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Menina negra de 11 anos é obrigada a levantar blusa para provar que não roubou loja

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menina negra loja doces
(Divulgação)

Uma menina negra de 11 anos foi obrigada por um funcionário de uma loja de doces a levantar a blusa e provar que não havia furtado nenhum produto do estabelecimento. O episódio aconteceu no UFA Atacadão de Doces, no Rio de Janeiro.

De acordo com o relato do próprio empregado, quando pediu desculpas à família, a menina despertou suspeitas por causa de sua cor e do cabelo afro.

O caso ocorreu no fim do mês passado e repercutiu nas redes sociais após a irmã mais velha da vítima, uma operadora de telemarketing de 19 anos, fazer um post na internet. Os nomes das duas foram suprimidos para não expor a identidade da criança.

“Ele falou na maior naturalidade que eles precisam desconfiar mesmo, pois no local descem muitos meninos e meninas de comunidade para furtar a loja e que ele desconfiou dela por conta da cor e do cabelo black que havia caído no rosto quando ela abaixou”.

A criança negra e dona de cabelo afro havia ido até a loja sozinha a pedido da mãe. Ela deveria comprar pipoca para o aniversário da irmã mais nova, de 3 anos. Segundo a irmã mais velha, a menina foi abordada ao colocar o celular no bolso e abaixar para pegar as pipocas na prateleira inferior.

“Ela estava enrolada com a bolsa de dinheiro na mão, celular, e os saquinhos de pipoca que eram muitos. Aí, ela pôs o celular no bolso e se abaixou. Ele chegou perguntando se ela tinha pego algo. Minha irmã disse que não fez nada. Mesmo assim, ele a mandou levantar a blusa. Foi quando ela começou a chorar, juntou um monte de gente no mercado, porque o local estava muito cheio. Ela ficou constrangida, envergonhada.”

Ao chegar em casa e contar o que houve, familiares se dirigiram até a loja. No local, foram recebidos pelo próprio funcionário que abordou a menina. Ele disse que havia desconfiado dela devido à cor da pele e ao tipo de cabelo.

De acordo com a irmã mais velha da menina, a família acionou a polícia, que informou não poder deslocar uma viatura para o local e orientou os parentes a fazer um boletim de ocorrência na internet. O caso foi registrado.

Segundo a família, foi a primeira vez que a criança foi vítima de racismo e ela ainda está abalada. “Ela não quer mais sair de casa nem comprar mais nada sozinha. Ela fica me perguntando o motivo disso ter acontecido com ela”, diz a irmã.

informações de UOL

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Be.Labs Aceleradora provoca candidaturas com carta-compromisso pela igualdade de gênero

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Be.Labs Aceleradora candidaturas carta-compromisso igualdade de gênero
(Imagem: Be.Labs Aceleradora)

Em sua busca para aumentar a liderança e a representação das mulheres, fomentar a equidade de gênero e, assim, construir um futuro diverso, inclusivo e abundante, a Be.Labs Aceleradora toma iniciativa neste pleito eleitoral de 2020 para um desafio ainda maior: levar a pauta da conquista do poder econômico para as mulheres ao centro da discussão.

Com o lançamento da “Carta-compromisso pela igualdade de gênero e autonomia financeira das mulheres”, a Be.Labs convida candidatas e candidatos a se comprometerem em torno de políticas que tornem as cidades mais seguras e saudáveis para as mulheres.

A economia não prospera em sociedades desiguais e instáveis. Para criar um futuro sustentável, os resultados também devem ser acessíveis para aqueles tradicionalmente deixados para trás“, afirma Marcela Fujiy, cofundadora da Be.Labs Aceleradora.

Na perspectiva da redução da pobreza e das desigualdades, da construção de cidades inclusivas e sustentáveis, de uma sociedade mais justa para as mulheres e meninas, relacionaram algumas propostas e compromissos a serem assumidos pelos candidatos e candidatas durante a campanha e na efetiva construção dos mandatos após as eleições.

