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REALISMO E QUADRINHOS

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Eduardo Bonzatto*, Pragmatismo Político

As histórias em quadrinhos contemplam um reino de fantasia e distorções que são por si incompatíveis com o realismo. O que não quer dizer que artistas diversos não possam exercitar a arte do realismo em quadrinhos.
Mas o preço a ser pago pelas correções imagéticas realistas nessa forma especial de mídia da distorção é um desacerto que só pode ser compreendido plenamente com a perfeição que o artista busca de modo demiúrgico. É como uma divindade que a pena artística corrige a distorção entre mídia e arte. E ser um deus é admirável.
Existe outra forma em que o realismo se distorce e aproxima a expressão mimética da fábula. Gostaria de aproximar três obras em que os artistas de quadrinhos são transformados em personagens de quadrinhos.
A primeira delas é Em busca do Tintin perdido, de Ricardo Leite, uma fantasia autobiográfica elaborada com esmero e delicadeza de quem se afastou da mídia e retoma a velha jornada sem os traumas da derrota.
A outra obra é The strange death of Alex Raymond, de Dave Sim e Carson Grubaugh. Nesse caso a genialidade de Sim traça a grande trama de um universo túrbido envolvendo tempos e espaços para além das páginas bidimensionais dessa arte.
Finalmente, a mais ousada obra realista que conheço: Chamada geral, texto de Pedro Anísio e arte de Eugênio Colonnese, uma impressionante homenagem aos 25 anos da Ebal, a mais importante editora de quadrinhos brasileira de todos os tempos.
O que garante o enovelamento das três obras é o traço que anseia pela realidade e a presença em todas elas de artistas ocupando lugares de personagens.
EM BUSCA DO TINTIN PERDIDO é um livro tributo, em 10 capítulos, onde o autor presta homenagem aos criadores de quadrinhos que lhe deram asas e o ensinaram a sonhar. “Uma HQ sobre a paixão pela 9ª Arte”, como Ricardo Leite resume. A aventura tem como pano de fundo uma viagem a Bruxelas para visitar o Museu Hergé. Através dessa fantasia autobiográfica, ele convida o leitor a reviver a seu lado uma jornada mágica e inspiradora que despertou seu desejo adormecido de desenhar quadrinhos. Um resgate emocional!
Numa narrativa visceral, o artista passeia por suas memórias e revive encontros, imaginários ou não, com centenas de grandes mestres da 9ª Arte. Ao longo das páginas, eles discutem técnicas de desenho e falam sobre as diversas escolas de linguagem, passando pelos grandes festivais de Quadrinhos de Itália, França, Bélgica e Brasil. Um grande mergulho no universo mágico dessa mídia fabulosa! No fim do livro, um minucioso glossário permite o reconhecimento de cada artista homenageado nas 224 páginas, onde também o autor indica quais de seus livros recomenda a leitura.
Sobre The Strange Death of Alex Raymond:
“A resposta dos quadrinhos para Finnegan’s Wake, uma obra inspirada de gênio obsessivo que levará muito tempo para desembaraçar.” – Rob Salkowitz, colaborador sênior, FORBES.
“A Estranha Morte de Alex Raymond é um dos quadrinhos mais espetaculares que já li ou vi. Não posso recomendá-lo o suficiente, embora você possa odiá-lo. Bizarro, lindo e completamente único.” – Jim Rugg, cartunista Kayfabe, Street Angel, The P.L.A.I.N. Janes.
“Esta é uma obra-prima. Sinto-me honrado por tê-la visto.” – E. S. Glenn, autor de Unsmooth, cartunista do The New Yorker.
“Uma leitura obrigatória para qualquer pessoa interessada na história e na arte dos quadrinhos” – Brandon Graham, King City, Warhead, Prophet.
“Grubaugh fornece uma conclusão brilhante e adequada para o que de outra forma teria sido uma das obras inacabadas mais notáveis dos últimos tempos. Eu, pelo menos, estou animado por ter a Estranha Morte de Alex Raymond concluída em minhas mãos.” – Gary Spencer Millidge, Strangehaven, Alan Moore: Retrato de um Cavalheiro Extraordinário.
O lendário criador Dave Sim é conhecido mundialmente por seu inovador Cerebus the Aardvark. Agora, em A Estranha Morte de Alex Raymond, Sim dá vida à história dos maiores criadores de histórias em quadrinhos, usando suas próprias técnicas. Partes iguais, Understanding Comics e From Hell, Strange Death é uma colisão frontal de desenho a tinta e intriga espiritual, quadrinhos pulp e filmes, história e ficção. A história traça a vida e as técnicas de Alex Raymond (Flash Gordon, Rip Kirby), Stan Drake (Juliet Jones), Hal Foster (Prince Valiant) e muito mais, dissecando suas técnicas por meio de recriações de suas obras de arte e destacando as ressonâncias metatextuais que amarrá-los juntos. Do prefácio de Eddie Campbell.

Nossa terceira obra em texto parafraseado de Gilberto M.M. Santos (2004).
Pensada para ser, simultaneamente, um presente para os leitores e um panfleto de aclamação ao trabalho da Ebal, a edição especial de comemoração de 25 anos da editora, constitui um bom exemplo do uso da metalinguagem nos quadrinhos.
A história começa com uma imagem de página inteira, na qual uma plataforma espacial envia uma mensagem de “Chamada Geral” pelo tecido espaço/temporal. A trama pode ser dividida em três fases. Na primeira, os diversos personagens publicados pela editora recebem a misteriosa comunicação.
É deveras prazeroso e esdrúxulo acompanhar a profusão de personagens que circulam por aquelas páginas. Participam da história clássicos (Flash Gordon, Tarzan, Buck Rogers), infantis (Tom & Jerry, Mickey, Chapeuzinho vermelho), históricos (José de Anchieta, Fernão Dias, D. Pedro), super-heróis (Batman, Demolidor, Super-Homem) e até a Tia Arlete, a linda lourinha que apresentava desenhos animados em seu programa de TV. Sem dúvida, o maior e mais insólito crossover de todos os tempos.
A segunda fase da história se inicia com uma página central dupla, colorida, mesclando uma foto panorâmica do prédio da Ebal e desenhos dos personagens chegando à editora.
A narrativa passa, então, de objetiva a subjetiva. O próprio Adolfo Aizen explica aos personagens que eles foram convidados para a comemoração do aniversário da editora e, como esquisitice pouca é bobagem, começa a contar “telepaticamente” a história da Ebal e de suas publicações.
Eis que começa a terceira fase, surgem novos personagens e mais um narrador subjetivo, um garoto magrinho, cabeçudo e com óculos desproporcionais ao tamanho do rosto, que passa a ciceronear os convidados, conduzindo-os pelas instalações da editora.
O garotinho era ninguém menos que Otacílio d’Assunção (o quadrinhista Ota), que na época era funcionário da Ebal. No final da história, os convidados cantam a tradicional canção… Parabéns pra você.

Leia aqui todos os textos de Eduardo Bonzatto

Alguns personagens não apareceram na festa, mas, pensando bem, será que existe alguma em que todos os convidados estejam presentes?
O texto é despretensioso e encomendado com especificações para um determinado fim. Tendo isso em mente, o leitor que tiver a sorte (enorme) de encontrar esta preciosidade em sebos vai se divertir e perceber que o Pedro Anísio, se não foi genial, foi eficiente, transformando um roteiro que poderia ser ridículo, numa história charmosa, com a ingenuidade característica da era Ebal.
A arte está perfeita, uma verdadeira aula. Colonnese passeia por diferentes estilos de desenhos com a facilidade própria de um mestre, utiliza hachuras e desenhos limpos, sombras e luz, desenhos chapados e outros com profundidade e perspectiva. Não bastasse a versatilidade demonstrada, apresenta ainda pluralidade de planos, enquadramentos e formatos de diagramação de páginas.
Pode ser notada uma economia no uso de onomatopeias, mas, com certeza, elas estavam lá. Apenas não foram percebidas, devido ao barulho. Afinal, era dia de festa.
Na segunda capa é apresentado um texto explicativo com o histórico da editora, a listagem dos personagens que participaram da edição e indicação da revista em que foram publicados pela primeira vez, além da relação das empresas que detinham os copyrights.
(https://universohq.com/reviews/chamada-geral-epopeia/)
Quando as histórias em quadrinhos encontram os autores grafados em suas páginas, em seus quadros, algo de peculiar parece acontecer. A inversão de papeis expõem nas próprias narrativas uma sequencialidade de rostos cujo imaginário ficava até então oculto na página. O fazedor quando surge diante de nós já não pode se esconder em seu fazer e admite um princípio de que, talvez, a realidade esteja sendo exposta no fazer.
E o fazedor fala por balões nas páginas das histórias em quadrinhos. Mas a realidade é de outra natureza e não fala como falam os personagens de papel. Esse constrangimento, em cada um dos livros aqui apresentados, é quase um pedido de desculpas no envolvimento necessários para compor as histórias. Seus rostos tangem como cordas de piano os acordes quase sem emblemas em busca da sonoridade muda de suas expressões.
Então ocorre um instante de magia. Como são autores os cantores de papel, passamos a ouvir suas cantilenas. Eles falam conosco de modo bem diferente dos personagens de papel e falam bem diferente dos seres de carne e osso que um dia foram. Não se encontram mais nem em um mundo nem no outro. Essa ambiguidade própria das farsas serve para nos retirar também dos mundos falsos em que nos encontramos. Como se também a nós faltasse algo de tangível no momento da leitura que esgarça o mundo e estampa a realidade incorrigível dos quadrinhos.
Esse tipo de realismo está bem longe de ser fantástico, mas se alimenta nas longínquas teias latino americanas. Vivem de autores como Jorge Luis Borges que encontrava nas bibliotecas os veios também de uma ilusão e nas lâminas das adagas as memórias de vingança. Ou nos mundos das veredas de Guimarães Rosa que, embora secas de pedra, com um escarro espumavam a vida plena do passado. Ainda em Júlio Cortazar, que acabou sendo atropelado justamente enquanto vivia uma de suas histórias improváveis.
Em sentido peculiar, os autores de quadrinhos que aparecem nessas histórias aqui expostas são também eles fantasmas vibrando sob a égide da invenção de Morel, que ilumina uma existência fática nas páginas vivas dos quadrinhos.
Não estando nem vivos nem mortos, os heróis das escrituras podem muito bem existir de acordo com a percepção do leitor, participante ativo dos destinos que normalmente atribuímos apenas às personagens fictícias das histórias.
Para os que apreciam os quadrinhos e conhecem sua trajetória, a arte realista em que mergulham autores aparentemente reais é uma diversão muito especial, pois capturam um vasto aspecto de existências que normalmente são negligenciadas das histórias, como se os criadores fossem mimeses de personagens e não seres reais que eventualmente morrem de causas naturais.
Como se dissessem que devemos adotar uma vida por almas e não por palmas. É um sentimento de religação, afinal, entre o leitor e os autores que serve para toda a atividade metanarrativa que envolve os quadrinhos.
Esse sentido de celebração que acompanha o entusiasmo de uma leitura num meio físico, tátil, sensorial, olfativo, em que os objetos carecem de cuidados que a cada dia se perdem nos labirintos virtuais em que mergulham a vida real e a realidade bruta para o refinamento de dados depurados como elementos memoráveis e que podem ser resgatados ao toque de um botão, pela ponta dos dedos do usuário.
De certo modo, o realismo dos quadrinhos nos termos aqui descritos, podem preservar uma realidade que se esvai pelos dedos em busca do desaparecimento institucional das tecnologias mercadológicas da perpetuação.
Como as fotografias que agora abundam nas memórias celulares, mas que desapareceram das paredes das casas. Telefones celulares com excesso de vida e casas com vazios de memória.
Antes que os quadrinhos sejam bem feitos por programas de autenticação e algoritmos sem face, a presença de autores nas suas páginas acaba por funcionar como o canto dos cisnes de uma era cuja artesania exigia solidão e anonimato, talento e abnegação, discrição e genialidade.

*Eduardo Bonzatto é professor da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) escritor e compositor

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Novo chefe da Força Nacional de Segurança é evangélico e antifascista

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Novo chefe Força Nacional Segurança evangélico antifascista
Pedro Filipe Cruz Cardoso de Andrade

Felippe Aníbal, piauí

Sentado no sofá de seu apartamento em Curitiba, o delegado Pedro Filipe Cruz Cardoso de Andrade zapeava pelos canais de televisão na tarde de domingo, 8 de janeiro, quando se deparou com uma cena que o deixou perplexo e preocupado: turbas de manifestantes invadiam o Congresso, o Palácio da Alvorada e a sede do Supremo Tribunal Federal (STF). Atônito, o policial passou a acompanhar os desdobramentos do caso, trocando, de quando em quando, mensagens com dirigentes do PT – partido ao qual é filiado desde o início de 2020. Ele só relaxou quando, já no fim daquela tarde, a invasão foi controlada.

“As imagens eram estarrecedoras. Aqueles são os principais símbolos da República. Foi um dos episódios mais simbólicos de ataque recente à democracia. Para quem tem uma vida dedicada à construção democrática, aquele ato atinge com toda certeza. Foram horas de apreensão”, definiu Pedro Filipe, como é conhecido. “Felizmente, a situação foi controlada, principalmente a partir da ação do [ministro da Justiça e Segurança Pública] Flávio Dino”, comentou.

Na ocasião, Pedro Filipe não poderia sonhar que se aproximaria de alguns dos principais atores da contenção do ato golpista – nem que ele mesmo figuraria no alto escalão da Segurança Pública. Ainda em janeiro, o delegado foi apresentado ao ministro Flávio Dino, com quem teve uma breve e protocolar conversa. O policial deve ter causado boa impressão, porque no início de março foi convocado para uma reunião com o braço direito de Dino – o secretário Nacional de Segurança Pública, Tadeu Alencar, que também é filiado ao PSB. Nem bem chegou, Pedro Filipe foi surpreendido com um convite à queima-roupa para se tornar coordenador-geral de Polícias Judiciária e Científica da Diretoria da Força Nacional de Segurança Pública.

Criada em 2004, a instituição é formada por quadros cedidos por forças policiais de outras unidades da federação – militares, policiais civis e bombeiros. Seu objetivo é prestar apoio ou atuar como força complementar em casos de crise a autoridades locais, estaduais ou federais, conforme o caso. Para isso, a Força Nacional tem um braço ostensivo, que realiza um trabalho semelhante ao da Polícia Militar nos estados; e um setor de polícia judiciária, de investigação, e científica, responsável por fazer perícias forenses e criminais. É esse que será comandado por Pedro Filipe.

