício de verificação, de criar verdades. E ao criar as verdades que verifica, imagina que sua soberania é suficiente para redimir a própria vida e a irresolvível solidão.
Para entendermos o urso que define o polo norte e a falta de urso que marca o polo sul, precisamos recorrer a Flusser e ao seu livro mais ambicioso, Vampiroteuthis Infernalis, a conexão que exibe ao humano a linhagem filogenética do polvo vampiro.
Somos nós e o polvo vampiro eucoelomata. “Eucoleomata são compostos de três tecidos: do ectoderma, que os envolve e os define no mundo; do endoderma, que secreta líquidos que digerem o mundo; e do mesoderma, localizado entre a camada definidora e a camada absorvedora do mundo e permite ao animal orientar-se no mundo e agir sobre ele”.
A isonomia filogenética que inscreve nossas formas como humanos-terra de equivalência, só foi interrompida com o surgimento da modernidade, em que os humanos se desgarraram da natureza similar para ocupar um lugar de soberania e de poder.
Se considerarmos a história como uma ferramenta de verificação, de fazer verdades, hegemonicamente para fazer do mundo moderno um avanço para o passado do homem, então precisamos aceitar que nada sabemos do passado anterior à invenção da prensa mecânica por Gutenberg e que antes disso tudo é nebuloso.
Utilizo um princípio do filósofo Jean Baudrillard: “Sou um dissidente da verdade.
Não creio na ideia de discurso de verdade, de uma realidade única e inquestionável.
Desenvolvo uma teoria irônica que tem por fim formular hipóteses. Estas podem ajudar a revelar aspectos impensáveis. Procuro refletir por caminhos oblíquos. Lanço mão de fragmentos, não de textos unificados por uma lógica rigorosa. Nesse raciocínio, o paradoxo é mais importante que o discurso linear.
Para simplificar, examino a vida que acontece no momento, como um fotógrafo. Aliás, sou um fotógrafo.”
Ao anular o discurso histórico por consentir que ele reflete a visão da modernidade e da colonização, abro o passado imediatamente anterior à centralização da vida e procuro evidências fragmentárias como hipóteses repletas de ironia.
Teço então o conceito de humano-terra para distinguir nesse passado da soberania humana pautada pelo privilégio da razão, evidencia moderna da hierarquia e da separação homem-natureza.
Leia aqui todos os textos de Eduardo Bonzatto

O humano-terra é toda forma de vida, independente de raciocínio ou de formulação de linguagem. São os que vivem no modo isonômico, sem que qualquer ideia de superioridade ou de inferioridade marque sua jornada.
Encontrar o estudo de Vilém Flusser foi oportuno, ainda que seu vínculo com as verdades da modernidade não esteja, para ele, em questão. Quer encontrar o momento da ruptura no passado biológico para refundar uma filosofia especular, em que a imagem do polvo vampiro é nossa própria imagem que embrionariamente guarda as hordas sexuais do que já fomos e que a modernidade sequestrou em nome do poder. Não à toa a castração é o elemento fundamental da colonização da mente e dos corpos, erradicando a potência em nome do poder.
Segundo Flusser, “o aspecto mais característico dos Octopoda é, no entanto, a extraordinária complexidade de sua vida sexual.”
“Pouco sabemos a respeito de seu rito durante o coito, de maneira que ignoramos muitos aspectos do processo. Sabemos, no entanto, que o ato do coito ocupa grande parte da vida, é composto de gestos variados (movimentos dos braços, da barriga, emissão de raios, coloração da pele, emissão de secreções químicas), e que tais gestos constituem verdadeiros espetáculos públicos afinadamente estruturados.”
Abdicamos dessa similitude, pois para nós, colonizados, o trabalho ocupa grande parte da vida, não o sexo. Castração religiosa, castração educacional, castração para a eficiência do trabalho, castração para o pensamento livre, castração em nome do consumismo. A história moderna é uma ode à castração em nome da produtividade.
Portanto, voltar nossa atenção para o polvo vampiro pode ser um reconhecimento desse passado que foi erradicado em prol dos discursos ideológicos.
Mas a ideologia não esqueceu das memórias atávicas e ao reordenar o mundo segundo os critérios do império cognitivo criou um mundo que é representação da fusão ancestral com a moderna, em que o norte se encontra acima do mundo, onde se reproduzem os ursos e também local em que o poder parece indiscutível. Já o sul desse mundo, as zonas que na modernidade se sujeitaram à colonização, a música parece traduzir a realidade da ausência dos ursos no polo:
“não existe pecado ao sul do Equador”, de Rui Guerra e Chico Buarque.
Não existe pecado
Do lado de baixo do Equador
Vamos fazer um pecado
Rasgado, suado
A todo vapor…
Me deixa ser teu escracho
Capacho, teu cacho
Um riacho de amor
Quando é lição de esculacho
Olha aí, sai de baixo
Eu sou professor!…
Deixa a tristeza prá lá
Vem comer, me jantar
Sarapatel, caruru
Tucupi, tacacá
Vê se me usa, me abusa
Lambuza
Que a tua cafuza
Não pode esperar…
Deixa a tristeza prá lá
Vem comer, me jantar
Sarapatel, caruru
Tucupi, tacacá
Vê se me esgota
Me bota na mesa
Que a tua holandesa
Não pode esperar…

“O gênero Octopodal é representado por 170 espécies, o gênero humano por uma única sobrevivente: liquidamos com as demais”, Vilém Flusser.

*Eduardo Bonzatto é professor da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) escritor e compositor

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REFLEXÕES SOBRE O VASO SANITÁRIO

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Imagem: Foto LP Juca Chaves ao Vivo 1972

Eduardo Bonzatto*, Pragmatismo Político

Nós, que nascemos sob a ordem de cagar e mijar num vaso sanitário e apertar um botão que libera forte jato de água mineral, não podemos imaginar o caminho percorrido até hoje por esse dispositivo de aparente higienização.
As cloacas romanas, os sistemas de coleta e distribuição dos astecas, os modelos eficientes de reutilização dos chineses, cada grande sistema de tratamento da merda anterior à modernidade é exemplo de como a autonomia funciona de modo a conceber uma ação para o bem comum.
Até avançado o século XIX nas grandes cidades coloniais escravistas, a atuação dos tigres era comum. Escravizados urbanos no Rio de Janeiro que percorriam trajetos com grandes baldes na cabeça anunciando a sua passagem. As pessoas das casas assobradadas iam às janelas com seus urinóis cheios e derramavam nos baldes. Com a procissão dos chamados, os baldes sempre mais cheios extravasavam, escorrendo sobre o corpo dos coletores. Daí nasceu o termo enfezado, que conferia ao humano uma coloração de aspecto de tigres.
Os miasmas londrinos que emergiam de lugares onde depositavam os dejetos humanos foram famosos e causa da descoberta da penicilina e de outros lenitivos antes que fosse completamente erradicados como ambientes insalubres.
Esses problemas são típicos do modelo de colonização eurocêntrica, pois todos os outros povos da terra sempre souberam como tratar seus dejetos. Os nativos da Amazônia defecam nos rios para evitar o faro das onças pintadas.
Os aborígenes animistas da Austrália, nômades por origem e prática, tratam seus dejetos como fertilizantes naturais a alimentar os desertos.
Os ribeirinhos de toda terra usam os rios para alimentar os peixes que anteriormente os alimentaram.
As grandes concentrações humanas nascidas com as grandes cidades alteraram princípios intuitivos em nome das urgências.
Já com a ideia de implementar a peça em um sistema de saneamento básico, em 1775, o escocês Alexander Cumming patenteou a ideia da privada como nós a conhecemos hoje. Entretanto, foi o engenheiro mecânico Joseph Bramah que, em 1778, aperfeiçoou o projeto da bacia sanitária com uma descarga de água.

Leia aqui todos os textos de Eduardo Bonzatto

Ainda vivi no tempo das casinhas. Uma edificação simples afastada da casa principal em que se cavava um poço em que as pessoas defecavam. Entrar num desses ambientes é um ato de admiração. Nas paredes toscas de madeira, marcas de dedos deslizantes revelavam como limpavam a bunda.
Outras tantas vezes, acidentes ocorriam, pois enquanto defecavam, acendiam seus cigarros de palha e a grande concentração de metano na fossa negra provocava explosões danosas. Ainda hoje essas fossas estão ativas, provocando grande contaminação do lençol freático.
Uma das características do solo reside em alta concentração de bactérias entre quarenta e sessenta centímetros abaixo da superfície. Mas com o aprofundamento essa quantidade que chega a um bilhão de bactérias por centímetro cúbico de terra vai escasseando. Se o depósito do resíduo ficasse nessa profundidade, a atividade bacteriana transformaria o produto em adubo. Mas a fossa negra é profunda e não opera no sentido de metamorfose da merda em adubo.
Na França, os burgueses mais abastados construíam vasos sanitários portáteis que visavam apenas o conforto do assento.
De modo geral, o sistema atual do vaso sanitário implica na deposição no vaso, num sistema de coleta que encontra quase sempre os rios.
O uso que as pessoas fazem do vaso, contudo, é particular, ou melhor, implica em duas posturas diferentes e cada uma sugere um princípio.
Ao usar o vaso, fecham a tampa e operam a descarga. Há aqui um sentido de que a tampa retém no interior do vaso coliformes fecais voláteis que identificamos pelo mau cheiro das fezes.
Essa é uma prática estranha, como se houvesse um modo de limitar a ação desses termotolerantes. Mas aqui devemos considerar que a contenção dos odores no abafamento do vaso coberto promove em seu interior ambiente potencial para a criação de colônias de bactérias aeróbicas que ainda estarão ativas quando o próximo usuário destampar o sistema.
Considerando nossa forma usual de lidar com a merda, ou seja, apenas apertando um botão e pronto, o sistema de tratamento subjetivo replica o modo heteronômico geral de nossa relação com o ambiente, com os seres e com a vida. Esse desprezo que é fruto da facilidade e da ignorância não encontra paralelo na jornada humana pelo planeta.
Se antes da modernidade colonial o ser humano considerava que tudo que vivia era teu próximo, de tal sorte que nunca se considerava só e, portanto, cada gesto, cada ato implicava no modo que atingia o outro, qualquer que fosse esse outro, humano, animal, vegetal, o domínio de sua postura refletia-se como um espelho, retornando a si como uma consequência.
Não há melhor pedagogia do que o exemplo.
Nós, atualmente, não sabemos de onde vem a água nem pra onde vai a merda, indiferentes às causas e ignorantes das consequências. Mas sabemos, sem dúvida, de onde vem e pra onde vai o cheiro.

*Eduardo Bonzatto é professor da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) escritor e compositor

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Super-ricos ficaram 31% mais ricos no governo Bolsonaro, enquanto pobreza aumentou

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Super-ricos ficaram mais ricos governo Bolsonaro enquanto pobreza aumentou
Imagem: Ueslei Marcelino | Reuters

RBA

Mais de 70 entidades que integram a campanha Tributar os Super-Ricos cobram justiça social a partir de reformas no sistema tributário brasileiro. Ou seja, mudanças para reverter a natureza regressiva do sistema brasileiro, onde os pobres pagam mais, em relação à renda, do que os ricos. A campanha chama a atenção para o fato de que estas injustiças vão desde tarifas menores para rendas maiores a até isenções de produtos de luxo. O resultado é a concentração de renda cada vez maior neste que é um dos países mais desiguais do mundo.

A campanha, então, traz dados do Relatório da Distribuição Pessoal da Renda e da Riqueza da População Brasileira, publicado no final de dezembro pelo Ministério da Fazenda. Nos anos do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), os super-ricos aumentaram sua renda em 31%. Em contrapartida, o número de pessoas na parcela mais pobre aumentou 22,7%. “Essa concentração de riqueza ocorreu com economia estagnada e ainda com pandemia”, argumentam as entidades.

Super-ricos ainda mais ricos

Por isso a campanha pede que o governo federal leve adiante uma nova etapa da Reforma Tributária. Para além de simplificar tributos e favorecer o ambiente de negócios, as entidades argumentam que a ordem tributária deve ser revista. Alguns passos importantes já começaram, segundo as entidades. Primeiramente, o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comandou, com sucesso, um projeto de lei que tributará fundos de investimento super exclusivos, além de lucros obtidos em off-shores.

Além de cobrar o governo, as entidades, que envolvem organizações de trabalhadores, sindicatos, federações, universidades, cientistas, entre outras, convidam a população para entrar no debate. Isso porque o governo, sozinho, não tem força para lidar com um Congresso dominado pela extrema direita ultraliberal. “A primeira parte da reforma tributária focou no consumo e beneficiou as empresas. A parte 2 da reforma deve deixar a tributação da renda mais justa. Mas só muda se a gente se mexer, minha gente, porque tem que passar pelo Congresso e lá os super-ricos mandam na banca.”

Mais dados

Trata-se de uma luta por justiça social urgente no Brasil. Hoje, apenas 38 milhões de brasileiros ganham mais de R$ 2.379,97 por mês. Vale lembrar que o Brasil tem 107,9 milhões de pessoas aptas ao trabalho. Estes 38 milhões, cerca de 35% da força de trabalho, são os que declararam seus patrimônios para o Imposto de Renda 2023. Ainda dentro deste recorte, 58% deles têm renda baixa, próxima ao valor mínimo para declaração. E eles representam 14% do total de renda do país. Enquanto isso, os 10% mais ricos, concentram 58% da riqueza.