— Elaboração de leis e programas voltados para o empreendedorismo feminino e a geração de emprego e renda;

— Promoção de debates e mecanismos de participação voltados à criação de estratégias para o desenvolvimento econômico e sustentável;
Combate às práticas discriminatórias de gênero, raça, etnia e orientação sexual;

— Enfrentamento da violência doméstica e luta pela igualdade no mundo do trabalho, com remuneração justa e redução das desigualdades salariais entre mulheres e homens;

— Incentivo e apoio à participação política de mais mulheres nos espaços de poder e decisão, bem como nos cargos de liderança no mundo do trabalho.

A íntegra da carta-compromisso está disponível no link: http://belabs.org/cartacompromisso/

Sobre a Be.Labs

A Be.Labs Aceleradora é uma empresa de tecnologia social que acelera mulheres, trabalha para promover equidade de gênero e empatia no meio corporativo e já impactou mais de 2.500 mulheres por meio de palestras e treinamentos.

Em 2019, a Be.Labs conquistou o Prêmio WEPs Brasil na categoria pequenas empresas, confirmando o alinhamento com o propósito da busca constante por um mundo mais equilibrado.

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Reinserção social: Paraíba anuncia linha de crédito para mulheres que cumprem pena

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Reinserção social Paraíba anuncia linha de crédito mulheres pena
(Imagem: Secom-PB)

O governador João Azevêdo anunciou, durante o Fala Governador desta segunda-feira (19), a implantação do Programa Empreender Mulher – Reintegração Social, uma linha de crédito voltada para as mulheres que cumprem pena e mulheres egressas do sistema prisional da Paraíba. Essa é uma ação pioneira no país que demonstra o investimento do Governo do Estado da Paraíba em políticas públicas que resultem na reintegração social dessas pessoas.

Ao fazer o anúncio, o governador frisou que as ações implantadas pelo Governo dão reais condições para que as pessoas possam ser reintegradas ao convívio social da maneira correta. “Lançamos agora esse programa que vai disponibilizar linhas de crédito para as apenadas e egressas do sistema prisional. Essa é uma ação pioneira no país, em que o Governo empresta recursos para pessoas que estão nessa condição. Elas vão poder realizar o sonho de desenvolver seus projetos e ter condições para buscar sua estrutura de sustento e reintegração”, pontuou.

A Paraíba já tem hoje 79 projetos de ressocialização e que tem boas práticas envolvidas em todas as áreas, como o Castelo de Bonecas, Projeto Maju, Projeto Esperança Viva, Fábrica de Corte e Costura, Fábrica de Vassouras, entre outros.

Com essas ações, juntamente com o Escritório Social e o Projeto Justiça Presente, o Governo está oferecendo condições para que os apenados saiam do regime com condições de retorno a sociedade. Queremos oferecer a oportunidade para que as pessoas tenham condições de enfrentar os desafios do retorno à sociedade. Eu confesso que esta é uma medida que me deixa feliz, porque esse Governo se preocupa com inclusão social. Não devemos esconder esse segmento da população, fazendo de conta que ele não existe. Digo a essas pessoas que aqui fora tem gente pensando nelas”, ressaltou João Azevêdo.

O Empreender Mulher

Reintegração Social futuramente contemplará também a formação de cooperativas de trabalho com suporte técnico da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), gerando renda e possibilitando independência financeira, empoderamento e resgate da autoestima dessas mulheres.

O piloto da ação será realizado na cidade de João Pessoa e contemplará 25 mulheres dos regimes semiaberto, aberto, livramento condicional, além das egressas do Centro de Reeducação Feminina Maria Júlia Maranhão. A ação visa estimular e potencializar o perfil empreendedor dessas mulheres, possibilitando o desenvolvimento de atividades laborais e contribuindo com o processo de reintegração social, como saída para diminuição da reincidência criminal. A articulação objetivando viabilizar a celebração dos contratos de financiamento visa identificar reeducandas e mulheres egressas do sistema penitenciário que possuam perfil empreendedor, com a finalidade de desenvolver tais habilidades e fomentarem a instituição do seu próprio negócio.

