Quantcast
Channel: Política – Pragmatismo Político
Viewing all 1077 articles
Browse latest View live

Da morte de Marielle a um monstro como Dr. Jairinho, o submundo das milícias

$
0
0
morte de Marielle monstro Dr. Jairinho submundo milícias rio de janeiro
Dr. Jairinho (Imagem: Tânia Rêgo|ABr)

Ricardo Kotscho, em seu blog

Como foi possível a sociedade carioca produzir um monstro com os requintes de crueldade do médico e vereador Jairo Souza Santos Junior (Solidariedade), o agora tristemente famoso Dr. Jairinho, acusado pela polícia de torturar até a morte o enteado Henry Borel, de 4 anos, sob os olhares cúmplices da mãe, a professora Monique Medeiros da Costa e Silva?

É o mesmo caldo de cultura do submundo das milícias, com suas ramificações na polícia, na política e no judiciário, que assegura a impunidade aos mandantes da morte da vereadora Marielle Franco (PSOL), executada dentro do carro com três tiros na cabeça e no pescoço, ao lado do seu motorista Anderson Gomes.

Em março, o crime completou dois anos sem solução. Até agora, só os dois executores, um policial militar reformado e um ex-militar, estão presos. Quem mandou matar continua solto. A motivação para o crime ainda é desconhecida.

Marielle era uma vereadora combativa, que defendia os direitos humanos e denunciava a violência doméstica contra as mulheres e a das polícias contra inocentes, e combatia a intervenção militar no Rio de Janeiro, comandada na época pelo general Braga Netto, hoje ministro da Defesa.

Filho de um coronel aposentado da PM que se elegeu deputado estadual, Dr. Jairinho faz parte de um poder paralelo no Rio, que confunde imunidade parlamentar com impunidade para arrecadar “rachadinhas” dos funcionários de gabinete, ameaçar, intimidar, agredir e matar desafetos. Nem crianças escapam, vê-se agora.

Na tentativa de acobertar o crime, o padrasto de Henry ligou para várias autoridades, até para o governador do Estado, mas o delegado Henrique Damasceno, após um mês de investigações, em que ouviu 18 testemunhas, encontrou “provas contundentes que revelam fundadas razões de crime hediondo“, e não de um acidente doméstico, como Dr. Jairinho tentou alegar.

Marielle e Henry são vítimas da impunidade do crime organizado, que controla há anos vastas áreas do Rio de Janeiro, em que a população é refém da violência e da extorsão, sem que a polícia jamais alcance os cabeças nos podres poderes constituídos em todos os níveis.

Saiba mais: Fotógrafo renomado que acusou Jairinho de tortura perdeu esposa, filhos e amigos

O caso Henry pode ser considerado um ponto fora da curva pela rapidez com o que o delegado Damasceno esclareceu o crime, com profusão de testemunhos e provas periciais, que atestaram a violência contra o menino, vítima de lesões na cabeça, no pulmão e no fígado, resultantes da prática de tortura.

Dr. Jairinho e a mãe do menino agora estão em prisão provisória por 30 dias e espera-se que a Justiça também cumpra o seu papel, não cedendo a chicanas de caros advogados para libertar o casal assassino.

Para quem tem filhos e netos, é impossível ficar indiferente ao que está acontecendo no Rio de Janeiro, desde a morte de Marielle, numa escalada de violência e corrupção nunca vista antes.

Leia também:
O mapa das ligações de Bolsonaro com as milícias
Relação da família Bolsonaro com milícias ganha a imprensa internacional
De Marighella a Marielle: o Estado brasileiro no banco dos réus

A política da morte não pode se sobrepor ao direito à vida.

Siga-nos no InstagramTwitter | Facebook

O post Da morte de Marielle a um monstro como Dr. Jairinho, o submundo das milícias apareceu primeiro em Pragmatismo Político.


Bolsonaro já agrediu Randolfe fisicamente; relembre

$
0
0
Bolsonaro agrediu Randolfe fisicamente relembre
Bolsonaro e Randolfe

Guilherme Mendes, Congresso em Foco

Em uma conversa privada com o senador Kajuru (Cidadania-GO), o presidente Jair Bolsonaro chamou o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) de “bosta” e disse que sairia na porrada com ele. Randolfe reagiu e disse que a violência costuma ser “uma saída para os covardes que têm muito a esconder”.

Essa não é a primeira vez que Randolfe e Bolsonaro se desentendem. Em 2013, em visita promovida pelas comissões da verdade do Senado Federal, da Câmara dos Deputados e da Ordem dos Advogados do Brasil, o senador acusou o então deputado do PP de dar um soco em sua barriga. O caso foi parar no Conselho de Ética da Câmara que, por unanimidade, inocentou Bolsonaro.

Leia também: Telefonema gravado entre Kajuru e Bolsonaro é a exposição da tragédia brasileira

Na época, Randolfe alegou que Bolsonaro ficou irritado ao ser impedido de participar da visita por não fazer parte da comissão. Ele negou a agressão.

Na época, Randolfe alegou que Bolsonaro ficou irritado ao ser impedido de participar da visita por não fazer parte da comissão. Ele negou a agressão.

Já nesta segunda-feira (12), quando os senadores Flávio Arns (Podemos-PR) e Chico Rodrigues (DEM-RR) assinaram o pedido de CPI, que conta agora com o apoio de 34 senadores, Randolfe citou 14 razões para Bolsonaro temer a comissão, entre elas a inação do governo federal na compra de vacinas da Pfizer, apesar da oferta da empresa.

A CPI deve ser instalada nesta terça-feira (13) pelo presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), após decisão do STF na semana passada. Nas últimas horas, o governo vem articulando para tentar melar a comissão.

Além da ligação de Bolsonaro para Kajuru pedindo andamento de um processo de impeachment de ministros do STF, o senador Eduardo Girão (Podemos-CE), com apoio do Palácio do Planalto, está coletando assinaturas para a criação de uma CPI da Covid com escopo mais amplo que a proposta de Randolfe.

Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) representou contra Kajuru no Conselho de Ética e o senador Roberto Rocha (PSDB-MA) tornou público um pedido de instauração de CPMI para investigar má gestão de recursos financeiros da União transferidos para os estados, o Distrito Federal e os municípios durante a pandemia.

Siga-nos no InstagramTwitter | Facebook

O post Bolsonaro já agrediu Randolfe fisicamente; relembre apareceu primeiro em Pragmatismo Político.

“Não falo mais com Bolsonaro. Há fatos terríveis que a imprensa ainda vai saber”, diz Kajuru

$
0
0
Não falo mais Bolsonaro fatos terríveis imprensa saber Kajuru
Jorge Kajuru (Imagem: Waldemir Barreto | Agência Senado)

Sarah Teófilo, Correio Braziliense

O senador Jorge Kajuru (Cidadania-GO) disse nesta segunda-feira (12/4) que não pretender mais conversas com o presidente Jair Bolsonaro, se dizendo decepcionado com ele.

O parlamentar divulgou no último domingo (11) o áudio de uma conversa que teve com o mandatário na qual ele pressiona o senador a investigar também na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da covid-19 governadores e prefeitos. Ainda no áudio, ele afirmou que “tem que peticionar o Supremo (Tribunal Federal) para colocar em pauta o impeachment (de ministros do STF)”.

Saiba mais: Bolsonaro dá gargalhada ao ouvir que Nunes será relator de impeachment de Moraes

Nesta segunda, a apoiadores, Bolsonaro criticou a divulgação, e Kajuru agora se diz “decepcionado” com o presidente. O senador garante que o presidente sabia que o áudio seria divulgado, e que chegou a informá-lo 20 minutos antes de publicar.

Não tenho mais nada para conversar com ele. Quero distância oceânica dele. Me decepcionei”, disse Kajuru, afirmando que ainda defenderia o governo nas medidas corretas e criticaria quando fossem tomadas atitudes erradas.

“Combinei horas antes com Bolsonaro que iria divulgar nosso telefonema e ele aceitou. Ele certamente usou a nossa conversa para mandar um recado aos seus adversários e à sua base eleitoral. Mas agora ele diz que não sabe de nada e o filho dele, Flávio, abriu uma representação contra mim por eu ter divulgado a conversa”, observou Kajuru.

O senador pontuou que espera que o presidente “pare de falar bobagens e se preocupe com uma doença que ele não soube enfrentar”.

“Há fatos que a imprensa vai tomar conhecimento, há fatos terríveis. O presidente da Pfizer [CEO global se chama Albert Bourla] veio conversar com ele aqui no Brasil e ficou das 8h às 18h esperando, e, no final, recebeu a informação de que (Bolsonaro) não iria atendê-lo, em agosto do ano passado”.

De acordo com Kajuru, a informação foi repassada a ele por um ex-ministro que irá depor na comissão. A reportagem aguarda do Palácio do Planalto sobre a acusação. A assessoria de imprensa da Pfizer disse que a informação não procede.

Relação republicana

Kajuru afirmou que não é e nunca foi amigo do presidente, e que tem uma relação republicana com ele. O senador disse que ligou para conversar com o mandatário sobre outros assuntos, em especial para defender a sua “honra e de seus colegas” após o presidente os chamar de “canalhada” e afirmar que a intenção da CPI era apenas para “pegar” o presidente. “Eu não aceitei, porque ele jogou todo mundo no mesmo balaio”, afirmou.

O senador disse que decidiu publicar a conversa, pois, segundo ele, ninguém acreditaria se ele apenas dissesse que o presidente é favorável à CPI, desde que investigue também governadores e prefeitos. “Pensei que para ele, politicamente, seria uma gravação positiva perante a sociedade e os senadores, porque ninguém mais ia falar que ele era contra a CPI”.

O parlamentar rebateu críticas do vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos (PL-AM), de que “age como um vassalo pedindo para ser poupado pelo presidente“. Kajuru afirmou que sempre dá as suas opiniões, e que não foi vassalo em momento algum. “Eu fiz isso porque eu quis, não porque ele mandou. Não recebo ordem dele“, frisou.

Siga-nos no InstagramTwitter | Facebook

O post “Não falo mais com Bolsonaro. Há fatos terríveis que a imprensa ainda vai saber”, diz Kajuru apareceu primeiro em Pragmatismo Político.

CPI da Covid é criada pelo Senado e investigará governo e repasses a estados

$
0
0
cpi da covid
Pedro França/Agência Senado

Brasil de Fato

Apesar da contrariedade do governo Bolsonaro, o Senado criou oficialmente, nesta terça-feira (13), a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, que deverá apurar atos, omissões e eventuais crimes da gestão na condução da pandemia.

Os trabalhos devem se concentrar em casos como o de Manaus (AM), por exemplo, onde diversos pacientes morreram em janeiro deste ano por falta de oxigênio hospitalar.

Apesar de ser um mero ato formal, a novidade representa um capítulo a mais no jogo político que envolve o governo e os senadores que pleiteavam a criação da comissão.

Ao todo, mais de 30 parlamentares se somavam no requerimento, número acima do quórum de 27 assinaturas exigido pela Constituição Federal para criar a comissão.

Eles ainda têm até a meia-noite desta terça para retirar o apoio à iniciativa, o que pode colocar em xeque os planos do grupo e inviabilizar a CPI.

Aliado de Bolsonaro, o presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), apresentou resistência ao pedido, mas acabou oficializando a criação do colegiado cinco dias após determinação do ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF) – a decisão judicial acirrou os ânimos no tabuleiro da política e deverá ser submetida ao crivo do plenário da Corte nesta quarta-feira (14).

Atividades

O primeiro passo após a criação do colegiado é a instalação da CPI, que ocorre no dia em que a comissão tiver sua primeira agenda, em data a ser marcada. É nesse dia que deve ocorrer também a escolha do presidente e do relator e o início dos trabalhos da comissão.

O grupo terá 11 membros titulares e sete suplentes, mas a nomeação dos integrantes precisa se dar antes dos passos citados e não tem prazo regimental definido. Por conta disso, pode ocorrer a qualquer momento, dependendo da maré política.

Nos bastidores, o governo tenta conter os planos da CPI e atrasar as atividades. A estratégia dos aliados do Planalto inclui o adiamento da indicação dos membros, por exemplo.

O grupo também tentou inserir os entes locais no público-alvo de investigação do colegiado, mas não conseguiu exatamente o que queria. Pacheco autorizou, no entanto, que a CPI se debruce sobre repasses federais feitos a estados e municípios.

A ideia do governo é desgastar a imagem de governos e prefeituras para reduzir os impactos que a comissão da covid tende a causar para a imagem da gestão Bolsonaro, dividindo as atenções e os riscos políticos envolvidos.

A ideia dialoga com as seguidas investidas que o presidente da República tem feito no sentido de culpar os governadores pela piora da crise socioeconômica do país, atribuindo o feito às políticas de isolamento e ofuscando as agendas social e econômica que hoje dominam o Executivo federal.

Siga-nos no InstagramTwitter | Facebook

O post CPI da Covid é criada pelo Senado e investigará governo e repasses a estados apareceu primeiro em Pragmatismo Político.