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PLANETA DOS ABUTRES E AS VARIAÇÕES ENÍGMAS

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Eduardo Bonzatto*, Pragmatismo Político

Nesta surreal série animada de ficção científica dos criadores Joseph Bennett e Charles Huettner, a tripulação sobrevivente de um cargueiro interestelar que se acidentou acaba ficando presa a um planeta estranho e belo, porém implacável. Nesse ambiente, eles precisam sobreviver para fugir ou serem resgatados. Mas enquanto os sobreviventes enfrentam dificuldade de localizar a nave acidentada e os colegas desaparecidos, a nova casa deles se revela um mundo hostil que cresceu sem interferência humana. Com uma animação exuberante e cair o queixo, Scavengers Reign mostra magistralmente as consequências da falta de comedimento e o eterno desejo da humanidade de conquistar o desconhecido.

Ao receber as imagens anunciando a série, algo familiar ascendia em minha memória.

Como o ponto alto da série são as criaturas imaginada para planetas distantes e desconhecidos, o alvo de minha atenção recaía sobre esses seres. E me eram profundamente familiares.

A primeira pesquisa que fiz foi sobre os criadores. Queria constatar que um deles era quem eu imaginava. Mas seu nome não estava lá.

O que me surpreendeu foi a presença do desenhista brasileiro Joe Bennett, o que me fez investir nessa presença.

Joe Bennett é Benedito José Nascimento (1968), com uma carreira bem-sucedida no mercado dos quadrinhos americanos. As informações a seguir foram tiradas de seu perfil na Wikipédia.

Benedito Nascimento, também chamado de Bené, aprendeu como desenhar histórias em quadrinhos de forma autodidata, copiando os traços dos super-heróis da Marvel Comics nos anos 70, e começou a atuar profissionalmente nos quadrinhos em 1985 junto ao editor Franco de Rosa, que lhe ofereceu a primeira oportunidade de trabalho na área. Com o roteirista Gian Danton, criou a A Insólita Família Titã para as revistas eróticas da Editora Sampa, o grupo a Família Titã foi criado pela dupla para homenagear a Família Marvel.

Em 1992, adotou o nome “Joe Bennett” por sugestão dos editores ao ser contratado pela Marvel, inicialmente trabalhando em histórias do personagem Ravage 2099, criado por Stan Lee. Posteriormente, ilustrou quadrinhos dos Vingadores, do Homem-Aranha, Conan, Namor, Elektra, Hulk, entre outros. Também trabalhou com Alan Moore em Supremos.

Após trabalhos bem-sucedidos com o super-herói Capitão América, firmou contrato com a DC Comics, trabalhando em títulos como Aves de Rapina, Gavião Negro e a minissérie 52.

Em 2016, desenhou a história que serviu de prelúdio para o filme Batman vs Superman, dirigido por Zack Snyder.

Foi indicado ao Eisner Award, na categoria Melhor Série, por The Immortal Hulk em 2019

Em novembro de 2019, em sua página no Facebook, o artista comemorou a agressão cometida por Augusto Nunes contra Glenn Greenwald durante o programa de rádio Pânico da Jovem Pan. Após a repercussão, Bennett apagou a publicação, e em seguida publicou em seu perfil pessoal um pedido de desculpas a Glenn, David Miranda e os filhos do casal. Por fim, afirmou estar aberto ao diálogo se comprometendo a refletir o que fez.

Em setembro de 2021, Bennett foi demitido da Marvel após o roteirista Al Ewing divulgar uma ilustração feita em 2017, que retratava adversários do então deputado federal Jair Bolsonaro como ratos. A ilustração foi criticada pois, na Alemanha Nazista, judeus e adversários do regime eram retratados como ratos. Ewing escreveu: “Presumo que sejam algum tipo de inimigo político, mas, mesmo que não sejam, os arquétipos são aparentes. Seres humanos como vermes sendo exterminados”. Em fevereiro do mesmo ano, uma ilustração de Bennett na edição nº 43 de O Imortal Hulk havia sido acusada de veicular mensagem antissemita. Sem explicitar o motivo da decisão, a Marvel comunicou o desligamento de Bennett de todos os projetos futuros da empresa

O talento é fruto de uma caminhada extremamente complexa que envolve inúmeras escolhas e também, por vezes, pode elevar o autor ao patamar em que o ego produz como uma cloaca suas merdas.

Vasculhando minha coleção de quadrinhos por conta do meu incômodo, cheguei à fonte que as criaturas de Bennett me remeteram.

Luiz Eduardo de Oliveira (1944), conhecido nos meios quadrinisticos como Leo, produziu toda sua obra na Europa, desenhando na linha franco-belga.

Leia aqui todos os textos de Eduardo Bonzatto

A história que as criaturas do planeta dos abutres me remeteram é Os mundos de Aldebaran e a sequência, Betelgeuse, que lhe valeu o prêmio de melhor série no festival de Angoulême de 2004.
Não há como ignorar a referência de que os animais estranhos do planeta dos abutres são originários de Aldebaran.
A questão aqui não é de plágio ou apropriação indevida. No mundo da cultura pop são inúmeros eventos que revelam as referências sem reverência.
Os Livros da Magia é uma minissérie de histórias em quadrinhos escrita por Neil Gaiman com arte de John Bolton, Charles Vess, Scott Hampton e Paul Johnson publicada pela DC Comics, entre 1990 e 1991.
Quando os livros do J. K. Howling, publicados a partir de 1998, não poucos perceberam que a série de Gaiman era a referência sem reverência. O escritor britânico responder que essas coisas acontecem e abdicou de qualquer processo contra a escritora.
Da mesma forma, quando a série Os invisíveis, de Grant Morrison saiu em 1996, guardava já todos os elementos que seriam utilizados no filme Matrix de 1999. Embora os criadores do filme tenham dado como referência o livro Simulacros e Simulação do filósofo Jean Baudrillard que afirmou não ver nenhuma similaridade entre as duas obras, mas Morrison viu e igualmente recusou ação compensatória pela referência sem reverência.
Mais recentemente, o filme de 2012, As aventuras de Pi copia sem vergonha ou pudor a obra de Moacir Sciliar, Max e os Felinos, de 1980. Sobre a referência sem reverência, disse numa entrevista o médico e escritor brasileiro: não existe processo contra inspiração. E deixou pra lá a pendenga.
Então a questão que se levanta aqui não é da referência nem tampouco da reverência, pois o tecido memético da cultura é fluido e surpreendente.
Mas aqueles que se dedicam a refletir sobre os objetos culturais, quais forem eles, precisam de um cabedal cultural vasto capaz de reconhecer o encontro de dois autores criadores quando promovem movimento na onda memética da cultura.
A tempo, memética diz respeito a uma memória cultural que está sempre ativa, distribuindo informações pelas antenas vivas daqueles que estão atentos para receber tais dádivas.
Certamente existem inúmeras variações nesse vasto campo criativo que são enigmas indissolúveis para muitos.

*Eduardo Bonzatto é professor da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) escritor e compositor

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DE VESSALIUS A GUNTHER VON HAGENS: ANATOMIAS DE DIVERSOS MUNDOS

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Eduardo Bonzatto*, Pragmatismo Político

Quando Andreas Vessalius (1514-1564) publicou em Bruxelas seu opus Magnum De Humani Corporis Fabrica (1543), a modernidade ainda não estava aberta para consumir o indivíduo que ele dissecava em posições melancólicas.
Cada arte que exibia uma faceta do humano, promovia um distanciamento do mundo que já parecia estranhamente antigo.
O corpo sagrado que deveria aguardar o fim dos tempos para reverenciar Deus era elegantemente devassado e exposto nos varais do tempo. Podíamos nos ver assim, nus de pele, em camadas até os ossos.
E a modernidade se definiu pelos esqueletos de Vessalius. A partir de então, nos afastamos da ancestral comunalidade e passamos à indiscreta individualidade. E com a individualidade, a soberania e o poder, dois atributos do egoísmo.
Medicina, ciência, filosofia, educação, estado, hierarquia, nação, cada elemento iluminado com cuidado e pressa. Em um século, no XIX, a colonização se alastrou por toda terra e definiu o mundo unidimensional. Criou o império cognitivo e ensinou o mundo sobre a centralização da vida.
E tudo começou com aqueles aparentemente inocentes esqueletos de Vessalius.

O século XX atingiu esse paroxismo, das massivas eliminações humanas, com as guerras industriais; animais, com a utilização de milhões de seres nos laboratórios farmacológicos; vegetais, com as crescentes devastações florestais onde ainda restavam árvores.
A racionalidade instrumental abriu espaço e tempo para novas e crescentes limitações da alma, promovendo festivais de divindades antropomórficas como avatares redentores, garantindo que o futuro poderia ainda ser salvo.
E o espetáculo se transformou numa forma peculiar de vida, com as tecnologias de estase disponíveis a todos. Um mundo barulhento nas redes e silencioso no corpo, que não aprendeu sobre a festa divina da vida. E esse corpo adoeceu de trabalho, de angústia, de desafeto, de solidão. O tempo foi exaurindo as possibilidades, o horizonte encolhendo, a natureza ofendida gritando para ouvidos moucos.
As partes que Vessalius desmembrou, com o pesar do tempo, foi separando a vida física, da mental e da espiritual, enquanto separava cada humano de cada humano e de cada ser vivo, numa bolha cada vez mais exígua, com pouco ar, pouca água, pouca vida. E a bolha parecia ao humano uma dádiva de realização e sua limitação lhe dizia que era conforto, que era ascensão, que era preservação.

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Foi quando apareceu uma nova técnica de preservação: a plastinação.
Gunther von Hagens (1945) formou-se em medicina em 1973 na Universidade de Lubeck e em 1977 criou a técnica que o faria famoso e polêmico.
A plastinação, a sua inovadora técnica de preservação de tecidos biológicos que, resumidamente, inicialmente interrompe quimicamente a decomposição do cadáver e submete-o totalmente ou em partes à própria penetração e preenchimento por diversos polímeros que são capazes de assegurar: 1) rigidez, sem deformar as mais variadas estruturas biológicas; 2) coloração, que não será prejudicada pelo passar do tempo; e 3) maleabilidade, para manuseio e disposição artística do material preservado. Como última etapa do processo de plastinação, então, há a cura das peças recém-plastinadas, visando que as mesmas possuam um ótimo acabamento para utilização enquanto material de ensino, de revelação do corpo humano.
Esses corpos plastinados revelam bem mais do que imaginávamos sobre nós mesmos. Sem a modelação tocada por mãos humanas, os corpos de Hagen movem-se livres como fraturas expostas. Não a toa suas exposições sejam tão escandalosamente anunciadas como arte, como ciência, como a percepção de uma nova fronteira em que os limites entre o que é vivo e o que é morto, diante de suas esculturas, deixa de existir.
Aquele ser diante de nós, finalmente sem identidade, sem adereços, sem a suntuosa mistificação que marca o contemporâneo, somos eu e você, por sobre a pele da vaidade, exatamente igual.
Assim, descarnados, a soberania humana encontra um limite de exposição, sem os vestígios da morte, paralisados como volume especular, suspensos num éter primordial cujas lâminas sussurram segredos de um presente bem tátil pra ser ignorado.
Hagens, que retira a decisão de Deus acerca dos destinos do pó, investe sobre o corpo preservando não nossa história, pois a autópsia seria inútil, tampouco a história do corpo, mas nos convida a fazer a autópsia de nossa própria existência, já que o significado de necropsia para o termo oculta um significado ulterior, de minucioso exame que fazemos sobre nós mesmos.
E ao nos vermos por nós mesmos ali diante de um corpo que estranhamente pode ser o nosso, expurgado de qualquer vestígio de identificação ou de identidade, de qualquer sinal de morte atestado pelos saprófagos, nos questionamos sobre esse engodo duradouro da crença numa individuação, pela qual a modernidade nos instilou, como uma parte do todo vital a se tornar progressivamente, ao longo dos últimos 500 anos, mais distinta e independente, crente de ser investida de um poder mágico que chamamos razão, poderia dominar a humanidade, a natureza, a vida.