O Programa envolve a Secretaria da Administração Penitenciária, através da Gerência Executiva de Ressocialização e da Gerência Executiva do Escritório Social, além da Secretaria de Estado da Mulher e Diversidade Humana, Secretaria de Estado do Desenvolvimento Humano e a Secretaria Executiva do Empreendedorismo.

De acordo com o secretário executivo de Empreendedorismo, Fabrício Feitosa, o Programa Empreender PB está sempre em busca de parcerias para otimizar o atendimento aos cidadãos paraibanos: “Essa ação tem o objetivo de estender a linha de crédito Empreender Mulher para um público que precisa de uma atenção especial. É papel do estado dar apoio a essas mulheres para que sua reintegração a sociedade seja plena, e pra nós é motivo de muito orgulho poder dar essa contribuição” .

A secretária de Estado da Mulher e da Diversidade Humana, Lídia Moura, citou que o projeto é mais uma etapa nas políticas que estão sendo implementadas pelo governador João Azevêdo e que vai contemplar toda a sociedade, inclusive as mulheres egressas do sistema prisional: “Nós vamos estar oferecendo a possibilidade da reinserção na sociedade por meio de projetos para que essas mulheres que vivem em situação de vulnerabilidade tenham acesso a renda, sejam reinseridas na sociedade e remodelem suas vidas.”

De acordo com João Rosas, gerente executivo da Ressocialização da Seap, a ação é um trabalho de diversos aspectos, dentre eles a possibilidade efetiva de geração de renda e consequentemente diminuição da reincidência criminal: “É importante destacar que essa é mais uma ação do governo do estado em prol da reinserção da população que cumpre pena em nosso estado e que possibilita a quebra do ciclo da violência. Através dessa linha de crédito, essas mulheres poderão ter acessos a recursos para montar seu próprio negócio com orientação técnica, supervisão e acompanhamento do início até a sua execução”.

Ana Paula Batista, gerente do Escritório Social, afirmou que o preconceito por parte da sociedade é muito grande em relação a essas mulheres e que essa ação vai auxiliar para que elas retornem à sua rotina: “Sabemos que essas mulheres quando passam por um regime prisional, quando estão cumprindo pena ou até mesmo quando saem, são vítimas de preconceito da sociedade, dificultando assim sua reintegração para conseguir um emprego por exemplo. Dessa forma, essa ação vai auxiliar essas mulheres para que elas empreendam através do que elas sabem fazer”.

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A disseminação do caos e as redes sociais – a comunicação de massa segundo Edward Bernays

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Lucio Lauro B. Massafferri Salles*

A primeira vez que me deparei com a expressão Guerra Híbrida foi no ano de 2013. Despertou minha curiosidade uma sequência de postagens no Facebook escritas na linha do tempo de um conhecido. Essas postagens foram feitas por uma terceira pessoa que angustiadamente aludia à perseguição e vigilância que supostamente todos, e não só ele, estavam submetidos, sem saber. O discurso desse sujeito era de que estávamos sendo alvos de uma guerra híbrida na internet, principalmente no território das redes sociais. E, segundo ele, muito mais do que sobre os corpos, tal como sabemos que ocorre em guerras convencionais, os instrumentos usados em uma guerra híbrida visavam atingir, manipular e controlar as psiques das pessoas. Nesse ano de 2013, o livro Guerras Híbridas – das Revoluções Coloridas aos Golpes, do cientista político norte-americano, radicado na Rússia, Andrew Korybko, ainda não havia sido publicado. E as graves denúncias sobre espionagem e vigilância digital em massa que o ex-analista de sistemas da CIA e da NSA, Edward Snowden, fez aos jornalistas Gleen Greenwald e Laura Poitras (The Guardian) durante a sua fuga dos EUA, entre Maio e Junho de 2013, ainda demorariam para ser disseminadas pelo mundo, através do premiado documentário Citizenfour.

No final do ano anterior (2012), em um grupo de discussão na pós-graduação em filosofia, lembro que surgiu uma especulação de que os alicerces da estabilidade política no Brasil estavam para ser golpeados similarmente ao ocorrido em meados desse mesmo ano no Paraguai. Exatamente um ano depois, em Junho de 2013, o Brasil parecia viver sua própria versão da “Primavera Árabe”, com um alto índice de adesão às manifestações de rua que foram caracterizadas como espontâneas, multipautas e aparentemente sem bandeiras específicas.