Com o convite, o delegado de 35 anos, há nove nos quadros da Polícia Civil do Paraná, precisou que o governo do estado o cedesse para a Força Nacional. Com a cessão formalizada em 4 de maio, ele alugou um apartamento via Airbnb em Brasília e se bandeou para a capital federal, para aguardar os trâmites burocráticos. Na noite da última quinta-feira (11), Pedro Filipe recebeu uma ligação de Alencar, informando que a nomeação seria publicada no dia seguinte no Diário Oficial da União, como acabou ocorrendo.

“Agora vem a responsabilidade”, disse para si. “Calhou de o modelo de segurança que eu defendo estar alinhado à política do governo. Estamos falando de um modelo progressista, que pensa a segurança a partir de uma perspectiva cidadã, democrática, antirracista e antifascista”, disse Pedro Filipe à piauí.

Nascido em Itaocara, no estado do Rio de Janeiro, Pedro Filipe foi educado em uma família evangélica e, desde cedo, aproximou-se da fé cristã. Com seus pais – um profissional de turismo e uma funcionária de loja de roupas femininas –, frequentava a tradicional Igreja Metodista. Ele diz que os ensinamentos da Bíblia o fizeram ter comprometimento social e, por conseguinte, um posicionamento político progressista. A família se mudou para Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense, e, ainda na adolescência, o garoto passou a ver a carreira jurídica como alternativa.

Na Faculdade de Direito de Campos, Pedro Filipe aproximou-se do movimento estudantil. Foi diretor da União Estadual dos Estudantes (UEE) no Rio e se habituou a participar de congressos e encontros interestaduais. Em 2007, após o lançamento do filme Tropa de Elite, ajudou a organizar um evento acadêmico com um debate entre o então deputado estadual Marcelo Freixo (que inspiraria, em Tropa 2, o personagem Fraga) e o ex-policial militar Rodrigo Pimentel (que baseou o Capitão Nascimento).

“Foi um debate muito interessante, com visões antagônicas. Eu acabei pendendo para o Freixo. Cheguei a ficar conversando com ele depois do evento”, contou. “O curioso é que na época eu queria ser defensor público. Ainda assim, tinha a polícia em grande conta, mas com a certeza de que era preciso fugir ao estereótipo do policial justiceiro, brutamontes e capitão do mato. É por esse lado que tento conduzir minha carreira”, acrescentou.

Tempos depois de se formar – já como delegado da Polícia Civil do Paraná –, Pedro Filipe protagonizou um episódio que ilustra sua forma de pensar a segurança pública. Em setembro de 2019, dois irmãos espancaram um homem que tentava furtar uma barra de ferro do portão da casa em que moravam, no bairro Fazendinha, em Curitiba. O delegado prendeu os irmãos em flagrante – um dos quais já tinha um mandado de prisão em aberto por falsificação de moeda. Em seguida, libertou o homem que tinha tentado furtar a barra, aplicando o princípio da insignificância. O próprio delegado, na época, divulgou o episódio em suas redes sociais, para fins pedagógicos.

“As pessoas têm que entender que não podem fazer justiça com as próprias mãos. Até existe a previsão de que você detenha alguém durante um crime. Mas a atitude correta pela lei, depois de fazer isso, é chamar a PM [Polícia Militar] ou levar a pessoa a uma delegacia, jamais fazer o que eles fizeram”, escreveu, na postagem. “Eu sempre via esses casos de justiçamentos e sempre acompanhei com indignação. Semanas atrás, vimos pela imprensa um casal sendo espancado em um supermercado por ter furtado leite em pó. É uma regressão da humanidade. Quando me vi em condições de atuar num caso desses, não hesitei. A tortura é um tipo penal muito mais grave que o furto”, disse à piauí.

Um pouco antes desse episódio, em junho de 2019, Pedro Filipe integrou o grupo que trouxe ao Paraná o movimento Policiais Antifascismo, ao lado do delegado Orlando Zaccone (filiado ao PDT e então líder da articulação em âmbito nacional) e do então deputado estadual Goura (PDT-PR). Partindo da perspectiva de que o policial – civil ou militar – devem ser reconhecidos como trabalhador, não como um “herói”, a articulação também contempla outras pautas prioritárias, como a desmilitarização das PMs e o direito à manifestação por parte dos agentes. Além disso, o movimento também propõe outros debates, como o antiproibicionismo de drogas, a inclusão da mulher, a igualdade racial e respeito aos policiais LGBTQIA+ dentro das corporações.

Em razão de uma atuação que destoava do padrão da corporação, Pedro Filipe acabou enfrentando resistência velada entre colegas da Polícia Civil. “Teve olho torto, preconceito, comentários, preterimento em algumas situações. Sempre teve, mas a gente supera. O Paraná é um estado conservador, e nas polícias não é diferente”, observou o delegado. Nas eleições de 2022, o Paraná teve 71 candidatos identificados como membros ou ex-membros de forças de segurança (PMs, policiais civis ou bombeiros), todos de partidos de centro ou de direita. Quatro foram eleitos deputados estaduais e dois, deputados federais. Apesar disso, o delegado diz que sempre soube dialogar com os colegas.

“Hoje o clima é outro. Me dou bem e sou respeitado por todos, inclusive com os colegas mais à direita e mais conservadores. A polícia ainda é muito bolsonarista e muitos perceberam que caíram em um estelionato eleitoral quando apoiaram [o ex-presidente Jair] Bolsonaro”, disse. “Por décadas, a esquerda deixou a segurança como pauta exclusiva da direita, o que foi um erro. Precisamos voltar a ocupar esse espaço, dentro de uma perspectiva progressista. Nas polícias de todos os estados, os próprios policiais já se deram conta disso”, afirmou.

A atuação do delegado acabou chamando a atenção de lideranças estaduais do PT, de quem Pedro Filipe se aproximou. Em fevereiro de 2020, ele se filiou ao partido. O ato teve a chancela de quadros antigos da legenda no Paraná, como os ex-deputados Angelo Vanhoni e Doutor Rosinha, e os deputados Arilson Chiorato, Professor Lemos e Luciana Rafagnin, todos do PT. Até o deputado Goura, do PDT, participou da cerimônia. Na ocasião, o delegado provocou ainda mais discussão na corporação: em meio ao governo Bolsonaro, ele posou para fotos de camiseta vermelha e fazendo o L em frente ao brasão da Polícia Civil. Naquele mesmo ano, Pedro Filipe foi candidato a vice-prefeito de Curitiba na chapa encabeçada pelo advogado Paulo Opuszka. Ficaram em oitavo lugar, com 2,45% dos votos válidos.

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Ao longo da campanha, o delegado enfrentou um episódio que fez com que se afastasse de sua igreja. Como o pastor do templo que frequentava vinha recebendo candidatos para ouvir propostas, Pedro Filipe tentou marcar um encontro, mas o líder religioso não quis recebê-lo. O delegado rompeu com sua igreja e se engajou no Movimento Liberta, que congrega evangélicos que não têm um templo específico para professar a sua fé.

“É uma igreja muito tradicional de Curitiba, mas prefiro não revelar qual é”, disse. “O que está ocorrendo é complexo. Figuras populares do campo evangélico, como Edir Macedo, Malafaia e Valdomiro, se inclinaram ao nazifascismo. Creio que hoje muitos evangélicos tenham percebido que foi um erro se alinhar à extrema direita. Não há na Bíblia o que respalde essa aliança [com a extrema direita]”, apontou. “Ainda bem que hoje existem quadros que fazem oposição a isso”, pontuou.

Com a efetivação de seu nome na Força Nacional de Segurança Pública, Pedro Filipe passou o fim de semana tratando de questões práticas, principalmente relativas à mudança definitiva a Brasília. Paralelamente aos trabalhos, pretende continuar exercendo sua fé. Para isso, deve buscar orientação do pastor progressista Caio Fábio. “O evangélico não precisa de um templo, mas eu vou procurar me encontrar aqui em Brasília. É um aspecto importante para mim”, disse.

Questionado como agiria caso sua nomeação fosse contestada por adversários políticos, pelo fato de ser filiado ao PT, Pedro Filipe destaca que sua indicação também tem raiz técnica. Destaca seus nove anos de atuação como delegado no Paraná. “Além disso, é natural do processo político que, havendo mudança de governo, os quadros sejam substituídos em alinhando técnico e político a quem chega. Se estamos em um governo com perspectiva de esquerda, é natural que os quadros tenham essa inclinação”, disse. “E eu tenho visto críticas em sentido contrário: que demorou para acontecer substituições com esse perfil”, acrescentou.

De suas atribuições na Força Nacional de Segurança, a que tem sido mais destacada pela imprensa é a possibilidade de prestar apoio às investigações dos atos antidemocráticos de 8 de janeiro, cujas cenas o estarreceram. “Se nos couber fazer esse trabalho, faremos da forma mais técnica e profissional possível, tendo em consideração que a lei tem que ser cumprida, com independência e isonomia”, disse.

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TONY SANDOVAL E SUA OURIVESARIA EM QUADRINHOS

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Eduardo Bonzatto*, Pragmatismo Político

“…Tony Sandoval não possui a influência do mangá japonês, nem do comic norte americano. Não possui obsessão pelos temas heróicos, nem pelos temas políticos. É una exceção a todos. Uma maravilhosa exceção. …Com Tony Sandoval podemos esperar a mesma magia em sua prosa que teve William Blake, porém ilustrado por Matthias Grünewald…Não sei… Porém em sua pacífica forma de ser, adentrou ao mais profundo da “visão mais real do horror“. E saiu dela, melancolicamente”.
Esta percepção que está no prefácio de A epidemia de melancolia, edição espanhola dessa que é uma de suas obras mais melancólicas, mas todas nos convidam ao mergulho no lago escuro e tangível do cinza e dos pasteis, dos entre lugares habitados pelos seres invisíveis aos prisioneiros do cárcere cartesiano da razão.

Nascido no México em 1973 vive há muitos anos na Suíça, cercado por mirras e fadas diáfanas que lhes sussurram as canções que não existem na ancestralidade.
O escritor e artista mexicano Tony Sandoval (DOOMBOY), três vezes indicado ao Prêmio Eisner, apresenta um mundo maravilhoso de lugares secretos e magia onírica à espreita nos recantos mundanos de nossa imaginação adormecida.

Tony Sandoval é uma força milenar a ser reconhecida! Altamente versado no profético, como professor, líder, ministro e voz no Reino. Sua natureza calmante facilita o aprendizado. Tony fez grandes contribuições na igreja local como pastor e mentor de muitos. Leva os leitores de volta ao seu mundo de adolescência misteriosa e beleza surreal. Como em WATERSNAKES e DOOMBOY antes dele, o leitor se depara com sentimentos reconhecíveis de solidão e saudade misturados com perigo e aventura através de um país das maravilhas visual.
Provar suas histórias revela mais de uma vez que é um mestre do macabro com uma mão comovente, que se reveste de histórias com profundidade poética, uma teia terna de transitoriedade, insegurança, medo e amor apresentando universos de estranha beleza e mistério.

Leia aqui todos os textos de Eduardo Bonzatto

O que faz um bom ourives. Ele une forma e conteúdo, um metal precioso com um design que expressa a preciosidade sem arrogância ou pretensão. Existem muitos fabuladores nos quadrinhos. Lembro aqui de Fabien Vehlmann que invade os mundos interiores para extrair de lá histórias dignas do fabulário.
Mas se a história fabular já é difícil de ser capturada, o desenho, o design raramente acompanha a narrativa. Tony Sandoval conseguiu esse feito singular e único de aliar aos seus temas sensíveis e complexos, uma arte delicada, que beira o caricato, como é usual, sem escorregar para dentro do previsível. Seu traço é mesmo de ourives, delicado, preciso, imaginativo e nos convida a entrar em seu mundo surreal e ocupar um lugar de delicadeza e respeito pelos buracos em árvores que até então não havíamos notado.
É como usar uma jóia única, que só você tem. E essa jóia singular ninguém mais vê, só você que a conquistou, pois é de conquista que se trata a experiência de desvendar esse universo. Uma conquista igualmente fabular, sem esforço, só sensibilidade, pois a sensibilidade é da ordem dos territórios fabulares onde habitam os seres a nos lembrar que deveríamos viver uma humanidade compartilhada.
Suas imagens são de uma magika aproximação entre os seres. Os animais têm traços humanos, os humanos, a delicadeza dos bichos, de tal sorte que com a leitura a soberania humana que se arroga superior aos outros seres se acanha e passa a ocupar seu devido lugar de seres que habitam um pequeno lugar nos traços da vida.
Raramente temos uma obra tão simpática a unir os mundos.

*Eduardo Bonzatto é professor da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) escritor e compositor

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Professores da rede pública estadual realizam protesto no Rio de Janeiro

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Lucio Massafferri - Pragmatismo Político
Lucio Massafferri – Pragmatismo Político

Lucio Massafferri Salles*

Em greve desde o dia 17 de maio, profissionais da rede pública estadual de educação do estado do Rio de Janeiro fizeram um novo protesto nesta sexta-feira (dia 26), na Avenida Presidente Vargas, Região Central da cidade (Cidade Nova).

Essa greve foi aprovada no dia 11 de maio (quinta-feira) em assembleia realizada no clube Municipal (bairro da Tijuca), com grande presença dos professores e funcionários administrativos das escolas estaduais.

Educação estadual do Rio de Janeiro aprova a greve

Durante a manifestação, os profissionais da educação mostraram faixas solicitando ao governo do estado o pagamento do piso nacional da educação.

Cabe lembrar que os profissionais da educação reivindicam do governador Cláudio Castro a implementação do piso nacional do magistério para os docentes e o piso dos funcionários administrativos tendo como referência o salário mínimo nacional.

O Sindicato dos Profissionais de Educação do Rio de Janeiro (Sepe – RJ), reafirmou que o estado paga um péssimo salário aos profissionais da educação. “Atualmente, o estado do Rio de Janeiro paga o pior salário do Brasil para os educadores da rede estadual: Enquanto o piso nacional é de R$ 4.420, o professor de uma escola estadual tem um piso de R$ 1.588 como vencimento base (18 horas semanais)”.

Por sua vez, “os funcionários administrativos (merendeiras, porteiros, inspetores de alunos), em sua maioria, recebem um piso menor do que o salário mínimo (R$ 802,00)”, disseram em nota.

Manifestação de profissionais da educação - RJ (Lucio Massafferri/Pragmatismo Político)
Manifestação de profissionais da educação – RJ (Lucio Massafferri/Pragmatismo Político)

Leia aqui todos os artigos de Lucio Massafferri Salles

Além dessas reivindicações econômicas, a categoria também luta pela revogação do Novo Ensino Médio (NEM) e pela convocação de novos servidores concursados para o magistério (concursos de 2013 e 2014) e para inspetores de alunos (concurso de 2013).

Além disso, consta na pauta dos profissionais da educação a abertura de novos concursos para suprir a carência de psicólogos e assistentes sociais, observando o aumento da violência no interior do espaço escolar.