*Eduardo Bonzatto é professor da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) escritor e compositor

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PSIKUY, CLAUDIO SETO E FRANCO DE ROSA, A BUSCA POR UM QUADRINHO MÍTICO

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Eduardo Bonzatto*, Pragmatismo Político

Há algum tempo escrevi um texto homenageando Claudio Seto. Sempre me fascinou sua visão original sobre as histórias em quadrinhos, antecipando muito do que só algum tempo depois seria produzido no Japão.
Nas pesquisas que fiz então, surgiu referência à fase em que ele, já psicólogo, resolveu produzir histórias nessa direção. Mais original que isso não poderia ser.
O artigo que li dizia da história Psikuy e imediatamente iniciei pesquisas para encontrar aquela que seria uma das histórias míticas de minhas buscas.
Minha namorada se tornou especialista em encontrar as raridades de quadrinhos para o meu paladar. Exemplos dessa habilidade pode ser o THTRU, última obra do mestre argentino Rodolfo Zala; a hoje raríssima edição de Masao Ono da obra de Sérgio Macedo, O Karma de Gaargot; e a mais rara de todas as histórias em quadrinhos, Saga de Xam, de Nicolas Deville e Jean Rolin.
Mas a misteriosa obra de Claudio Seto estava inencontrável. Vasculhamos a gibisfera em busca de qualquer informação que pudesse nos dar uma pista e por muito tempo permanecemos na obscuridade de uma obra misteriosa. Faz parte das aventuras dos colecionadores esse tipo de rastreio e de ineficácia. Mesmo para os mais habilidosos.
Recentemente, lendo a publicação de O Judoca, de Fhaf, nos textos introdutórios, a informação que me faltava. Lá pela página 28 a referência. Psikuy havia sido lançada na revista da Edrel, Gibi Moderno 13. Era do que precisava para iniciar uma busca mais refinada.
Na primeira tentativa, eis que a revista estava a venda no mercado livre. Um preço salgado, mas não podia perder.
Fiquei aguardando a chegada, mas eis que recebo um email informando o cancelamento da compra. Sabia que estava muito fácil pelo trajeto comprido até o momento.
Pedi socorro àquela que tem a habilidade eleusiana das descobertas mais difíceis e eis que ela me avisa que falou com Franco de Rosa sobre a revista e que este se prontificou a lhe informar em quais revistas a misteriosa história havia saído. Em pouco tempo veio a informação, uma edição comemorativa dos quadrinhos da Edrel lançada em 1991 pelo ed. Nova Sampa, com o título Estórias Adultas. Segundo ele, toda Psikuy estava ali. E fez mais, deu a ela um contato de um colecionador que tinha a revista.
Em sua postagem no instagram, Franco de Rosa, o editor da revista, afirma:
Quadrinhos Preteridos:
Superalmanaque Keizi Komix Estórias Adultas.
Está edição, lançada pela Editora Nova Sampa em 1991, é uma das que mais tenho orgulho de ter editado. Foi feita em homenagem a Minami Keizi. Então, o maior produtor e escritor de livros da chamada “literatura de bordas” da empresa.

Leia aqui todos os textos de Eduardo Bonzatto

Neste livro, de 256 páginas, impresso no tamanho 14×21 cm, em papel jornal, reuni obras dos principais autores que mestre Minami dirigiu e editou nas páginas de Estórias Adultas – Gibi Moderno. A revista em quadrinhos da editora Edrel, fundada por Keizi em 1966, e fechada pela Censura Militar em 1974.
Pois… Este volume é um gibizão com obras de Cláudio Seto, Fernando Ikoma e Paulo Fukue. A trinca de artistas que formava o pilar da Edrel.
Mais os quadrinhos pop, inovadores de Liesenfeld. Os cartuns geniais mudos assinados por Rau, FAB e Lucaz.
Com aventuras de samurais, como “Os Fracos Também Matam”, o western “Django Não Perdoa”, séries psicológicas como Psikuy e Neohorror. De humor, como Maria Erótica e Zero Zero Pinga e a dramática A Gang do Playboy.
Os roteiros adultos, inteligentes, inventivos, inovadores, instigantes e provocativos conduziram a revista ao seu fim. Assassinada pela Censura Federal.
Os desenhos, em preto e branco, e, algumas vezes com mais uma cor especial, eram absolutamente inovadores. Completamente diferentes do status quo. Nada a ver com Disney, DC, Marvel, e as tiras da King Features que dominavam as bancas de então.
Estórias Adultas espelhava no Brasil o quadrinho de arte autoral, europeu. E, principalmente o mangá adulto, o gekiga, do Japão. Até no formado da revista: 18 x 26 cm, com 128 páginas. Com grampos. O padrão do formato mangá no Japão até a década de 1970.
O quadrinho de arte, assim como o gekiga, surgiram em meados da década de 1960. Estórias Adultas em 1969. É só publicava quadrinhos brasileiros.
A magnífica capa deste superalmanaque, que mostro aqui, foi pintada por Hector Gomes Alisio, que não fez parte da Edrel. Pois era bem jovem na época daquela editora e ainda morava na Argentina.
Mas as negociações com o colecionador indicado não progrediram e voltamos à caça do quadrinho misterioso, cuja busca só ficava mais intensa e febril.
Procurando pela capa da revista, acabei chegando no Instagram do Franco, com as informações específicas, sem as quais, as buscas na rede são muito complicadas. Eis que no site da estante virtual estava lá, repousando, até mais do que uma, a um preço justo e razoável.
Dessas aventuras vivem os colecionadores, sempre buscando elementos raros que podem não ser cobiçados por muitos, mas cuja pesquisa torna essa parte da nossa vida uma delícia, ligados a teias que espalham sinais por cantos aparentemente obscuros.
Sobretudo, tais jornadas me ligam à essa pessoa que entende e sente minhas idiossincrasias com a mesma alegria, a mesma energia e a mesma amorosidade, que faz das teias os liames de uma toca tão apropriada para um convívio eterno.
Agora, de posse do tão aguardado quadrinho, posso dizer sem sombra de dúvidas, é um quadrinho insular, uma criação única num mar de originalidades.

Psikuy é um quadrinho insular.

*Eduardo Bonzatto é professor da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) escritor e compositor

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Hoka Key

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Temos como certo que o que diferencia o humano colonizado de todas as outras espécies vivas é seu conhecimento da morte. Mas isso é uma grande bobagem. Não sabemos que vamos morrer, pois se soubéssemos, não poderíamos viver no egoísmo, na vaidade e no conflito gratuito da competitividade. Ignoramos solenemente a morte, por acreditarmos que viveremos para sempre, que de fato somos imortais.
E a imortalidade é nossa eficiência em transmitir aos nossos filhos os mesmos valores destrutivos que nutrimos uma vida inteira.
Louvamos a desumanização do humano a cada segundo do dia. Com julgamentos, condenações, preconceito, uso do poder.
Fora do mundo colonial, os seres respeitam a morte. Todos os seres, não só os humanos-terra de uma humanidade compartilhada.
Os Lakota cunharam a expressão Hoka Hey com um sentido pleno de solenidade: hoje é um bom dia para morrer!
Para nós, que cremos na imortalidade, precisamos desistir de viver pra sempre em nome de um tipo de dignidade honesta que nos lembre, a todo instante, que não vale a pena prolongar a vida com o poder. Abraçando a potência vital, encaramos de frente a sempre presente possibilidade da morte.
Essa sabedoria equaliza nossa jornada com a recusa da cobiça, pois não podemos nos fiar na busca pela falta recusando a plenitude.
Estamos diante de dois tempos: cronos e cairós. Sendo que cronos é o tempo linear dos colonizadores enquanto cairós é o tempo de deus.
A cosmogonia Lakota traduz com surpreendente clarividência o papel do ser no cosmo.
“Cada um de nós foi colocado neste tempo e lugar para decidir pessoalmente o futuro da humanidade. Você acreditava que estava aqui para algo menos importante?” – Arvol Looking Horse, chefe da nação lakota.
Essa implicação é de fundamental importância, pois cada ser está num ponto que afeta toda humanidade. E aqui tratamos de humanidade compartilhada, não a forma colonial que estamos habituados a conceber como soberania humana pautada pela razão.

Digital generated infinity like time spiral

Eduardo Bonzatto*, Pragmatismo Político

Leia aqui todos os textos de Eduardo Bonzatto

Se o tempo linear e dicotômico de cronos sacrifica o presente em nome do futuro, o tempo cairós refere-se a uma ocasião indeterminada no tempo em que algo especial acontece. E isso sempre é no presente. O momento oportuno do acontecimento significativo. Mas é preciso sentir o momento.
Toda a vida está coagulada no presente, no instante.
É o deus Ikitomi da sabedoria máxima Lakota, em forma de aranha a tecer os sonhos para que os ciclos vitais cumpram cada esfera para o recomeço. Cada dia um recomeço, cada vida um recomeço, de tal sorte que nada exaure, nada termina, nada começa. O símbolo feito com o ramo do salgueiro, pelo de cavalo, plumagem de pássaros, contas e objetos pequenos, trançado respeitando um buraco no meio, para reter os sonhos bons e vazar os maus. Um filtro. O início e o final se encontram. Então não avançamos para a frente, mas para o final que é o recomeço. E isso continuamente, a cada dia.
A morte não é o contrário da vida, mas o contrário do nascimento, o fim do ciclo reiniciado com o nascimento.
A atitude de anular as influências de cronos e a opção por cairós, nos afastando do tempo linear e dicotômico e abraçando as maravilhas do presente é um passo importante para viver segundo um código muito específico que os Lakota traduzem por Hoka Hey, ou seja, “aprendendo a morrer”.
Cientes de que a morte está presente, não desperdiçamos tempo com bobagens, com vaidades, com cobiça e com uma falta que de fato não está em nós, mas nos apegos da realidade colonial.
A vida no presente também restitui um princípio de que tudo que vive é nosso próximo e de que não podemos negligenciar sua existência em nome de nosso ego.
Ikitomi explica que em cada etapa da vida existem muitas forças agindo em diferentes direções. Umas são positivas e outras são negativas. São contingências que precisamos voltar nossa atenção para reconhecer, já que nem sempre o bom parece bom, nem o mau é visto como algo mau.
Os juízos morais coloniais são inválidos para esses sentimentos que podem nos conduzir à vida boa. Apenas internamente, com o sentimento, podemos intuir tais diferenças.
O poeta Horácio anunciava Carpe Diem, quam minimum crédula postero, ou seja, aproveita o dia e confia o mínimo possível no amanhã.
Já o poeta do vinho islâmico do século XI, Omar Kayyam, advertia que “o Acorão, o livro supremo, pode ser lido às vezes, mas ninguém se deleita sempre em suas páginas. No copo de vinho está gravado um texto de adorável sabedoria que a boca lê a cada vez com mais delícia”.
O tempo presente representado pelo vinho é seu momento único e irrepetível. Por isso sua máxima “nunca, por um momento sequer, deixe sua taça sem uso! O vinho mantém entretidos o coração, a fé e a intuição”.
A concepção da morte presente faz com que a vida seja plenamente vivida, sem os entulhos materiais que lentamente tecem um sarcófago de ilusões para o futuro.
Agora, um vinho, um bom charuto, um amor trazem o infinito num instante.

*Eduardo Bonzatto é professor da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) escritor e compositor

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A PRIMEIRA GRAPHIC NOVEL

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Eduardo Bonzatto*, Pragmatismo Político

Há muita controvérsia sobre o termo Graphic novel e sobre quem fez a primeira.
Conta a lenda que quando Will Eisner entregou a seu editor as provas de Um Contrato Com Deus, sugeriu que era uma Graphic novel, um romance gráfico. E a partir daí o termo se popularizou.

Mas na introdução à primeira edição da obra, Eisner reconhece que a inspiração veio de Lynd Ward (1905-1985).
Filho de um pastor metodista e líder esquerdista, estudou xilogravura na Alemanha com Hans Alexander Mueller, e criou, já em 1929, seu primeiro romance gráfico, God’s Man, composto por 139 xilogravuras sem uma única palavra e que conta a história de um artista que vende sua alma para obter reconhecimento.

A partir daí publicou mais cinco romances gráficos, todos no mesmo formato, Madman’s Drum (1930), Wild Pilgrimage (1932), Prelude to a Million Years (1936) e Vertigo (1937). Ilustrou uma centena de livros e se aposentou em 1974.
Tendo como influência direta o belga Frans Masereel (1889-1972), cujas obras The Sun, the Idea & Story Without Words: Three Graphic Novels ricas em simbolismo, essas histórias em quadrinhos apresentam mais de 200 belas ilustrações em xilogravura. As narrativas apaixonadas e dinâmicas incluem The Sun, uma exploração sombria da luta de um homem com o destino; A Ideia, uma representação do triunfo de um conceito artístico sobre as tentativas de sua supressão; e Story Without Words, um conto de romance frustrado.
Frans Masereel, ilustrou as obras de Tolstoi, Zola e Oscar Wilde, mas causou maior impacto com seus romances sem palavras. Estas três histórias, datadas do início da década de 1920, refletem o renascimento expressionista alemão da arte da xilogravura. Precursores das histórias em quadrinhos de hoje, eles também representam uma tradição secular de livros ilustrados para públicos não escolarizados. Masereel combina alegoria e sátira em suas explorações do amor, da alienação e da criação artística. Thomas Mann elogiou estas impressionantes imagens expressionistas como tão atraentes, tão profundamente sentidas, tão ricas em ideias, que nunca nos cansamos de olhar para elas.
Artistas contemporâneos como Stanley Donwood, Clifford Harper, Eric Drooker, Otto Nuckel conservam a tradição de narrativas gráficas sem palavra feitas com a técnica monocramática de corte de linóleo ou com xilogravura, cujo herdeiro mais famoso entre nós, é Thomas Ott.

O romance em xilogravura sem palavras surge como uma força de recusa que mantinha os romances como estratégias a que os não alfabetizados tivessem acesso. A cultura oral se expressava bem por suas pranchas em xilogravura.
O caso de Masereel é exemplar dessa vertente cultural. Pacifista durante a Primeira Guerra Mundial, simpatizava com as lutas das classes trabalhadoras e esforçou-se para tornar a sua arte acessível às pessoas comuns. Suas xilogravuras evocativas transmitem cenas de trabalho e lazer, riqueza e privação, alegria e solidão. Banidas pelos nazistas, as obras de Masereel foram defendidas nos países comunistas; no entanto, o artista evitou filiações políticas. A sua clareza de visão transcende qualquer uso propagandista das imagens, que permanecem como acusações intemporais de opressão e injustiça.