Vivida com intensidade e sem tempo e espaço para maiores reflexões na época, essa ebulição nas ruas brasileiras caracterizou-se como protestos de pessoas descontentes ou demandantes de mudanças na conjuntura sociopolítica do País, de um modo geral. Entretanto, é importante assinalar que, no início, as manifestações de Junho de 2013 tinham, sim, uma pauta estimulada por grupos de esquerda que desejavam assumir certa hegemonia do processo. Uma vez percebendo a incapacidade dessa esquerda para atingir esse objetivo específico, a direita sequestrou a pauta desses protestos. Em Radiografia do Golpe, Jessé Souza analisa esse aspecto das primeiras manifestações mostrando a mudança de postura da Globo, do começo de Junho até o Jornal Nacional do dia 17, data em que, segundo ele, essa Rede de Telecomunicação passa a apoiar os protestos.

Dois anos depois (2015), uma outra onda de manifestações tomaria as ruas. Desta vez, caracterizada uniformemente com um símbolo do futebol nacional (a camisa amarela), uma multidão diferente da que compôs a onda de Junho de 2013 exigia a deposição do governo que conquistara a vitória nas urnas no ano de 2014, ano esse que ficou marcado, também, por uma ferida narcísica que se abriu no “País do futebol” e que fora causada pela acachapante derrota da anfitriã seleção brasileira para a alemã, diante de sua uniformizada torcida. Uma vez já estando contaminados pelo ressentimento e por um sentimento de ódio estrategicamente cultivado através das redes, é provável que o inconformismo com as derrotas nas urnas e no campo esportivo tenham se misturado e servido como combustível para inflamar o imaginário desse enxame.

Essa resumida linha do tempo testemunhal visa mostrar que algo novo vem ocorrendo não só no Brasil, como em diversas partes do mundo, desde então. E a novidade não está tanto nas coincidências dos recentes abalos e rupturas violentas de sistemas políticos ditos democráticos, mas, sim, nos meios e artifícios usados para atingir essas desestabilizações. Como em alguns outros locais, as convocações ocorridas foram marcadas por uma diversidade de pautas gerando grandes enxames, inicialmente nas redes, que repercutiram nas ruas.

Hoje sabemos que as redes sociais, com seus algoritmos, também servem como plataformas por onde se disseminam “bombas semióticas” capazes de provocar e manipular emoções, cristalizando sentimentos como o medo e o ódio sem que as pessoas consigam saber ao certo a autoria e a origem dos disparos. Até pouco tempo, a maioria absoluta dos alvos desses artefatos psicolinguísticos não fazia a menor ideia de que estava sendo contaminado, tal como ocorre com infecções virais. Ao receber uma carga de imagens contendo signos subliminares, mensagens duplas, memes e videomontagens, entre outras, o sujeito já capturado por essa espécie de abordagem tem dificuldades para quebrar o padrão de replicar instintivamente o que recebeu, sendo também compelido a confirmar a veracidade ou a intenção do conteúdo com alguém de uma de suas bolhas, buscar o chamado viés de confirmação, ou simplesmente assimilar, no silêncio da sua navegação no cyberespaço.