“Admirável [Novo] Ensino Médio”

A direção do Sepe-RJ afirma que está aberta à negociação, mas que não aceitará a destruição do plano de carreira da categoria: “Não podemos aceitar que o nosso plano de carreira, tão duramente conquistado ainda nos anos 80, venha a ser destruído a partir de promessas de que “assim que a justiça permitir , o plano será pago“.

A próxima assembleia da categoria ocorrerá no dia 1º de junho (quinta-feira).

Leia também:
O poder das linguagens sobre as psiquês se encorpou
Comunicação e psicologia das massas na geopolítica da internet
Artefatos semióticos e catarse do riso nas guerras híbridas

*Lucio Massafferri Salles é filósofo, psicólogo/psicanalista e jornalista. Doutor e mestre em filosofia pela UFRJ, especialista em psicanálise pela USU. Criador do Portal Fio do Tempo (YouTube).

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ATMOSFERA ZERO: PONTA DO ICEBERG CRIATIVO E APOTEOSE EM JIM STERANKO

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Eduardo Bonzatto*, Pragmatismo Político</span

O enfant terrible dos quadrinhos americanos, Jim Steranko, já havia consolidado sua exuberante e rápida trajetória nos quadrinhos nos anos 1960 com Nick Fury.
Marcando sua criação com uma mistura de surrealismo e pop art, se debruçou sobre páginas duplas desconcertantes.
Nos anos 1970 era comum que filmes de sucesso tivessem seu equivalente em quadrinizações. Outland, comando titânico foi desses filmes. Lançado em 1981, a tarefa de quadrinizar o filme coube a Steranko.
E sua arte se eternizou como magia nessa obra.
Larry Hama, em uma introdução à coleção de Nick Fury, disse que Steranko “combinou o dinamismo figurativo de Jack Kirby com conceitos de design moderno” e reformulou Fury de ternos e gravatas para “um macacão justo com vários zíperes e bolsos, como um traje espacial de Wally Wood reformado por Pierre Cardin. As mulheres estavam vestidas com couro preto justo à la Emma Peel no programa de TV dos Vingadores. As influências gráficas de Peter Max, Op Art (arte ótica) e Andy Warhol foram incorporadas ao design das páginas – e as páginas foram projetadas como um todo, não apenas como uma série de painéis. Tudo isso, executado em um estilo nítido e rígido, fervilhando de drama e tensão anatômica”.
Neal Adams, enquanto trabalhava para a rival DC Comics, incluiu um painel em uma história de Deadman em que plumas alongadas de névoa soletravam sub-repticiamente as palavras “HEY A JIM STERANKO EFFECT”.
Em Strange Tales # 167 (janeiro de 1968), Steranko criou a primeira página em quadrinhos de quatro páginas, sobre a qual ele ou o editor Lee notaram bombasticamente, “para obter o efeito total, é claro, requer um segundo número colocados lado a lado, mas achamos que valerá a pena o preço para ter a cena de ação mais louca de todos os tempos na história dos quadrinhos!”, enredos cheios de intrigas, sensualidade mal sublimada e uma modernidade hi-fi cool-jazz.
O filme não tem nada de mais, mas a obra em quadrinhos é impressionante.
Realizada com todos os maneirismos de Steranko, o resultado são paginas duplas com um nível de detalhamento que por vezes é necessário uma lupa para acompanhar suas linhas difusas. Ele rege o olhar do leitor como um maestro com sua pena. Embora tenha sim um caminho de leitura, nosso olhar se perde de tanto voltar para encarar de novo aquela cena cujo movimento já não parece estático, mas vivo e vibrando sem parar.
Uma das mais interessantes histórias em quadrinhos já feitas, Atmosfera zero revela uma estrutura completamente funcional para o efeito que seu criador desejava. Um exemplo da narrativa espetacular que constrói é o das estruturas das páginas. Grandes painéis de páginas duplas com ações em simultâneas expressões e na parte mais baixa da página os diálogos em quadros sequenciais. Suportes narrativos emolduram essa dinâmica.

Um de seus comentadores:
“Steranko aborda a adaptação para os quadrinhos reconstruindo o roteiro de acordo com as características do novo meio, quase sem pedágios. Ele usa referências fotográficas, seria preciso mais, tanto para manter as semelhanças (principalmente a do protagonista) quanto para aproveitar os cenários, mas a narrativa é cem por cento dele. Assumir riscos. A principal: distribuir a ação em blocos de duas páginas ou splash-pages duplas, no uso de Cody Sturbuck de Howard Chaykin, presidida por uma grande vinheta em torno da qual se orquestram as demais. A opção mais comum distribui o espaço entre um enorme painel superior que cobre as duas pranchas, onde a profundidade de campo é cuidadosamente trabalhada, e um aglomerado de cartuns, entre dois e cinco, de aproximadamente um quarto da página, na margem. mais baixo, onde se concentra o diálogo e que recorre ao primeiro plano ou plano médio. Mas nem sempre é assim: às vezes uma grande figura emoldura as pinturas, como no tiroteio no refeitório nas páginas 42-43, ou o clímax de uma batalha se fragmenta em estreitas tiras verticais como nas páginas 46-47”.

Essa obra influenciou diretamente o Sin City de Frank Miller. A potência do preto sobressaindo inclusive de suas cores chapadas é algo que não passa sem sedução a olhares profissionais.

Leia aqui todos os textos de Eduardo Bonzatto

A obra está fora de catálogo em todo o mundo há muito tempo e essa ausência é realmente estranha, dado a atualidade e a importância de Steranko, homem de muitos talentos, quadrinista, mágico, ladrão, diretor de arte, escritor dentre outros. Um polímata.
O lugar de Atmosfera zero na história dos quadrinhos está definitivamente garantido.
A história, todavia, é sempre reformada. O próprio Steranko escreveu, entre 1970 e 1972, sua História dos Comics que, dos sete volumes prometidos só dois vieram à luz.
Nesse quesito, é a história do gosto que deveríamos problematizar. Os cânones ocupam um lugar sagrado e sempre repetido e sobre ele chafurdam os senhores da indústria. Orientando o gosto do leitor.
Um exemplo desse movimento, que envolve muitos campos, é o caso brasileiro. Nem preciso mencionar o revisionismo de obras do passado que estão sofrendo alterações baseadas numa moralidade atualizada.
Sou de um tempo em que a grande diversidade de ofertas de quadrinhos europeus e americanos conviviam em livrarias em que editoras portuguesas como a Meribérica faziam chegar por aqui Neuromante, de Tom de Haven e Brace Jensen, Os passageiros do vento, de Bourgeon, O mercenário, de Vicente Segrelles, ou as obras lançadas por editoras espanholas, como Atmosfera zero, entre outras.
Embora esse fosse um tempo anterior ao neoliberalismo, ou seja, de certas restrições de importação, no caso aqui não lembro de que tais restrições tivessem ocorrido.
Os anos 90 abriram as fronteiras para a globalização e o setor dos quadrinhos viu chegar a poderosa Panini, territorializando a produção de quadrinhos e impedindo a chegada por aqui de editoras portuguesas. Essas editoras, Edições 70, Futura, Asa e Meribérica, eram a porta de entrada por aqui da produção europeia. Então a definição do gosto foi sendo tecida pela oferta volumosa de quadrinhos de super heróis norte americanos e considerando que a Itália, país de origem da Panini, também assimilou a produção americana, a preferência se transformou no próprio mercado editorial.
Outra onda mercadológica são os mangás que também definem o gosto do leitor com sua imagem de diversidade temática sob o mesmo traço.
As editoras miúdas que surgiram no bojo dos canais de youtube oferecem exatamente as obras do passado, tentando bravamente ocupar um nicho de mercado que parece resistir.
Colecionadores mais antigos como eu, que viveram esses tempos diferentes, podem recorrer ao passado sem o reformismo que agora está em vigor. Pois o impedimento de acesso a obras diversas também atinge os criadores, que acabam por oferecer o que o gosto atual prefere.
É uma verdadeira ditadura do gosto que modifica a história dos quadrinhos de modo perigoso, pois a criação e a imaginação começam a operar num espectro muito reduzido, justamente porque devem conviver com a sobrevivência dos criadores.
A história dos quadrinhos engessa um passado que está sempre aberto para ser reformado e abre ao presente a ditadura do gosto comandada por interesses simplórios.
Atmosfera zero, de Steranko é, ao mesmo tempo, a revelação que mesmo diante das mesmidades de quadrinhos feitos para empurrar filmes, os autores podiam imprimir a genialidade superior ao próprio filme, mas também revela o fim de um tempo, em que criar dependia só do criador. Hoje depende do mercado.
Quando trabalhou para a Marvel de Stan Lee, Steranko recordou o esforço do chefe em enquadrar seus trabalhos no formato editorial que exigia, mas ele sempre alterava a ordem para seu caminho. Essa autonomia já não encontra razão de existir num mundo editorial coeso e limitado pelo gosto que construiu.

*Eduardo Bonzatto é professor da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) escritor e compositor

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MÚSICA, PINTURA, QUADRINHOS, GEOCULTURA EM FUSÃO

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Eduardo Bonzatto*, Pragmatismo Político</span

Os Ainu são os povos indígenas da ilha de Hokkaido. Povo de pele escura e hábitos rudes. Com uma história de rebeldia, a ilha mantém até hoje uma aura de primitiva insurgência.
As tentativas de enquadrar os ainu como burakumin, aqueles que realizam serviços impuros segundo código japonês, foram inúteis e esse grupo que é marcado pela pele mais escura, configura talvez nos mais altivos indígenas do Japão moderno.
A mítica de japoneses negros resiste bem até os dias de hoje.
Por vezes, as repercussões culturais dentro de um Japão difuso e nada ortodoxo, emergem para nossa alegria.
O Japão é a terra da fusão, entre o antigo e o moderno, entre a tradição e a vanguarda, entre os sentimentos de pertencimento e de exclusão. Estão muito longe da imagem que normalmente associamos ao Japão.
Ao observarmos uma das pinturas mais imersivas da modernidade japonesa, a Grande Onda de Hokusai, veremos mais do que tradição.
“A Grande Onda de Hokusai só alcançou praias estrangeiras 18 anos após a morte do autor, e mais de 35 depois de sua criação, já que o Japão ficou isolado por dois séculos.
Desde 1640, o país estava praticamente fechado para o mundo, e apenas uma interação limitada com a China e a Holanda era permitida.
Embora estrangeiros não pudessem entrar no Japão, coisas estrangeiras podiam, algo que é visto claramente em A Grande Onda.
Está impressa em papel tradicional de amora japonesa em tons sutis de amarelo, cinza e rosa. Mas a cor dominante é um azul intenso e profundo… um azul que não era japonês.
É azul da Prússia, inventado a meio mundo de distância, na Alemanha, 130 anos antes da quebra da onda de Hokusai.
E mais: a série da qual A Grande Onda fazia parte foi divulgada ao público em parte com base naquele azul exótico e lindo, apreciado por sua estranheza.
E essa não foi a única importação da qual Hokusai se aproveitou.
Com a perspectiva matemática que aprendeu com as gravuras europeias trazidas por mercadores holandeses, ele empurrou o Monte Fuji para o fundo da cena.
Portanto, A Grande Onda, aponta o historiador e ex-diretor do Museu Britânico Neil MacGregor na reportagem da BBC “A História do Mundo em 100 Objetos”, está longe de ser essencialmente japonesa, como costumamos pensar.
É uma obra híbrida, uma fusão de materiais e tecnologia europeus com uma sensibilidade japonesa.
“Não é de se estranhar que tenham gostado tanto dela quando veio para a Europa. Não era um estranho, mas um parente exótico.”
‘A Grande Onda de Kanagawa’: o curioso percurso da gravura até virar um ícone

Leia aqui todos os textos de Eduardo Bonzatto

Mas o conjunto de pinturas em que está inserida foi popularizado ainda ao tempo de vida do autor e a forma pulp que recebeu para venda ficou conhecida como Mangá, ou seja, inaugurou uma vasta e popular linha de criação das revistas em quadrinhos japoneses, os Mangás e que marcou a cultura nipônica no último século, invadindo o ocidente e provocando novos contágios.
Hokusai nasceu no sul do Japão, província de Kanagawa.
Ali também nasceu em 1934, Akira Ishikawa que, antes de sua morte em 2002, desejou ardentemente se transformar em negro, tomando o caminho inverso de Michael Jackson.
Baterista de jazz criativo e sanguíneo, Ishikawa começou sua carreira musical com Shin Matsumoto e New Pacific. Nos anos seguintes excursionou com suas próprias formações como Akira Miyazawa Modern Allstars e Toshio Hosaka. Anos depois, ele tocou com Toshiyuki Miyama e sua banda New Herd; 1964/65 fez gravações com Miyamas Modern Jazz Highlights e Modern Jukebox. A partir do final dos anos 60, gravou LPs em nome próprio como Soul Session (1969) e The Gentures in Beat Pops (1970), com, entre outros, Hiromasa Suzuki, Kiyoshi Sugimoto e Masaoki Terakawa. Com sua banda Count Buffaloes, o álbum de jazz-rock Electrum foi lançado em 1970, seguido por Drums Concerto (1971), African Rock (1972), Uganda (1972) e Get Up! (1975). Ele também trabalhou com Yoshiko Goto, Koichi Oki, Kiyoshi Sugimoto (Our Time, 1974) e Akio Sasaki (Berklee Connection, 1980) na década de 1970. No campo do jazz esteve envolvido entre 1964 e 1980 em 14 sessões de gravação
Um fato curioso nas capas de seu disco é que ele é sempre representado como um japonês de pele escura, para além de sua tonalidade natural (além de ter cultivado um cabelo afro); fato que poderia remeter a questões mais complexas como o colorismo ou quem sabe até a blackface. Todavia, a dinâmica racista existente no Ocidente não é a mesma que se vê historicamente no Oriente. O diálogo entre África e Ásia existe pelo menos desde o séc. VII; muito antes do expansionismo colonial europeu. Histórias reais únicas como a de Yasuke, um africano levado ao Japão durante as investidas europeias no extremo oriente que rapidamente se tornou um samurai, está aí para provar essa diferença. Inclusive, a um artigo em inglês muito interessante sobre essa temática chamado African Odisseys que retrata e se aprofunda muito bem nessa questão. Obviamente, isso não significa negar a existência de racismo no Japão, tampouco dizer que não é problemática a pigmentação em capas de discos. Apenas há uma diferença real em como as dinâmicas raciais se dão em cada parte do mundo.

Akira Ishikawa: o jazzista japonês que queria ser negro!