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Não há formação necessária para o acesso à imagem. Lembrando aqui a chamada Bíblia dos Pobres, ou Bíblia pauperum, bíblias ilustradas que ficavam em púlpitos nas igrejas.
Eram manuscritos iluminados coloridos pintados à mão em pergaminho e que já no século XV passaram a ser impressos em xilogravuras.
A prensa mecânica de Gutemberg inaugurou um novo império na terra, o império cognitivo baseado no domínio da escrita. No bojo da colonização, essa foi a arma principal, erradicando inúmeras formas transmissivas para uma centralização exclusiva da escrita.
Recentemente no Brasil, a polêmica instaurada por Mauricio de Souza se candidatar a uma cadeira na Academia Brasileira de Letras, considerando que sua criação, A Turma da Mônica, auxiliou muita gente a aprender a ler e a escrever pode revelar o grau de importância na batalha das linguagens.
A hierarquia em que se colocou a escrita, seu ar de superioridade é muito mais um desejo que uma realização na modernidade.
No Brasil atual, passados duzentos anos de alfabetização, apenas 30% de todas as pessoas, incluindo as que passaram por escolas ou não, são alfabetizadas e dominam em algum grau a habilidade de leitura e escrita. Ou seja, o analfabetismo funcional ou total é o modo social prevalecente em nossa história educacional.
Mas a imagem é de outra natureza. É aberta e livre dos constrangimentos da aprendizagem. Daí que precisamos rever o conceito de Graphic novel. Os romances gráficos sem palavra alguma é que merecem essa alcunha.
Pela imagem, o leitor escolhe os sentidos que lhe são próprios e confere à história seu peculiar sentido narrativo. Não há imposição alguma sobre ele, nenhuma ideologia que resista a seu olhar singular.
A Graphic novel sem palavras rompe as fronteiras linguísticas limitadoras do estado nação e integra o mundo inteiro pelas imagens, sugerindo que o leitor seja também um coautor da história, quando lhe confere sentido próprio.
Lemos romances gráficos de modos diferenciados de tempos em tempos. Pois a mesma sequência de imagens conta para o leitor uma história presentificada, que se altera com outro presente, o leitor e suas idiossincrasia.
É um romance sináptico, um sinapismo sinóptico, uma espécie peculiar de cataplasma que a cada nova aderência, cura ou perturba de outro jeito, um tótem iconográfico feito para viver em outros mundos, pois as mensagens que carrega são metamórficas e translúcidas, sendo transpassadas por vários tempos e lugares.
Se a modernidade provocou uma ruptura no caos da vida inserindo um universo colonial sedimentado pelo império cognitivo, a imagem, expurgada da palavra desse império, percorreu a história da vida sem distúrbios, sem concorrência, sem que alguém pudesse de alguma forma encarcera-la no armário constrangedor da racionalidade.

*Eduardo Bonzatto é professor da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) escritor e compositor

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VIDA ANCILAR

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Eduardo Bonzatto*, Pragmatismo Político

Uma vez que a ruptura moderna nos separou, nos afastou daqueles que davam sentido às nossas vidas e que, como nos lembra Milton Santos, que “a força da alienação vem dessa fragilidade dos indivíduos que apenas conseguem enxergar o que os separa e não o que os une”, carecemos de reverter essa danação. Porque não podemos existir sem o nosso próximo.
A questão é como reverter esse isolamento, num tempo em que os seres aguardam a volta de uma justiça insular num mar de egoísmo. Cada um esperando que o mundo mude para só então mudar junto.
Um século de revoluções só aumentou a imaginação de que ainda não chegamos numa revolução funcional. Deveria ser diferente, de reconhecer que não haverá revolução que dê jeito.
A palavra revolução foi tirada do movimento dos astros, quando tudo caminha para voltar ao começo, muito diferente da ideia das pregações revolucionárias, que pressupõem um mundo em busca de justiça e igualdade.
O social se tornou um terreno de vanidades. Nada parece adiantar para alterar as rotas que o social te arremessa.
O social que se ancora numa ideia de realidade é apenas ficção, pois temos que lhe conferir sentido e coerência. A realidade, por outro lado, é caos e indeterminação. Se, de um lado, esperamos justiça numa ficção, por outro, precisamos de visão sinóptica para viver na outra. E essa visão precisa ser construída com nossos recursos, seja para reafirmar o mundo do egoísmo e da separação, seja para revolucionar nossa medida nele e instaurar um mundo de justiça e respeito a que devotaremos nossa energia.
Se o mundo da separação se ancora na competição e no egoísmo, o mundo do abraço há de sustentar no servir. E o que é o servir. A atitude daquele que subsidia, que auxilia, que suplementa e assessora o próximo, sem pedir retribuição, sem esperar reconhecimento. É um estar no mundo com o próximo, em que não se imagina estar separado.
Tomemos esse servir como uma forma peculiar de viver a vida.
Vivemos muitas vidas num só dia. Temos a vida com os amigos, com a família, com o mundo laboral, assim como vivemos na distância, com nossas criações artísticas, com as conexões espirituais, num único dia somos muitos.
Cada uma dessas conexões deve se fundamentar no servir. Como é possível servir aos amigos?
Estar disponível incondicionalmente. Aqui é importante que se diga que estar disponível é necessariamente não procurar com ofertas e dádivas. A disponibilidade para o servir é energética e sensível e nunca é submissa ou bem-intencionada.
Aquele que serve vive num lugar de autonomia e independência e nunca de arrogância ou superioridade. Não precisa ser reconhecido, pois a energia deve cumprir sua expansão. Esse servidor nunca é altivo. Nem humilde. Apenas está onde precisa estar a todo momento. Íntegro e feliz. E não se precisa ser agradável para isso. O ser agradável é carente e ostensivo e sempre fará com que a energia se dissipe sem atingir aqueles que necessitam dele.
Se a energia for integral, apenas a proximidade será suficiente para promover o bem-estar com o outro. E todos os convites serão energéticos e conectivos

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A família é um conglomerado de deficiências espirituais e quase sempre encontram pontos de ruptura e divergências. Tais estados conflitivos servem também para que possamos compreender a nós mesmos, pois estamos inseridos em movimentos misteriosos cuja compreensão demanda tempo.
É um tempo de amadurecimento, mas se o servir estiver ativo, todas as contingências serão dissipadas com facilidade.
Aqui representa bem a máxima do mestre quando indagado pelo discípulo sobre como fazer boas escolhas. O mestre responde, fazendo más escolhas. Pois é exatamente esse movimento que há de revelar ao caminhante seu estado de serviço.
A família é uma unidade de compreensão e de aprendizado de nossa própria forma em relação ao outro, pois é na família que nossa agressividade, altivez e soberania se expressa de modo mais cruel. Então vamos aprendendo sobre esse nosso egoísmo e se entendemos que o egoísmo, a inveja, o abuso estão em nós com a desculpa de estar no outro, então podemos afinar nosso modo distanciando da competição em direção ao servir.
E será no núcleo familiar que nossa forma há de se metabolizar para um modo de humanização que falta ao social. Ou então vamos degenerando nossa humanidade para uma zona de objetificação gradual até que em algum momento possamos rever a história coletiva de nossa vida familiar para a reversão de nossa própria forma.
Muitas serão as oportunidades para a degeneração ou para a humanização e será apenas por nossa percepção que seguiremos um caminho ou outro.
Todavia, será no mundo laboral que essa experiência do servir encontrará sua plenitude. Pois o mundo do trabalho exige dois tipos de servidão. Servir ao poder ou servir ao humano. E será fácil perceber a qual desses senhores tu estará servindo.
Quando servimos ao poder, a energia decai e em diversos momentos sofremos pela agressão alheia ou pela nossa própria agressão ao próximo. Não há dúvida, pois o sentimento é claro e determina nosso apego.
Quando servimos ao humano, tudo flui sem obstáculos, pois todas as evidências do apego, como o preconceito, o julgamento, a possessividade, o ego vai sendo anulado e substituído pela irreverência em relação às agressões do ambiente.
Aquele que serve ao humano não ostenta sofrimento, pois o humano, em sua energia, é recíproco, mesmo sem saber das trocas energéticas envolvidas. Sente o bem-estar e como dizia o filósofo das ruas, gentileza atrai gentileza.
A reciprocidade emerge ao topo da vida social com uma clareza desconcertante. Mas é preciso que o agente do servir o faça sem esperança dessa mesma reciprocidade. A energia expansiva do servir mobiliza instâncias ulteriores com laboriosa paciência.
A prática do servir atua para além das percepções interiores. O servidor, sem se dar conta, ameniza as narrativas do pensamento para que o sentimento surja como uma forma de ver o mundo. E essa forma sentimento traz consigo uma necessidade criativa que permeia tudo.
A criatividade é uma imersão num ambiente de prosperidade imaginativa que transmuta evidências em artesania. Não há como o servir não ser criativo, pois todo o entorno é novo e a inovação da percepção resulta na inovação criativa.
E essa criatividade há de expandir para além dos nossos próximos, encontrando outros na distância do tempo e do espaço. Em contato com essa artesania, outros também sentirão os benefícios do servir e poderão repercutir as mesmas inovações, pois o sentimento gerado pelo servir ao humano é inato nos seres. Está em nós como uma impressão digital comunicativa e comunal.
Todo o servir já está nas zonas espirituais de nossa existência e circula energizando as egrégoras a que pertencemos. Essa egrégoras, essas forças ancestrais a que pertencemos, reconhecendo no servir sua função primordial, ampliam ainda mais seu tamanho e sua influência sobre nossas vidas para que alcancemos cada vez mais uma vida virtuosa para ser compartilhadas.
E o que é necessário para optar pelo servir?
Apenas servir e nada mais.

*Eduardo Bonzatto é professor da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) escritor e compositor

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O que Geisel pensaria dos negócios dos militares de Bolsonaro?

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que Geisel pensaria negócios militares Bolsonaro
Geisel passa a faixa a Figueiredo, em 1979

Moisés Mendes*, em seu Blog

Uma pergunta para divagações e que pode valer apenas como ponto de interrogação: que funções teriam na ditadura alguns dos militares de alta patente que tutelaram Jair Bolsonaro e são investigados em várias frentes por suspeitas de crimes tenebrosos envolvendo dinheiro?

O que eles fariam num governo Geisel, por exemplo, quando o dilema era saber como acabar com a ditadura sem entregar as cabeças dos generais?

Sabe-se que Geisel foi o mais imperial dos ditadores brasileiros, quando não havia quase mais nada de império militar a defender como projeto de poder.

Elio Gaspari resume assim, em ‘A ditadura derrotada’, um dos seus livros sobre o período, a situação do penúltimo general:

“Quanto assumiu, havia uma ditadura sem ditador. No fim de seu governo, havia um ditador sem ditadura”.

Era o fim do que se iniciara em 1964 e iria se esvair nas mãos de Figueiredo. Geisel, talvez o mais habilitado a ser ditador, chegara meio atrasado.

Entregou uma ditadura morta ao sucessor, quando nem mesmo um time militar coeso existia mais. Mas havia como provar que ele conduzira até ali um projeto de governo e o que teria sido um plano de longo prazo para o país.

Tudo o que se disser para desqualificar a ditadura, da opressão, das torturas, dos assassinatos e da corrupção encoberta, terá sentido para que se compreenda aquele período na sua essência.

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Mas é preciso reconhecer que, até a chegada de Geisel, eles tinham um plano construído com uma elite civil de exceção, dentro e fora do governo. A ditadura deu, a seu modo, o sentido de projeto de nação ao que fazia.

Os ditadores criaram em torno de si e transmitiram aos brasileiros a ideia de que sabiam gerir o país, além de combater o comunismo, perseguir, cassar, prender e assassinar.

Já com Bolsonaro, os militares sonharam com um projeto de governo autoritário e de longo prazo, que se consolidaria no segundo mandato. Mas tinham um problema: o líder era um tenente sem condições de ser ditador.

Os militares sem brilho de Bolsonaro tinham um projeto precário de sequestro do Estado como negócio para Bolsonaro, a família e seus oficiais.

Ninguém encontrará em nenhuma gaveta ou arquivo de computador um projeto – não de Bolsonaro, porque seria impossível, mas dos militares que o tutelavam – para o Brasil do século 21.

O que se descobre, ao final dos quatro anos de bolsonarismo, é que os militares conduziam um plano de militarização dos negócios do Estado em benefício dos grupos e das facções que se acumpliciavam com o tenente.

Agora, ficamos sabendo que o general da reserva Luiz Roberto Peret, de quem poucos ouviram falar, fazia consultorias. Como consultor, foi contratado pela empresa israelense Verint Systems, que vendeu ao Brasil o software First Mile, usado depois pela Abin para espionar inimigos de Bolsonaro.

Quando ele intermediou a negociação, durante o governo Temer, em 2018, o comandante do Exército era o general Eduardo Villas Bôas. O general autorizou a compra do software espião de US$ 10,8 milhões sem licitação.

Peret é da mesma turma de formação de Villas Bôas no Exército. É amigo do ex-comandante. É um dos conselheiros fundadores do Instituto General Villas Bôas. Os repórteres Thaísa Oliveira, Fabio Serapião e Cézar Feitoza contam em detalhes, na Folha, os vínculos entre os dois.

Generais envolviam amigos generais na compra de equipamentos de espionagem. Generais e coronéis, citados como criminosos no relatório da CPI da Covid, participaram ou foram omissos diante de negociatas com vacinas durante a pandemia.