Compartilho da observação de Byung-Chul Han1, quando ele diz que a ilusão de uma liberdade quase absoluta na chamada propagandística “Aonde você deseja ir” (o que deseja fazer?), usada pela empresa Microsoft na nascente dessa world wide web, transformou-se em controle total e vigilância, fundadas em uma paisagem de exposição digital sem fronteiras. Esse poder (um psicopoder) atua sobre as mentes muito mais do que sobre os corpos, exortando os sujeitos a falar, a se expor, a compartilhar irrefletidamente, chegando-se ao ponto da pessoa fornecer dados pessoais com pleno consentimento, como foi o caso dos nada ingênuos programas que ofereciam imagens de bichinhos que supostamente correspondiam às personalidades das pessoas que aceitavam interagir com esses aplicativos, antes de compartilhar a sua arte final. Olhando por esse ângulo, a liberdade sem fronteiras sugerida na nascente da internet na verdade é uma liberdade explorada, em vez de proibida. Em geral, os usuários acabam produzindo incessantemente o material que eles mesmos são exortados a consumir. E uma vez que seus dados, cliques, gostos, medos, desejos, já se encontram armazenados e catalogados, eles imediatamente estão prontos para processamento e mistura, como conteúdo que se disseminará no turbilhão de compartilhamentos e visualizações. Esse aspecto evidencia o quanto que essa comunicação digital é viral e extraordinariamente mais veloz do que mídias escritas, sendo capaz de atuar imediatamente, de maneira quase imperceptível, nas emoções e nas mentes dos usuários da rede.

BERNAYS E SUA ENGENHARIA DE CONSENTIMENTO

Enfim, sobre esse tema se fala bastante em condicionamento das psiques, por vias como as da privação e recompensa, quando se busca entender também o fenômeno em vigência de pessoas que, capturadas na rede, se fixam em disputas e caças de likes, aprovação e lacração, sendo essas algumas das “moedas correntes” nessa espécie de capitalismo das emoções. Porém, existe algo nos artefatos semióticos usados em guerras híbridas cujas raízes remontam a um personagem familiarizado com noções elementares da psicanálise freudiana.

Para além dos estrategistas militares norte-americanos encarregados de colocar sob a luz da psicologia o campo de possibilidades da tomada de demografias sem precisar usar armas convencionais, em seu livro, Andrew Korybko aponta para Edward Bernays, sobrinho de Sigmund Freud e do filólogo Jaco Bernays2, cujas ideias revolucionariam o campo da comunicação voltado para a Propaganda e as Relações Públicas, mais especificamente no âmbito da Política.

Edward Bernays criou métodos sofisticados de persuasão, manipulação e fabricação de consentimento. Suas técnicas potencializaram os artefatos linguísticos e imagéticos até então conhecidos, a partir de elaborações baseadas na proximidade que ele tinha com certas ideias desenvolvidas por seu tio (Freud), a respeito do inconsciente e do papel das linguagens em relação a esse. Bernays não era psicanalista, mas, sim, um engenheiro no campo da comunicação voltada para a persuasão e a fabricação de consentimento no âmbito das democracias, pela via da propaganda, das relações públicas e do que ele chamava de liberdade de persuasão. Nesse campo de ação, suas inovações foram exitosas e devastadoras. E para desenvolvê-las, Edward adaptou noções de psicanálise percebidas no contato com Freud e alguns dos seus colegas psicanalistas às leituras das psicologias de Wilfred Trotter, Gustave Lebon e dos trabalhos do seu contemporâneo Walter Lippman.

Em relação aos textos de Freud, foi fundamental para Bernays a leitura de Conferências Introdutórias sobre a Psicanálise, um presente que Freud lhe dera em retribuição a uma caixa de charutos que o sobrinho enviara de Paris, durante uma viagem. Na verdade, Bernays chegou a estabelecer um contrato para publicação e divulgação da obra de Freud nos EUA, uma vez tendo Freud lhe solicitado ajuda financeira devido aos problemas enfrentados por ele em Viena, uma consequência da crise econômica que se seguiu à primeira grande guerra. A relação entre os dois acabaria por ficar irremediavelmente estremecida, quando Edward Bernays propôs a Freud que ele preparasse um artigo para a uma revista feminina (Cosmopolitan), com a qual Edward tinha contrato, com o título O Lugar Mental da Mulher no Lar, proposta essa que teria deixado Freud indignado, considerando-a absurda e vulgar3.