Chefe da PF no Amazonas é demitido após pedir investigação de Salles

$
0
0
Chefe PF Amazonas demitido investigação Salles madeireiros governo bolsonaro
Alexandre da Silva Saraiva (Imagem: Wérica Lima | Inpa)

O diretor-geral da Polícia Federal, Paulo Gustavo Maiurino, trocou o chefe do órgão no Amazonas, o superintendente Alexandre Saraiva. A decisão foi revelada nesta quinta-feira (15) pela Folha, e confirmada no início da noite pela assessoria de imprensa da corporação, que passou por troca recente de comando no governo Jair Bolsonaro.

Em especial, no tocante à alteração da chefia da Superintendência Regional do estado do Amazonas, cumpre esclarecer que o Delegado de Polícia Federal Alexandre da Silva Saraiva, que permaneceu durante três anos e meio à frente da Superintendência, foi comunicado da substituição no decorrer da tarde de ontem (14/04)”.

A decisão do comando da corporação de trocar Saraiva ocorreu um dia após ele encaminhar uma notícia-crime ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao Ministério Público Federal (MPF) em que pede investigação contra o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, que tem defendido empresários madeireiros alvos da operação da PF no Amazonas na maior apreensão de madeira ilegal da história. Embora protocolada no dia 14, a notícia-crime estava sendo elaborada desde o dia 10.

Minha função é investigar. Foi o que eu fiz aqui durante esses anos”, disse Saraiva. “Não fiz concurso para superintendente, fiz para delegado”, completou, lembrando que foi superintendente em outros estados, como Roraima e Maranhão.

Eu sou um soldado, cumpro missão. Nunca pedi pra ser chefe de nada. Nunca neguei missão na PF e nunca tive missão fácil. E toda minha carreira, quero deixar isso claro, toda minha carreira foi totalmente dentro da Polícia Federal. Nunca fui cedido a órgão nenhum”, disse o delegado em provocação indireta ao novo diretor.

Em princípio, o caso envolvendo a apreensão das madeiras continua com Saraiva, mesmo com a saída dele do comando da PF do Amazonas. Como adiantou a coluna Radar, ele será substituído no cargo pelo braço-direito dele no órgão, o delegado Leandro Almada.

O atrito entre o superintendente da PF no Amazonas e Salles começou a partir da Operação Handroanthus GLO, deflagrada em dezembro do ano passado, divulgada como a maior apreensão de madeira ilegal da história do país. O volume de toras encontradas chegou a 226.760 metros cúbicos, cujo valor foi estimado pela PF em pouco mais de 129 milhões de reais.

A ação gerou reclamação de empresários que se apresentaram como donos de parte da carga e que conseguiram apoio do ministro do Meio Ambiente. Salles se reuniu com os madeireiros, passou a defendê-los em público e viajou com recursos públicos duas vezes a um dos locais de apreensão no Pará, onde encampou a versão dos empresários em detrimento da apuração da PF. Disse que foram apresentados documentos que indicam a origem legal da madeira, ao contrário do que aponta a investigação da corporação no Amazonas encabeçada por Saraiva.

Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, o superintendente chegou a responder às críticas do ministro e afirmou que a PF “não vai passar boiada”. Salles, por sua vez, disse que uma “demonização” indevida do setor contribuiria para aumentar o desmatamento ilegal.

Na notícia-crime encaminhada ao STF, Saraiva afirma que “o setor madeireiro iniciou a formação de parcerias com integrantes do Poder Executivo” na tentativa de “causar obstáculos à investigação de crimes ambientais e de buscar patrocínio de interesses privados e ilegítimos perante a Administração Pública”.

Para o delegado, há indícios de que Salles incorreu em advocacia administrativa, quando o agente público patrocina, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administração pública, valendo-se da qualidade de funcionário.

O instrumento da notícia-crime é usado para alertar uma autoridade da ocorrência de um ilícito. Com base no que Saraiva apresentou, o STF deverá decidir se abre a investigação contra Salles. No documento, o superintendente da PF no Amazonas pede apuração também contra as condutas do senador Telmário Mota (PROS-RR) e o presidente do Ibama, Eduardo Bin.

Trocas em cinco superintendências

Além do Amazonas, o comando da PF informou em nota “que estão em andamento os procedimentos para as mudanças” nas chefias das Superintendências Regionais nos estados de Santa Catarina, Roraima, São Paulo e Bahia.

Ricardo Cubas Cesar, Richard Murad Macedo, Dennis Cali e Daniel Justo Madruga darão lugar aos elegados Luiz Carlos Korff Rosa Filho (SC), José Roberto Peres (RR), Rodrigo Piovesano Bartolamei (SP), Virgínia Vieira Rodrigues Palharini (BA).

Com Veja e Folha

Siga-nos no InstagramTwitter | Facebook

O post Chefe da PF no Amazonas é demitido após pedir investigação de Salles apareceu primeiro em Pragmatismo Político.

FHC afirma que “não há razão para o impeachment de Bolsonaro”

$
0
0
FHC não há razão impeachment Bolsonaro gebocida covid
Fernando Henrique Cardoso

Sputnik

Em entrevista à Sputnik, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso discutiu os principais assuntos da atual crise política, econômica e sanitária no Brasil, incluindo questões como impeachment, política internacional e as eleições presidenciais de 2022.

Atualmente, o maior país da América Latina convive com um quadro de colapso hospitalar e sanitário em meio ao pior momento da pandemia da COVID-19, enquanto o número de vítimas fatais se aproxima rapidamente de 400 mil.

Saiba mais: Brasil tem a pior gestão mundial da pandemia, diz consultoria britânica

A crise sanitária tem sido o principal ponto de críticas contra o governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que minimizou o impacto da doença ao longo da pandemia e enfrentou prefeitos e governadores que tentaram aplicar medidas de restrições sociais para conter o avanço da doença. Atualmente, Bolsonaro vive o momento mais impopular de seu governo.

Veja: A imagem da caravana da morte que diz mais que mil palavras. Mas faltam palavras

Apesar de sustentar críticas contra a atuação de Bolsonaro na pandemia, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que governou o Brasil entre 1995 e 2003, e seguiu como uma figura política influente no país, afirma que o impeachment não é o melhor caminho para solucionar a crise brasileira.

Eu já participei de impeachment – já assisti mais de um e participei de um. É uma questão complicada, porque quando o governo para de funcionar e o povo vai para a rua, aí tem impeachment. Não é o caso atual, nós estamos longe disso, a meu ver. E espero que o governo tenha capacidade de evitar que se chegue ao impeachment. Se for necessário, mais um, mas é lamentável, eu não acho que seja o caminho para resolver os nossos problemas […]. Não há razão para o impeachment“, disse FHC em entrevista à Sputnik.

Atualmente mais de 100 pedidos de impeachment se acumulam no Congresso Nacional contra Bolsonaro. Entre as razões para não levar o processo adiante, o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou em diversas ocasiões que não havia condições políticas para que o impeachment fosse bem-sucedido. Já Arthur Lira (PP-AL), o atual líder da Câmara, apoiado por Bolsonaro, chegou a falar em “remédios amargos” contra o Planalto, mas também não demostra que levará o processo adiante.

Apesar da negativa sobre a abertura do impeachment, segundo o ex-presidente FHC, porém, não é possível dizer que não há crime de responsabilidade para motivar o impedimento, “porque pode ser que apareça”. O ex-mandatário também reforçou que o afastamento de um presidente só acontece com a movimentação da sociedade e lembrou que o processo é “traumático”.

Sem clamor das ruas o impeachment é golpe e eu não sou favorável a golpe. Acho que é melhor ter eleição“, afirmou.

Nesse contexto, FHC afastou a possibilidade de um golpe durante o atual governo, o que voltou à baila em março deste ano, quando os comandantes das Forças Armadas renunciaram diante de pressões de Bolsonaro. Segundo o ex-presidente Bolsonaro “nunca teve muito amor pela democracia“, mas as instituições e o povo não permitiriam uma aventura golpista.

‘Cultura de desordem’ contribuiu com a pandemia no Brasil, diz ex-presidente

Apesar de criticar a forma como o governo de Jair Bolsonaro (sem partido) está lidando com a pandemia no Brasil, FHC citou outros motivos que levaram o país à tragédia, como os problemas sociais brasileiros que dificultam políticas de isolamento, a força do novo coronavírus, o clima e a cultura do país.

Não é fácil um país tropical tomar conta da população. A população vai para a rua, vai para a praia, vai para a praça pública. E aqui houve um pouco de leniência do governo, que no começo não sabia que a doença era tão grave assim“, disse o ex-presidente, que também citou que o Brasil tem uma “cultura de desordem”.

FHC acredita que o presidente Bolsonaro deveria dar exemplo para a população em relação ao comportamento na pandemia. Ao longo da crise no Brasil, o presidente participou de diversas aglomerações e foi negligente com o uso de máscaras em público, além de apoiar abertamente o uso de medicamentos que não funcionam contra a COVID-19, como a hidroxicloroquina e a ivermectina.

Quem é presidente deveria ter uma atitude mais circunspecta sobre o que está acontecendo. Nesse sentido, você pode dizer que [o governo] tem alguma responsabilidade, mas a COVID-19 é um vírus, o novo coronavírus, um bichinho que ninguém vê, e ataca“, afirmou.

Um dos principais entraves para a aplicação de medidas rígidas de restrições sociais durante a crise sanitária tem sido o discurso de prejuízo para a economia. Em diversas oportunidades, por exemplo, o presidente Bolsonaro enfatizou que a quarentena prejudica a economia. Para Fernando Henrique Cardoso, esse argumento é falacioso.

Não se sabe quanto tempo vai durar isso, quanto dura, e isso tem efeito econômico negativo. E as pessoas ficam hesitando entre o econômico e a saúde. Não pode, tem que cuidar da saúde em primeiro lugar, porque senão do que adianta ter a economia fluida se a saúde não existe?”, disse.

O Sistema Único de Saúde (SUS) também foi elogiado pelo ex-presidente, que afirmou que o sistema poderia ser melhor empregado no combate à pandemia e disse que usa há muitos anos o SUS porque “o sistema é bom”.

Eleições de 2022, Lula e busca de uma ‘terceira via’

Para o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso a direita brasileira deve uma autocrítica ao país pelo apoio à eleição do atual presidente, incluindo seu partido, o PSDB. À Sputnik, FHC foi enfático ao afirmar que jamais votaria em Bolsonaro e, apesar de contrariado, disse que votaria em seu ex-adversário, o também ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em uma eventual eleição, em outubro de 2022.

Eu não vou votar nunca no Bolsonaro porque ele é de extrema-direita […], não está no meu horizonte. Prefiro alguém mais ligado ao PSDB. Se não tiver, entre Lula e Bolsonaro, posso considerar a hipótese de Lula. Eu quero isso? Não quero isso. Eu vou ajudar para que aconteça? Não. Vamos tentar uma terceira solução“, afirmou.

Uma “terceira via” para as eleições presidenciais no Brasil ainda não está consolidada. Mesmo com os governadores de São Paulo, João Doria (PSDB), e do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), disputando uma possível vaga como presidenciáveis em seu partido, FHC não descartou a possibilidade de que o candidato da centro-direita seja o apresentador de televisão Luciano Huck.

Qualquer um deles tem que ser candidato nacional, sair da fronteira do seu estado e conquistar o país. Ou sair da televisão e ganhar a condição de líder político. Há tempo para isso, não muito, mas ainda há tempo. Eu, pelo menos, vou me resguardar até ver quem é que realmente tem a possibilidade“, disse.

Apesar de torcer pelo fortalecimento de uma terceira via, FHC ressaltou que o ex-presidente Lula “respeitava as instituições” e é um político moderado. O ex-presidente disse ainda que não vê a possibilidade de Lula desistir da candidatura em 2022 e lamentou que o petista tenha mantido uma narrativa de “perseguição jurídica”.

Lula é muito competente politicamente, ele vai tentar dizer ‘veja, eu já fui absolvido’. Ele não foi absolvido, o processo foi anulado por uma questão formal, uma questão substantiva“, apontou o ex-presidente.

Brasil deve buscar relação próxima com Rússia e China

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso também comentou em entrevista à Sputnik que está preocupado com o isolamento brasileiro no plano internacional durante o governo Jair Bolsonaro.

A política externa do Brasil tem uma certa tradição. Qual é a tradição? É de cooperação, não de inimizade. E estamos perdendo espaço em uma coisa que é muito importante no mundo, que é o meio ambiente, que é um tema importante”, afirmou o ex-presidente, que também ressaltou que o Brasil sempre valorizou a paz em sua política externa.

A política ambiental tem sido um campo de conflito durante o atual governo brasileiro, acusado de reduzir a fiscalização em meio ao crescimento do desmatamento e de incêndios ilegais nas florestas do país. O tema se tornou um problema diplomático e motivo de pressão de líderes de outros países, como o presidente francês, Emmanuel Macron, e mais recentemente o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden.

O que temos de importante no mundo é porque nós fomos capazes de formular uma política de proteção do meio ambiente e de defendê-la. Como é que você vai jogar fora isso? É realmente criminoso, não pode“, lamentou FHC, que apontou a possibilidade de que Biden amplie ainda mais a pressão sobre Bolsonaro.