Braga Netto, o general da intervenção militar no Rio em 2018 e candidato a vice de Bolsonaro em 2022, foi investigado, com pedidos de indiciamento, nas CPIs da Covid e do Golpe. E também é investigado por compras superfaturadas durante seu ‘governo’ para combater criminosos cariocas.

A lista é grande. Um almirante trouxe muambas das arábias. Um general tentou vender parte da muamba. Um coronel a caminho do generalato era ajudante de Bolsonaro submetido às ordens de Michelle e de golpistas.

A fraude, a burla, a corrupção, tudo se multiplicou no governo Bolsonaro entre militares. O Estadão, amigo dos militares, deu em manchete no final do ano passado:

“Estelionato vira crime da moda no meio militar e se torna principal tema de ações no Superior Tribunal Militar”.

Como se estivessem sendo autorizados pelos desmandos de superiores, militares de escalões inferiores furtavam armas do Exército. Mais de 6 mil oficiais em cargos de chefia ocuparam todas as áreas do governo, muitos sem habilitação para estar onde estavam.

Nenhum deles saberá dizer qual era o projeto de seus chefes para o país. Poderão dar respostas genéricas sobre a defesa da pátria, da família e das ordens de Deus, mas nada mais além disso.

Os militares de Bolsonaro, que se envolviam com a compra de vacinas, enquanto o tenente sabotava a vacinação, que compravam programas espiões sem licitação, que intermediavam a receptação e a venda de muambas, esses militares desmoralizaram até a possibilidade de golpe.

Mas todos estão impunes como negociantes, como criminosos comuns e como golpistas. Como aconteceu com Geisel, com todos os ditadores e com seus oficiais.

*Moisés Mendes é jornalista em Porto Alegre. É autor do livro de crônicas Todos querem ser Mujica (Editora Diadorim).

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Entregador chicoteado por bolsonarista vai para a Sapucaí como João Cândido, herói da Revolta da Chibata

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entregador chicoteado

O entregador Max Ângelo dos Santos, que foi chicoteado por uma mulher branca em São Conrado, na zona sul do Rio de Janeiro, em abril de 2023, será o heroi da Revolta da Chibata no carnaval carioca. Ele aceitou o convite da escola de samba Paraíso do Tuiuti e vai desfilar como o almirante negro João Cândido, que em 1910 se rebelou contra os maus-tratos aos marinheiros.

O enredo do desfile da Tuiuti marcará a conexão histórica entre esses acontecimentos, que têm em comum o chicote, a chibata e a coleira de cachorro. Ou seja, em diferentes épocas, esses acessórios foram usados para violentar corpos negros, da escravidão entre os séculos 16 e 19, até, infelizmente, os dias de hoje.

Max participou pela primeira vez do ensaio técnico da escola ontem, e afirmou estar ansioso para o dia do desfile na Sapucaí, na segunda-feira de carnaval, dia 12 de fevereiro. “Esse convite foi uma surpresa imensa. Eu nunca desfilei antes por escola nenhuma. Fui conhecer o barracão do Tuiuti e lá eles me contaram a história do João Cândido. E eu fiquei super feliz de saber que ia representar um herói nacional, que ainda não tem muito reconhecimento”, disse à Agência Brasil.

A história de um herói

Morador da Rocinha, comunidade na zona sul do Rio, ele também destacou que o que aconteceu “mais de um século depois da revolta liderada pelo João Cândido não pode acontecer nunca mais”. “Só quem passa por esse tipo de violência sabe como é. Tem a dor física, mas a dor mental é muito pior. Acho que tem tudo a ver a história do João Cândido com outras histórias atuais e a minha. E o enredo fala muito disso”, completou.

O nome oficial do samba-enredo do Tuiuti é Glória ao Almirante Negro! e está sendo desenvolvido pelo carnavalesco Jack Vasconcelos. Em destaque, a vida de João Cândido, marinheiro brasileiro que lutou em 1910 contra os açoites, maus-tratos e a má alimentação que ele e os companheiros, a maioria negra, recebiam na corporação. Para eles, era uma prova de que a abolição em 1888 não havia sido completa, como fica claro em uma das cartas endereçadas pelos revoltosos ao presidente da República.

“Nós, marinheiros, cidadãos brasileiros e republicanos, não podendo mais suportar a escravidão na Marinha Brasileira, a falta de proteção que a Pátria nos dá e até então não nos chegou; rompemos o negro véu, que nos cobria aos olhos do patriótico e enganado povo”. Um dos trechos do samba do Tuiuti reforça a ideia de liberdade incompleta para a população negra: “Lerê lerê, mais um preto lutando pelo irmão. Lerê lerê e dizer nunca mais escravidão”.

A luta por justiça

Questões que se estendem ao século 21, nas palavras de Max Ângelo: “Imagina tomar uma chicotada como se tivesse voltado lá atrás na época dos ancestrais, quando você era açoitado apenas por olhar para o senhor da fazenda. E, um ano depois, eu ainda sinto aquilo e não desejo para ninguém. É a pior coisa do mundo. É mais fácil levar um soco no rosto do que ser açoitado como se você fosse um escravo”.

Quando a Revolta da Chibata chegou ao fim em 1910, muitos dos amotinados foram dispensados da Marinha, outros presos em protestos posteriores e até enviados para campos de trabalho em plantações. Coletivamente, eles conseguiram dar uma demonstração de força, união e legar aos futuros marinheiros um ambiente livre da prática de castigos corporais.

Max Ângelo, depois das agressões sofridas em 2023, recebeu ajuda financeira por meio de uma arrecadação coletiva, teve apoio de artistas famosos e conseguiu um novo emprego como auxiliar administrativo em uma empresa de publicidade. Hoje, aos 38 anos, enquanto luta para conseguir uma vida melhor, também entende que se tornou uma voz importante contra o racismo e os diferentes tipos de violência que atingem a população negra no Brasil.

“Eu, dentro da avenida, quero dar voz, quero que as pessoas saibam que elas não estão sozinhas. Quero incentivar as que passam por situações parecidas com as que aconteceram comigo e dizer que a gente não tem que baixar a cabeça”, afirma Max. “O Brasil nunca vai ter um futuro melhor se continuar com essas situações de agressão e racismo. É muito triste as pessoas te humilharem por conta da sua pele ou por causa do lugar que você mora. Eu tenho muito orgulho de morar na favela e da minha pele preta”.

Relembre o caso

Max foi agredido pela ex-atleta de vôlei e professora Sandra Mathias Correia de Sá. O ataque racista teve início porque Sandra não gostou de ver entregadores na calçada exatamente no ponto onde em frente eles trabalhavam, no bairro rico da zona sul. O crime aconteceu no dia 9 de abril de 2023 e rapidamente as imagens da agressao repercutiram nacionalmente. O video dura cerca de um minuta e mostra Sandra puxando a camisa e dando socos no entregador. Ela ainda pega a guia da coleira do cachorro e dá uma chicotada nas costas dele.

A agressora também aparece mandando os entregadores voltarem para favela e os xingando de “lixo”. Ela foi indiciada por lesão corporal, injúria e perseguição. Sandra parou de dar aulas nas areias da praia do Leblon e teve que se mudar do condomínio em que vivia. Com a repercussão de seus atos criminosos, o Edifício Estrada da Gávea notificou o proprietário do imóvel sobre prejuízos à imagem do condomínio, e ele pediu o apartamento de volta à ex-atleta. Sandra saiu do local no dia 27 de maio.

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Técnicos do TJDFT ganham até R$ 883 mil em um único mês

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Técnicos TJDFT ganham até mil único mês
Imagem: TJDF

Isadora Teixeira, Grande Angular

O Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) pagou super-remunerações a técnicos e analistas judiciários nos últimos meses. Um técnico lotado no Núcleo de Suporte a Redes Convergentes teve rendimento bruto de R$ 883,6 mil em dezembro de 2022 – o maior valor registrado nas folhas de pagamento do TJDFT. Ele recebeu R$ 633,9 mil líquidos naquele mês.

O TJDFT disse que o valor refere-se ao período em que o servidor esteve afastado e, depois, foi reintegrado à Corte. Segundo o órgão, “todos os pagamentos foram feitos dentro da legalidade” (leia a resposta na íntegra abaixo).

Segundo o contracheque, a remuneração básica do técnico era de R$ 11,7 mil em dezembro de 2022. Ele recebeu mais R$ 2,1 mil de vantagens pessoais, R$ 1,2 mil em indenizações, R$ 854,6 mil em “vantagens eventuais” e R$ 13,8 mil em gratificações, somando um total de R$ 883,6 mil. Com os descontos da Previdência e do Imposto de Renda, o TJDFT pagou efetivamente R$ 633,9 mil para o servidor. Veja:

Técnicos TJDFT ganham mil único mês
Técnico do TJDFT recebeu R$ 633,9 mil líquidos em dezembro de 2022

De outubro a dezembro de 2022, as remunerações somadas do servidor, sem os descontos obrigatórios, foram de R$ 1 milhão. Em outubro, o TJDFT pagou R$ 95,5 mil líquidos (R$ 153,7 mil bruto) para o técnico e, em novembro, a remuneração líquida dele foi de R$ 10,5 mil (R$ 14,7 mil bruto). Os dados são oficiais e estão disponíveis no site do tribunal.

O técnico judiciário em questão havia sido demitido pelo TJDFT em agosto de 2018, por improbidade administrativa. A portaria que efetivou o desligamento cita os motivos da demissão: “Valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou de outrem, em detrimento da dignidade da função pública; utilizar pessoal ou recursos materiais da repartição em serviços ou atividades particulares; e proceder de forma desidiosa”.

Ele conseguiu reverter a medida administrativa com direito aos valores retroativos e foi reintegrado à Corte, em outubro de 2022. À coluna, o servidor disse que a “demissão foi frágil e intempestiva, uma vez o processo administrativo estava ainda no STJ e na sequência foi arquivado por terem sido todos os membros da equipe inocentados”.

“Jamais fui processado pelo Ministério Público. Antes desse fato, jamais havia recebido nem sequer uma reprimenda em minha folha funcional”, declarou.

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O vencimento (salário básico) de um técnico do TJDFT varia de R$ 3,3 mil a R$ 5 mil. Já a remuneração de um analista vai de R$ 5,5 mil a R$ 8,2 mil, dependendo do padrão. Os servidores podem receber penduricalhos, como gratificações por atividade externa e de segurança, que elevam o salário. Os valores das remunerações dos cargos efetivos do TJDFT estão disponíveis no site da Corte. Veja aqui.

R$ 695,2 mil e R$ 576,2 mil

Em dezembro de 2022, mês no qual o técnico recebeu R$ 633,9 mil líquidos, o TJDFT fez pagamentos acima de R$ 100 mil para pelo menos outros 16 técnicos e analistas.

O segundo maior pagamento do mês, de R$ 478,5 mil líquidos (R$ 695,2 mil bruto), foi para uma técnica aposentada. Um analista lotado no Núcleo Médico teve remuneração líquida de R$ 467 mil (R$ 576,2 mil) no período.

A situação se repetiu em outros meses. Em julho de 2023, por exemplo, pelo menos 12 analistas e técnicos tiveram remuneração acima de R$ 100 mil. O maior valor pago no mês foi de R$ 207,1 mil líquidos (R$ 217 mil bruto), para uma analista lotada em gabinete de um desembargador.

Um técnico que trabalha no gabinete de um juiz recebeu a segunda maior remuneração entre servidores do período, de R$ 171,1 mil líquidos (R$ 179,8 mil – montante bruto).

Em dezembro de 2023, foram registradas remunerações acima de R$ 100 mil para pelo menos 36 técnicos e analistas judiciários. Um analista lotado no Tribunal de Justiça do Amapá, mas que consta na folha de pagamento do TJDFT, ganhou R$ 243,2 mil líquidos (R$ 285,1 mil). No mesmo mês, um analista aposentado recebeu R$ 228,3 mil líquidos (R$ 317,6 mil).

O que diz o TJDFT

Sobre o caso do técnico que havia sido demitido e, após reintegrado à Corte, teve rendimento de R$ 1 milhão bruto, o TJDFT disse à coluna que, “para assegurar o fiel cumprimento da decisão final, o Tribunal efetuou os cálculos referentes aos valores que deixou de receber no período em que esteve desligado (31/08/2018 a 13/10/2022), sendo o pagamento devidamente creditado em folha de pagamento”.

“Em 10/2022, o servidor recebeu, além do próprio pagamento de outubro, as verbas devidas pelo período de janeiro a setembro/2022. Já em 12/2022, recebeu as verbas referentes aos exercícios anteriores”, explicou a Corte. O TJDFT não deu detalhes sobre os motivos da demissão e da decisão de readmissão do servidor porque disse que se trata de um processo sigiloso.

Questionado sobre o que elevou as remunerações dos servidores além de eventuais 13º e férias, o TJDFT afirmou que “houve o pagamento de passivos (débitos) de vários anos, que já teriam sido reconhecidos por decisão e aguardavam disponibilidade orçamentária para quitação, sendo decorrentes de decisões finais, que geraram o pagamento de débitos da administração com servidores, magistrados e pensionistas (viúvas de ex-servidores)”.

“Foram realizados, no período, conforme disposição legal, acertos financeiros relacionados à concessão da aposentadoria de magistrados e servidores, todos apurados após o devido trâmite processual e legalmente devidos no momento em que ocorrem os atos de desligamento”, enfatizou a Corte.