Décadas antes do surgimento de plataformas de rede como Facebook, Twitter e Whatsapp, Bernays já havia criado uma técnica de contaminação de massas chamada abordagem indireta, concebida na perspectiva de que “palavras, sons e imagens realizam pouco a não ser que sejam as ferramentas de um plano minuciosamente arquitetado e de métodos cuidadosamente organizados4. E se as estratégias forem bem pensadas e usadas corretamente, diz Bernays, “as ideias transmitidas pelas palavras tornam-se parte integrante da própria população”. Segundo ele, “graças às vantagens das tecnologias de comunicação instantânea [da época] pessoas com os mesmos pensamentos e os mesmos interesses podem associar-se e organizar-se para promover uma ação conjunta ainda que habitem a milhares de quilômetros umas das outras”. E quando uma massa humana é convencida da racionalidade de uma ideia, diz ainda, ela certamente entrará em ação (seja essa ideia de ordem política, ideológica ou social).

Em uma campanha publicitária para uma empresa de alimentos que o contratara para aumentar a comercialização de bacon Edward inovou ao elaborar uma propaganda balizada no prestígio do discurso médico. Deixando em segundo plano aspectos como sabor, preço e imagem, ele contratou cerca de quatro mil médicos para que publicamente atestassem nos canais da época que um café da manhã com ovos e bacon seria uma refeição bastante saudável (nasce assim o breakfast americano) carimbando a sua propaganda com o poderoso “valor da verdade” do discurso médico.

Em uma outra peça publicitária (1929), descrita no prefácio do livro Propaganda – como manipular a opinião na democracia (1928 [2004]), Bernays usa dicas dadas pelo psicanalista Abraham Brill5 para alavancar as vendas de cigarros da American Tobacco Company, de George Hill, que desejava conquistar o público consumidor feminino, para o qual até então era um tabu, uma proibição, o hábito de fumar. A dica dada por Hill era a de que o “cigarro seria um símbolo fálico capaz de representar o poder sexual dos homens” e, portanto, Bernays deveria fabricar um vínculo entre o cigarro e alguma forma de contestação, para ter sucesso na sua campanha publicitária, afinal: “estando de posse dos seus próprios pênis (simbólicos)”, as mulheres poderiam fumar. Planejada em minúcias, Bernays cria a seguinte situação no desfile anual de Páscoa em Nova York, em 1929. Durante o evento, um grupo de jovens mulheres repentinamente ostentou cigarros acessos para os flashes de fotógrafos e jornalistas que aguardavam a cena para registrar as imagens que se espalhariam como vírus, pelos veículos de mídia da época. No imaginário popular a cena associou a então vigente luta das mulheres pelo sufrágio universal com essas rebeldes “sufragistas que explodiram de brilho” portando cigarros acesos, suas “tochas da liberdade”. Teve êxito a campanha, e o cobiçado mercado feminino consumidor de cigarros foi conquistado.

Um terceiro exemplo da sua capacidade para elaborar propagandas, projetando no seu público potencial desejos ou inclinações não conscientes, é o da modificação pontual que ele propôs na receita de uma mistura para bolos instantâneos que vinha escrita na caixa do produto. Procurado pela empresa fabricante dessa mistura para bolos, por ela enfrentar dificuldades com as vendas do produto, bastou a Bernays ler as orientações escritas na caixa desse, para sugerir apenas que se acrescentasse um ovo à receita. Sua intuição lhe dizia que as donas de casa eram o público-alvo dos seus contratantes e que, sendo assim, essas provavelmente rejeitariam algo tão artificial, que praticamente não exigia participação na preparação de um bolo. O acréscimo do ovo à receita daria tanto a ideia de um certo capricho à preparação, como também introduziria um símbolo representativo da fertilidade ao alimento, pensou Bernays. Uma vez realizada a mudança, a venda e o consumo desse produto disparou.

Edward refinou uma antiga arte de conduzir as psiques usando as linguagens falada, escrita e imagética6, ao criar métodos novos de propaganda e manipulação das massas. Tal como ocorreu com várias invenções no curso da história, suas técnicas mostraram-se eficazes também no âmbito de algumas estratégias de guerras convencionais e não-convencionais (aqui chamadas híbridas). Um amigo de Bernays, residente na Alemanha, certa vez lhe disse ter visto o livro Cristalizando a Opinião Pública, de sua autoria, na biblioteca do mentor das estratégias genocidas da propaganda nazista, Joseph Goebbels, o que teria lhe assustado, além de atestar que essa campanha de perseguição e destruição fora meticulosamente calculada e planejada.