Ainda sobre a política internacional, FHC criticou o alinhamento de Bolsonaro ao ex-presidente dos EUA, Donald Trump, e afirmou que a relação brasileira com a Rússia e a China deve ser a mais próxima possível. O ex-presidente brasileiro também apontou que a relação de Brasília com os países vizinhos latino-americanos deve ser de amizade e cooperação, ao contrário da política praticada pelo atual governo.

Quanto mais próximo melhor [de Rússia e China]. Quem compra nossos produtos? A China. Isso é um interesse, nós precisamos disso. Eu fui à China várias vezes, você vai à China e a China é outra. A Rússia começa a ser outra, eu tenho família na Rússia, por acaso […]. Enfim, acho importante se relacionar bem com todos os países“, afirmou o ex-presidente brasileiro.

Siga-nos no InstagramTwitter | Facebook

O post FHC afirma que “não há razão para o impeachment de Bolsonaro” apareceu primeiro em Pragmatismo Político.

Kassab projeta segundo turno “entre Lula e candidato de centro”

$
0
0
Kassab projeta segundo turno Lula centro eleições 2022
Gilberto Kassab (Imagem: Wilson Dias | ABrl)

Valor Econômico

Fundador e presidente do PSD, um dos partidos que integram o Centrão e sustentam o atual governo, o ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab acredita que a pandemia da covid-19 e o cenário econômico negativo — com desemprego e pressão inflacionária — poderão deixar Jair Bolsonaro de fora do segundo turno da eleição presidencial de 2022.

Kassab considera Luiza Trajano, dona do Magazine Luiza, e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), “bons nomes” como potenciais candidatos da terceira via à Presidência.

São hoje os dois nomes, as grandes novidades que estão sendo levadas em consideração”, afirma. “Dos nomes que estão sendo ventilados como novidades do centro, eu os vejo como bons nomes que devem ser observados”, diz.

Quando surgiu o nome da Luiza Trajano, ela rapidamente ocupou esse espaço [como possível candidata de centro] e ela é qualificada mesmo, embora negue essa intenção [de concorrer]”, afirma o ex-prefeito. “O presidente do Senado, mais recentemente, com a visibilidade que está tendo, também ocupou espaço e é visto como bom nome”.

Kassab diz que “faz tempo” que não fala com Luiza Trajano e que não conversou de forma assertiva com Pacheco sobre eventual candidatura dele — apesar de deixar nas entrelinhas que o tema está sendo debatido nos bastidores.

Não, até porque ele tem dito que não é candidato. Mas quando uma pessoa tem um cargo público de relevância, chefe de Poder, e se surge uma convicção generalizada de que é o melhor nome, uma pessoa como ele não tem o direito de falar não mediante um chamamento. Mas nesse momento eu respeito a sua vontade”.

Indagado se o PSD pode ter um projeto político comum com Pacheco, Kassab despista.

Isso não está em discussão, o partido já tem seis nomes [de pré-candidatos] colocados e a nossa postura é um pouco diferente dos outros partidos, porque nós vamos ter um candidato a presidente”.

Para Kassab, o quadro atual sugere que, sendo Luiz Inácio Lula da Silva o candidato do PT a presidente, a tendência é que o petista dispute a segunda etapa do pleito com um adversário do centro.

Saiba mais: Lula é quem mais cresce nas redes sociais, mostra levantamento

O governo federal vai ter de se esforçar para mudar essa visão majoritária do país em relação ao seu desempenho, que será, inquestionavelmente, junto com a perspectiva de novos empregos, o principal fator de observação do eleitor”, afirma o político. “O eleitor vai observar o que foi feito na pandemia e vai perguntar ‘será que vou conseguir o meu emprego de volta?’”, complementa.

E aí poderemos ter um segundo turno que tenha um candidato que não seja ele [Bolsonaro] contra o Lula. Acho mais fácil ter um candidato de centro contra o Lula do que ter um candidato de centro contra o Bolsonaro”, diz Kassab.

“Acho muito difícil, [Bolsonaro] vai ter de trabalhar muito para reverter sua imagem. O legado vai ser muito ruim, com [projeção de] 500 mil mortos [pelo coronavírus]”, prevê o ex-prefeito, que foi ministro nos governos Dilma Rousseff e Michel Temer.

Temos 15 milhões de desempregados, cujo número indireto de pessoas atinge 60 milhões em um universo de 140 milhões da população [ativa]”, afirma Kassab.

Não vou ser leviano de dizer que esse governo não se recupera, mas vai ser difícil e é uma reversão a médio e longo prazos”, pondera o ex-prefeito paulistano.

Saiba mais: Brasil tem a pior gestão mundial da pandemia, diz consultoria britânica

Para o presidente do PSD, o antipetismo que marcou a eleição presidencial de 2018 “está suavizado” e é mais provável que o eleitor manifeste uma postura antigoverno em 2022.

O antipetismo é menor em relação a 2018 e acho que haverá um antibolsonarismo, uma disposição antigoverno que não existiu na eleição passada, porque o Bolsonaro ainda não era presidente”.

Sobre João Doria (PSDB), provável pré-candidato à Presidência que se cristalizou como antagonista político de Bolsonaro com embates sobre as vacinas, Kassab considera que o governador de São Paulo errou na comunicação e provocou um efeito indesejado na percepção do público com o modo como explorou o sucesso do imunizante Coronavac — que foi desenvolvido em parceria da farmacêutica chinesa Sinovac com o Instituto Butantan, ligado ao governo paulista.

Ele teve muitos acertos, mas, do ponto de vista de performance, entendo que errou na comunicação”, afirma Kassab.

Houve um exagero de exposição, uma superexposição, a sua presença constante. Se tivesse aparecido mais o Butantan e menos a sua figura, talvez a sociedade brasileira tivesse uma percepção mais correta do correto trabalho que ele fez na pandemia”.

O ex-prefeito destaca que a rejeição a Doria é captada em todas as pesquisas de intenção de voto.

É uma realidade, realmente as pesquisas mostram, e não é uma pesquisa, são todas, que a avaliação da sociedade brasileira sobre o seu desempenho não é boa”.

Kassab considera que Sergio Moro, ex-ministro de Bolsonaro, pode ser um elemento de influência na eleição presidencial de 2022, seja candidato ou não. O ex-prefeito ressalta não haver movimentação do ex-juiz da Lava-Jato que indique disposição dele em se candidatar.

O que eu não vejo é ele se preparar para ser candidato, ele não está em tribuna nenhuma. A Luiza Trajano diz que não quer ser candidata, mas está posicionada, está no movimento pelas vacinas, no movimento de mulheres empresárias. Ela está em ação, para se tornar candidato é um pulo”, compara.

O ex-ministro Moro não está posicionado, está fora do país. Está sem motor de arranque do ponto de vista eleitoral”, diz. “A iniciativa dele de se afastar gera quase que uma convicção de que ele não vai participar do processo [eleitoral]”.

Kassab também destaca o fato de Moro não ter filiação partidária e de estar distante do partido com o qual flertou enquanto ainda era juiz, o Podemos.

Veja como ele não está sendo levado em consideração, o Podemos fala abertamente que está insistindo muito para filiar [o governador gaúcho] Eduardo Leite [PSDB] como candidato. Então o Moro não está no radar, nem do próprio Podemos” conclui.

Kassab considera desnecessário que a CPI da covid-19 tenha definido em seu objeto de apuração de gastos dos governadores durante a pandemia da covid-19.

Acho que foi mais um jogo político, porque qualquer CPI sempre tem liberdade. Há o famoso jargão que diz que uma CPI se sabe como começa, mas não se sabe como termina, porque uma coisa vai puxando outra”.

Siga-nos no InstagramTwitter | Facebook

O post Kassab projeta segundo turno “entre Lula e candidato de centro” apareceu primeiro em Pragmatismo Político.

Irritado com CPI da Covid, Carlos Bolsonaro divulga fake news sobre Flávio Dino

$
0
0
Irritado CPI da Covid Carlos Bolsonaro divulga fake news Flávio Dino
Publicação de Carlos Bolsonaro é uma reação à CPI da Covid

Brasil de Fato

Após a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19 declarar que seguirá o roteiro da produção e da distribuição da cloroquina, o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos) divulgou trecho de um vídeo do governador Flávio Dino (PCdoB) com um posicionamento de 2020, em que ele afirma que “a cloroquina pode ser receitada pelos médicos”, assim como azitromicina e ivermectina.

No vídeo de 2020, divulgado na tarde da última quinta-feira (22), o vereador questiona se o governador também será investigado pela CPI da Covid.

O vídeo é do início da pandemia e revela o posicionamento reforçado pelo governador até então: de que a decisão de medicamentos a serem adotados devem ser decisões médicas, com base em estudos científicos.

Saiba mais: Brasil tem a pior gestão mundial da pandemia, diz consultoria britânica

Há um falso debate sobre cloroquina. Esse não é um debate político, essa é uma questão técnica, o que não se pode e o que é errado e não fazemos, é estimular a automedicação”, declara Dino no mesmo período em suas redes sociais.

Em outro momento de 2020, o governador Flávio Dino critica a obsessão de Bolsonaro pela cloroquina, e a falta de ações de prevenção e combate à covid-19 e seus impactos sociais e econômicos.

Não discuto se remédio A, B ou C produz ou não efeito, porque não me cabe. Eu não sou médico, ele tão pouco é. O que cabe a nós, líderes políticos, é cuidar das políticas públicas. Quem cuida de remédio, é médico, que administra, que prescreve”, declara Dino em vídeo.

Reação

A publicação de Carlos Bolsonaro é uma reação à tentativa de integrantes da CPI da Covid de demonstrar que o governo federal fez uma aposta intencional de produção, estímulo e divulgação do uso da medicação, expondo a população ao risco.

Fique por dentro:
Após apoio de Bolsonaro, farmácias venderam 52 milhões de comprimidos do “kit covid”
Cidades que distribuíram “kit covid” tiveram taxa de mortalidade mais alta
O destino trágico da cidade que distribuiu cloroquina e ivermectina de graça

Entre os documentos anexados à investigação da CPI está um ofício enviado pelo Ministério da Saúde à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em 29 de junho de 2020, pedindo que a instituição desse ampla divulgação ao tratamento com cloroquina e hidroxicloroquina.

O primeiro foco da investigação está relacionada à compra de quatro milhões de comprimidos de cloroquina antes de qualquer comprovação científica, além da recusa de compra 70 milhões de doses da vacina produzida pela Pfizer, que seriam entregues em janeiro de 2020.

Entre as investigações, estão também viagem de uma comitiva brasileira a Israel para negociar uma possível aquisição do spray nasal EXO-CD24, que segundo ele, poderia ajudar no combate à covid-19. Entre os integrantes da comitiva estava o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), irmão de Carlos Bolsonaro.

Fase inicial

Os medicamentos foram adotados por alguns estados na fase inicial da pandemia. Ao longo do tempo, a partir de análises clínicas e científicas, uma série de medicamentos antes adotados foram declarados ineficazes no tratamento contra a covid- 19, a exemplo da cloroquina e da ivermectina.

A ineficácia dos medicamentos é respaldada pelas principais autoridades médicas do mundo, a exemplo da Organização Mundial de Saúde (OMS), do Centro de Controle e Prevenções de Doenças (CDC Americano), da Agência Europeia de Medicamentos, da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Apesar dos estudos, o Brasil segue uma tendência estimulada pelos próprios representantes do governo federal, que encorajam o uso dos medicamentos por médicos e a automedicação por parte da população.

Nebulização de cloroquina

A mais nova prática sob investigação é a nebulização de cloroquina sem autorização, que pode ter levado à morte cerca de oito pacientes no Brasil. Médicos que fizeram a experiência serão ouvidos pela Comissão de Acompanhamento de Ações Contra a Covid-19, no Senado Federal.

Apesar de experimental, sem comprovação científica, e após divulgação de estudos que comprovam a ineficácia do medicamento, a prática foi recomendada pelo próprio presidente Jair Bolsonaro por diversas vezes.

Em uma de suas lives, publicada em 11 de fevereiro de 2021, ele comemora: “Os relatos são que em poucas horas, uma pessoa que receba nebulização de hidroxicloroquina se sentiria aliviada e partiria para a cura”.

Siga-nos no InstagramTwitter | Facebook

O post Irritado com CPI da Covid, Carlos Bolsonaro divulga fake news sobre Flávio Dino apareceu primeiro em Pragmatismo Político.


João Santana receberá R$ 250 mil por mês para fazer campanha de Ciro

$
0
0
João Santana receberá mil campanha de Ciro
Ciro Gomes, João Santana e Carlos Lupi

O ex-ministro Ciro Gomes (PDT), que pretende concorrer à Presidência da República pela quarta vez no ano que vem, anunciou nesta quinta-feira, 22, em seu perfil no Twitter a contratação do jornalista e marqueteiro João Santana para a coordenação da comunicação do partido.

O anúncio foi ilustrado com uma foto em que Ciro aparece ao lado de Santana e do presidente nacional do PDT, Carlos Lupi.

Reunião de trabalho com @CarlosLupiPDT, presidente do PDT, e com o publicitário João Santana, que nos ajuda a partir de agora na comunicação do partido”, escreveu Ciro.