Completamente influenciado pela cultura africana, imprimiu às suas músicas uma alma negra, feroz, dinâmica e profundamente criativa e inovadora.
Ouvi-lo é carregar toda vibração sonora que faz com que as fronteiras, todas as fronteiras, geopolíticas, culturais, musicais, sejam demolidas e passamos a sentir que vivemos em Gaia, um único mundo em que cabe todos.

*Eduardo Bonzatto é professor da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) escritor e compositor

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Flagrado usando cocaína, deputado Zé Trovão pede a prisão de Maduro no Brasil por narcotráfico

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Deputado Zé Trovão pede a prisão de Maduro, que está em solo brasileiro para agenda com Lula

O deputado federal Zé Trovão (PL-SC) enviou um ofício para a embaixada dos Estados Unidos no Brasil solicitando a prisão do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, que está em solo brasileiro para reuniões da cúpula da América do Sul e encontro com Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

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No documento endereçado à embaixadora Elizabeth Frawley Bagley, o bolsonarista informa a presença de Maduro, afirmando que ele é citado no site do Drug Enforcemente Administration (DEA) – agência especializada em combate ao tráfico de drogas – como procurado por crimes de narcotráfico

“Espero que a embaixada americana tome providências muito severas contra o Luiz Inácio Lula da Silva, esse presidente irresponsável que simplesmente recebe no Brasil um bandido”, disse o deputado.

Em 2019, Maduro chegou a ser impedido de entrar no Brasil, após o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) editar uma portaria proibindo a entrada de autoridades de alto escalão da Venezuela. O vizinho tem a terceira maior fronteira terrestre com o país, com quem tem relações desde o século XIX.

Foragido da Justiça e problemas com drogas

Nascido em São Paulo, Zé Trovão, de 34 anos, ganhou notoriedade em março de 2021, com a criação do canal “Zé Trovão, a Voz das Estradas”, no YouTube. Os vídeos eram pautados pelo conservadorismo e protestavam contra o aumento do diesel, o que o fez se apresentar como um dos líderes dos caminhoneiros, apesar de grande parte da categoria afirmar que ele era um impostor.

Em imagens que circulam nas redes sociais, Zé Trovão aparece com cocaína e maconha em uma mesa. As fotos foram vazada por um perfil com a seguinte legenda: “Cuidado com os raios”.

Segundo Trovão, a foto teria sido feita em 2018. O deputado garante que não é mais usuário de cocaína: “Venci essa fase através do amor de Deus e do amor da família”.

Em 2022, o caminhoneiro aproveitou a onda bolsonarista em Santa Catarina e conseguiu se eleger deputado federal no estado pelo PL, partido do presidente Jair Bolsonaro, com 71.140 votos.

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Produtor de Lana Del Rey é assaltado no Rio e xinga o Brasil: “Foda-se este país inteiro”

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Lana Del Rey
Lana Del Rey

Assaltado no Rio de Janeiro, o produtor de Lana Del Rey, Will Whitney, fez um post ofendendo o Brasil nas redes sociais e disse que o país “não merece receber música ao vivo”. A publicação foi excluída posteriormente, mas ele ainda disse que mal podia esperar para voltar para casa após o episódio.

“Acabei de ter meu celular roubado das minhas mãos por um pedaço de merda em uma motocicleta. Foda-se esse país inteiro. Eles não merecem música ao vivo. Mal posso esperar para voltar para casa”, escreveu. Ele ainda usou as hashtags “Foda-se Brasil”, “lixo humano” e “buraco de merda” na postagem.

Apesar de ter fechado o post para comentários, internautas brasileiros invadiram outras publicações de Whitney o criticando pela mensagem e o acusando de xenofobia. No início da tarde desta quarta-feira (31), ele deletou o post.

Inicialmente, Will Whitney não informou a cidade em que foi roubado, mas incluiu a localização do Jockey Club do Rio de Janeiro, local onde Lana se apresentou no festival MITA, no sábado (27).

Indicada a vários prêmios Grammy, Globo de Ouro e outros, em 2021 Lana Del Rey foi nomeada “Artista da Década” no Variety Hitmakers Awards, sendo apresentada como ″uma das cantoras e compositoras mais influentes do século XXI”.

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Servidora da Câmara do Rio ganha R$ 20 mil e nunca apareceu para trabalhar

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Andrezza Borges
Andrezza Borges

Uma gratificação conhecida como ‘encargo especial’ foi paga sem qualquer transparência para metade dos servidores da Câmara Municipal do Rio de Janeiro. Para dar conta desta espécie de gratificação secreta, saíram dos cofres públicos, só em abril deste ano, R$ 6,3 milhões.

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Neste mês, 1.075 servidores da Casa (50,3% do efetivo) ganharam o bônus. Entre os beneficiados há funcionários fantasmas, como mostrou nesta terça-feira (6) uma matéria exibida na GloboNews.

Uma das funcionárias fantasmas é Andrezza Borges, mulher do secretário estadual de Turismo, Gustavo Tutuca. Desde 2021, Andrezza tem um cargo comissionado de consultora no gabinete da vereadora Verônica Costa (PL). O salário com o encargo especial passa de R$ 20 mil por mês.

No entanto, no gabinete da vereadora ninguém conhece Andrezza. A rotina dela é bem longe da Câmara Municipal. No início da tarde, câmeras mostraram que ela leva o filho na escola, na Barra da Tijuca. E depois aproveita para malhar em uma academia.

A repórter da GloboNews tentou entrevistar Andrezza, mas ela correu:

Repórter: Você está indo para a academia?
Andrezza: Eu não quero ser filmada, não.
Repórter: Você é servidora da Câmara dos Vereadores?
Andrezza: Não.
Repórter: Você ganha R$ 20 mil na Câmara dos Vereadores. Você sabia disso?
Andrezza: Você está falando sério?
Repórter: Super sério. Você recebe gratificação. Você exerce qual trabalho lá especificamente?
Andrezza: Eu não vou falar não, moça.
Repórter: Você é servidora pública fantasma?
Andrezza: Eu não quero falar.

Outro caso é o do assessor Antônio Carlos Tito Moreno, flagrado pelos repórteres comendo churrasco e bebendo cerveja em um bar, em Campo Grande, em dia de semana, no horário do expediente. Em 16 meses, a Câmara pagou R$ 90.988,95 em encargo especial a Antônio Carlos. Com o salário turbinado pela gratificação, ele ganhou nesse período mais de R$ 300 mil da Câmara.

Informações sobre a gratificação que, por lei, deveriam ser públicas, na prática não podem ser encontradas no Portal da Transparência da Câmara por quem procura detalhes sobre o encargo especial.

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EIS AQUI O HOMEM

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Eduardo Bonzatto*, Pragmatismo Político

Então Pilatos saiu outra vez fora, e disse-lhes: Eis aqui vo-lo trago fora, para que saibais que não acho nele crime algum. Saiu, pois, Jesus fora, levando a coroa de espinhos e roupa de púrpura. E disse-lhes Pilatos: Eis aqui o homem.
(João 19:4-5)
O que é o passado?
O passado poder ser o que quisermos que ele seja, sob o manto da nostalgia. Mas existe um passado que é comum a todos que vivem sob a influência da colonização, aí esse passado é eurocêntrico e cristão.
Esse passado pode ser investigado, lido em livros, estudado por historiadores diligentes que organizam suas peças de acordo com o tempo de seus estudos requerem.
Esse passado é imutável e imune a questionamentos mais profundos. Tudo que está escrito, é passível de ser defendido como verdadeiro.
Um livro leva ao outro e assim por diante, cada um repetindo o essencial e alterando o superficial. A estrutura esta protegida pelo pecado imperdoável do anacronismo, que é o jeito de ler esse passado sem respeitar aqueles que o descreveram.
Esse passado colonial é dividido em quadripartismos. A idade antiga, a idade média, a idade moderna e a idade contemporânea. Tudo aí, evoluindo de um tempo para o próximo num sentido determinado e irrevogável.
Para empurrar esse passado na direção da dúvida necessária, quero questionar a construção da memória como sendo um artifício colonial e que mantém a colonização como ocupação da racionalidade, ativa.
O livro de Michael Moorcock, Behold the Man (1969), traz uma sinopse instigante para refletir sobre esse passado.
Karl Glogauer é um homem dos nossos tempos. Quando o destino lhe oferece a possibilidade de viajar no tempo, ele não tem dúvidas quanto ao lugar e à época que quer visitar: a Terra Santa no tempo de Jesus. Mas o que poderia ser uma viagem turística à morte do Messias e ao nascimento da maior religião do mundo revela-se uma desilusão: Maria é a libertina da aldeia, José um velho amargo e Jesus Cristo apenas um deficiente mental. Devotado ao ideal de um Jesus real e histórico, Karl acredita que tem de fazer alguma coisa. Reunindo seguidores, repetindo parábolas que consegue recordar e usando truques psicológicos para simular milagres, Karl toma o lugar do Messias. Mas fará sentido um Messias que, no final, não morra na cruz?
Michael Moorcock é um escritor do coração do império. E não há nada que o desabone, pois é crítico de certos vínculos coloniais em seus escritos.

E escreveu essa obra que pode ser analisada pela perspectiva do anacronismo, essa invenção do império para encerrar o passado no ponto da história contada. E a história contada não está aberta.
Ter a mente colonizada implica em estar fechado para qualquer outra possibilidade. E o passado é um lugar sem mistérios para a razão ocidental.
O personagem do livro de Moorcok encontra um jeito de ir ao tempo de Jesus com uma máquina do tempo de renascimento. Um ovo com a gema viajando no tempo evoca esse renascimento. E lá podemos encontrar ele com um passado que não estava na conta.
Um cristo corcunda, uma maria prostituta, um josé violento e nada de seguidores, de crucificação, de cristianismo enfim.
Mas ele precisa fazer cumprir a verdade colonial e não lhe resta outra alternativa senão transformar-se no crucificado.
Essa percepção de um passado bloqueado e que mesmo diante de sua inaceitável diferença precisa reconhecer apenas o que a razão diz, a sua verdade, revela todo o poder da racionalidade e da colonização.
Toda a obra Operação Cavalo de Troia (1987), de J.J. Benitez é a expressão literal da história cristã em forma de romance. Uma viagem ao passado para constatar a verdade da história.

A obra mescla temas bíblicos (a vida de Jesus) com ficção-científica (a viagem no tempo) e mostram “dossiês” que narram uma missão da Força Aérea dos Estados Unidos na qual um módulo chamado “O Berço” é levado ao passado com o propósito de comprovar a existência de Jesus Cristo. A missão é chamada de “Operação Cavalo de Troia” e, como é costumeiro nas operações das forças militares norte-americanas, não são revelados grandes pormenores dos métodos de física utilizados para a reversão, nada é mencionado, além de “novos conceitos da física quântica vindos da Europa”. Conceitos, obviamente, também sigilosos.
Um major, de nome não revelado, e um piloto voltam no tempo até os anos 30 da era cristã e presenciam muitos fatos narrados na Bíblia cristã. Na verdade, a Bíblia é tomada como referência, uma vez que contém as datas e eventos da época. Fornecem, também, dados da sociedade da época: costumes, leis (principalmente as leis do judaísmo), crenças (judaicas e pagãs, geografia, ambiente, etc). O major, que durante a viagem adota o nome de Jasão, é escolhido para a operação por seu ceticismo e imparcialidade, mas quando encontra Jesus, é tocado profundamente por sua mensagem e a narrativa ganha um tom delicado e humano.

Leia aqui todos os textos de Eduardo Bonzatto

Os pormenores da vida de Jesus, assim como as conversas em que Ele fala abertamente sobre sua origem divina e sobre o que é a sua missão na Terra, deixam claro que a Igreja teria passado longe da mensagem original. A diferença entre os acontecimentos presenciados pelo Major e os narrados nos textos sagrados é enorme, mas compreensível. Segundo as próprias observações do personagem, os evangelistas nem sempre presenciaram os acontecimentos que narraram anos depois e, mesmo quando presentes, sua formação cultural não permitia que compreendessem totalmente os acontecimentos.
Segundo essa obra, a mensagem de Jesus fala de um Deus-Pai, sempre bom e generoso. Um Deus que não exige templos nem rituais. Algo que precisa ser vivenciado para ser compreendido, e que não pode ser comprovado, como desejavam os militares (e a ciência).
As diferenças superficiais não recusam a estrutura colonial, muito pelo contrário, a reforçam.
Temos duas situações em que as verdades universais, verdades coloniais que se diga, entende o passado como as narrativas históricas, construídas todas praticamente no surgimento da história edificada para alinhar os estados-nação aos princípios metropolitanos, desembocam na confrontação dessas verdades.
Nos dois casos, a viagem ao passado criado e construído encontra reações similares. O major do projeto operação cavalo de troia reconhece a verdade com suaves alterações que se dariam de acordo com sua percepção.
Considerando essa primeira situação, se qualquer pessoa que vive sob as influências coloniais, portadores da razão instrumental colonial, que se sente como um soberano da vida coagulasse na Roma dos césares, iriam ver exatamente o que aprendeu sobre a Roma dos césares, ou sobre o Egito, ou sobre a África.
A verdade universal colonial está na mente do colonizado e ele percebe a realidade segundo sua percepção e nunca como as coisas seriam. Vê uma situação e constata a desigualdade natural a que está acostumado.
O segundo caso, em que o sujeito encontra uma realidade radicalmente diferente daquela que aprendeu, sua posição é ainda mais impressionante, pois ele sente que precisa corrigir o passado para que no fim as coisas aconteçam como devem acontecer.
Se transforma no cristo crucificado pelo bem do cristianismo.
O início da obra:
A máquina do tempo era uma esfera cheia de fluido leitoso, no interior da qual flutuava o viajante, encerrado num traje de borracha e respirando por uma máscara ligada à parede do aparelho por um tubo. A esfera rachara-se na aterrissagem e o fluido transbordava sobre a terra, que o absorvia. Movido
pelo instinto, Glogauer enrolou-se numa bola, enquanto o líquido escoou e ele foi ao fundo, ao encontro do plástico macio do revestimento interno da máquina. Os instrumentos, críticos, pouco convencionais, permaneciam mudos. A esfera tremeu e rebolou para o lado, com o pouco líquido remanescente a pingar do enorme rasgão.
Em algum lugar da obra:
Este homem não detém o poder material dos deuses imperadores; apenas um séquito de pescadores e gente do deserto. Chamam-lhe deus; e ele acredita. Os discípulos de Alexandre diziam: «Ei-lo invencível, e por isso um deus.» Os discípulos deste homem mal pensam sequer; ele é o seu ato de criação espontânea. Guia-os agora, este nazareno louco chamado Jesus.
E falou-lhes, dizendo: Sim, na verdade fui Karl Glogauer e agora sou Jesus, o Messias, o Cristo.
E assim foi.
Não faria nenhum sentido um messias que não tivesse morrido na cruz.