O caso que o eleva a um tipo de precursor das estratégias de guerras híbridas com suas abordagens indiretas, foi o Golpe de Estado que abalou a democracia na Guatemala em 1954, uma tomada de poder, com a ajuda da CIA, que derrubou o presidente eleito em 1951, Jacob Arbenz. Bernays contribuiu com uma série de ações baseadas em mentiras, boatos e desinformações que conseguiram fixar no imaginário popular que o projeto de reforma agrária do presidente deposto era, na verdade, “uma ameaça comunista”7.

O mundo atual apresenta uma série de mudanças de paradigma, com diversas democracias sendo abaladas nas suas bases, tal como se esses movimentos fossem planejados dentro de uma estranha arquitetura do caos. Coincidentemente, Organizando o Caos é o título do capítulo I do livro Propaganda, de Edward Bernays, dedicado à manipulação das psiques pelas linguagens, visando uma fabricação de consentimento das massas.

Essas mudanças de paradigma se refletem nos campos das relações presenciais e virtuais, tanto pela gravíssima pandemia vigente, como pelas urgentes e necessárias revisões sobre o uso que se faz dos dispositivos tecnológicos e dos sistemas com os quais se consegue criar e estabelecer relações, assim como cancelá-las ou excluí-las. A revolução das redes, que de início sugeriam liberdade e transparência, trouxe consigo uma realidade de captura das impressões afetivas e emotivas, lado a lado com o sequestro de dados e informações, em uma perspectiva real de controle, vigilância e condução de pensamentos. Nessa paisagem, onde não se vê fronteiras, os medos, sonhos, desejos, alegrias e tristezas são passíveis de manipulação. E em se tratando de um fenômeno de ruptura complexo, ainda vigente e que foi de algum modo planejado, talvez seja um erro tentar entendê-lo agarrando-se demasiadamente no passado, visando saber como agir.

*Lucio Lauro B. Massafferri Salles é Professor e Psicólogo. Doutor e Mestre em Filosofia (UFRJ) e Especialista em Psicanálise (USU). Membro do coletivo Psicanalistas Unidos pela Democracia (PUD).

Notas:

1-Psicopolítica – O neoliberalismo e as novas técnicas de poder, de Byung-Chul Han (pgs.18-19).

2-Edward Bernays era filho de uma das irmãs de Freud (Anna Freud Bernays) e de Ely Bernays, irmão da esposa de Freud (Martha Bernays Freud) e sobrinho, pela parte paterna, do professor de filologia clássica Jacob Bernays, tendo começado a atuar profissionalmente na década de vinte do século passado, nos EUA, que é para onde sua família havia se mudado, no ano de 1892 (Edward nasceu no ano anterior, 1891, em Viena).

3-Conferir na introdução à tradução de The Engineering of Consent, de Edward Bernays, por Daniel C. Ávila (Instituto de Psicologia, Universidade de São Paulo), disponível na internet.

4Andrew Korybko comenta a passagem, em Guerras Híbridasdas Revoluções Coloridas aos Golpes (pgs. 45-46).

5-Abraham Hill era um psicanalista austríaco radicado nos EUA que se correspondeu com Freud até o fim de sua vida em 1939.

6-No texto Elogio de Helena, de Górgias, é apresentada uma analogia entre as linguagens (falada, escrita e imagética) e os fármacos (phármaka), para destacar o poder de ação das palavras e imagens sobre as mentes.

7-A participação de Edward Bernays nesse evento ocorrido na Guatemala é analisado em detalhes por Jessé Souza, no livro Guerra contra o Brasil.

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Ilusão de liberdade e manipulação na grande rede

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Lucio Massafferri Salles*, Pragmatismo Político

Não faz muito tempo que me perguntaram sobre o porquê de acreditar que não se deve olhar com olhos demasiadamente no passado quando se quer pensar as recentes rupturas e abalos que países diversos vêm sofrendo em suas estruturas sociopolíticas, uma vez sendo essas, alvos de manobras típicas de guerras híbridas.