Ex-marqueteiro oficial do PT, João Santana coordenou as campanhas vitoriosas de Luiz Inácio Lula da Silva, em 2006, e de Dilma Rousseff em 2010 e em 2014. Em 2017, o publicitário foi condenado na Operação Lava Jato a uma pena de 7 anos e 6 meses por lavagem de dinheiro.

Após um acordo de delação premiada, cumpriu cerca de um ano e meio em regime fechado diferenciado – em que ficou em recolhimento integral domiciliar com uso de tornozeleira eletrônica. Em seguida, passou para os regimes semiaberto e, depois, para o aberto.

No final do ano passado, em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, Santana avaliou que a candidatura de esquerda com maior chance de ser eleita seria uma chapa encabeçada por Ciro com Lula como candidato a vice.

Na ocasião, Santana comparou a eventual chapa Ciro/Lula com a que elegeu Alberto Fernández presidente da Argentina e que teve a ex-presidente Cristina Kirchner como vice. Santana, no entanto, disse que seria “impossível” uma aliança com Lula vice de Ciro.

Saiba mais: Ciro pede generosidade a Lula: “Siga exemplo de Cristina Kirchner”

Antigos aliados, Lula e Ciro dão sinais de que não vão caminhar juntos em 2022. O petista, que restabeleceu os direitos políticos neste ano, após decisão do Supremo Tribunal Federal que anulou as condenações que pesavam sobre ele, tem sido alvo de críticas de seu ex-ministro.

Não vou deixar Lula ganhar essa na lambança”, disse Ciro em março, logo após a decisão no Supremo, durante entrevista ao Estadão.

Na mesma entrevista, Ciro afirmou que estava conversando com Santana. “É um velho amigo, de longa data. Respeito muito as opiniões dele e temos sim conversado. Não sei se sairá uma parceria, vamos ver”, disse na ocasião. O ex-ministro e o publicitário não foram localizados até a conclusão desta edição.

Leia também:
Kassab projeta segundo turno “entre Lula e candidato de centro”
Bolsonaro não vence nenhum candidato no 2º turno, mostra pesquisa PoderData

Siga-nos no InstagramTwitter | Facebook

O post João Santana receberá R$ 250 mil por mês para fazer campanha de Ciro apareceu primeiro em Pragmatismo Político.

Companheiro Alípio Freire, presente!

$
0
0
Companheiro Alípio Freire presente COVID literatura
Alípio Freire (Imagem: Vermelho)

Urariano Mota*

As más notícias, que infelizmente correm depressa, me fazem saber que nessa madrugada faleceu, vítima da desgraça Covid-19, o poeta, ensaísta, jornalista, escritor e militante socialista Alípio Freire.

Ele estava internado na UTI em São Paulo, padecendo uma intubação, e desta vez não pôde resistir como tantas vezes resistiu à tortura na ditadura, à infâmia e ao terror de Estado. Agora, do Vermelho, por André Cintra, vem o pedido para um depoimento sobre a pessoa, que se tornou meu amigo, Alípio Freire. Por isso recupero o texto que sobre ele publiquei, logo depois do lançamento de “Soledad no Recife” em São Paulo.

Alípio Freire, um poeta da resistência

Em um belo dia de julho de 2009, o ex-preso político Alípio Freire nos guiou pelo Memorial da Resistência em São Paulo. Ali ele conduziu a mim, a minha esposa e filha pelas celas do Deops paulista e, em lugar da pura exposição do terror estatal, nos mostrou humanidade e sementes de esperança entre mortos e torturados.

Enquanto Alípio discorria por entre aquelas paredes, era possível notar que nele residiam juntos um artista plástico, um intelectual, um bom narrador de casos e causos, contados como se surgissem do nada, no meio de pausas entre um cigarro e outro. Mas isso, digamos, ainda não estava materializado como um documento íntimo, pessoal da história daqueles anos – eram percepções de passagem entre fumaças. A existência do Memorial era, é objetiva, a sua necessária e dura referência está ao lado de nós. Ali houve e há uma história ocorrida antes e agora pelo rescaldo da ditadura, da sociedade de classes, abjeta e objetiva.

Mal sabia eu que outro Memorial da Resistência já se encontrava em gestação, em uma forma imprevisível e original, como agora sei ao ler “Poemas – De Ordem Política e Social”. Pois aqui ocorre o lugar de um outro Departamento, que em vez de um Deops se estabelece como um Poeops, mas nada de Poe, de Allan Poe, porque Alípio Freire escreve à sua maneira a Poesia que é uma Resistência daquelas vidas de jovens e velhos, homens e mulheres subversivos contra a Ordem. E o resultado agora todos vão conhecer.

Quisera eu poder guiá-los neste momento. Ainda que não tenha o dom do artista Alípio, quando em 2009 nos conduziu pelo Memorial da Resistência, tentarei algo à semelhança de uma apresentação do poeta neste livro que se abre como um fruto maduro, caído do pé da árvore do Brasil.

Na primeira revelação, descubro que todo poeta chama, reclama e ensina para o leitor uma nova poética – aquela que o liberta e nos liberta do vício do acostumado, da forma que é fôrma. Os indivíduos mais tradicionais e conservadores – e nada mais burro e estéril que pessoas condenadas à carga desses dois adjetivos – poderiam dizer que em alguns poemas de Alípio há uma tendência de versos que são uma prosa em linhas descontínuas. E com isso o estúpido confunde poesia com determinados temas e canto ao orvalho na flor, por um lado, e por outro, com a obscuridade, que com frequência é vista como sublime.

Mas o que é a poesia? Será ela somente a de significados multívocos, quando não ambíguos, com a dignificação de “poesia aberta?” Ou seria ela, mais propriamente, aquele associada ao sentido de beleza e verdade, verdade e beleza, beleza e verdade, até o sol raiar e noite adentro? Se não for isso, parem aqui e respondam depois da leitura:

Eu tenho uma casinha
lá na Marambaia
fica na beira da praia
onde helicópteros e aviões da Aeronáutica
despejavam corpos de opositores do regime.
Alguns
ainda com vida”
Outros
esquartejados.
O terror de Estado contaminou tudo.
Até o nosso mais lírico cancioneiro”.

Na segunda revelação, descubro que o seu livro é o lugar onde nasce e se inaugura uma floresta de citações mais adiante, em futuros discursos de políticos iluminados, em poemas vindouros de jovens poetas, em inteligentes conversas de muitos jovens e militantes de todas idades, inconformados com o lixo de mundo que recebem. Se não, olhem alguns versos, como estes:

Da tragédia
Nós sobrevivemos
ao pau-de-arara.
Mas o pau-de-arara
também sobreviveu
”.

Então vamos chegando mais perto da poética de Alípio Freire. A sua estética liga o domínio de conquistas cultas ao pensamento maduro, que gera reflexão, pois este é o poeta que não abstrai, não exclui o pensamento da sua poesia. Isso quer dizer: este poeta é um intelectual de esquerda, um pensador que exerce a sua história e cultura em um só corpo:

Coquetel
Uma garrafa
Uma rolha
Gasolina
Óleo 30
Pólvora e ácido nítrico
Ou uma mecha em chamas…
… e…
desde então
aquela dificuldade insana de hierarquizar os alvos
”.

E mais esta Prestação de contas:

Para morrer
basta estar vivo.
Para viver
não
.”

A vontade que deixa na gente é de escrever somente com os seus poemas, porque descobrimos neles a expressão de um desconforto nosso, uma angústia que não teve ainda vida expressa. Como nestes versos, vizinhança de um epigrama:

Onde não há igualdade
toda liberdade é sempre um excesso
de privilégios
”.

Enfim, aqui reside uma poesia que são cravos, mas não são flores.

E assim se foi o poeta e militante socialista, que um dia me enviou este poema:

POEMA CLÁSSICO

Cabeça erguida
sigo em frente,
rumo à porta do Hades.

Ao me fitar nos olhos,
Cérbero foge ganindo,
o rabo entre as pernas.

Atravesso o umbral.

O Inferno jamais será o mesmo”.

*Urariano Mota é jornalista do Recife. Autor dos romances “Soledad no Recife”, “O filho renegado de Deus” e “A mais longa duração da juventude”.

Siga-nos no InstagramTwitter | Facebook

O post Companheiro Alípio Freire, presente! apareceu primeiro em Pragmatismo Político.

Um fuhrer negro para o Brasil

$
0
0
Reprodução

Eduardo Bonzatto*, Pragmatismo Político

Quando os julgamentos de Nuremberg puseram fim com as cordas enlaçando o pescoço de uns tantos líderes nazistas pode ter parecido que o tempo cumpria uma de suas funções mais enganosas: apagar a história. Mas a memória é uma sala de edição, como já dizia Wally Salomão.
O modo como lidamos com a tecnologia, as formas mais sofisticadas de administração atuais que considera a missão da empresa e o papel do colaborador, o empoderamento de grupos fracos em suas ocupações na Hungria, Polônia, Tchecoslováquia, França (nesse sentido, foram os primeiros a perceber que se o poder fosse dado a um fraco social ele se tornaria de bom grado um tirano), a educação disciplinar que incluiu a educação física, as finanças pautadas na produção de medicamentos e armamentos, os experimentos na engenharia genética, os negócios como expansões globais, a propaganda, os valores, cada um dos elementos imaginado pelos ideólogos da sociedade alemã nos anos finais da República de Weimar (1919-1933) até que Hitler se matou num bunker intacto enraizaram de tal sorte nas sociedades globais que podemos afirmar que foram na verdade eles quem venceram a guerra.
Se a meteórica ascensão do nazismo encantou o mundo todo no modo como Hitler e seus gestores tiraram a Alemanha da maior crise econômica da história moderna, fruto em grande parte dos acordos desumanos do tratado de Versalhes que imputava uma pesada conta de guerra a um povo orgulhoso que não fora derrotado na batalha, mas no tapete dos tribunais inventados, a admiração cresceu ainda mais quando essa nação se tornou num curtíssimo tempo a maior potencia bélica da terra. De Churchill a Roosevelt, de Vargas a Stalin, de Lebrun a Franco, cada político não poupava elogios àquele que representava o ápice da genialidade alemã em meio ao caos do entre guerras.
Mas Hitler não fez isso sozinho. Tinha em torno de si as mentes mais ousadas da Alemanha. Dentre seus parceiros, uma delas iria sobreviver a esse tempo com uma sobrevida pautada em uma forma de perceber o mundo que contagiava.
Leni Riefenstahl viveu muito, morreu em 2003 com 101 anos de idade. Mulher talentosa, quando ouviu Hitler discursar ainda em 32 ofereceu a ele seus préstimos de cineasta e construiu a forma com que a beleza seria idealizada pelos séculos afora. E essa forma de beleza é eugenista ainda hoje.
Filmes como Olympia e O triunfo da vontade são mais que filmes, são mecanismos de adoração e devoção a uma forma purificada de observação mecânica, como se o que vemos comunicasse ao sangue o aço de sua beleza.
Não se pode negar que sua mensagem ofereceu uma unidade à ideologia nazista que vai muito além da mera contemplação passiva. Há chamas que queimam, fornalhas que forjam, vontades que triunfam.
Por seu poder de agregação, Leni passaria 4 anos num campo de concentração francês depois da guerra e durante toda a sua vida encontraria dificuldades de financiar outros filmes, mas nunca lhe imputaram alguma culpa em relação à sua exaltação dos valores nazistas, que depois do fim da guerra, como é de praxe aos derrotados, foram demonizados. Mas sua verdade ia muito além dos tribunais da guerra ou das bandeiras hipócritas dos vencedores. Os mesmos tribunais que ignoraram os comprometimentos de cientistas, economistas, industriais, inventores, militares, engenheiros, intelectuais, professores, ideólogos, cooptados todos ou quase todos pelos países supostamente vencedores e que levariam os valores nazistas para a posteridade.
A obra que havia inspirado essa gente toda não era, como se pode imaginar, o Mein Kampf de Hitler, mas A decadência do ocidente, de Oswald Spengler. E será justamente na segunda parte da obra de Spengler, “perspectivas da história universal”, que estuda inicialmente os fatos da vida real e, pela análise da prática histórica da humanidade superior, que os ideólogos do nazismo procuraram extrair a quintessência da experiência histórica, à base da qual puderam empreender o trabalho de plasmar as formas do nosso futuro.
Spengler é o criador de uma ideia orgânica e nacionalista de socialismo autoritário não marxista. Em 1920, escreveu Prussianismo e Socialismo que resultaria numa assimilação confusa até os dias de hoje pelos nazistas que nomearam seu partido de nacional-socialista dos trabalhadores alemães.
Já em seu mais importante trabalho, ele prevê a desintegração da civilização europeia e norte americana depois de uma “idade de cesarismo” violento, tão peculiar aos estados totalitários que estavam se cristalizando tanto na Europa quanto nos Estados Unidos no entre guerras.
Mas se essa previsão imaginava uma centralização do poder nas mãos heroicas de um líder carismático, o fim da segunda guerra fez prevalecer a forma da democracia liberal cuja resultante caminhou célere para o mundo neoliberal, em que os valores da civilização de um passado recente são motivo de escárnio e pilhéria.
Northrop Frye, um dos mais célebres críticos literários da segunda metade do século passado, argumenta que, embora todos os elementos da tese de Spengler tenham sido refutados uma dúzia de vezes, é “um dos grandes poemas românticos do mundo” e que suas ideias principais são “tão parte de nossa perspectiva mental hoje como o elétron ou o dinossauro, e nesse sentido somos todos Spenglerianos”.
O exemplo de Von Braun, inventor do míssil Vergeltungswaffe, arma de vingança, que devastou Londres, é apenas um detalhe na miríade de mentes recrutadas às pressas depois da guerra que definiriam esse mundo atual.
Mas se essa gente toda pavimentou as estradas do futuro que chegam a nós no mundo globalizado do neoliberalismo, com seus valores de elites conservadoras e orgulhosas de sua invisibilidade, Leni queria enviar um símbolo também dos valores tão caros que ainda sustém o território das intervenções plásticas, da busca pela beleza imperecível que cada um dos habitantes da classe média da terra deseja com seus adereços coloridos, suas vestimentas tecnológicas, suas exposições midiáticas do interior do quarto de dormir.
Em 1973 ela foi até o Sudão atrás da permanência desses valores. E encontrou a tribo Nuba, cuja beleza parecia evocar exatamente o que ela acreditava como eternidade. O último dos nubas e o povo de Kau foram os filmes que fez nesse mesmo ano e que daria elementos para dois livros de fotografias.
O seu sonho africano em nada se diferenciava de seu sonho nazista quanto aos valores éticos e estéticos anteriores ao resultado enganoso do fim da guerra.
Para entendermos melhor tais valores precisamos realizar uma engenharia social cujo resgate pode confundir ainda mais do que esclarecer. Mas é importante para resgatar o clima de outro ângulo e de outro ponto de vista, pois as permanências, muitas vezes, se ocultam profundamente nas mudanças ou, “para que as coisas permaneçam iguais, é preciso que tudo mude”. O título “Il Gattopardo”, em português quer dizer “O Leopardo”, mas a palavra italiana “gattopardo” refere-se tanto ao felino da América quanto ao africano que fora quase extinto no século XIX. Obra de Giuseppe Tomasi di Lampedusa que trata da decadência de uma aristocracia italiana cujos valores precisavam a qualquer custo ser preservados.