*Eduardo Bonzatto é professor da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) escritor e compositor

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QUADRINHOS, MÍDIA CONTEMPLATIVA E A ARTE DE ZOAR

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Eduardo Bonzatto*, Pragmatismo Político

A imaginação humana, em matéria de monstros, é limitada.
Jorge Luis Borges

Nenhuma glória para o homem!
Nenhuma glória para mim!
Não para mim!
Não adianta escrever quando o espírito não conduz.
Allen Ginsberg

Num tempo de mídias interativas, os quadrinhos resistem.
Aprecio quadrinhos há muitos anos e quando era jovem via em suas histórias um jeito de sofisticar minha percepção.
Como leitor de livros geralmente era subjulgado e limitado pela página escrita. Havia muita submissão nos livros e em todas as histórias a desigualdade era uma constante. Esse imperativo, com as leituras se sucedendo, involuntariamente me forçava a reconhecer questões de naturalidade que, sem o saber ainda, me incomodavam.
E o poder sempre se fazia presente em todos os livros, exceto os de poesia e fui preferindo os poetas malditos. Os livros me diziam sempre o que fazer. Essa heteronomia era sempre um incômodo, uma coceira, um estorvo.
Os livros replicavam os professores e esses replicavam os livros, numa redundância sem fim.
Fui descobrindo os quadrinhos com as histórias europeias, muito mais interessantes e de incidência temática. Esse foi o primeiro plano que me atraiu.
A imersão nas quadrinizações foi outra dinâmica que me convenceu a mergulhar num universo que só aparentemente é bidimensional.
A imersão se deu aos poucos. Lia os gibis seguindo os protocolos de leitura habituais, conferindo mais importância ao texto do que às imagens. Foram necessários anos para que o equilíbrio ocorresse. As imagens consumiam então a mesma energia que as palavras e as onomatopeias foram também se contorcendo em imagens.
Com o tempo fui me desinteressando pela leitura. No início por pura preguiça, mas fui percebendo os malefícios que me causava, identificando os vínculos coloniais que continham as letras e a saturação de prazeres fúteis que o intelecto proporcionava.
Com movimento inverso, as imagens estavam ali, estampadas e curiosas com seu convite de devaneio. Fui percebendo as camadas que um simples traço poderia ocultar e, mais que tudo, como isso acionava minha imaginação.
Era o princípio da contemplação esse convite e abriu portas dimensionais apenas com uma única chave: a observação tranquila, sem foco, admirada e admirável.

Lanfeust de Troy. Os álbuns apresentam um mundo em que a magia faz parte do cotidiano

Muitos advogam que aprenderam a ler com os quadrinhos. Eu garanto que também podemos superar as limitações impostas pela leitura com eles. As imagens contam histórias bem diversas dos roteiros.
Os desenhos, suas narrativas insuspeitas quando libertas dos textos, fazem parte de uma linguagem universal e acessível a qualquer um, independente de sua alfabetização.
A arte sequencial e simultânea é passível de interpretação e todo mundo entende do seu jeito. As narrativas de papel são mais livres inclusive do que as fílmicas, que mantém fixo na sequência o espectador, submetido a tempos e decisões previamente instituídas.
A condição sempre instituinte das narrativas gráficas visuais, as possibilidades de leituras diversas e interpretações abertas foram me convencendo que ali estava um caminho bastante caótico de cultura e só me bastava abdicar de ler os textos orientadores.
Além do mais, como objeto físico, vem carregado de cheiros, de contatos táteis e de ações colecionáveis. E a cada nova leitura, a história se transforma, na mesma medida em que eu me transformava.
Resolvi escancarar a quarta parede e tomar o controle suave das metalinguagens, tecendo histórias que transitam em vários quadrinhos em que sou eu o autor da trama imagética de histórias que só existem pra mim.
A contemplação então se tornava uma forma de meditação e as páginas em paisagens da memória sempre reeditadas.
Esse ritual contemplativo, além do mais, alimenta outro sistema cognitivo bem diferente do que usamos para aprender as variações coloniais heteronômicas e quanto mais viajamos de modo hermenêutico nos gibis, mais nutrimos esse outro sistema que felizmente não pode ser entendido intelectualmente.
A esse sistema cognitivo misterioso que ocorre de modo independente da racionalidade chamo sistema cognitivo sentimental e é nele que pode ocorrer a autonomia.
Tudo que é gestado aí serve para alimentar a imaginação e a criatividade, diferente dos modelos heteronômicos, que só nos servem para reproduzir o que aprendemos a duras penas.
A contemplação é um estado de tranquilidade, sem objetivo algum, apenas contemplar. Esse movimento deixa em repouso as estruturas racionais e ativam os fluxos sentimentais de modo que num nível muito profundo e sem nos darmos conta, estamos conectados a tudo, não só ao gibi que estamos admirando.

Leia aqui todos os textos de Eduardo Bonzatto

O estado de admiração é também ele uma forma de repouso para a mente, pois cessam aí o julgamento, a moral e os bons costumes.
Nesse sentido, os quadrinhos são narrativas extradimensionais por operarem em múltiplos ambientes, externos ao leitor, internos aos desenhos sequenciais, internos ao leitor e paralelos a ambos. É uma íntima conexão com a diversidade sob uma ótica livre e permissiva, pois carece da imaginação para compor os caminhos disponíveis nesses muitos mundos em encontro.
A metalinguagem que acontece inevitavelmente promove um diálogo em plena complexidade, com as diversas probabilidades da presença multiespectral entre imagens, observador, observado, o diametralmente outro e a singularidade de aberturas de portais nunca antes entrevistos. E tudo isso com uma ação aparentemente infantil e prosaica.
A infância é o instante em que poderíamos reverter as forças coloniais em zonas de autonomia, mas nos obrigam a sentar numa cadeira, por horas a fio, ouvindo e fazendo o que a autoridade determina. E todos estão coniventes com essa imposição.
Os quadrinhos vistos dessa forma são possibilidades de evasão das hordas do poder, janelas por onde podemos transitar para mundos extraordinários em que a liberdade de escolha foi investida por nós mesmos, seres libertos das prisões cartesianas da razão.
E voamos livremente pelos céus de dezembro..
Esse aprendizado nos leva sem esforço para uma dimensão de liberdade que é ainda mais surpreendente, pois com as narrativas livres dos quadradinhos também aprendemos a zoar.

A ARTE DE ZOAR

Zoe em grego significa vida.
A vida é um caçoar dirigido ao poder. O poder tem origem em thanatos, potencia de morte.
Usualmente, nossa mente colonial nos informa que aqueles que discordam do poder devem enfrentar o poder. Mas enfrentar o poder é usar o poder e o confronto apenas nos vincula ainda mais àquilo que queremos destruir.
Todos que enfrentam o poder se levam muito a sério. Precisam se empoderar para isso e acreditam num ritual de rebeldia. A investidura do confronto é a mesma do status quo.
O poder deseja vencer ou perder, deseja derrotar e confrontar.
Zoar também é a picada dos insetos, atiçam, coçam, aborrecem por sua minúscula insistência. E esse incômodo não pode ser revidado. Está ali como um lembrete, uma chaga, uma cicatriz que ascende quando vai chover.
O poder precisa do confronto pra prosseguir, mas a zueira é como a água diante do poder, ela o contorna e sai onde ele não esperava. E o poder é feito de bobo, um bobo poder. Todo aquele que fizer de bobo o poder vai perceber que ele é enganador em sua força. É fraco e medroso, por isso precisa convencer de sua importância que, no entanto é nula.
A zueira é a ação para ridicularizar o poder. Não é forte, mas é potente. E só aquele que não se leva a sério pode implementar essa zueira.
O ser irreverente não se leva a sério. É capaz de zuar o poder sem nenhum escrúpulo. A irreverência é a potencia contra o poder, pois o desnuda em sua pequenez. E um poder nu é bem ridículo de se ver.
Mas a irreverência é um estado de espírito e só aquele que não se importa com o que pensam dele pode ser assim. Está imune aos ataques moralistas, já que o certo e o errado são compreensivos para os que precisam ser aceitos. Entre o certo e o errado existem universos cinzentos e aproximativos que são ignorados pelo concordo discordo.
Para a zueira não existem anátemas.
Os colonizados acreditam que a razão faz parte do corpo, como um membro de locomoção. A razão, todavia, é o emissário colonial internalizado pelo indivíduo, que precisa desse orientador para gerir o poder e buscar privilégios.
Mas essa é uma questão importante para quem quer zuar. Pois o elemento surpresa da irreverência é o reconhecimento de que não se é humano, no sentido de uma humanidade colonial, mas sim que se reconhece sob um manto muito mais abrangente de uma humanidade compartilhada, em que não existe a soberania humana, esse lugar de altivez e arrogância que marca o ser egóico.
O irreverente já abdicou de sua vestimenta do poder e assumiu sua animalidade, sua condição de humano-terra, em que todos são seus próximos, os seres de carne, de energia, de seivas, de complexos proteicos. Nesse nível, a isonomia é uma bênção, pois equaliza a todos e não separa nenhum.
Os que adoram o poder são já por isso mesmo seres risíveis, pois carregam na sua racionalidade uma inapreensível vontade de dominar e, consequentemente, de destruir.
Quando praticam o bem, provocam sempre o mal, eis a natureza da razão, uma usina produtora de malefícios e junto com cada malefício expurgado, uma esperança de salvação no futuro. É impressionante tamanha ignorância sobre a vida. Só rindo mesmo.
Mas nada podemos fazer contra essa horda de racionalidades ambulantes. Ser irreverente é o único jeito de se imunizar contra seus ataques só aparentemente fulminantes. Seu racismo é inútil para os irreverentes. Assim como todos os preconceitos são inúteis para os irreverentes.
O ser irreverente sabe que a razão não é parte do organismo, é parte da colonização e não há nada a fazer para salvar os inteligentes. Continuarão sua marcha para o futuro, crentes que existe lá a salvação, o bem estar, a igualdade.
Conheço um senhor africano que quando passa ao lado do poder, solta um estrepitoso peido e segue tranquilo sua jornada. Nada pensa, só um estrepitoso peido. Diga se não é um jeito elegante de zoar?
É o momento em que entramos na narrativa gráfica da vida ordinária e alteramos substancialmente o jeito usual de viver.

*Eduardo Bonzatto é professor da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) escritor e compositor

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Três passageiros de avião que caiu no Piauí passam por cirurgia; em áudio, piloto diz que “porta ficou aberta”

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piloto avião caiu piauí
O piloto, a esposa e duas filhas

Um avião de pequeno porte caiu em um campo de futebol em Teresina (PI) nesta segunda-feira (12). O campo fica a menos de 1 km do aeroporto da capital e o avião tinha acabado de decolar com cinco pessoas, sendo três mulheres, um homem e uma criança.

Três sobreviventes adultos da tragédia vão passar por cirurgia, conforme o boletim divulgado pelo Hospital de Urgência de Teresina (HUT). Os três tiveram traumatismo em coluna lombar. Outros dois passageiros sofreram lesões leves e foram liberados: uma criança de 5 anos e uma adolescente de 16.

As vítimas são: Giovana Plácido (16 anos), Juliana Plácido (36 anos), Maria Gracy (66 anos), Arcedino Concesso Filho (37 anos) e N. C. Plácido (5 anos), todos da mesma família.

O piloto e advogado Arcedino Concesso entrou em contato com a torre de controle do Aeroporto Petrônio Portela para comunicar que a porta do avião ficou aberta e por isso precisava retornar. Minutos depois a aeronave bateu em um poste de alta tensão e caiu no campo de futebol, segundo o Corpo de Bombeiros.

“Vai fazer o retorno e pousar. Ficou uma porta aberta”, diz o piloto. A torre de controle autoriza o retorno e diz que a pista 02 está livre para o pouso caso necessário. O piloto afirma que vai retornar porque ficou uma porta aberta.

A aeronave vinha de Fortaleza e iria para Tocantins, mas parou em Teresina para abastecimento. Os bombeiros informaram ainda que o avião tinha capacidade para apenas três pessoas, mas levava cinco.

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Regulamentações do Brasil sobre a indústria de jogos de azar

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Regulamentações Brasil sobre a indústria jogos azar
Imagem: iStockphoto

O Brasil tem sido um país em constante evolução quando se trata de regulamentações relacionadas à indústria de jogos de azar. No entanto, há uma pergunta que muitos entusiastas de cassinos online se fazem: o que é possível e o que não é quando se trata de cassinos online no Brasil? Neste artigo, exploraremos as regulamentações atuais e discutiremos a possibilidade de desfrutar de um casino bônus sem deposito no país.

Regulamentação atual dos cassinos online no Brasil

Atualmente, no Brasil, a legislação sobre cassinos online é complexa. Embora os cassinos físicos sejam proibidos na maioria dos estados, não há uma lei federal que proíba explicitamente os cassinos online. Isso levou a uma situação confusa, onde alguns cassinos online operam no país, mas sem uma regulamentação específica. Isso pode criar um ambiente de incerteza para os jogadores que buscam uma experiência de cassino online segura e legal.

Possíveis mudanças futuras

Apesar da situação atual, há indícios de que o Brasil está caminhando para uma possível regulamentação mais clara e abrangente dos cassinos online. O governo brasileiro reconhece o potencial econômico dessa indústria e a oportunidade de gerar receitas fiscais significativas. Além disso, os avanços tecnológicos e a crescente popularidade dos jogos de azar online em todo o mundo estão pressionando o país a considerar uma legislação mais atualizada e adaptada à realidade atual.

O “casino bônus sem deposito” no Brasil

Um dos aspectos mais atraentes para os jogadores de cassinos online são os bônus oferecidos pelos operadores. O “casino bonus sem deposito” é uma oferta popular em muitos países, onde os jogadores recebem um bônus sem precisar fazer um depósito inicial. No entanto, no Brasil, devido à falta de regulamentação específica, a disponibilidade desses bônus pode variar. Alguns cassinos online internacionais podem oferecer esse tipo de bônus para jogadores brasileiros, enquanto outros podem não.

Conclusão

Embora o Brasil ainda não tenha uma regulamentação clara para a indústria de cassinos online, há sinais de mudanças no horizonte. A possibilidade de desfrutar de um “casino bonus sem deposito” pode depender da plataforma de cassino escolhida e de sua localização. No entanto, é importante lembrar que, ao jogar em cassinos online, é essencial escolher operadores confiáveis e respeitáveis, que possuam licenças reconhecidas internacionalmente. A regulamentação futura pode trazer mais clareza e segurança para os jogadores brasileiros de cassinos online, permitindo que desfrutem de uma experiência de jogo responsável e divertida.