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Explorando as Emoções do Aviator – Um Guia Abrangente

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Explorando Emoções Aviator Guia Abrangente

Visão Geral do Aviator: Análise Detalhada e Opções de Demonstração

O Aviator é um jogo inovador que chama a atenção com sua jogabilidade simples, porém fascinante. Diferente de jogos de casino, ele segue uma curva crescente que pode cair a qualquer momento, desafiando os jogadores a resgatar antes que isso aconteça.

Esse elemento adiciona suspense e estratégia, tornando cada rodada imprevisível. O design elegante do jogo se concentra na própria curva, garantindo que até os iniciantes tenham uma boa experiência de usuário.

Um recurso notável é o aspecto https://aviatorjogoaposta.com.br/, onde os jogadores podem observar as apostas e resgates de outros, criando uma sensação de emoção compartilhada.

Percebi que isso aumenta o suspense, pois parece uma experiência conjunta, ao invés de solitária.

Outro grande aspecto do Aviator é que ele oferece versões demo para aqueles que querem experimentar sem compromisso. Essa acessibilidade permite que os jogadores compreendam as mecânicas e desenvolvam estratégias sem correr riscos.

No geral, a combinação de simplicidade, elementos sociais e adrenalina do Aviator é impressionante. Com sua disponibilidade em modos demo, ele agrada tanto jogadores iniciantes quanto experientes.

Escolhas Principais: Onde Jogar Aviator com Dinheiro Real

1. Cassino Alpha. Conhecido por sua confiabilidade e interface amigável ao usuário. Oferece uma ampla variedade de jogos, incluindo Aviator, complementado por generosos esquemas de bônus. Ideal para jogadores que buscam uma experiência de jogo confiável e diversificada.

2. BitCasino. Se você é fã de criptomoedas, o BitCasino é uma boa escolha. Ele combina de forma fluida jogos tradicionais e modernos, proporcionando uma experiência inovadora. Apenas lembre-se de que transações com criptomoedas podem ser voláteis.

3. 1xBet Casino. Com sua variedade de jogos, o 1xBet Casino tem algo para todos. É conhecido por suas medidas de segurança, garantindo um ambiente seguro para jogar. No entanto, a extensa seleção de jogos pode ser avassaladora para novos jogadores.

4. Pin Up Casino. O Pin Up Casino se destaca com sua interface atraente e ofertas de bônus chamativos. Os jogadores adoram a experiência de usuário que ele proporciona. Tenha em mente que os requisitos de aposta para bônus podem ser ligeiramente mais altos em comparação com alguns cassinos.

Cada cassino oferece aos jogadores do Aviator uma experiência levando em conta confiabilidade, experiência de usuário e oportunidades de bônus.

Entendendo o Aviator: Mecânicas do Jogo Explicadas

O Aviator é um jogo que permite aos jogadores participar de uma empolgante experiência de apostas. Neste jogo, você faz suas apostas em uma curva crescente que pode cair inesperadamente. O objetivo é bastante simples: faça sua aposta, resgate antes que a curva caia. O tempo é crucial porque, quanto antes você resgatar, maior se torna o multiplicador da sua aposta.

No entanto, se você esperar muito, corre o risco de perder sua aposta. Trata-se de encontrar o equilíbrio entre ser cauteloso e perseguir recompensas maiores. Este jogo atrai tanto iniciantes quanto jogadores experientes, pois combina suspense com tomada de decisão.

Estética e Tema: A Jornada Visual do Aviator

O Aviator se destaca com um design cativante que foge da estética comumente vista em jogos de casino online. Sua interface é limpa e simples, apresentando um gráfico contra um plano de fundo relaxante que incorpora o tema de voo. A curva ascendente, lembrando a ascensão de uma aeronave, serve como o elemento que captura a essência do jogo: as alturas emocionantes e os riscos envolvidos.

Os gráficos neste jogo são suaves e fluidos, com o movimento da curva representando visualmente o aumento das apostas, acrescentando suspense. A simplicidade do design garante que os jogadores possam se concentrar totalmente no jogo, sem distrações.

Além disso, sutis motivos e elementos relacionados à aviação são incorporados à interface, reforçando seu tema. Esses pequenos detalhes temáticos podem ser mínimos, mas contribuem para criar uma atmosfera.

A brilhantismo deste design está em sua capacidade de transmitir emoção e risco por meio de uma abordagem simples. O Aviator vai além de ser um jogo; oferece uma experiência imersiva. Este design intencional melhora o engajamento do jogador ao combinar elementos visuais cativantes com a jogabilidade.

Recompensas Exclusivas: Explorando os Recursos de Bônus do Aviator

O Aviator apimenta sua jogabilidade com recursos de bônus envolventes, adicionando uma camada extra de emoção. Um bônus notável é a Aposta Grátis, ocasionalmente concedida aos jogadores, permitindo que eles façam uma aposta sem risco enquanto ainda oferece ganhos reais. Este recurso é particularmente atraente para novos jogadores, dando-lhes uma amostra da emoção sem o risco inicial.

Outro aspecto empolgante é a opção “Aposta Múltipla”, que permite aos jogadores fazer duas apostas simultaneamente durante uma única rodada. Essa estratégia pode aumentar os ganhos potenciais, pois uma aposta pode ser resgatada cedo por segurança, enquanto a outra é deixada para crescer, maximizando as oportunidades de lucro.

Transações Financeiras no Aviator: Depósitos e Saques

Administrar finanças no Aviator é simples. É importante compreender as complexidades de seus procedimentos de depósito e saque.

Tipo de Transação Métodos Velocidade Segurança Dicas/Truques
Depósito Cartões de Crédito/Débito, Transferências Bancárias, Carteiras Digitais, Criptomoedas Instantâneo para a maioria dos métodos Transações seguras e criptografadas Use carteiras digitais ou criptomoedas para rapidez; certifique-se de que a conta esteja abastecida para jogabilidade ininterrupta
Saque Cartões de Crédito/Débito, Transferências Bancárias, Carteiras Digitais, Criptomoedas Varia (instantâneo a alguns dias) Adesão a regulamentos financeiros; tratamento seguro de dados Verifique a conta com antecedência; escolha carteiras digitais ou criptomoedas para saques mais rápidos

Os depósitos geralmente são processados instantaneamente, permitindo que os jogadores pulem para o jogo sem qualquer atraso.

No entanto, quando se trata de sacar, os tempos de processamento podem variar de acordo com o método escolhido. Carteiras digitais e criptomoedas geralmente oferecem saques em alguns minutos, enquanto métodos bancários tradicionais podem levar alguns dias.

Para um gerenciamento financeiro eficiente, os jogadores devem considerar o uso de carteiras digitais ou criptomoedas para transações mais rápidas. Também é aconselhável verificar sua conta com antecedência para agilizar o processo de saque. Jogue sempre com responsabilidade, tendo em mente que a facilidade das transações deve ser equilibrada com hábitos de jogo conscientes.

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MOSTRAR O DEDO DO MEIO

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Eduardo Bonzatto*, Pragmatismo Político

Minha neta de três anos começou a mostrar o dedo do meio pra todo mundo.
É um gesto completamente inovador no dedo de uma criança, uma menininha dotada de completa irreverência.
Os pais aceitaram, mas foram condenados pela pequena sociedade a que a menina está inserida.
Eu sou o único que aciona o mesmo dedo para ela. Quando reprimem o gesto, ela diz, meu avo também mostra o dedo dele. Bom, aí a coisa complica. Ela não se importa, eu não me importo.
Mas percebo que as pessoas não sabem o significado desse gesto. Consideram que seja algo pornográfico ou sei lá o que. Mas mostrar o dedo vem de um tempo agora distante das tribos que viveram no território europeu antes mesmo que esse fosse o nome agora atribuído.
Venho das velhas tribos etruscas da Calábria e tenho o mesmo sangue bárbaro dos arqueiros que corre nas veias dela.

Leia aqui todos os textos de Eduardo Bonzatto

Nesse tempo ancestral, as lutas tribais ocorriam com armas elegantes, em que a proximidade era uma condição, com exceção do arco e flecha.
Eficiente para manter os inimigos ocasionais a distância, o manuseio dessa arma carecia precisamente do dedo do meio para a mão que estende a corda.
Não dá para garantir precisão sem esse dedo especificamente.
Claro que quando um arqueiro era aprisionado pelas hostes inimigas, como havia indignidade em matar os prisioneiros, o dedo era amputado para anular ações futuras de hostilidade.
O resultado é que quando havia os confrontos, todos que tinham o dedo mostravam aos seus contendores como um orgulho e uma forma de ameaça e perigo.
A questão é como um gesto de dignidade e altivez se transformou numa provocação sexual.
Não existe resposta para isso, mas posso inferir que o surgimento da modernidade e do indivíduo tenha contribuído com essa modificação, pois se nesse passado ancestral a guerra tribal mobilizava coletivamente os seres, que estavam sempre ligados pelo sexo, já que a prática sexual livre de moralidade é elemento agregador de uma vida plena, a modernidade colonial se fundamentou exatamente no contrário, moralizando o sexo, castrando a potência para melhor imprimir no indivíduo isolado as características brutais do apego, da inveja e do ódio.
O dedo da dignidade, por sua vez, recolheu sua história para ser convertido no dedo da ofensa sexual, como quem diz ao outro indivíduo: vá gozar, canalha!
Mas minha neta não sabe dessas coisas e há nela uma herança atávica que ainda vibra as velhas hostes tribais e quando ela aponta aquele dedinho de menina, está dizendo, eu sou irredutível.
E esse velho avô rebelde se alegra de que o sangue ancestral esteja vivo ainda num dedo de dignidade que resiste.
*Eduardo Bonzatto é professor da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) escritor e compositor

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LE TEMPLE

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Eduardo Bonzatto*, Pragmatismo Político

“Através deste asqueroso cemitério do universo, ouvi um estrondo abafado, vindo de camadas escuras e inconcebíveis localizadas muito além do tempo…
Onde dançam lenta e desajeitadamente os últimos deuses, gigantescos e sombrios”.
Em 2008, o designer argentino Hernan Rodriguez lança por Edições Emmanuel Proust-Atmosferas, Le Temple, contendo cinco contos do mestre do terror cósmico Howard Philips Lovecraft.
Sob muitos aspectos é uma obra única. E isso não é dizer pouco, já que muitos foram aqueles que adaptaram os contos lovecraftianos. Para citar apenas alguns, Estevan Maroto, Alberto Breccia, Gou Tanabe, François Baranger.
A opacidade dos cenários lovecraftianos é uma das características mais desafiadoras para qualquer um que tente enfrentar os contrafortes de ilustrar seus contos.
Manter uma atmosfera sombria sem que as linhas narrativas se percam em grandiosas elocubrações visuais só pode ser conquistada com uma invenção de luzes diáfanas que invadem a página e encubram os traços, coisa que o quadrinista argentino consegue sem aparente esforço, apenas delineando sobre as formas o grotesco e o assustador que escapam pelos olhares.
Uma luminosidade que se alterna de um conto a outro, ora azulada, ora esverdeada, ora pálida luz amarelada como se tudo ocorresse no subterrâneo de uma mina de sal, transfere todo o poder da sugestão que é a força dessa obra visual.
Difícil entender sua linhagem como quadrinista. Mas certamente o expressionismo alemão marca presença no modo teatral das feições e os cortes rápidos devem sua pertença aos woodcuts de Frans Masereel.
Hernan Rodriguez sabe muito bem recriar os universos através dos roteiros deixados pelos contos, sem desvalorizar em nenhum momento a obra de Lovecraft.
As dificuldades de encontrar a obra valem a pena, pois as imagens criadas por Hernan são como mapas que se ocultam sob a luminosa reverberação das mais incógnitas paisagens subterrâneas imaginadas pelo autor de Providence.

Leia aqui todos os textos de Eduardo Bonzatto

Sei como é difícil tecer comparações quando tratamos de quadrinistas que se debruçam sobre as mesmas obras, mas o caso de Hernan Rodriguez é bem singular.
Seu traço apurado é ao mesmo tempo grandioso e depurado de exageros, marcando a página com uma aura de mistério.
Sabemos que Lovecraft tinha expurgado de sua obra qualquer vestígio de erotismo, mas Hernan, diferentemente de Alan Moore quando ousa enfrentar os limites de Lovecraft, mantem sob a pele uma ambientação sempre potente, com ares saturados de volúpia, em que os personagens transitam densos, oprimidos pelo ar rarefeito de erotismo.
Será nos corpos que essa potência há de se revelar e curiosamente, a suposta homossexualidade nunca assumida do autor, vive nesses contos em latência, vibrando em cada músculo, em cada ruga, em cada olhar com uma sensualidade sempre contida.
Observe a capa e vai sentir a extensão que Hernan Rodriguez impõe a esse Lovecraft ainda pouco conhecido.

*Eduardo Bonzatto é professor da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) escritor e compositor

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Música-Corpo

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Eduardo Bonzatto*, Pragmatismo Político

Para minha doce Anie

Os elementos fundamentais da música são melodia, harmonia e ritmo.

Ouvir a música não significa separar esses elementos. Eles compõem um todo cuja experimentação é plena.

A recepção será exercida por qual elemento fraturado em nós? Será que recebemos a música com algum órgão especialmente dotado para identificar sua totalidade? Quando a ouvimos, tratamos de distinguir em nós mesmos os elementos de nossa própria separação?

Aqui estamos na fronteira entre o corpo e a mente, tantas vezes glorificado pelos modos do império cognitivo.