Leia aqui todos os textos de Eduardo Bonzatto

Quando por aqui a escravidão ainda era uma memória fresca na mente do cidadão, a república, como no caso do romance italiano de Lampedusa, era uma ameaça para muitos grupos que haviam sido alijados historicamente dos arranjos políticos sempre efetuados na surdina do poder.
Os recém-libertos estavam atentos ao mundo e sua leitura pode ser resgatada nos muitos jornais que criaram para que suas vozes pudessem ser ouvidas.
E sua atenção estava, como todos na nascente república, nos modos europeus tanto de cultura quanto de governabilidade, mas principalmente na civilização.
Jornais como A voz da raça, A pátria (1889), O alfinete (1918), O clarim da alvorada (1924), O exemplo (1892), A cruzada (1905), O progresso (1899), são alguns que circulavam sem restrições divulgando os valores que os diversos grupos almejavam no novo século de possíveis liberdades.
E nesses jornais a imagem que projetavam para si nesse novo século era aquela que a Europa ditava.
Claro que o que esperavam do mundo livre que encontraram não era o que tinham nem de longe imaginado. No jornal paulista O progresso, o editorial estampa esse desagravo:
“Esperávamos nós, os negros, que, finalmente, ia desaparecer para sempre de nossa pátria o estúpido preconceito e que os brancos, empunhando a bandeira da igualdade e fraternidade, entrassem em franco convívio com os pretos. Qual não foi, porém, a nossa decepção ao vermos que o idiota do preconceito em vez de diminuir cresce, que os filhos dos pretos, que antigamente eram recebidos nas escolas públicas, são hoje recusados nos grupos escolares, que para reuniões de certa importância, muito de propósito não é convidado um só negro, por maiores que sejam seus merecimentos” (Magalhães Pinto, Ana Flávia. A imprensa negra no Brasil – momentos iniciais).
Certamente a piora na percepção do preconceito devia-se aos valores eugenistas e da política do branqueamento eurocêntrico que já há alguns anos vinha sendo divulgado nos mais variados meios.
Daí que o estímulo que os jornais editados pelos mais diversos grupos negros estava voltado para um lugar social que era emulado dos padrões brancos da classe média.
E esses valores condenavam a vida nos botequins, as manifestações culturais como os cultos religiosos de origem africana, a capoeira, a música e tudo que pudesse evocar a África e seu “primitivismo”.
Nada da África selvagem dos sacrifícios, dos grandes feiticeiros negros ostentando as chamas do tempo, nada de poligamia, nada de poliandria, nada das danças em êxtase e nada das complexas religiosidades que hoje fazem o gosto de outra África, também muito diversa dessa que ainda não pode aparecer. Pois também hoje é a uma civilização nilótica que aspiram os movimentos negros. A Frente Negra Brasileira, a primeira organização negra do país, promovia cursos de catecismo e ignorava o candomblé.
Mas também a ocupação dos espaços de trabalho pelos imigrantes era uma constante fonte de contrariedade e sentimento de usurpação que o modelo republicano parecia ser responsável.
Daí que não devemos nos espantar quando os valores antirrepublicanos e de raça pura vindos da Alemanha daquele tempo que prometia um futuro radioso antes da guerra tivesse seduzido integrantes e ativistas frentenegrinos:
“Criam uma milícia negra, para policiar os meeting raciais e agredir pretos dissidentes e a Voz da Raça escreve: ‘Hitler, na Alemanha, anda fazendo uma porção de coisas profundas. Entre elas a defesa da raça alemã. O Brasil deve seguir o exemplo, mas defender a raça brasileira não é defender a arianização do Brasil; é, ao contrário, defender a raça tal qual ela se formou pela mistura dos três sangues. O que nos importa que Hitler não queira, na sua terra, o sangue negro? Isso mostra unicamente que a Alemanha Nova se orgulha da sua raça. Nós também, brasileiros, temos raça. Não queremos saber de arianos. Queremos o brasileiro negro e mestiço que nunca traiu nem trairá a Nação. Mas esta defesa não pode fazer-se no quadro da democracia liberal, que levanta os indivíduos uns contra os outros, mas, ao contrário, pela submissão de todos a um Fuhrer, a um super-homem, a um Moisés de ébano’” (Risério, A. A utopia brasileira e os movimentos negros. São Paulo, 2007, p.365).
Se as lições aprendidas nas décadas seguintes, com a ação de Abdias Nascimento ou de Milton Santos, ou do comprometimento de Moacir Santos em sua jornada contra o preconceito e o racismo, ou da extraordinária Lélia Gonzales, dentre tantos outros, os valores do frentenegrismo foram resgatados nesse tempo de empoderamento e a raça continua sendo um elemento de distinção para os grupos negros atuais que soterrou o humano.
O ideal racista agora encontrou em patrulheiros dos movimentos negros seus principais entusiastas, algo que nem mesmo os eugenistas imaginavam…
Os ideais que venceram a guerra de Leni:

Essas duas são imagens do filme Olympia que exaltava a pureza da raça ariana.

As seguintes são de sua estada no Sudão

*Eduardo Bonzatto é professor da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) e escritor

Siga-nos no Instagram|Twitter | Facebook

O post Um fuhrer negro para o Brasil apareceu primeiro em Pragmatismo Político.

Samuel Delany: polímata, escritor negro, gay, disléxico

$
0
0

Eduardo Bonzatto*, Pragmatismo Político

Num tempo de muitas resistências que tanto dificultam o caminho para a reumanização da vida, passado o processo todo do declínio humano, que clamar pelos seres faróis, desses que a chama anda obnubilada, é também uma urgência.
Nesse tempo de escassez de humanidade, que justamente se confunde com a mais ampla soberania do ser humano, em que ele parece acreditar que pode tudo, que reina sobre tudo, que paira acima de todos, precisamos de socorro e inspiração, pois justamente o que falta a esses humanos é imaginação, tão saturados estão do cimento da razão e das tormentas do pensamento único.
No dia em que nasceu, em 1 de abril de 1942, as Filipinas, Indochina e Cingapura caem sob domínio japonês. A Alemanha nazista e seus parceiros do Eixo declaram guerra aos Estados Unidos. Os britânicos bombardeiam a cidade de Köln, ou Colônia, trazendo a guerra para dentro do território alemão pela primeira vez, iria marcar seus primeiros livros de ficção científica.
Nascido numa família que já tinha feito história, como suas tias Sadie e Bessie Delany, pioneiras do direito civil, e seu avô, Henry Beard Delany, o primeiro pastor negro da Igreja Episcopal dos Estados Unidos, Samuel Delany, um dos últimos polímatas ainda vivo, começou a escrever muito cedo e antes dos 27 anos já havia publicado os fundamentos de um tipo de ficção especulativa que o destacaria não só dos de sua geração, mas como aquele que inauguraria uma forma de ver a colonização que ainda hoje carece de ser entendida.
No documentário de Fred Barney Taylor de 2007, The Polymath, or The Life and Opinions of Samuel R. Delany, Gentleman, uma retrospectiva da vida do autor e crítico literário, Samuel relembra toda sua vida, relatando histórias que viveu ao longo dos anos, como ser negro no final dos anos 40 e 50 em Nova York, a vida no Harlem, a experiência de crescer como gay e ter uma vida promíscua enquanto escrevia os seus primeiros livros.
Contemporâneo de Tony Morrison, Delany partilha da mesma natureza irredutível a juízos e julgamentos.
Como um polímata, encontrou na ficção científica o universo aberto para transigir sua imaginação poderosa e foi nesses universos que a linguagem se mostrou mais desafiadora.
Contemporâneo de Chinua Achebe, Abdias Nascimento, Lelia Gonzales, Carlos Moore, Delany está comprometido com uma escolha que é a mesma que essa geração, como que tocada por uma bolha memética, também partilhou: a cor da pele não pode ser impedimento a nenhum movimento de expressão. E em suas lutas, uma recusa peremptória de qualquer vestígio de vitimização histórica seja da escravidão, seja da colonização, seja da diáspora, mas em seu lugar, diferente dos autores atuais, apontamentos para os caminhos da escolha que leva à liberdade.
Segundo os entendidos, a forma de expressão artística mais completa é a ópera, pois ela contempla a história, a representação, o teatro, a música, os figurinos e cenários, enfim, a totalidade da expressão, mas eu acredito que a ficção científica é ainda mais completa, pois carece de um demiurgo para ser concebida, e Delany é um demiurgo completo.
De toda sua vasta produção, no Brasil saiu apenas três livros: As torres de Toron, A cidade dos mil sóis e Babel 17, este último publicado junto com Estrela Imperial. É pouco e mostra o quanto ainda temos a percorrer para encontrar autores que se afastam dos cânones vitimistas atuais. Mas também é que no caso de Delany, o componente sexual é inseparável de sua jornada de escritor.
Foi um dos criadores do afrofuturismo e é comparado a Umberto Eco e Jorge Luis Borges; explorou territórios em que funde raça, gênero e sexualidade. Entre seus admiradores estão Neil Gaiman, Willian Gibson e Frederic Jameson, só para citar alguns.
Em 1999, publica uma história em quadrinhos, Pão e vinho, um conto erótico de Nova York, sobre seu relacionamento homossexual com um sem-teto branco e revela uma das mais inventivas e corajosas de suas narrativas autobiográficas. Atualmente, está publicando seus diários íntimos. O vol. 1, de 1957 a 1969, saiu nos Estados Unidos sob o título Em busca do silêncio.
Mas será em Babel 17 que ele utiliza a teoria do relativismo linguístico ou hipótese Sapir-Whorf, sobre como a linguagem tem o poder de afetar, em que a língua é uma ferramenta de formação de significado.
A hipótese Sapir-Whorf, também conhecida como relativismo linguístico, foi proposta nos anos 1930 por dois linguistas, Edward Sapir e Benjamin Lee Whorf, que chegaram à formulação de uma tese que constituiu durante muito tempo uma referência para o relativismo linguístico.