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Legalização dos Sites de Apostas é meta do Governo Brasileiro até o Fim de 2023

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Legalização Sites Apostas meta Governo Brasileiro até Fim 2023
Imagem: Istock

Nos últimos meses a discussão sobre a legalização dos sites de apostas no Brasil tem ganho cada vez mais força. Enquanto em muitos países ao redor do mundo essa prática já é regulamentada e movimenta bilhões de dólares, no Brasil ela ainda opera em um limbo cercado de insegurança para apostadores, casas de apostas e principalmente para o governo brasileiro. Com o avanço da prática que tem se tornado cada vez mais popular no país e com a mudança de perspectiva em relação aos jogos de azar por parte da sociedade, é necessário analisar os potenciais benefícios e impactos da legalização desse mercado para todas as partes envolvidas.

O potencial econômico dos sites de apostas

A legalização dos sites de apostas no Brasil tem um potencial econômico significativo. A indústria de apostas esportivas e jogos de azar online é uma das mais lucrativas do mundo, movimentando bilhões de dólares anualmente. Ao legalizar essa atividade no país, seria possível atrair além de investimentos estrangeiros, criar empregos diretos e indiretos, e aumentar a arrecadação de impostos.

É esse último item que tem feito o governo brasileiro trabalhar por um avanço no demorado processo de regulamentação de apostas que o país tem enfrentado. Afinal, somente com arrecadação de impostos é estimado um potencial na casa de 20 bilhões de reais anuais.

Um exemplo do potencial econômico dos sites de apostas pode ser observado em países como Reino Unido e Malta, onde a legalização dessa atividade resultou em um aumento expressivo do número de empresas do setor, além de uma significativa contribuição para o Produto Interno Bruto (PIB) dessas nações.

São estes benefícios que o governo brasileiro espera trazer para o país ao legalizar as apostas no Brasil.

Proteção ao consumidor e combate à ilegalidade

Além do aspecto econômico, a legalização dos sites de apostas também traria benefícios em termos de proteção ao consumidor e combate à ilegalidade. Atualmente, milhares de brasileiros acessam sites de apostas estrangeiros, muitas vezes sem qualquer garantia de segurança ou proteção aos seus direitos.

Hoje está ao alcance de qualquer cidadão se cadastrar em um site de apostas e começar a apostar. Para se ter uma ideia, já existem até mesmo Casas de Apostas com Depósito Mínimo de 20 Reais, o que tem tornado os sites de apostas acessíveis a qualquer um. Com essa facilidade de acesso e com a intensa propaganda de sites de apostas na televisão, nos jogos de futebol e na internet o aumento do número de apostadores no país tem ocorrido em larga escala.

Ao regulamentar o setor, o governo poderia estabelecer regras e padrões de conduta que garantam a transparência e a integridade das operações, protegendo assim os apostadores.

A legalização também permitiria que o Estado exercesse um controle mais efetivo sobre o mercado de apostas, combatendo a ilegalidade e o crime organizado associados a essa atividade. Ao criar mecanismos de monitoramento e regulamentação, seria possível coibir práticas ilegais, como lavagem de dinheiro e fraudes, além de garantir que os lucros gerados pela atividade sejam destinados para fins lícitos.

A legalização dos sites de apostas no Brasil é um tema que merece uma análise cuidadosa e aprofundada. Além de oferecer um potencial econômico significativo, a regulamentação desse mercado traria benefícios como a proteção ao consumidor e o combate à ilegalidade. No entanto, é importante ressaltar que a legalização deve vir acompanhada de uma estrutura sólida de regulação, com normas claras e efetivas para evitar abusos e garantir a segurança dos apostadores.

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A experiência de outros países que já legalizaram os sites de apostas pode servir como referência para o Brasil, permitindo aprender com os erros e acertos dessas nações. É fundamental envolver os diversos setores da sociedade nessa discussão, incluindo especialistas, órgãos reguladores, representantes do governo e organizações de proteção ao consumidor.

A legalização dos sites de apostas no Brasil não é uma questão simples, e é preciso considerar todos esses aspectos envolvidos. É necessário estabelecer um ambiente regulatório robusto, que promova a transparência, a segurança e a responsabilidade no mercado de apostas, ao mesmo tempo em que garanta a proteção dos consumidores.

Além disso, é essencial destinar parte dos recursos arrecadados com a legalização para investimentos em programas de prevenção e tratamento do vício em jogos de azar. A conscientização sobre os riscos associados às apostas deve ser amplamente divulgada, a fim de proteger aqueles que podem ser vulneráveis aos problemas relacionados ao jogo.

Em suma, a legalização dos sites de apostas no Brasil pode trazer benefícios econômicos significativos ao país. No entanto, é importante que seja feita de maneira responsável, com uma estrutura regulatória sólida e medidas efetivas de proteção aos jogadores. Com um debate amplo e uma abordagem equilibrada, o país poderá aproveitar o potencial desse mercado em crescimento, ao mesmo tempo em que protegerá seus cidadãos e evitará práticas prejudiciais.

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O que Bolsonaro uniu o liberalismo deve separar

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que Bolsonaro uniu liberalismo deve separar governo lula
Ministros do Governo Lula (Imagem: TV Brasil)

Anderson Pires*

Jair Bolsonaro se transformou num grande fator de unidade no país. Tirá-lo do poder passou a ser uma meta comum a pessoas de diversos segmentos sociais e orientações políticas. Comunistas e liberais estiveram juntos com intuito de barrar o fascismo que se espalhava.

A extrema direita passou a ser um perigo maior e mais urgente. As pautas conservadoras que propagavam violências e preconceitos, mais a instabilidade política e econômica aproximaram pensamentos distintos. Nesse cenário, Lula era a figura mais ao centro e com maior poder de aglutinação. Não dava para fazer apostas em terceiras vias que representassem o risco da manutenção de Bolsonaro na presidência.

Porém, um governo que é formado por tamanha heterogeneidade, tendo que governar com um Congresso Nacional capitaneado por Artur Lira, um legítimo representante do velho centrão fisiológico, dificilmente conseguirá produzir políticas que agradarão a todos que o apoiaram.

A grande questão é: qual lado da balança terá mais peso? Sabemos que o Lula é um político com forte apelo popular, que dialoga com o pobre trabalhador como nenhum outro, principalmente, pela identidade existente: pela origem, pela trajetória sindical e pela visão desenvolvimentista.

Diante de tanta desigualdade existente no Brasil, certamente, o Lula ainda é a melhor opção para minimizar algumas das mazelas que ganharam muita força durante o governo Bolsonaro. É inegável que colocar na pauta questões humanitárias e combater a fome são temas fundamentais para socorrer quem sofre preconceitos e vive à margem da sociedade sem saber o que irá comer.

Da mesma forma, não temos como negar que a conjuntura no país e o equilíbrio de forças políticas são desfavoráveis às grandes transformações. Entretanto, não podemos aceitar que a subsistência seja a principal meta e que, por conta disso, tenhamos um governo pavimentado exclusivamente por fundamentos liberais.

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Não bastasse ser a sociedade capitalista, ainda teremos dela a pior versão. Os liberais dirão que não defendem a supressão de direitos, muito menos a propagação da pobreza. Na acepção ideológica (ou seria no marketing) liberal, a grande justificativa que sustenta o modelo de sociedade que defendem é que haveria liberdade para que todos tenham ascensão e sucesso financeiro.

Mas essa fórmula tem um resultado impossível, já que não tem fator de correção que estabeleça uma mudança na curva da desigualdade. O chamado mínimo necessário para que todos vivam com dignidade, no Brasil, tem séculos de defasagem e, contraditoriamente, nossa economia aponta para um retrocesso que irá ampliar a concentração de renda, com a expansão do agronegócio e a desindustrialização.

Exageros à parte, enquanto o mundo liberal desenvolvido caminha para uma economia verde, tecnológica e de propriedade intelectual, aqui o horizonte é de exploração agrária e feudal. Não existe setor que produza mais desigualdade que o primário. Basta lembrar que a sua origem tem tradições escravagistas, que condenavam ao açoite quem ousasse comer parte da produção.

Os produtos agrícolas nunca tiveram um papel social. A prova maior é que no país que mais produz alimentos no mundo milhões de pessoas passam fome. Existe contradição maior? Essa realidade esdrúxula é baseada no modelo liberal, cuja produção deve atender aos parâmetros do mercado e não às demandas sociais.

Com base nessa visão e nos problemas conjunturais citados, o Governo Lula pende para consolidação desse modelo, com a tentativa de minimizar necessidades extremas como o desemprego e a fome. Em curto prazo, essa conduta pode parecer plausível, mas a médio e longo prazos, os mesmos problemas tendem a se repetir, à medida que essa ínfima parte destinada ao pobre sofra alguma perda.

Basta lembrar que o nível de desigualdade no Brasil nas últimas duas décadas está diretamente ligado à ampliação ou redução de políticas como o Bolsa Família e ao ganho real do salário mínimo. Qualquer pequena oscilação nessas duas políticas é suficiente para que as ruas se encham de pessoas pedindo ajuda para comer.

Clique aqui e leia todos os textos de Anderson Pires

Pode parecer cruel o que direi, mas a diferença entre o fascista e o liberal e só a distinção moral em relação a quem irá morrer. Nos dois modelos, a morte prematura dos mais pobres e vulneráveis sempre fará parte dos ciclos econômicos que adotam. O fascismo explicita o preconceito por gênero e cor. O liberal diz não discriminar, mas depende da expansão da pobreza para sustentar seu modelo. Em suma, os dois convergem para a desigualdade, enquanto um cala qualquer voz que lhe incomode, o outro noticia e chama a isso liberdade de expressão.

A unidade produzida em torno da oposição a Bolsonaro não se sustenta com a expansão da pauta liberal. É provável que Lula caminhe em busca de resultados semelhantes aos que obteve em seus outros governos. Certamente, se conseguir, sairá do seu terceiro mandato com a confirmação de que foi o melhor presidente que esse país já teve, mas o povo seguirá vulnerável em decorrência das concessões limitadas permitidas pelo liberalismo.

A forma equivocada como os liberais enxergam os problemas sociais pode ser facilmente identificada quando empresários, políticos e membros de organizações não governamentais se unem para iniciativas, a exemplo do não desperdício de alimentos, como alternativa para o combate à fome. Será que, num país com 220 milhões de habitantes, mas que produz o suficiente para alimentar 1,3 bilhão de pessoas, precisa de iniciativa para racionalizar os restos de quem tem mais do que precisa como alternativa à fome?

Óbvio que não. Uma sociedade que tivesse, pelo menos, uma visão capitalista keynesiana adotaria medidas para estabelecer que a produção agrícola deveria ter parte destinada à erradicação da fome. O liberalismo usa de escárnio quando transforma o combate à fome em ato de doação voluntária do excedente, quase uma “caridade” . Assim, poderá suspender, dado que não se trata de direito, sempre que as exigências do mercado determinarem.

O liberalismo é uma política nociva ao ser humano, não importam as cores que mesclem os seus discursos. Os liberais vivem da zona frágil e cinzenta da sociedade. Especulam com todas as áreas essenciais, da segurança alimentar à educação. A questão social é, para eles, uma espécie de doença que tratam sempre na forma crônica, para não possibilitar a cura, entendida como o fim da desigualdade.

O Governo Lula prestaria um grande feito ao Brasil se conseguisse romper com a lógica perversa do liberalismo. E nem estou reivindicando que a sociedade se transforme num modelo socialista, o que seria excelente. Sendo realista, no entanto, já seria fantástico se quem produz alimentos destinasse parte do excedente para uma verdadeira segurança alimentar, ou se os que vivem de especular pagassem pelos juros e dividendos que ganham sem limites.

A união que foi criada para ganhar as eleições está fadada a acabar. Não tem como alguém que se posiciona à esquerda aceitar frágeis políticas compensatórias como o limite. É difícil? Sim, muito. Mas se não houver reação, estaremos sendo omissos e o liberalismo no Brasil irá institucionalizar a pobreza como condição obrigatória para a expansão dos interesses do capital.

*Anderson Pires é formado em comunicação social – jornalismo pela UFPB, publicitário, cozinheiro e autor do Termômetro da Política.

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Após voto histórico de Cármen Lúcia, Bolsonaro se torna inelegível por 8 anos

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Após voto histórico Cármen Lúcia Bolsonaro torna inelegível anos
(Imagem: Alejandro Zambrana | TSE)

Eduardo Maretti, RBA

Com um voto da ministra Cármen Lúcia que vai entrar para a história, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) formou maioria nesta sexta-feira (30) para tornar Jair Messias Bolsonaro inelegível por oito anos. O posicionamento da ministra, também magistrada do Supremo Tribunal Federal (STF), era mais do que esperado. Mas é simbólico que o voto de uma mulher tenha sacramentado o destino do político que, durante sua carreira, ganhou notoriedade também por sua misoginia, entre outras aberrações.

Cármen seguiu o voto do relator, ministro Benedito Gonçalves, levando o placar a 4 a 1 contra o ex-presidente. Até o momento, os votos pela condenação de Bolsonaro, além da ministra e do relator, foram de Floriano de Azevedo Marques e André Ramos Tavares e Cármen Lúcia.

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Assim que tomou a palavra, a ministra disse também que não utilizaria fatos juntados ao processo que não fosse o próprio fato, a reunião de 18 de julho de 2022. Naquele data, o então chefe de governo recebeu dezenas de embaixadores estrangeiros no Palácio da Alvorada para atacar, sem provas, as instituições democráticas brasileiras perante o mundo.

Nunes Marques pouco pode em julgamento que torna Bolsonaro inelegível

“Não lidei com fatos anteriores. O que está aqui não é um filme, é uma cena: o que aconteceu e não é controverso nos autos”, explicou a ministra.

Faltam os votos dos ministros Kassio Nunes Marques e Alexandre de Moraes, presidente do tribunal. O julgamento da Ação de Investigação Judicial Eleitoral (Aije) 0600814-85 só não terminará hoje se Kassio interrompê-lo com pedido de vista, o que é improvável.

Ontem, como era previsível, o ministro Raul Araújo votou contra a ação movida pelo PDT, que alegou abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação pelo ex-presidente naquela reunião, que relatou aos diplomatas que o sistema eleitoral era falho. E agrediu verbalmente ministros dos tribunais superiores. Mas Araújo não viu “suficiente gravidade” nos ataques de Bolsonaro.

Ataques a Moraes, Fachin e Barroso

No discurso, perante os diplomatas, Bolsonaro nomeou e atacou especificamente os ministros do TSE Edson Fachin (então presidente), Luís Roberto Barroso e Alexandre de Moraes.

“O que pode ser mais grave do que acusar os ministros de serem asseclas de terroristas e criminosos?”, questionou o ministro Floriano de Azevedo Marques, no seu voto contundente. No encontro, o então chefe do Executivo brasileiro afirmou que Fachin foi “o homem que tornou Lula elegível” e que “sempre foi advogado do MST, um grupo terrorista”.