A música-fluxo é a condição de um corpo integrado, iletrado, irreverente em sua compostura elegante. Pois não ouvimos com a mente, ouvimos com todo o corpo e eis que por vezes ele começa a se mover, ritmadamente, consoante os acordes e a harmonia.

A sincronia corpo-música como elemento ancestral irradiado por extensões que não podemos imaginar é a composição de uma percepção que a mente não pode conter, não consegue analisar, não permite reduzir.

Como a música não se fragmenta, o corpo também não pode se fraturar em elementos distintivos. O corpo é tudo com o mundo.

Por mais que pretenda dissimular o audível, o corpo se integra em cada parte no azimute modal da audição plenamente.

Na música, o horizonte está na mesma conexão que o observador, em graus difusos e convergentes.

Somos a música e plasmamos a sonoridade como parte singular da vibração celular. E nesse mais íntimo dado de nossa existência, emergimos até que o corpo todo se integre na experiência corporal da audição.

Importante notar que não há necessariamente uma disposição para o gosto, assim como não há uma seletividade para o barulho, pois todo som terá em nós ressonância.

O meio de propagação do som no meio líquido de nossa composição da mesma forma harmoniza estados de espírito inesperados. Somos água, somos líquidos com o som, produzindo uma música muito diversa da que ocasionalmente escutamos

Leia aqui todos os textos de Eduardo Bonzatto

O que quero dizer é que não podemos garantir a identificação oitiva com o repertório que carregamos ao longo da vida. Apenas por uma redução operamos com o gosto.
O refinamento de Bach e a grosseria do funk estão no mesmo nível auditivo para o corpo. Não separamos no nível celular as emissões sonoras e em todas operamos de modo conectivo. Claro que podemos promover incômodos ou acomodações, mas isso está reservado a dispositivos de ausência apenas.
Se a pele é nossa grande boca, cada célula é um ouvido, uma distração sonora, um replicador tonal.
Nosso corpo é a sinfonia perfeita do cosmos emitindo, transmitindo, retransmitindo, percutindo filamentos sonoros de modo ininterrupto.
E não são apenas as mínimas ou semimínimas, mas os imensos glossários cujos constructos sonoros edificam catedrais.
O corpo compõe com todo entorno, dinâmica produtiva em cada linha sonora que emitimos, coração, sucos gástricos, dores de cabeça. Utilizando ocasionalmente o fade.
Fade, em engenharia acústica, é o aumento ou diminuição gradual do nível de um sinal de áudio. Uma canção gravada pode ser gradualmente reduzida ao silêncio durante sua conclusão ou ter seu volume gradualmente aumentado durante o início. Fade out ou fade in, segundo desejamos aumentar ou diminuir a frequência com que o corpo promove sua interação.
Frequentemente, o padecimento do corpo acontece quando as interações produzem ruídos e desconfortos. Quando o entorno promove esforço para aceitação, para o reconhecimento ou o julgamento em que o conglomerado sonoro rebate insistentemente os abraços, incomodado com sua indesejável condição no mundo.
Todo estresse que submetemos ao corpo pode ser fruto das insatisfações musicais vibrando sem ressonância. Mas igualmente, toda amorosidade que tecemos produz uma música desejante, vibracional e que transforma o corpo num receptáculo amoroso de reciprocidade harmônica.
O amor harmoniza os corpos produzindo sempre novas canções, em que cada célula se une para expansão criativa, distributiva, não abrasiva, tornando a vida numa dimensão multiespectral capaz de romper os limites mesquinhos de qualquer sistema em proveito de renovações espirituais.
Meu corpo toca a mesma música que o teu e assim, juntos, criamos harmonias que ainda não foram compostas para a realidade, gerando dimensões novas e intrigantes e quando nos amamos na presença e em dobras quânticas, ouvimos essas filigranas sonoras que vibram de prazer e desejo, ampliando sempre as harmonias integrais para uma vida boa.

*Eduardo Bonzatto é professor da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) escritor e compositor

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MÁRIO FERREIRA DOS SANTOS, VILÉM FLUSSER E OLAVO DE CARVALHO: O PESO DOS INTELECTUAIS FORA DA UNIVERSIDADE

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Eduardo Bonzatto*, Pragmatismo Político

A universidade brasileira foi se recolhendo às tarefas acanhadas dos títulos na segunda metade do século XX.
Se antes havia certo desregramento salutar, com sua institucionalização crescente a exclusão do que não cabia na norma a mediocrizou.
Essa redução do intelectual ao universitário expurgou algumas das melhores e mais criativas mentes da história intelectual nos últimos 70 anos.
Tratarei aqui de três desses pensadores que por razões diferentes foram considerados e desconsiderados nas zonas de normatizações acadêmicas.
Mário Dias Ferreira dos Santos (1907-1968) foi um filósofo, tradutor e escritor brasileiro. Traduziu obras de diversos autores e escreveu livros sobre diversos temas, publicados sob o nome Enciclopédia de Ciências Filosóficas e Sociais. Ele também desenvolveu seu próprio sistema, nomeado de Filosofia Concreta.
Vilém Flusser (1920-1991) foi um filósofo Checo-brasileiro. Autodidata, durante a Segunda Guerra, fugindo do nazismo, mudou-se para o Brasil, estabelecendo-se em São Paulo, onde atuou por cerca de 20 anos como professor de filosofia, jornalista, conferencista e escritor.
Olavo Luiz Pimentel de Carvalho (1947-2022) foi um ensaísta, polemista, influenciador digital e ideólogo brasileiro, que também atuou como jornalista, escritor e astrólogo. Era considerado um representante intelectual do pensamento conservador no Brasil.
Três pensadores livres dos arcabouços normativos da universidade, razoavelmente autodidatas e que construíram modelos teóricos fundamentais para o patrimônio intelectual, mas que foram ignorados depois dos anos 1990.
A motivação para esse ostracismo está ancorada justamente na peculiar condição da universidade nos tempos neoliberais.
Para entendermos essa situação, quero trazer minha própria trajetória acadêmica.
Estudei num tempo em que as regulamentações impostas pelos acordos internacionais sobre educação, que envolviam uma ampliação das vagas na criação de faculdades privadas e expansão pela interiorização das universidades públicas, exigiam que os professores fossem titulados em proporções adequadas, 30% de doutores, 40% de mestres e 30% de especialistas. Isso valia para as universidades públicas e privadas.
Então, uma série de vagas nos cursos de pós-graduação foram abertas, em estímulos a que os estudantes de graduação se empolgassem para esses níveis de estudo.
Que esteja claro que as exigências foram diminuídas, pois os processos nessa formação eram urgentes.
Existiam, nos tempos em que fiz meus estudos pós-graduados, duas possibilidades para a pesquisa. A primeira trazia as teorias marxistas. Esse modelo de pesquisa é bem simples, pois a teoria funciona como um armário com suas gavetas. Então, a realidade da pesquisa se adapta a esse armário teórico e o resultado é sempre adequado. Há pouca chance das pesquisas, que envolviam bolsas de estudo como estímulo, desse errado, já que a cada fracasso, aquela bolsa não mais voltaria a ser ofertada.
A outra maneira era as pesquisas que envolviam a hermenêutica. Aqui a situação do pesquisador era muito instável, pois a questão da interpretação tornava o caminho da pesquisa muito incerto. Daí que era um movimento tido como de elite, como se os orientadores dessa zona de pesquisa fossem de alto nível, portanto, de origem das castas superiores e antigas.
A quase totalidade das pesquisas em universidades públicas tinham como base teórica esse marxismo que, de fato, estava muito distante daquilo que Marx imaginara. Era uma bíblia facilmente aplicada a qualquer fenômeno.
A resultante foi uma realidade universitária pobre, limitada, mas arrogante, como se a chancela de marxista lhe garantisse um elevado reconhecimento acadêmico. E como as zonas de pesquisa acadêmica são reformuladas pelos estudantes que aceitam o domínio de professores, essa forma simplória se tornou hegemônica.
A rigor, a forma com que as pesquisas deveriam responder diz respeito a que cada pesquisa, no decorrer das análises, pudesse produzir sua peculiar teoria. Desse modo, a mentalidade reflexiva e aberta teria sido a marca da universidade. Mas a realidade foi muito diferente.
Basta para ser professor, pois a grande maioria dos pesquisadores nas áreas de história, filosofia, etc., se torna professor e seu grande sonho é ser professor de universidade pública.
É uma aplicação tímida dado o investimento que o Estado faz nessas formações, mas o resultado é sempre acanhado. Professores que se orgulham de seu posto conquistado, que se aplicam na zona de formação do doutorado, sem abertura para qualquer outra aplicação e cuja arrogância denota claramente sua precária formação intelectual.
Um profissional que desconhece o ambiente geracional que o formou e que encara com preconceito quem não detém os mesmos títulos que ele.
Mario Ferreira dos Santos foi um dos maiores pensadores brasileiros, publicando seus livros sob o nome de Enciclopédia de Ciências Filosóficas e Sociais, em que criou um sistema próprio chamado de Filosofia Concreta.
Foi um dos poucos estudiosos brasileiros a estudar o anarquismo cristão, participante ativo do Centro de Cultura Social, admirado e lido por Edgard Leuenroth e Jaime Cubero.
A partir de 1947 passou a dedicar-se unicamente à filosofia. Fiel à ideologia anarquista, lecionou durante esse tempo para alunos particulares e pequenos grupos informais:
“Nunca ocupei nenhum cargo em nenhuma escola, por princípio. Deliberei, desde os primeiros anos, tomar uma atitude que consiste em nunca disputar cargos que podem ser ocupados por outros. Sempre decidi criar o meu próprio cargo, a minha própria posição sem ter de ocupar o lugar que possa caber a outro. Eis por que não disputo, nunca disputei nem disputarei qualquer posição que possa ser ocupada por quem quer que seja”.

Certamente, essa decisão que é louvável, condenou seu desaparecimento para as gerações vindouras, que tiveram seu nome segregado por professores medíocres e limitados. Hoje seus livros voltaram a ser editados, mas seu nome ainda é um privilégio de alguns neófitos que, como ele, desdenham do ambiente acadêmico limitante e avaro.
Vilém Flusser é igualmente ignorado nas universidades, principalmente nos cursos em que ele mais poderia ter contribuído.

Leia aqui todos os textos de Eduardo Bonzatto

Seu trabalho inicial foi marcado pela discussão do pensamento de Heidegger e pela influência do existencialismo e da fenomenologia. A fenomenologia teria um papel importante na transição para a fase posterior de seu trabalho, na qual ele voltou sua atenção para a filosofia da comunicação e da produção artística. Ele contribuiu para a dicotomia da história: o período de adoração da imagem e o período de adoração do texto, cujos desvios resultaram na idolatria e na “textolatria”. Flusser é um dos filósofos brasileiros mais estudados internacionalmente.
Ao longo da década de 60, leciona Filosofia da Ciência, na Escola Politécnica da USP, e Filosofia da Comunicação, na Escola Superior de Cinema e na Escola de Arte Dramática (EAD), também em São Paulo. Além disso, colabora regularmente com com o Suplemento Literário do jornal O Estado de S. Paulo e participa ativamente da vida artística da cidade, colaborando com a Bienal de São Paulo. Publica seu primeiro livro – Língua e realidade em 1963. Ajuda a fundar a Faculdade de Comunicação e Marketing da Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP), e dedica grande parte de seu tempo ao aprimoramento do departamento, dando aulas concorridas que, de acordo com relatos, chegavam a lotar o Teatro FAAP. Em 1966, inicia sua colaboração com o jornal Frankfurter Allgemeine Zeitung.
Contudo, em 1970, quando a reforma universitária agregou todos os professores de filosofia da USP ao Departamento de Filosofia da FFLCH, Flusser, que era professor da Politécnica, não foi recontratado. A hipótese de que sua saída da Universidade tenha sido mais um episódio de repressão política relacionado ao regime militar, vigente na época, não parece provável. A maioria dos membros do Departamento era bastante crítica com relação ao regime, enquanto Flusser era considerado conservador entre seus pares. Aparentemente, a não renovação do seu contrato com a Universidade deveu-se à falta de comprovação de títulos acadêmicos
Das 35 mil páginas que escreveu ainda nem dez porcento foi publicada. Conserva arquivos no Brasil e na Alemanha abertos a pesquisadores não preconceituosos e ignorantes.
Autodidata por formação, Olavo de Carvalho é particularmente odiado pelos representantes do mundo acadêmico brasileiro. As informações em sites como o Wikipédia, que deveria informar, estão repletas de desqualificações. O ódio que transparece contra o pensador tem duas vertentes. A primeira, o uso que ele fez das redes sociais. Seu curso de filosofia aberto a qualquer um ofendia frontalmente as camarilhas acadêmicas. Mas de fato, tais cursos foram úteis para mais de 500 mil estudiosos e influenciaram mais a formação em filosofia do que todos os cursos universitários juntos, sempre tão elitistas e restritos.
O segundo fato reside justamente no uso que o discurso político de esquerda lhe impôs, como sendo um polemista que fomentava o discurso do ódio.
Como se levantou contra os discursos do politicamente correto, a militância sempre ignorante e desonesta não pode aceitar que pensamentos divergentes sejam impunemente divulgados.
O Brasil do empoderamento é sensível a questões que se mantém fora das normas a que todos devem seguir e o meio acadêmico, o mais intransigente para pensamentos diferentes dos seus, é o banco de juízes e carrascos que cancelam os heréticos.
Em sua História Essencial da Filosofia apresentou estudo sobre as contradições de autores como R. Descartes, Lutero, Hobbes, Maquiavel, Rousseau, Kant, Hegel, Darwin, Newton, Marx, Engels, Feud, Nietzsche, Comte, Gramsci, Horkheimer, Adorno, Habermas, Fromm, Wittgenstein, Derrida, Deleuze, Sartre, Chomsky, Dawkins, dentre outros. Mas como se utilizava da livre interpretação para essas jornadas, sem o aval oficial da universidade, era ridicularizado por sua baixa formação escolar. Ele mesmo reconheceu que abandonou a escola muito cedo e que nunca frequentou um banco universitário.
Uma vista d’olhos em trechos dos escritos de Olavo de Carvalho pode fazer cair por terra todo destrato que lhes devotam aqueles que nunca o leram e que se alimentam apenas dos fuxicos das redes.
“A abertura para a razão é educação. Educação vem de ex ducere, que significa levar para fora. Pela educação a alma se liberta da prisão subjetiva, do egocentrismo cognitivo próprio da infância, e se abre para a grandeza e a complexidade do real. A meta da educação é a conquista da maturidade. O homem maduro — o spoudaios de que fala Aristóteles — é aquele que tornou sua alma dócil à razão, fazendo da aceitação da realidade o seu estado de ânimo habitual e capacitando-se, por esse meio, a orientar sua comunidade para o bem. Este ponto é crucial: ninguém pode guiar a comunidade no caminho do bem antes de tornar-se maduro no sentido de Aristóteles. Líderes revolucionários e intelectuais ativistas são apenas homens imaturos que projetam sobre a comunidade seus desejos subjetivos, seus temores e suas ilusões pueris, produzindo o mal com o nome de bem”.
O ranço acadêmico brasileiro condenou cada um desses pensadores a uma forma de silêncio. Só não o fez com Olavo de Carvalho porque a rede é livre e espalha sua informação sem a censura que os centralizadores gostariam.
E parece que a cada tempo em que a ordem universitária é reduzida por pensadores sem estofo, por repetidores deselegantes, por reprodutores das velhas teorias incapazes de analisar uma fábrica de agulhas, as hostes de ignorantes diplomados, de doutores que ainda operam como analfabetos funcionais, se fortalecem entre si numa autorreferencia que pode convencer os neófitos de que abarcam a intelectualidade, mas que não resiste quando desempanamos as zonas ainda virgem dos verdadeiros pensadores sem redil.
Não custa lembrar de outro pensador que se levantou contra o obscurantismo da caverna universitária em seu tempo, Millôr Fernandes, quando dizia que “livre pensar é só pensar”.