Leia aqui todos os textos de Eduardo Bonzatto

É a consolidação da teoria da visão de mundo proposta por Wilhelm Von Humboldt (1767-1835), e consiste em determinar que a linguagem, fruto de um universo mental e cultural específico, revela uma concepção de mundo também específica. Assim, pensamento e linguagem estão intimamente ligados e que, podemos inferir, abdicar de uma cultura seria como abdicar da própria linguagem. Por extensão, o universo colonial que marcou uma forma ubíqua de experimentar o mundo não pode ser erradicado, muito ao contrário do que postulam os pensadores decoloniais latino americanos que tem como objetivo libertar a produção de conhecimento da episteme eurocêntrica. Teriam que alterar a própria linguagem e com ela o pensamento.
Não existem conhecimentos libertadores ou contra hegemônicos, já que é o próprio conhecimento, imerso na linguagem, e seu ensinar que é a base colonial.
Mas tal hipótese pode ser melhor compreendida se você encontrasse um russo e um Yudjá, que ainda falasse uma das 500 línguas do Brasil. Com qual deles haveria concordância quanto ao conceito de civilização, de humanismo, de especismo e de hierarquia em relação ao poder?
“O perspectivismo ameríndio diz respeito à síntese conceitual operada por Eduardo Viveiros de Castro (1951-) e Tânia Stolze Lima para tratar de uma importante matriz filosófica amazônica no que se refere à natureza relacional dos seres e da composição do mundo. O conceito sintetiza uma série de fenômenos e elaborações encontrados em etnografias anteriores sobre os povos ameríndios. De forma geral, a noção se refere a concepções indígenas que estabelecem que os seres providos de alma reconhecem a si mesmos e àqueles a quem são aparentados como humanos, mas são percebidos por outros seres na forma de animais, espíritos ou modalidades de não humanos. A construção dessa humanidade compartilhada se efetiva pela construção dos corpos. Quer dizer: a humanidade só se torna visível para quem compartilha um mesmo tipo de corpo ou para os xamãs, que são capazes de assumir a perspectiva de outros e vê-los como humanos.
A ideia de ponto de vista, central ao conceito, implica que só existe mundo para alguém. Isso é evidente quando Tânia Stolze Lima argumenta que a construção “os Yudjá pensam que os animais são humanos” é etnograficamente falsa. Em seu lugar, ela propõe a formulação Yudjá (também conhecidos como Juruna), de que “para si mesmos, os animais são humanos”. Portanto, tudo o que existe emerge para alguém: não há realidade que independa do sujeito.
A condição compartilhada por humanos e animais não é a animalidade (como para a ciência moderna, segundo a qual os humanos pertencem ao reino animal), mas a humanidade”. (http://ea.fflch.usp.br/conceito/perspectivismo-amerindio).
A essa forma de entender a humanidade, tenho chamado de humano-terra os seres que nos são equivalentes na estatura, na dignidade, na importância vital.
Só assim a hipótese Sapir-Whorf pode ser plenamente entendida, pois a visão de mundo nutrida pela linguagem não só elimina o sentido do multiculturalismo moderno-ocidental, mas o transmuta numa espécie de multiplicidade de naturezas que se desdobram dos corpos.
Em Babel 17, o modo como ele opera esse perspectivismo aparece na ausência de pronomes e na desconstrução da palavra “Eu”. Se existe um termo genealógico do modelo de expansão colonial eurocêntrico é exatamente o caráter moderno do indivíduo como algo separado da vida.
A personagem central do livro é uma heroína com traços orientais, uma poeta que deve liderar os militares na batalha. Em algum momento um deles diz: “eles mandaram uma poeta!”. A língua como uma arma.
Em pelo menos dois casos posteriores ao livro de Delany, a interpretação que fez da hipótese Safir-Whorf pode ser confirmada.
É o caso da tribo amazônica Amondawa, em que as estruturas linguísticas que relacionam tempo e espaço inexistem. O outro exemplo são os Pirarrã, que negam o principal conceito consagrado no mundo da linguística de Noam Chomsky, o da gramática universal (as estruturas básicas da linguagem nascem com o ser humano sem ser aprendidas). Em sua língua, dentre outras singularidades, não existem números e em casos especiais usam assobios como linguagem, produzindo tons, alongamentos de sílabas e acentuações peculiares à fala.
No filme A chegada (2017), a protagonista, uma linguista, é chamada para decifrar a língua de seres paraterrestres e quanto mais avança na imersão da conexão, começa a compreender também que a realidade e o tempo não são lineares, como sugere a representação gráfica que emitem, o círculo.
A dislexia é um termo criado pelo médico oftalmologista alemão Rudolph Berlin, em 1872, para nomear uma dificuldade em leitura apresentada por um de seus pacientes e acabou por significar o mesmo para todos que tem alguma dificuldade de leitura nos cem anos seguintes.
Samuel Delany conviveu com esse estigma, como tantos outros, que sentiram todo o peso da frase que acabaria consolidando a dislexia como um problema da linguagem: “não são os olhos que leem, mas o cérebro”.

*Eduardo Bonzatto é professor da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) e escritor

Siga-nos no Instagram|Twitter | Facebook

O post Samuel Delany: polímata, escritor negro, gay, disléxico apareceu primeiro em Pragmatismo Político.

Primeiro capítulo da CPI da Covid mostra Renan com ‘faca e queijo na mão’

$
0
0
capítulo CPI da Covid Renan faca queijo mão
(Imagem: Jefferson Rudy | Agência Senado)

RBA

A sessão de instalação da CPI da Covid nesta terça-feira (27) indica que o presidente Jair Bolsonaro não vai ter vida fácil nos próximos meses. Em minoria na comissão, falta experiência e capacidade de articulação aos parlamentares que compõem a “tropa de choque” do governo.

Esse é um governo que não precisa de oposição. Cria fatos negativos e dá tiros no pé o tempo inteiro”, afirma o cientista político Cláudio Couto.

Em entrevista ao Jornal Brasil Atual, nesta quarta-feira (27), Couto citou, como exemplo, o áudio vazado do ministro da Casa Civil, Luiz Eduardo Ramos, assumindo que se vacinou escondido, para não contrariar o presidente. É mais um episódio que revela o “grau de negacionismo” que permeia o governo, segundo o professor da Escola de Administração de Empresas da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo (FGV-SP).

Além disso, o próprio governo ofereceu um “roteiro” para as investigações da CPI da Covid. A Casa Civil enviou aos ministérios um documento com 23 acusações que pesam contra Bolsonaro no combate à pandemia que poderiam ser usados na CPI.

Saiba mais: Brasil tem a pior gestão mundial da pandemia, diz consultoria britânica

A lista inclui, dentre outros pontos, a negligência do governo na aquisição de vacinas, a promoção de remédios sem eficácia, a “militarização” do Ministério da Saúde e a oposição a medidas restritivas adotadas por prefeitos e governadores na tentativa de conter a doença.

Fator Renan

Outro tiro que saiu pela culatra foi a ação judicial movida pela deputada Carla Zambelli (PSL-SP) para tentar barrar a indicação do senador Renan Calheiros (MDB-AL) como relator da CPI da Covid, instalada nesta semana. A liminar, concedida por um “juiz obscuro” do Distrito Federal, foi ignorada pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-RJ).

Essa movimentação fracassada, segundo Couto, deve reforçar a atuação ainda mais incisiva de Renan. Ele lembra que o senador emedebista foi “humilhado” na eleição para a presidência da Câmara em 2019, quando Bolsonaro apoiou o nome de Davi Alcolumbre (DEM-AP).

Agora Renan, que foi três vezes presidente do Senado, “tem a faca e o queijo na mão”, de acordo com o cientista político.

Primeiro milagre

Além disso, com a “tropa de choque” enfraquecida, sobrou para o primogênito do presidente, senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), tentar atrapalhar o andamento da comissão. Ele demonstrou preocupação que os trabalhos da comissão causem aglomerações entre os senadores. Ele disse que “o governo é a favor de se investigar”, “mas não agora”.

Fique por dentro: Senadores ironizam preocupação de Flávio Bolsonaro com ‘aglomeração’ na CPI da Covid

Antes de qualquer coisa, eu acho que é muito importante comemorar a declaração do senador Flávio Bolsonaro, porque, afinal, é a primeira vez que ele se preocupa com aglomeração. Talvez, agora, ele esteja saindo do negacionismo e aderindo à Ciência”, ironizou Renan.

Mandetta

O ex-ministro da Saúde Henrique Mandetta (DEM-MS) é outro nome que deve causar dores de cabeça ao Palácio do Planalto. Apesar de ter adotado postura dúbia no início da pandemia, também em função do negacionismo do chefe, Mandetta “saiu atirando”, quando foi demitido do ministério. Ele caiu ao não chancelar o “tratamento precoce” defendido pelo presidente. Mandetta será o primeiro convocado para falar à CPI, na próxima terça-feira (4). Seus antecessores, Nelson Teich e o general Eduardo Pazzuello, também serão ouvidos pelos senadores. Bem como o atual ministro, Marcelo Queiroga.

Mandetta tem tudo para fazer um depoimento muito negativo para o governo. Inclusive, para o próprio presidente. Ele pode dizer o que o Bolsonaro lhe exigiu e como foi pressionado a não tomar as medidas necessárias na área da saúde. Vai ser um depoimento não só interessante, mas com um risco muito grande para o governo”, avaliou Couto.

Siga-nos no InstagramTwitter | Facebook

O post Primeiro capítulo da CPI da Covid mostra Renan com ‘faca e queijo na mão’ apareceu primeiro em Pragmatismo Político.

Autor de atentado tinha medo de dormir sozinho, sofria bullying e maltratava animais

$
0
0
fabiano kipper mai arma
Modelo, fabricado no Brasil, da arma usada por Fabiano Kipper Mai em ataque

Autor do atentado em uma creche na cidade de Saudades (SC) na terça-feira (4), Fabiano Kipper Mai foi descrito pela Polícia Civil como “problemático”. O pai do jovem de 18 anos afirmou que o filho sofria bullying na escola e tinha medo de dormir sozinho. Os investigadores também ouviram do pai que Fabiano tinha o hábito de maltratar animais.

“Ele era muito introspectivo, não tinha muitos amigos e os que tinha se afastou nas últimas semanas. Dormia na mesma cama que o pai. O pai falou que ele tinha medo de dormir sozinho, judiava dos bichinhos da casa. Sofreu bullying na escola”, contou o delegado Jerônimo Marçal.

A arma escolhida por Fabiano para cometer os crimes é de um modelo que se assemelha a uma espada ninja. De acordo com um parente do acusado, a faca foi comprada em uma grande plataforma de varejo digital dias antes da ação que causou a morte de três crianças e duas professoras da unidade de educação.

A arma branca, de fabricação nacional em lâmina de aço inoxidável, é inspirada no modelo conhecido como “Red Guardian Ninja Sword”, produzido nos Estados Unidos.

“Ele chegou a mostrar a faca aos seus pais na semana passada. Disse que havia comprado em um site conhecido de compras. E avisou que iria atrás de um suporte de parede para deixar a faca como objeto de decoração. Falou que era uma faca decorativa”, disse João Erotildes dos Reis, casado com uma tia de Fabiano.

A mãe de Fabiano ainda não falou com a imprensa sobre o atentado ou a respeito da personalidade do filho. A mulher disse apenas que seu “coração está sangrando de dor”.

Detalhes do ataque

O ataque ocorreu às 10h30 de terça-feira. Com a arma em punho, Fabiano cruzou o acesso principal do Centro de Educação Infantil Aquarela. Encontrou pelo caminho sua primeira vítima, a professora Keli Aniecevsk, de 30 anos, morta a golpes de faca perto da entrada da unidade.

Depois, matou a professora assistente Mirla Renner, de 20 anos. E então, esfaqueou quatro crianças que estavam em sala de aula. Três morreram: Sarah Luiza Mahle Sehn, de 1 ano e 7 meses, Murilo Massing, de 1 ano e 9 meses, e Anna Bela Fernandes de Barros, de 1 ano e 8 meses. A quarta criança estava internada em estado grave em uma UTI.

As professoras conseguiram trancar as outras crianças — cerca de 20 — e impedir uma tragédia ainda maior. Os gritos de desespero chamaram a atenção de vizinhos e pessoas que trabalhavam nos arredores.

Dois moradores entraram no colégio munidos com pedaços de madeira. Ao perceber a aproximação, o criminoso cortou o próprio pescoço com o facão utilizado para matar suas vítimas. Ele não conseguiu concluir a tentativa de suicídio e ficou estirado no chão.

“Ele estava sangrando bastante, mas permaneceu consciente. Perguntava quantas pessoas tinha matado. E dizia que queria morrer”, diz o soldado Raphael Blazech, do Corpo de Bombeiros de Santa Catarina, que fez parte do primeiro grupo da corporação a chegar ao Centro de Educação Infantil Aquarela, minutos após o ataque.

Fabiano Kipper Mai permanece internado em estado gravíssimo. Saiba mais sobre o crime:

“Somos soldados e estamos dispostos a matar e morrer”
Quem é Fabiano Kipper Mai

O post Autor de atentado tinha medo de dormir sozinho, sofria bullying e maltratava animais apareceu primeiro em Pragmatismo Político.

Ciro Gomes, o socialista de direita

$
0
0
Ciro Gomes socialista direita eleições 2022
(Imagem: Twitter)

Anderson Pires*

O político Ciro Gomes foi mais rápido do que se poderia imaginar na sua missão de opositor a Lula. Para quem dizia que a prioridade seria resgatar a democracia e retirar Jair Bolsonaro do poder, o eterno presidenciável resolveu atirar para o lado contrário. Para incrementar seu viés antilula, contratou o marqueteiro João Santana que assumiu a missão de tentar desconstruir o legado do ex-presidente.

Aquela conversa de combate ao fascismo virou balela em tempo recorde. Depois de assinar um manifesto com mais alguns pretendentes ao cargo de presidente, Ciro esqueceu parte do que disse e passou a mirar sua artilharia no seu alvo preferido: Lula.