Floriano disse que o então presidente expôs os diplomatas “a posição vexatória de coadjuvantes de um teatro eleitoral” e também “conspirou contra a imagem da República”. Ao proferir discurso agressivo e mentiroso contra as instituições, Bolsonaro assumiu o risco, afirmou.

Terra plana e golpismo

O ministro usou de ironia para dizer que as pessoas têm direito de “acreditar que a Terra é plana, mesmo contra todas as evidências científicas”, mas não podem disseminar “inverdades científicas”, na condição de professores públicos ou chefe de Estado. Isso é desvio de finalidade, salientou Floriano.

Em seu voto, na terça-feira (27), o relator Gonçalves afirmou que “o golpismo, que no século XXI paira na superfície do tecido social, exige vigilância ininterrupta por parte de democratas de qualquer espectro”. Benedito Gonçalves destacou que Bolsonaro mencionou as Forças Armadas por dezoito vezes na fala aos embaixadores.

Porém, a palavra “democracia” apareceu apenas quatro vezes. “E em nenhuma delas foi reconhecida como um valor associado à realidade do processo eleitoral”, anotou o ministro Benedito Gonçalves.

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Bolsonaro não morreu

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Bolsonaro não morreu extrema direita democracia
Imagem: Tânia Rêgo | ABr

Anderson Pires*

A política é um ambiente pródigo para sagas. A história tem exemplos diversos, alguns épicos outros desastrosos. Os personagens conseguem perpetuar suas passagens, pois, em algum momento, tiveram relevância e ocuparam espaços de destaque, independentemente do legado que tenham deixado para a humanidade.

O Brasil tem políticos que viveram suas sagas e que, provavelmente, serão lembrados pelas histórias de ascensão e queda. Entre os presidentes podemos lembrar de Getúlio Vargas, Jânio Quadros, Juscelino e Collor de Mello. Suas trajetórias tiveram momentos épicos, com passagens dignas de serem retratadas em filmes e livros, mas com quedas também marcantes.

Alguns são mais lembrados por motivos pouco louváveis, ou até por forças ocultas como foi o caso de Jânio Quadros. O homem que chegou à presidência com uma vassoura na mão para varrer a corrupção, renunciou sem que os motivos ficassem claros.

Mas o Brasil recente continua a produzir grandes histórias políticas. O próprio presidente Lula, que está em terceiro mandato, vive ainda capítulos de um enredo que parece ter final feliz. Da condição de um dos políticos mais respeitados no mundo, viu sua vida mudar completamente e ser preso. Em seguida, retornou à presidência em mais um momento épico.

Nesse intervalo da história do Lula, entre a saída ovacionado da presidência em 2010 até voltar ao cargo em 2023, o Brasil pariu um novo personagem, que sempre esteve na margem da política, muitas vezes tratado como folclórico, mas que representava o pensamento conservador e fascista de milhões de brasileiros: estou me referindo a Jair Bolsonaro.

Bolsonaro foi um deputado do baixo clero, que durante 28 anos na Câmara não apresentou qualquer projeto relevante. Envolvido com milícias no Rio de Janeiro e denúncias de rachadinhas, ficou conhecido pelas suas falas preconceituosas e criminosas destinadas a segmentos sociais, como mulheres, negros, indígenas e comunidade LGBT+.

Clique aqui e leia todos os textos de Anderson Pires

O político que parecia irrelevante espelhava o Brasil que explodiu entre 2010 e 2016, com o golpe em Dilma, o lavajatismo, ascensão de grupos de extrema direita e pautas moralistas. Foi essa conjuntura que abriu espaço para eleição de representantes do racismo, da homofobia, da xenofobia, do machismo, do armamentismo, da defesa à ditadura e até do crime organizado por milícias. Bolsonaro era a síntese de tudo isso e, resumidamente, foi assim que chegou à presidência do Brasil.

Na presidência Bolsonaro mostrou que, ao contrário do que se imaginava, era exatamente aquilo que propagava em suas falas pelos corredores da Câmara dos Deputados. Muitos pensavam que a responsabilidade da cadeira de presidente lhe traria o mínimo de ponderação que o cargo exige. Não foi o que se verificou.

O presidente Bolsonaro se mostrou ainda pior que o deputado. Para agravar a situação, o mundo viveu uma pandemia, que serviu para expor a desumanidade do governante do país. Quem deveria cuidar para minimizar danos e sofrimentos fez exatamente o contrário. A morte foi tratada com desdém. O negacionismo foi marcado pelo incentivo ao contágio e o estímulo para que as pessoas não se vacinassem.

Durante seu governo foram diversas denúncias de corrupção. O uso dos recursos públicos foi feito sem qualquer escrúpulo. O deboche era escancarado ao gastar milhões patrocinando seus interesses particulares e atos políticos. O mesmo Bolsonaro que esbanjava secretamente com o cartão corporativo aparecia em público comendo numa barraca todo sujo de farinha.

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O Brasil sempre identificou nos políticos os chamados crimes do colarinho branco. Bolsonaro fez questão de descer ao nível da prática do crime comum. Algo coerente com sua trajetória de proximidade com bandidos, a exemplo de figuras como Fabrício Queiroz e familiares do miliciano Adriano Nóbrega, que tiveram empregos em seus gabinetes.

Além das denúncias de corrupção, o processo de identidade com os setores mais abjetos da sociedade brasileira precisava ser completo. Dessa forma, tivemos um presidente que surrupiava joias avaliadas em milhões de dólares em total sintonia com bilionários brasileiros que desviam valores absurdos com fraudes contábeis, mas ambos fazem palestras dando lições de moral.

É essa identidade que fundamenta o bolsonarismo, não existe ideologia, muito menos princípios. Todos têm em comum a moral como guia dos atos. Adequam suas condutas ao que considerarem correto e atacam qualquer debate ético. Afinal, seja na bíblia ou nas leis, o que vale ao moralista é a interpretação que achar conveniente. Sendo assim, justificam roubar e matar com versículos, parágrafos e artigos.

A saga de Bolsonaro ainda não chegou ao fim. O fato de estar inelegível não significa que deixará de ter eco com todos esses que pensam e agem como ele. Os crimes que praticou sempre tiveram a concordância e absolvição dos seus apoiadores. Logo, a condenação pela justiça só reforça a crença dos que propagavam as mentiras, ataques às instituições e desqualificação das leis.

É verdade que não vimos nenhuma grande manifestação por conta da condenação de Bolsonaro no TSE. Em certa medida, a conjuntura tem diminuído o acirramento público entre os pró e contra o ex-presidente. Mas engana-se quem pensa que isso significa uma mudança de opinião ou migração política significativa. Os conservadores seguirão com os mesmos valores e as mesmas pautas cheias de ódio e preconceito.

Quem comemorou a condenação de Bolsonaro, provavelmente, fará isso novamente com o desfecho de outras ações que tramitam. Existe a possibilidade de ser até preso. São muitas acusações e evidências da prática de crimes. A morte política de Jair Bolsonaro ainda não foi concluída. Porém, mesmo que perca toda força e interlocução, deixará o fascismo aceso e a extrema-direita organizada e pronta para novos golpes à democracia.

*Anderson Pires é formado em comunicação social – jornalismo pela UFPB, publicitário, cozinheiro e autor do Termômetro da Política.

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Pesquisa Datafolha mostra a eficácia da paranoia anticomunista no Brasil

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Pesquisa Datafolha mostra eficácia paranoia anticomunista Brasil
Imagem: Júnior Lima | Peoplesdispatch

Matheus Pichonelli, TAB

Grave! O presidente Lula (PT) tomou posse há seis meses e até agora ninguém bateu ainda à minha porta para avisar que a partir de agora a casa é do Estado, meu filho se chama Vanderleia e meu casamento está anulado por não se enquadrar nos novos modelos de família. Mais: até onde sei, as igrejas do meu bairro, e são muitas, seguem funcionando normalmente.

Se pudesse voltar no tempo, era isso o que diria para a Dona Rosely, mulher de 53 anos que deixou sua pequena cidade de 32 mil habitantes no interior do Mato Grosso para tomar o poder em Brasília e salvar o Brasil de “um governo que quer acabar com a família”.

Foi o que ela disse à polícia depois de ser detida com outros estultos em 8 de janeiro. Dona Rosemary queria proteger as gerações futuras, garantir a manutenção das igrejas e impedir que mulheres, sob o novo regime, se tornassem “escravas sexuais”.

Ao seu lado um rapaz de 19 anos tinha planos mais, digamos, ambiciosos: condicionar a queda de Lula por uma vaga no céu. Era a recompensa mínima pelo engajamento na luta contra um presidente que, segundo ele, queria fechar templos e destruir a sua, a minha, a nossa família.

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Só um golpe militar evitaria o comunismo, diziam muitos dos desatinados detidos após a invasão da sede dos Três Poderes.

Parece papo de aloprado, mas essa coisa não brotou do nada.

No último fim de semana o Datafolha revelou que metade dos eleitores brasileiros (52%) concorda que o Brasil corre risco de adotar um regime comunista. Deles, 33% concordam totalmente com a afirmação e outros 19%, parcialmente. A miragem é maior entre apoiadores de Jair Bolsonaro (PL): 73%.

Segundo o Datafolha, 39% dos eleitores acreditam também que o PT é um partido que desrespeita a família cristã (um mantra bolsonarista da campanha).

Os dados são lançados no momento em que governo e Congresso discutem as bases do arcabouço fiscal e uma reforma tributária. As montadoras, atualmente, faturam com o incentivo à compra de automóveis, um produto-símbolo da economia de mercado. Outro símbolo, o McDonald’s, estava lotado no último fim de semana — ao menos a unidade perto de casa, que, para surpresa de ninguém, não converteu o BigMac em McLula.

As propriedades privadas no país não foram abolidas, menos ainda as noções de classes sociais. Pessoas ricas no Brasil continuam bem ricas. E os pobres, bem pobres, embora uma das metas deste governo seja reduzir a distância entre uns e outros.

Para parte dos brasileiros, isso já configura um pezinho na ditadura do proletariado.

Coisa de ignorante num país em que acesso a universidade ainda é privilégio, certo? Pois entre pessoas com ensino superior a crença no cenário comunista chega a 42% — menor do que no conjunto geral da população, mas ainda assim significativo.

Essa, afinal, não é uma questão relacionada à formação, e sim à desinformação. Ela é capaz de recriar realidades e manejá-la ao gosto do freguês, livre de qualquer evidência ou pé na realidade.

Bolsonaro costuma tirar o espantalho do armário sempre que pode. Faz isso usando a estratégia citada pela ministra Cármen Lúcia, do STF (um fórum de Camaradas, na visão bolsonarista), no voto que selou sua inelegibilidade: a “consciência de perverter”. Pelo jargão jurídico, trata-se de um discurso falacioso de quem sabe não ter razão, mas o repete mesmo assim.

Lula ajudaria a não alimentar espantalhos se evitasse elogiar em público figuras autoritárias como Nicolás Maduro, mas tanto ele quanto Bolsonaro sabem que o Brasil está tão perto de incorporar a Internacional Socialista ao hino nacional quanto o Vasco de levar o Campeonato Brasileiro deste ano (ah, sim: o nome do campeonato ainda é este, e não Bolivarianão).

Bolsonaro chegou a dizer na ONU que, antes dele, o Brasil estava à beira do socialismo. E, em campanha, chamou Lula de “capeta” e o acusou de querer impor o comunismo no Brasil. Em seu governo a pergunta “o que é comunismo” disparou em buscadores. Pelo jeito, as respostas foram insuficientes.

Nos últimos anos, e durante o mandato de Bolsonaro especialmente, o verbete “comunista” se ampliou. Virou todo aquele que questiona qualquer ação do líder. A lista passou a incluir antigos apoiadores como Lobão, Janaína Paschoal e Kim Kataguiri.

Em um país que aprendeu a se informar pelo WhatsApp e a votar pela ótica do medo, liderado por gabinetes do ódio e outras serventias, “comunista” se tornou mais do que xingamento: é hoje um bicho papão que vive embaixo da cama de adultos que podem ser devorados se vestir camisa vermelha ou demonstrar alguma compaixão pelas populações empobrecidas.

Como em “O Alienista”, de Machado de Assis, Bolsonaro e companhia trancaram um país inteiro em um cercadinho conceitual. Mais um pouco e só sobraria ele do lado de fora.

A estratégia não é nem nova. Donald Trump, em sua busca pela reeleição nos EUA, manipulava os mesmos fantasmas para falar sobre Joe Biden. Muita gente acreditou.

Como já explicou o professor de filosofia da PUC-Rio Rodrigo Nunes, autor do livro “Do transe à vertigem”, o anticomunismo tem como função colocar na mesma costura “uma série de objetos que estavam soltos”. Entre elas, mudanças de costumes, políticas sociais, corrupção, ineficiência econômica. “É uma lógica paranoica, mas muito eficaz: se nós não vemos o comunismo é precisamente porque ele está por trás de uma série de outras coisas que vemos.”

A nova direita brasileira, inspirada no discurso anticomunista norte-americano nos tempos da Guerra Fria, soube explorar os laços de petistas com países como Cuba e Venezuela para aprofundar o medo (da pobreza e do desabastecimento, principalmente) e ganhar voto.

Não deixa de ser uma ironia trágica lembrar que foi no governo de um autodeclarado anticomunista que as instituições democráticas, justamente as que frearam seus impulsos autoritários, tenham sido tão atacadas. E que os brasileiros tenham se acostumado a se alimentar com sobras e ossos.

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1Win Brasil: Cadastro, Verificação e mais

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1Win Brasil: A melhor escolha para os entusiastas brasileiros de apostas esportivas

A casa de apostas 1Win ganhou popularidade significativa entre os usuários brasileiros e por boas razões. Com sua interface amigável, ampla seleção de esportes e um aplicativo móvel conveniente, não é de admirar que cada vez mais apostadores no Brasil estejam recorrendo ao 1Win para suas necessidades de apostas esportivas.

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Por que a casa de apostas 1Win é popular entre os usuários brasileiros?

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A casa de apostas 1Win conquistou com sucesso um nicho para si no mercado brasileiro de apostas esportivas devido à sua interface amigável, aplicativo móvel, ampla seleção de esportes e probabilidades competitivas. É fácil ver por que essa plataforma se tornou a escolha preferida de muitos entusiastas brasileiros de apostas esportivas. Seja você um apostador experiente ou apenas começando, o 1Win oferece um ambiente emocionante e seguro para todas as suas necessidades de apostas esportivas.

Cadastro e Verificação de Conta no 1Win Brasil

Criar uma conta na casa de apostas 1Win é um processo simples e direto, quer você opte por fazê-lo em seu site ou por meio de seu aplicativo móvel.