*Eduardo Bonzatto é professor da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) escritor e compositor

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Pelo fim dos silêncios e das covardias individuais, coletivas e institucionais

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Pelo fim silêncios covardias individuais coletivas institucionais
Genocídio em Gaza

Moisés Mendes*, em seu Blog

Lula não tirou um, mas muitos neonazistas da toca ao gritar que os palestinos são assassinados pelos israelenses assim como os judeus foram massacrados pelos nazistas.

Lula quebrou, no domingo na Etiópia, com a radicalidade da acusação de genocídio e a analogia com o holocausto, o silêncio de muitas covardias institucionais, de governos e organismos mundiais e multilaterais.

Um dia antes, em Porto Alegre, um grupo de pessoas também quebrou o silêncio costumeiro em situações que configuram flagrantes públicos de atos racistas.

Foi uma boa surpresa. A maioria das testemunhas de arbítrios se cala ou se afasta, numa falsa neutralidade. Mas um grupo reagiu com bravura à abordagem de quatro policias da Brigada Militar.

Na calçada, os PMs imobilizavam e tentavam algemar um motoboy, vítima de ataque com faca, enquanto o agressor circulava livre. A vítima é o trabalhador negro Everton Henrique Goandete da Silva.

O agressor é um homem branco, de quem ninguém sabe o nome, tornado um anônimo protegido pelas notícias da imprensa gaúcha. Aconteceu no Rio Branco, um bairro de classe média e de ricos de Porto Alegre.

O morador reclamava de motoboys parados num lugar onde estacionam à espera de trabalho, perto do prédio onde reside. E aí se deu o conflito, quando o branco avançou com uma faca no pescoço do rapaz.

Seria mais um negro pobre agredido por um branco de classe média, como acontece todos os dias em toda parte, sem que as testemunhas tentem intervir. Pois no episódio do Rio Branco criou-se uma reação espontânea, forte, decidida, em defesa da vítima.

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Os policiais foram alertados de que ele era o agredido, de que não deveria ser algemado. E que o cerco ao motoboy, e não ao agressor – e esta foi a manifestação radical –, configurava racismo.

Vários gritaram que aquela era uma ação racista. Porque, logo na chegada à calçada, diante de vítima e agressor, os PMs fizeram uma escolha: o negro deveria ser o algemado.

O homem negro foi levado na jaula do carro da PM. O homem branco, que só depois seria também algemado, foi sentado no banco traseiro de outra viatura.

E assim estaria resolvido mais um conflito entre um negro pobre e um branco de bairro rico. Mas a cena foi filmada e teve repercussão nacional.

Lula deve ser informado do que aconteceu em Porto Alegre, porque foi a gritaria do entorno, dos que reagiram à ação da Brigada, que definiu e acentuou o que acontecia: uma ação que pode caracterizar racismo.

Lula quebrou o silêncio dos covardes e deve saber que em Porto Alegre, onde outros tantos casos semelhantes de racismo foram observados em silêncio, naquele sábado houve mais do que indignação com a agressão e a ação da polícia.

As testemunhas do cerco ao rapaz negro não temeram uma possível reação agressiva – que pode acontecer – dos que estavam sendo arbitrários com a vítima. Assim como na Etiópia Lula não temeu a reação das patrulhas do fascismo defensoras do genocídio em Gaza.

São dois exemplos de quebra de silêncios, num mundo acovardado diante da pressão política e econômica dos poderosos brancos.

Mas muitos ainda se acovardam diante do genocídio em Gaza. E muitos estão acovardados, desde antes de 2018, diante do cerco do fascismo no Brasil. Há muitos covardes silenciosos.

Lá na Etiópia, no lugar certo, ao lado dos seus irmãos africanos, Lula gritou em defesa dos palestinos: é genocídio. Em Porto Alegre, um grupo parou na calçada para gritar, em apoio ao negro atacado por um branco e algemado pela PM: é racismo.

*Moisés Mendes é jornalista em Porto Alegre. É autor do livro de crônicas Todos querem ser Mujica (Editora Diadorim).

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Flávio Dino propõe fim da aposentadoria compulsória para juízes e militares

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Flávio Dino propõe fim aposentadoria compulsória juízes militares
Imagem: Roque de Sá | Agência Senado

Pedro Peduzzi, ABr

Prestes a deixar o Senado Federal para assumir o posto de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Flávio Dino (PSB-MA) disse nesta terça-feira (20) ter conseguido número suficiente de assinaturas que possibilitará iniciar a tramitação de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para retirar direito à aposentadoria compulsória de juízes, promotores e militares que tenham cometido delitos graves. O texto apresentado prevê também a exclusão destes do serviço público.

O anúncio de que a PEC seria apresentada foi feito na segunda-feira (19) durante pronunciamento no Plenário do Senado. O anúncio de que foram obtidas assinaturas suficientes para a tramitação da matéria foi feito por meio das redes sociais.

Segundo o gabinete do senador, foram obtidas 29 assinaturas para a PEC nº 3/2024, número que recebeu após ter sido protocolada na mesa do Senado.

Punição

A aposentadoria compulsória é aplicada como forma de “punição” a juízes, militares e promotores. No post, Dino faz ironia com o termo, uma vez que, ao praticarem delitos e serem condenados, estes seriam afastados do cargo, mas continuariam recebendo suas remunerações.

“Pronto. Conseguimos as assinaturas de apoio necessárias e está em tramitação a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para acabar com a punição de aposentadoria compulsória ou de “pensão por morte presumida”, no caso de juízes, promotores e militares. Agradeço os apoios e torço para uma célere tramitação e aprovação”, twitou Dino.

Se aprovada, a PEC vedará a concessão de aposentadoria compulsória aos magistrados – como sanção por cometimento de infração disciplinar –, veda também o direito à pensão por morte ficta [simulada, falsa, suspeita, inverídica ou suposta] ou presumida.

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“Essa PEC é para que possamos corrigir uma quebra de isonomia injustificável. O texto vai deixar clara a proibição da aposentadoria compulsória. Se o servidor pratica uma falta leve, tem uma punição leve. Mas se comete uma falta grave, até um crime, tem que receber uma punição simétrica. No caso, a perda do cargo”, justificou Dino ao anunciar, em Plenário, a PEC.

O texto veda também a transferência dos militares para a inatividade como sanção pelo cometimento de infração disciplinar, assim como a concessão de qualquer benefício por morte ficta ou presumida. No caso de faltas graves, prevê, como penalidade, demissão, licenciamento ou exclusão, ou equivalente, conforme o respectivo regime jurídico.

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Penalty Shoot Out: Experimente a Emoção do Futebol em Disputas Eletrizantes

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Penalty Shoot Out: Um jogo para fãs de futebol

Penalty Shoot Out é um jogo online de futebol que permite aos jogadores experimentar a emoção de uma disputa de pênaltis. O jogo https://penalty-shootout.net/ é simples de aprender, mas difícil de dominar, e oferece uma variedade de opções para personalizar a experiência de jogo.

Regras e mecânica do jogo

O objetivo do jogo é marcar mais gols que o adversário na disputa de pênaltis. Cada jogador tem cinco chutes para marcar, e o jogador com mais gols no final vence.

A mecânica do jogo é bastante simples. O jogador controla o atacante e deve mirar e chutar a bola para o gol. A força e a direção do chute podem ser ajustadas usando o cursor do mouse ou o dedo na tela do celular.

Como jogar passo a passo

Para jogar Penalty Shoot Out, siga estas etapas:

1. Escolha um time para representar.
2. Escolha o canto do gol para chutar.
3. Ajuste a força e a direção do chute.
4. Clique no botão “Chutar”.

Recursos adicionais

Além dos recursos básicos descritos acima, Penalty Shoot Out também oferece uma variedade de recursos adicionais que podem tornar o jogo ainda mais divertido e desafiador. Esses recursos incluem:

⭢ Modos de jogo: O jogo oferece uma variedade de modos de jogo, incluindo um modo carreira, um modo de torneio e um modo online.
⭢ Personalização: Os jogadores podem personalizar seus times e jogadores, incluindo uniformes, chuteiras e habilidades.
⭢ Desafios: O jogo oferece uma variedade de desafios que os jogadores podem completar para ganhar recompensas.

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Bonificações no jogo

O jogo oferece uma variedade de bonificações que podem ajudar os jogadores a marcar mais gols. Essas bonificações incluem:

1. Potência: Aumenta a força do chute.
2. Precisão: Aumenta a precisão do chute.
3. Efeito: Dá efeito à bola, tornando-a mais difícil de defender.

Aplicativo móvel

O jogo também está disponível como aplicativo para dispositivos móveis. O aplicativo oferece a mesma experiência de jogo que a versão web, mas com a comodidade de poder jogar em qualquer lugar.

Estratégias para ganhar

Para aumentar suas chances de ganhar em Penalty Shoot Out, você pode seguir estas estratégias:

1. Escolha o momento certo para chutar. Se você chutar muito cedo, o goleiro terá tempo de se preparar. Se você chutar muito tarde, a bola poderá sair do alcance.
2. Use a força e a direção do chute à seu favor. Um chute forte irá voar mais longe, enquanto um chute preciso terá mais chances de acertar o alvo.
3. Use as bonificações com sabedoria. As bonificações de potência e precisão podem ajudá-lo a chutar com mais força e precisão.
4. Engane o goleiro. Você pode chutar para um canto e depois mudar de direção no último segundo, ou chutar com efeito para que a bola se curve no ar e passe pelo goleiro.
5. Seja paciente. Penalty Shoot Out é um jogo de paciência. Não desista se você perder alguns chutes. Continue tentando e você acabará marcando gols.
6. Conheça o seu adversário. Se você estiver jogando contra um adversário humano, tente aprender seus hábitos. Por exemplo, se ele sempre chuta para o mesmo canto, você pode tentar chutar para o outro canto.
7. Use a aleatoriedade a seu favor. As bonificações são aleatórias, então você pode ter sorte e obter uma bonificação que pode ajudá-lo a marcar um gol.
8. Não tenha medo de arriscar. Se você precisar chutar de longe, não tenha medo de chutar com força. Você pode até tentar chutar com efeito para que a bola se curve no ar e passe pelo goleiro.

Espero que isso ajude!

Vantagens de Penalty Shoot Out

Aqui estão algumas das vantagens de Penalty Shoot Out:

⭢ É um jogo divertido e desafiador.
⭢ É fácil de aprender, mas difícil de dominar.
⭢ Oferece uma variedade de opções para personalizar a experiência de jogo.
⭢ Está disponível gratuitamente para jogar na web e em dispositivos móveis.

Conclusão

Penalty Shoot Out é um jogo divertido e desafiador que é perfeito para fãs de futebol. O jogo é fácil de aprender, mas difícil de dominar, e oferece uma variedade de opções para personalizar a experiência de jogo.

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