Saiba mais: Ciro faz duras críticas e diz que Lula “deu pouco aos pobres e muito aos ricos”

Nos primeiros vídeos que produziu com seu novo marqueteiro, tratou de FHC a Bolsonaro como se fossem todos iguais. Em uma de suas falas afirma que o grande problema do Brasil é que todos os presidentes adotaram o mesmo modelo econômico. Por isso, tivemos a menor taxa de crescimento médio da história e maior nível de desemprego.

Se excluirmos os Governos de 1994 até agora, sobrará muito pouco na história do Brasil para Ciro utilizar como referência. Teríamos basicamente Collor, Sarney e o período de Ditadura Militar. Pelo jeito, Ciro acredita que pode colocar todos no mesmo liquidificador e fazer um suco para que assim as diferenças entre os diversos governos não sejam percebidas.

Na verdade, usa de desonestidade intelectual. Alguém que se arvora de ser o mais capacitado dos seres para governar o Brasil, deve saber que as taxas de crescimento do “Milagre Brasileiro” foram instrumentos da propaganda militar. O rombo histórico gerado pela dívida externa e a inflação nas alturas acabaram com esse mito. Da mesma forma, Ciro mente quando desconsidera que os menores níveis de desemprego no Brasil ocorreram durante os governos Lula e Dilma.

Tem algo ainda pior. Para quem dizia que o mais importante era resgatar a democracia, desconsidera o caráter democrático que os governos FHC, Lula e Dilma mantiveram e, consequentemente, deixa margem para dizer que Collor, Sarney e os militares são um melhor exemplo. Ciro e João Santana resolveram formar uma dupla de ilusionistas. Talvez o resultado dos materiais que estão produzindo em conjunto, seja fruto da obsessão que ambos têm em relação a Lula.

Leia também: The new (old) PSDB is Ciro

Guiados pela sanha resolveram dizer que Lula deu muito pouco aos pobres e que privilegiou os ricos. Nisso Ciro tem razão. Por mais que os governos do PT tenham feito para os setores mais pobres da sociedade, foi menos do que os mais ricos tiveram. Porém, mais uma vez, ele tenta transformar virtudes em pecados. Alguém que já espalhou sua verborragia por Harvard, deve saber que nenhum governo no Brasil resolveu romper com o capitalismo e estabelecer que as riquezas deveriam ser distribuídas aos trabalhadores.

Não acredito que Ciro consiga sustentar seu discurso antilula por muito tempo. Nem que irá defender o socialismo como modelo econômico em um virtual governo. Então, enquanto o PDT não resgatar os princípios da Segunda Internacional Socialista da qual é membro, não consigo imaginar seu candidato a presidente defendendo as bandeiras de Marx e Engels para quem passava fome nos recantos esquecidos do Brasil. Será difícil demonizar quem deu o mínimo de dignidade aos que viviam na completa miséria.

Ciro é só mais um quinta-coluna. Na hora que mira seus ataques a Lula, serve apenas para tentar de alguma forma confundir os setores populares que formam a maior parte do eleitorado do ex-presidente. Por outro lado, dizer que Lula fez muito pelos ricos, mostra que, assim como Bolsonaro, Ciro sofre de dissonância cognitiva e expõe seu profundo desconhecimento do que está em jogo no Brasil.

Os ricos que trabalharam para depor o PT do governo, não fizeram isso por insatisfação em relação aos ganhos gigantescos que tiveram. Falta a Ciro entender que o enfrentamento é classista, mesmo que isso não represente mudança de modelo econômico. Ao contrário dele, que é oriundo da classe privilegiada, herdeiro do Coronel Ferreira Gomes e que sempre desfilou pelas altas rodas do capitalismo, o Lula incomodou por ser um estranho, não pelo risco que representaria ao Capital.

Leia aqui todos os textos de Anderson Pires

Enquanto Bolsonaro usou o perigo do comunismo como justificativa para as bizarrices que lhe levou ao governo. Ciro usa do mesmo receituário de forma inversa, quase patética: tenta nutrir medo e ódio nos mais pobres, pelo perigo que seria eleger alguém que teria como meta favorecer os ricos.

Parece que a inteligência de Ciro não é tão grande quanto se pensava. Da mesma forma, João Santana deve ter perdido seu aguçado senso para entender a cabeça do brasileiro. Gente próxima, que conhece as duas figuras, afirma que ambos perderam o Norte, que no caso atendia pelo nome de Lula.

*Anderson Pires é formado em comunicação social – jornalismo pela UFPB, publicitário, cozinheiro e autor do Termômetro da Política.

Siga-nos no InstagramTwitter | Facebook

O post Ciro Gomes, o socialista de direita apareceu primeiro em Pragmatismo Político.


Bolsonaro vai manter telegramas de negociação do spray nasal em sigilo por 15 anos

$
0
0
Bolsonaro telegramas negociação do spray nasal sigilo Israel Covid
Benjamin Netanyahu e Jair Bolsonaro (Imagem: Alan Santos | PR)

DCM

O governo brasileiro decidiu classificar os telegramas diplomáticos da fracassada negociação pelo spray nasal em sigilo pelos próximos 15 anos.

Ou seja, até 2036 os documentos entre Brasília e Tel Aviv terão status de ‘reservado’ ou ‘secreto’.

Saiba mais:
Brasil tem a pior gestão mundial da pandemia, diz consultoria britânica
“Brasil não levou a pandemia a sério e muitos morreram desnecessariamente”, diz Nobel de Medicina

A viagem a Israel, que custou R$ 88 mil e foi feita em avião da FAB (Força Aérea Brasileira), levou Ernesto Araújo (ex-chanceler), Eduardo Bolsonaro (filho do presidente), Hélio Lopes (parlamentar bolsonarista), Filipe Martins (assessor especial de Bolsonaro), Fabio Wajngarten (ex-chefe da Secom) e alguns diplomatas.

Relembre: Ernesto Araújo é repreendido por não usar máscara em Israel

O projeto da carta não teve sua celebração completada, uma vez que não foi assinada pelo representante do Ministério da Saúde e não chegou à troca de instrumentos entre os signatários, conforme prática de negociações internacionais”, disse Carlos França, atual chanceler, em documento de mais de 40 páginas submetido à bancada do PSOL na Câmara.

Leia também:
Primeiro-ministro de Israel debocha de negacionistas; Bolsonaro silencia
Israel tem queda de casos e internações por Covid-19 após vacinação em massa

Siga-nos no InstagramTwitter | Facebook

O post Bolsonaro vai manter telegramas de negociação do spray nasal em sigilo por 15 anos apareceu primeiro em Pragmatismo Político.

O silêncio sobre a violência na Colômbia.

$
0
0
@neoyuken

Camila Koenigstein*
Andrea Guzmán*

No início de abril, o ex-ministro da Fazenda Alberto Carrasquilla anunciou um plano
de reforma tributária . A princípio, a medida gerou mais impacto na classe média,
que já vinha sofrendo com os problemas econômicos provocados pela pandemia,
iniciada em março de 2020. No entanto, diante do contexto complexo de
precarização em todos os aspectos sociais, houve o crescimento do sentimento de
indignação na população de forma geral. Os altos níveis de corrupção – mais a
postura ditatorial do atual presidente, que insiste em questionar constantemente as
medidas tomadas pelo Judiciário – geraram uma onda de protestos que se espalhou
por todo o país.
Desde 28 de abril, parte da população está permanentemente ocupando os espaços
e as vias públicas, sob o mote: “Se o povo está na rua em meio a uma pandemia é
porque o governo é mais perigoso que o vírus”. Jovens de regiões completamente
abandonadas pelo Estado, indígenas (miga indígena) , mulheres, campesinos e
estudantes se uniram para reivindicar todos os direitos sociais que
por anos lhes são negados.
As décadas de violência geradas pelo governo de Álvaro Uribe, o narcotráfico e as
guerrilhas levaram à eclosão de uma enorme revolta popular.
Embora tenha sido firmado acordo de paz em 2016, não ocorreu a diminuição da
violência nas zonas rurais e empobrecidas do país, a Colômbia segue sendo um
dos países que mais matam defensores de direitos humanos.

É difícil dimensionar o problema. A verdade é que não afeta a todos os colombianos por igual. Violência contra
os líderes sociais esta concentrada nas regiões marginalizadas e maltratadas pelo o conflito armado. As vítimas são pessoas que defendem o
direitos humanos de suas comunidades, pessoas que rejeitam projetos
de extração de minerais que são prejudiciais ao meio ambiente, ou aqueles
exigindo uma distribuição mais justa da terra, e também a
ex-combatentes das FARC. Em suma, os cidadãos que praticam
a democracia são estigmatizados, perseguidos e assassinados.
A violência coloca em risco o Acordo de Paz e a própria paz no país.
Stefan Peters (Colombo-Instituto Alemão para a Paz (CAPAZ

O governo de Iván Duque, assim como o de Messias Bolsonaro, tem como princípio
a expansão do neoliberalismo na sua maior potência. A compra de aviões de
combate dentro de um contexto sanitário de emergência foi só uma pequena mostra
dos valores que regem o mandato do atual presidente.

Como sabemos, os movimentos insurgentes brotam espontaneamente, trata-se de
um acúmulo de frustrações que criam em determinado momento histórico um
cenário em que a linguagem perde a força e os corpos entram como forma de expor
todas contradições sociais.

Os confrontos começaram na cidade de Cali, na parte sul ocidental da Colômbia. A
cidade, que na contramão do restante do país sempre nutriu um rechaço à figura de
Iván Duque, assim como do seu mentor ideológico, o ex-presidente Álvaro Uribe, foi
responsável pelo processo de mobilizações sociais. É importante ressaltar que Cali
está localizada geograficamente em uma região composta de uma população
majoritariamente negra, indígena e campesina, ou seja, os que mais sentem os
golpes violentos do Estado.

As manifestações surgiram por meio da convocação de sindicatos, estudantes,
professores e todo um corpo social negligenciado.
O que era para ser um movimento pacífico ganhou contornos inesperados. Após o
primeiro momento de marchas, o governo estadual decidiu colocar nas ruas uma
subcategoria da polícia com a justificativa de manter a “ordem” e a “tranquilidade”
dos protestantes. Porém, desde então o cenário é de barbárie.
Posteriormente, o que estava concentrado na região do Vale do Cauca se espalhou
por todo o país. A pressão popular fez com que a reforma fosse anulada, mas a
população percebeu que o espaço público lhe pertence e que nele é possível
questionar e alterar a ordem social.
Até o momento, as violações aos direitos humanos são aterradoras. De 28 de abril
até 11 de maio, já houve: 41 assassinatos (em sua maioria, de homens jovens), 963
prisões arbitrárias, 12 casos de violência sexual contra mulheres, 28 vítimas de
mutilação nos olhos e 548 desaparecimentos.

Ainda que o contexto seja desfavorável, uma vez que a pandemia segue matando
diariamente, gerando até o momento a morte de 79.760 de cidadãos, as
manifestações se mantiveram por todo o país e as reivindicações já não estão mais
centralizadas. O movimento ganhou força e ao mesmo tempo expõe outra face da
população colombiana.
Essa face é jovem, furiosa e ávida por seus direitos, já não aceita facilmente
negociações, pois a truculência do Estado não cessa, mesmo que o presidente
tenha feito pronunciamentos que poderiam ser interpretados como um sinal de
avanço dentro da crise que se instalou.
As partes mais vulneráveis da sociedade civil ainda desejam que ocorram reformas
em outros âmbitos, por exemplo: reforma no setor educacional (educação superior
gratuita e de qualidade), melhores condições na área da saúde, proteção aos
líderes comunitários e, principalmente, o cumprimento dos acordos de paz que
desde 2016 são constantemente violados.
Os jovens que hoje ocupam a linha de frente e as barricadas já não estão sozinhos.
A miga indígena aderiu aos protesto.Contudo,a aproximação da agrupação nas
partes de maior conflito gerou mais repressão e expôs o colonialismo presente no
continente. Muitos indivíduos, ditos “sujeitos de bem”, saíram às ruas, atacando com
armas de fogo os manifestantes e desqualificando a importância do movimento dentro indigena dentro do contexto de reivindicações sociais.
Nos últimos dias, um veículo de comunicação importante fez a separação entre
cidadãos e indígenas, evidenciando um pensamento ainda vigente em todo o
continente, o de que o outro que não é o branco, letrado ou “criollo” tem que ser
desprovido dos seus direitos civis.
Embora as imagens de violência extrema contra os mais desprotegidos produzam
tristeza, também geram reflexões sobre a juventude latino-americana. Cansados da
falta de perspectiva de uma vida digna, esses cidadãos colombianos buscam agora,
talvez, uma morte honrosa. Mães saem para cozinhar para os filhos na rua, um
cenário de guerra, como se soubessem que a morte ou o desaparecimento pode
ocorrer a qualquer momento, mas entendem que essa é a única via que sobrou.

Assim, o direito de viver está demarcado por toda uma estrutura desigual, um
projeto histórico em curso há mais de 500 anos que busca explorar os corpos
considerados inferiores para depois descartá-los.
A América Latina ainda está nas mãos das elites criollas, e a junção do colonialismo,do neoliberalismo e do fracasso dos projetos progressistas forma esse quadro arcaico, distópico, repleto de mortes, mas que não produz reação nas camadas abastadas da sociedade, algo que verdadeiramente nunca ocorreu, pois os que morrem são os mesmos que morreram quando tudo começou.