Registrando uma conta no site 1Win

O processo de registro levará alguns minutos, basta seguir as instruções:

↗ Visite o site oficial do 1Win e clique no botão “Registro” localizado no canto superior direito da página inicial.
↗ Ser-lhe-á apresentado um formulário de registo. Preencha os campos obrigatórios, incluindo seu endereço de e-mail, senha e moeda preferencial.
↗ Leia e aceite os termos e condições clicando na caixa de seleção.
↗ Clique no botão “Registrar” para concluir o processo de registro.

Registrando uma conta no aplicativo móvel 1Win

O registro no aplicativo móvel é um pouco diferente, mas não se torna mais difícil:

↗ Baixe e instale o aplicativo móvel 1Win em seu dispositivo iOS ou Android nas respectivas lojas de aplicativos.
↗ Abra o aplicativo e toque no botão “Cadastro” localizado na tela de login.
↗ Preencha o formulário de registro inserindo seu endereço de e-mail, senha e moeda preferida.
↗ Leia e aceite os termos e condições tocando na caixa de seleção.
↗ Toque no botão “Registrar” para finalizar o processo de registro.

Processo de verificação de conta

Depois de registrar sua conta, você precisará verificá-la para garantir a segurança de suas informações pessoais e cumprir os regulamentos da plataforma. Siga estas etapas para concluir o processo de verificação:

↗ Faça login na sua conta 1Win no site ou por meio do aplicativo móvel.
↗ Navegue até as configurações da sua conta ou seção de perfil.
↗ Selecione a opção “Verificação” ou “CSC” (Conheça seu cliente).
↗ Você será solicitado a enviar os documentos necessários para verificação. Estes normalmente incluem:
↱ Uma foto ou cópia digitalizada de um documento de identidade emitido pelo governo (por exemplo, passaporte, carteira de motorista ou carteira de identidade nacional) para confirmar sua identidade.
↱ Uma conta de serviços públicos recente ou extrato bancário (não mais de três meses) para verificar seu endereço.
↱ Se você planeja usar um cartão de crédito/débito para depósitos e saques, também pode ser necessário fornecer uma foto ou cópia digitalizada da frente e do verso do cartão (com os dígitos do meio e o código CVV ocultos por motivos de segurança).
↗ Depois de carregar os documentos necessários, aguarde a equipe de suporte do 1Win revisar e aprovar seu envio. Esse processo pode levar de algumas horas a vários dias, dependendo do volume de solicitações.
↗ Assim que a sua conta for verificada, receberá um e-mail de confirmação e poderá começar a desfrutar de toda a gama de funcionalidades e serviços oferecidos pela casa de apostas 1Win.

Em conclusão, registrar e verificar uma conta na casa de apostas 1Win é um processo sem complicações que pode ser concluído em apenas alguns minutos. Seguindo estes passos simples, você poderá aproveitar o emocionante mundo das apostas esportivas em uma plataforma segura e fácil de usar.

Depositar e sacar dinheiro no 1Win Brasil

Gerenciar suas finanças na casa de apostas 1Win é um processo simples e direto.

Depositar dinheiro na casa de apostas 1Win

Fazer um depósito é uma questão de minutos se você seguir as instruções abaixo:

↗ Faça login na sua conta 1Win verificada no site ou aplicativo móvel.
↗ Navegue até a seção “Caixa” ou “Depósito” da plataforma.
↗ Selecione o método de pagamento de sua preferência na lista de opções disponíveis (consulte a tabela abaixo para obter mais informações sobre cada método).
↗ Digite o valor que deseja depositar em BRL. Observe que pode haver um valor mínimo de depósito dependendo do método de pagamento escolhido (consulte a tabela abaixo).
↗ Siga as instruções na tela para concluir a transação. O tempo de processamento do seu depósito varia de acordo com o método de pagamento selecionado (consulte a tabela abaixo).

Retirar dinheiro da casa de apostas 1Win

É hora de sacar seus ganhos!

↗ Faça login na sua conta 1Win verificada no site ou aplicativo móvel.
↗ Navegue até a seção “Caixa” ou “Retirada” da plataforma.
↗ Selecione seu método de retirada preferido na lista de opções disponíveis (observe que os métodos de retirada podem diferir dos métodos de depósito).
↗ Digite o valor que deseja sacar em BRL. Tenha em mente que pode haver um valor mínimo de retirada, dependendo do método de pagamento escolhido.
↗ Siga as instruções na tela para concluir a transação. O tempo de processamento do seu saque varia de acordo com o método de pagamento selecionado.

Métodos de Depósito Disponíveis, Valor Mínimo de Depósito e Tempo de Processamento

Esta tabela contém todas as informações necessárias sobre os métodos de reposição do saldo de uma conta 1Win:

Método de Pagamento | Depósito Mínimo (BRL) | Tempo de Processamento
Cartão de Crédito/Débito | 30 | Instantâneo
Transferência Bancária | 30 | 1-3 dias úteis
Boleto Bancário| 30 | 1-2 dias úteis
PIX | 30 | Instantâneo
AstroPay Card | 30 | Instantâneo
Pay4Fun | 30 | Instantâneo
ecoPayz | 30 | Instantâneo
MuchBetter | 30 | Instantâneo
Criptomoedas | 30 | Instantâneo a 1 hora

Observe que as informações na tabela acima estão sujeitas a alterações e é sempre uma boa ideia verificar o site 1Win ou o aplicativo móvel para obter as informações mais atualizadas sobre métodos de depósito, valores mínimos e tempos de processamento.

Em conclusão, depositar e retirar dinheiro na casa de apostas 1Win é um processo sem complicações, graças à interface amigável da plataforma e a uma ampla gama de opções de pagamento disponíveis. Seguindo estes passos simples e consultando a tabela acima, você pode facilmente gerenciar o saldo da sua conta e aproveitar o excitante mundo das apostas esportivas em reais.

Bónus e Promoções para Novos Utilizadores na casa de apostas 1Win

O 1Win oferece uma variedade de bônus e promoções atraentes para receber novos usuários e aprimorar sua experiência de apostas esportivas.

Bônus de boas-vindas

O 1win bônus https://1winaposta.com.br/bonus/ de boas-vindas é uma das ofertas mais atraentes para novos usuários. Ao registrar uma conta e fazer seu primeiro depósito, os usuários podem receber um bônus generoso para aumentar seu saldo inicial. Veja como funciona:

↗ Registre uma nova conta no site 1Win ou aplicativo móvel.
↗ Navegue até a seção “Caixa” ou “Depósito” e faça seu primeiro depósito (consulte nosso guia anterior para métodos de depósito e valores mínimos).
↗ O bônus de boas-vindas será creditado automaticamente em sua conta como uma porcentagem do seu primeiro depósito (geralmente até 100%).
↗ Use os fundos de bônus para fazer apostas em vários eventos esportivos.

Observe que o bônus de boas-vindas vem com termos e condições específicos, como requisitos de apostas e probabilidades mínimas. Certifique-se de lê-los cuidadosamente antes de usar o bônus.

Oferta de Aposta Grátis

Outra promoção interessante para usuários recém-registrados é a Oferta de Aposta Grátis. Com esta promoção, novos usuários podem receber uma aposta sem risco depois de fazer sua primeira aposta qualificada. Veja como reivindicar a Oferta de Aposta Grátis:

↗ Registre uma nova conta no site 1Win ou aplicativo móvel.
↗ Faça uma aposta qualificada em qualquer evento esportivo (a aposta mínima e as probabilidades podem variar dependendo da promoção).
↗ Se perder a sua aposta de qualificação, receberá uma aposta grátis no mesmo valor da sua aposta inicial (até um limite especificado).
↗ Use a aposta grátis para fazer outra aposta em qualquer evento esportivo.

Observe que a Oferta de Aposta Grátis está sujeita a termos e condições específicos, como aposta mínima, probabilidades mínimas e datas de expiração. Certifique-se de lê-los cuidadosamente antes de reivindicar a oferta.

Promoção de Reembolso

A Promoção Cashback é outra oferta atraente para novos usuários na casa de apostas 1Win. Com esta promoção, os usuários podem receber uma porcentagem de suas perdas líquidas de volta como fundos de bônus. Veja como funciona:

↗ Registre uma nova conta no site 1Win ou aplicativo móvel.
↗ Faça apostas em eventos esportivos durante o período promocional (geralmente uma semana).
↗ No final do período promocional, se suas perdas líquidas excederem um limite especificado, você receberá uma porcentagem de suas perdas de volta como fundos de bônus (até um certo limite).
↗ Use os fundos de bônus para fazer apostas em vários eventos esportivos.

Observe que a Promoção Cashback vem com termos e condições específicos, como perdas líquidas mínimas, valor máximo de bônus e requisitos de apostas. Certifique-se de lê-los cuidadosamente antes de participar da promoção.

Em conclusão, a casa de apostas 1Win oferece uma variedade de bônus e promoções emocionantes para novos usuários para ajudá-los a iniciar sua jornada de apostas esportivas. Ao aproveitar essas ofertas e entender seus termos e condições, os usuários recém-registrados podem aprimorar sua experiência de apostas e aumentar suas chances de ganhar.

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SOBRE DOUTRINADORES E ESCOLAS DE VIDA

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Eduardo Bonzatto*, Pragmatismo Político

Em recente notícia publicada no pragmatismo político:
“Em evento pró-armas, Eduardo Bolsonaro iguala professores “doutrinadores” a traficantes. Declaração ocorre uma semana após o Pragmatismo denunciar o caso do professor que foi espancado e ameaçado de morte no Paraná por um pai de um aluno, delegado da Polícia Federal.
“O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) igualou professores a traficantes durante participação em um evento pró-armas, neste domingo (9), em Brasília.
“No discurso, dirigido a manifestantes bolsonaristas e apoiadores da pauta armamentista, o parlamentar pediu aos pais presentes que prestassem atenção na educação dos filhos e acompanhassem o que os jovens aprendem para “não ter espaço para professor doutrinador tentar sequestrar as crianças”.
Há alguma verdade nisso e o imprudente deputado é daqueles profetas que balbuciam o futuro sem se darem conta do que realmente foi pronunciado.
Para entender que o tiro que deu errou seu alvo e acertou em outro, muito mais estrutural carecemos de um pouco de abertura para fora da prisão cartesiana da razão.
A educação escolar inaugurada na Prússia nos idos do século XIX está perfeitamente vigente nos dias de hoje em todos os países do mundo. Essa educação formal tem como função social a obediência de todos que passam por seus bancos escolares. Obediência às regras sociais, às formas políticas, ao tipo de trabalho de natureza capitalista, dentre tantas outras variações do mesmo termo, aceitar a natureza desigual da sociedade que nasceu nessa mesma época.
O alinhamento das três instituições principais desse modelo, a saber, a família, a educação e o trabalho, continuam a nutrir a reprodução do sistema a despeito de todas as invencionices ante crise. Mas os professores são realmente a cabeça de ponte desse processo.
A doutrina que praticam não é a ideológica, forma oportunista que denuncia o deputado sem noção, mas é a doutrina do conhecimento como poder, da obrigatoriedade da presença na escola, das avaliações conservadoras do modelo hierárquico.
É assim, a despeito da completa democratização da informação, dos meios virtuais de aprendizados e das democracias tangenciais da política institucional. Todos os procedimentos que esgotaram os lugares de poder foram substituídos pelos empoderamentos mais conservadores a que dotaram os estudantes. Se a hierarquia social aparentemente fraquejou com a remoção da autoridade, a escola fez surgir outras hierarquias, dos pequenos tiranos empoderados desde a sua infância como consumidores profissionais.
E a escola é esse lugar cuja sociabilidade nutre os fundamentos empoderados em seus jovens aprendizes, não mais do conhecimento, mas das relações desiguais, do bullying, do desrespeito que os adultos devotam às crianças, habilitando-as a cumprirem sua jornada tirânica. Pois dizer ao outro o que deve fazer é parte dessa jornada desrespeitosa e indigna.
E não são professores dessa ou daquela doutrina ideológica que assim procedem, são todos os professores, ancorados por todos os pais que abdicaram da autoridade e a substituíram ao consumismo, quando o afeto e o respeito poderiam ocupar o lugar decadente da autoridade da palmatória.
O tráfico a que o deputado se refere não é de fato o das drogas ilícitas, mas o dos bons conselhos da competição, da desumanização, da santa ignorância que todos os professores imaginam nutrir seus pupilos para o bem deles, para que tenham sucesso na vida, para que possam competir com vantagens a ocupar os parcos lugares de uma sociedade desigual e injusta.
Alimentam continuamente a fogueira da desigualdade com suas boas intenções, alargando as fronteiras do antropoceno, esse sistema que em tudo é destrutivo contra toda forma de vida, para enaltecer a soberania do humano que a modernidade aconselhou.

Leia aqui todos os textos de Eduardo Bonzatto

E não há quem tenha força para denunciar essa tragédia, pois o sistema orienta que competir, progredir, desenvolver é o único caminho e a escola é a instituição que encabeça essa jornada, formando um exército de pequenos tiranos, desumanos, indiferentes à vida e muito adequados a reproduzir o bom e velho modelo doutrinário, do homem como lobo do homem e soberano da vida.
Somos cúmplices de ensinarmos às novas gerações de filhos, alunos, trabalhadores as maravilhas de uma sociedade desigual, oferecendo equipamentos humanos para a competição, doutrinando para que chegam na frente de seus semelhantes, para desenvolvam e cessem o envolvimento reumanizador e que o futuro seja um reino de desigualdade e soberania.
Pouco importa diante dessa fogueira de desigualdade que continuamente fermentamos com nossos vínculos, esperar que termine o racismo, a homofobia, o feminicídio, pois esses são efeitos de uma sociedade desigual e a desigualdade, antes de ser econômica, será sempre simbólica, desumana e injusta, movida por pré-julgamentos, por preconceitos, por pré-condições hierárquicas.
E realmente pouco importa se quem faz esse tipo grotesco de doutrinação é de esquerda ou de direita, se o faz por bem ou por boa intenção ou porque deseja que seus filhos, seus alunos ou seus funcionários vençam no mundo da desigualdade, pois tais atitudes só fazem avançar a desigualdade e com ela o racismo, a homofobia, o feminicídio.
O bem-intencionado deputado, como todos que ele critica, é também um nutridor de desigualdade, de desumanidade, de incoerência política. Todos cúmplices no coro das acusadores ingênuos que fazem da educação o inferno dos vivos, a glória dos mortos e reprodução dos universitários.
Estamos sequestrando os rebentos para as fileiras da vida ruim marcada pelo poder, por seu uso degenerado, pois o poder é o senhor da heteronomia, o professor doutrinador da reprodução social capitalista.
Como se não houvesse outro jeito, outra forma de viver, condenando gerações ao pensamento único do concordo discordo.
*Eduardo Bonzatto é professor da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) escritor e compositor

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