  1. (1) O projeto apresentado no dia 15 de abril tinha como finalidade o aumento de impostos para
    financiar os gastos públicos do governo, pelo aumento da base de arrecadação do imposto de renda
    e sobre serviços básicos e sobre valor agregado (IVA). No entanto, desde 2019 já estava em
    andamento a chamada lei de reativação econômica que buscava diminuir a carga tributária do setor
    empresarial colombiano. Muitas empresas agroindustriais atualmente têm menos impostos e assim
    pensam que vão impulsionar o setor do agronegócio no país, atingindo diretamente a agricultura
    familiar e a subsistência.
  2. (2) Segundo Martha Peralta Epieyú, presidente do Movimento Alternativo Indigena e Social (MAIS)”o
    significado de miga deriva do conhecimento que tinham os indígenas sobre o trabalho dividido para
    “o bem estar comum. É o encontro no qual circula a palavra e se pensa e se constrói o bom viver”. A
    miga acredita na mobilização pacífica como forma de buscar soluções para os problemas
    comunitarios.

 

*Camila Koenigstein. Graduada em História, pela Pontifícia Universidade Católica – SP, e pós-graduada em Sociopsicologia, pela Fundação de Sociologia e Política – SP. Atualmente faz Mestrado em Ciências Sociais, com ênfase em América Latina e Caribe, pela Universidade de Buenos Aires (UBA).
*Liliana Andrea Guzmán. Graduada em História, pela Universidad del Valle (Cali – Colômbia). Atualmente faz Mestrado em Ciências Sociais, com ênfase em América Latina e Caribe, pela Universidade de Buenos Aires (UBA).

Bibliografía

https://www.dw.com/es/asesinatos-de-l%C3%ADderes-sociales-colombia-mata-a-quienes-practican-la-democracia-en-las-regiones/a-56218920
https://www.redalyc.org/pdf/439/43942944004.pdf
https://psicologiaymente.com/social/biopoder
http://www.indepaz.org.co/cifras-de-violencia-policial-en-el-paro-nacional/
https://www.minsalud.gov.co/salud/publica/PET/Paginas/Covid-19_copia.aspx
https://www.publimetro.co/co/entretenimiento/2021/05/10/le-dan-palo-a-noticias-caracol-por-controvertido-titular-sobre-los-indigenas-en-cali.html

O post O silêncio sobre a violência na Colômbia. apareceu primeiro em Pragmatismo Político.

Deputado petista é agredido fisicamente por bolsonarista em sessão sobre maconha

$
0
0
Deputado petista agredido fisicamente bolsonarista em sessão maconha
(Imagem: Câmara dos Deputados)

Uma discussão comum sobre um requerimento em uma sessão da Câmara dos Deputados acabou em agressão física na manhã desta terça-feira (18). O deputado Diego Garcia (Podemos-PR) deu um soco no presidente da sessão, Paulo Teixeira (PT-SP), após ter seu pedido de adiamento de discussão da matéria rejeitado. Os parlamentares discutiam o uso medicinal de cannabis.

Os deputados que eram a favor do requerimento deveriam se manifestar. Como não houve manifestação, Teixeira negou o pedido. Diego Garcia, então, pediu a votação nominal do requerimento, que também foi negado. A discussão ficou mais acalorada e o deputado do Podemos chegou a dizer que a reunião não continuaria caso Teixeira não aceitasse seu pedido.

Antes de ser agredido, o presidente da sessão tentou acalmar os ânimos de Garcia. “Deputado, o senhor pode me escutar? Não é no grito que nós vamos ganhar a discussão aqui”, disse ele, antes de afirmar que a reunião continuaria e que o requerimento ficaria prejudicado.

Nesse momento, o deputado Diego Garcia levantou da mesa para impedir a continuação dos trabalhos. “Não vai continuar a reunião! Não vai continuar a reunião!”, repetiu, partindo em direção a Paulo Teixeira. Ele, então, se colocou de frente ao presidente da sessão, afastou o computador de Teixeira e desferiu um tapa em seu peito.

O petista não deu o troco, mas se levantou e passou a discutir com Garcia. Os demais deputados se levantaram e tentaram afastar os dois. No sistema on-line, outros deputados também discutiram.

Quando ambos voltaram aos seus lugares, Teixeira disse: “Esse deputado [Diego Garcia] chegou à minha frente e me deu um murro no peito, um tapa no peito. Eu vou pedir o filme [da sessão]”.

Leia também: As diversas faces da proibição da maconha no Brasil

Segundo ele, “a força do argumento vale mais do que tapas. Não vamos admitir isso aqui. Parlamento é isso, falar, não usar os braços”. “Eu não quero saber a força do soco de ninguém, eu não vim aqui para brigar. Vim aqui para convencer e ser convencido”, finalizou Teixeira, antes de retomar a discussão da matéria.

Assista ao vídeo:

Saiba mais: Brasileiro é contra casamento gay, aborto e legalização da maconha

Israel Medeiros, Correio Braziliense

Siga-nos no InstagramTwitter | Facebook

O post Deputado petista é agredido fisicamente por bolsonarista em sessão sobre maconha apareceu primeiro em Pragmatismo Político.

Manifestação contra Bolsonaro é convocada para o dia 29 de maio

$
0
0
Manifestação contra Bolsonaro convocada maio covid pandemia
(Imagem: Filipe Araujo | Brasil de Fato)

Pela primeira vez desde o início da pandemia do coronavírus uma liderança popular conclama as pessoas para irem às ruas protestar contra o Governo Bolsonaro.

Sob a justificativa de que não dá mais para esperar, organizações e partidos de esquerda encararam o dilema de convocar atos de rua contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) durante a pandemia da Covid-19 e decidiram marcar uma manifestação nacional pelo impeachment para 29 de maio.

Saiba mais:
Brasil tem a pior gestão mundial da pandemia, diz consultoria britânica
“Brasil não levou a pandemia a sério e muitos morreram desnecessariamente”, diz Nobel de Medicina

O risco de promover aglomerações provocou um racha na oposição ao governo, com parte dos líderes defendendo a realização de protestos desde que sejam tomadas precauções sanitárias e outra parcela se opondo, sob o temor de críticas à contradição entre discurso e prática.

A promessa é de obediência aos protocolos científicos, com obrigatoriedade do uso de máscaras (que também serão distribuídas), oferta de álcool em gel e distanciamento entre as pessoas. O receio de ataques, no entanto, resultou em diferenças no nível de envolvimento e no tom da convocação.

Embora divergências persistam, detratores do governo discutiram a proposta nos últimos dias, em reuniões virtuais que chegaram a reunir mais de 200 pessoas, e concordaram, por maioria, com o agendamento de manifestações para o último sábado deste mês em capitais e grandes cidades.

No caso da CUT, há pressão interna de sindicatos que encampam a bandeira do isolamento social. Trabalhadores como os da educação pressionam governos e empresários para que o retorno de atividades presenciais se dê apenas com vacinação e condições seguras.

Chamar para aglomerações vai na direção oposta, o que abre margem para críticas tanto das bases quanto de apoiadores de Bolsonaro. A CUT preferiu concentrar esforços em uma mobilização na quarta-feira (26) que terá Brasília como foco, com atos simbólicos, sem tantas pessoas.

A ideia é ir ao Congresso Nacional para falar com os presidentes da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), e com parlamentares para pedir o aumento do auxílio para R$ 600 e a responsabilização de Bolsonaro pela ineficiência no combate ao vírus.

Já o MST prega a estratégia de descentralização das manifestações do dia 29. Para o dirigente João Paulo Rodrigues, “não é hora de luta só de varanda, mas também não é o momento de luta de avenida Paulista lotada” —a via é o local para onde foi marcada a concentração em São Paulo, às 16h.

A grande contradição para a esquerda é como fazer atos de impacto e ao mesmo tempo manter o isolamento social. Não é um tema simples. Temos que ter muita cautela“, diz o membro da coordenação nacional dos sem-terra.

Tem uma militância querendo ir para a rua, muita gente indignada. É difícil falar para ir ou não. Daí a nossa ideia de que os atos sejam espalhados. E não significa que quem for é negacionista e quem não for é pelego. Temos que buscar um meio-termo“, prossegue.

Uma das preocupações é diferenciar os atos da esquerda daqueles promovidos por apoiadores de Bolsonaro, que muitas vezes atraem pessoas sem a devida proteção para evitar o contágio, como ocorreu em Brasília no sábado passado (15).

Fique por dentro:
Homem pede intervenção militar, é levado pela polícia e se desespera
Encapuzados, apoiadores de Bolsonaro pedem “perdão de torturadores”
Arthur do Val é agredido e expulso de ato pró-Bolsonaro em SP

Além da bandeira de “fora, Bolsonaro”, manifestantes querem declarar apoio à CPI da Covid e pedir rapidez na vacinação e retorno do auxílio emergencial de R$ 600. Também serão abraçadas pautas como a luta antirracista, o fim da violência policial, o ataque às privatizações e a defesa da educação pública.

Guilherme Boulos (PSOL-SP) convocou a mobilização para o dia 29 de maior, às 16 horas, no MASP, na capital paulistana.

É difícil convocar mobilizações de rua num contexto de pandemia, mas hoje não temos outra alternativa. O governo mata mais que o vírus”, disse Boulos, em vídeo postado em seu perfil de Twitter nessa quinta-feira (20). Veja:

Com FolhaPress

Siga-nos no InstagramTwitter | Facebook

O post Manifestação contra Bolsonaro é convocada para o dia 29 de maio apareceu primeiro em Pragmatismo Político.

Mãe de vítima do Jacarezinho processa Allan dos Santos e Thiago Gagliasso

$
0
0
Mãe de vítima Jacarezinho processa Allan dos Santos Thiago Gagliasso
(Imagens: reprodução)

A mãe de uma das vítimas da chacina do Jacarezinho, Adriana Santana, entrou na Justiça contra o blogueiro Allan dos Santos, assim como quatro deputados bolsonaristas, um ator e um youtuber, por divulgarem um vídeo falso que associava ela ao tráfico de drogas. Adriana Santana pede indenização por danos morais a cada um dos acusados.

Saiba mais:
Quem são os mortos da maior chacina da história do Rio de Janeiro
Delegado nega execuções no Jacarezinho, critica “ativismo” e se irrita com perguntas

Além do blogueiro, o ator Thiago Gagliasso e o youtuber Victor Lucchesi também compartilharam o vídeo. Os deputados estaduais Gil Diniz (sem partido-SP), Delegada Sheila (PSL-MG) e Filipe Poubel (PSL-RJ), além do deputado federal Luis Miranda (DEM-DF), também são processados.

A mãe de Marlon Santana pede pagamento de R$ 20 mil a R$ 40 mil a cada um dos citados, assim como a retirada dos vídeos, sob risco de pagamento de multa diária, e uma retratação em suas redes sociais e em jornal de grande circulação.

No vídeo, segundo informações do UOL, uma mulher aparece brincando com um suposto fuzil. Já foi comprovado, no entanto, que não é Adriana nas imagens e que se tratava de uma arma de airsoft em encenação para um canal do YouTube.

O advogado de Adriana, João Tancredo, afirma que o histórico de Allan pode influenciar em uma decisão judicial favorável a ela. O blogueiro é alvo do inquérito das fake news que corre no Supremo Tribunal Federal (STF).

Fique por dentro:
Blogueiro extremista mora em mansão bancada por Eduardo Bolsonaro, diz Lobão
Blogueiro bolsonarista produz fake news ao vivo durante CPMI
Dono de site conhecido por propagar fake news foge do Brasil com medo de ser preso
Jefferson, Hang, Sara e Allan dos Santos são alvos de operação da PF
Allan dos Santos esbraveja em recado a Bolsonaro: “Nunca mais me ligue”
Canal de Allan dos Santos é banido do Youtube por tempo indeterminado

Eu acho que, nesse processo contra ele, o juiz vai considerar [o histórico] na hora de aplicar o dano moral. O juiz tem que reiterar a conduta repetida dele, para fixar uma indenização punitiva, para ele não fazer mais isso.”

Com relação aos parlamentares, Tancredo argumenta que todos têm milhares de seguidores, o que ajudou na ampla divulgação do vídeo e no impacto na imagem de Adriana.

A imunidade parlamentar se dá em razão do exercício da função. E publicar mentiras não é exercício da função“, afirmou.

O pedido para a retratação em jornal de grande circulação, além da retirada, é para “limpar” a imagem de Adriana. “É importante se retratar porque quem viu a notícia mentirosa, depois que sai do ar não vê mais nada. É importante se retratarem com a verdade para atingir as mesmas pessoas que viram“, diz o defensor.

O advogado pediu urgência ao Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro para retirada dos vídeos do ar.

Luisa Fragão, Fórum e Uol

Siga-nos no InstagramTwitter | Facebook

O post Mãe de vítima do Jacarezinho processa Allan dos Santos e Thiago Gagliasso apareceu primeiro em Pragmatismo Político.

Viewing all 1077 articles
Browse latest View live