Indo ao ponto, sem pretender esgotar a questão, creio que esses movimentos vigentes, de caráter disruptivo, trouxeram consigo transformações bastante radicais, que dizem respeito às comunicações, aos relacionamentos interpessoais, aos novos canais e superfícies através das quais se estabelecem laços e contatos.

Os movimentos em curso apresentam diferenças sensíveis entre si. Eles são adaptados às particularidades culturais de cada uma das demografias alvo e das já atingidas. Hoje, esses eventos estão fortemente marcados e influenciados pelo poder de alcance da internet, esse imenso sistema global de conexões em rede que, em sua nascente, chegou a propor uma liberdade total que se mostrou ilusória. A pseudoliberdade disseminou a ideia de que as conexões virtuais seriam capazes de levar as pessoas onde elas desejassem ir, através de navegações sem barreiras e fronteiras1.

Do percurso iniciado junto ao encantamento dessa ilusão de liberdade até o ponto dos atuais golpes, revoluções coloridas e guerras em rede, estamos descobrindo que não há transparência, de fato, nos processos virtuais estabelecidos na grande rede. Em contrapartida, paga-se um preço alto no mercado capitalista das emoções, onde outra espécie de transparência se apoia na produção de uma exposição incessante de usuários que são exortados a falar, a postar, a se expor, a curtir, a compartilhar, a vigiar e ser vigiado, a consumir e ser consumido.

Para se construir relações menos invasivas, violentas ou sujeitas à manipulação e controle em rede, não basta criar normas reguladoras específicas que barrem e punam excessos e ações criminosas. Ainda que já se tenha conhecimento sobre o vazamento de dados de pessoas pelo Facebook e da participação de agências privadas, com financiamentos milionários, em eleições de diversos países (algumas dessas, detentoras de know-how na aplicação de “operações psicológicas” [PSYOPs] para fins variados), os usuários permanecem sem nenhum preparo para se proteger no ambiente virtual.

A velocidade e a capacidade de alcance da comunicação que são características da grande web constituíram um campo fértil para o surgimento e a proliferação de agências especializadas em análises psicossociais e métodos pautados em psicometria, capazes de fabricar campanhas de propaganda usando enormes bancos de dados com perfis psicológicos detalhados de milhares de potenciais eleitores e consumidores.

Em sua página na internet, uma dessas conhecidas agências propagandeia como conseguiu operacionalizar estratégias personalizadas para manipular e influenciar nos resultados das campanhas eleitorais e plebiscitárias em diversos países. E, ao visitar outra dessas páginas, de uma diferente empresa do mesmo ramo, causa perplexidade constatar a presença de estrategistas militares compondo o seu portfólio de profissionais, lado a lado com psicólogos e analistas de dados, o que leva a concluir que essa modalidade de comunicação, ancorada no uso indevido de informações pessoais, tornou-se, de fato, um artefato de guerra.

Ainda não se pode prever as reais consequências desse tipo de instrumentação das linguagens, que permanecem sem a devida regulação, no que toca as estruturas das democracias do modo que até então as conhecemos.

A grande rede e seus diversos sítios, como as plataformas sociais, não são acessíveis de imediato. São, na realidade, espaços normalmente mediados por sistemas operacionais comercializados (pagos), como os da Microsoft (Windows) e da Apple (MacOS), ou de software livre e código aberto, normalmente gratuitos e mantidos por comunidades de desenvolvedores, como é o caso das diversas distribuições Linux. Desse modo, fica a reflexão se o caminho para projetar uma supressão de manipulações indevidas de dados, de controle e vigilância expositiva na internet, passa por um movimento de desassociação das redes sociais, ou se é necessário, também, um aprofundamento maior sobre o funcionamento dos programas que fazem parte da mediação entre os indivíduos e a grande rede.

Em suma, além da necessidade de uma regulamentação de proteção de dados pessoais dos usuários, com as devidas sanções legais, faz-se necessário também que se insira no processo de conhecimento da linguagem esse novo tipo de comunicação. A comunicação em rede e a sua articulação nas modalidades de linguagem falada, escrita e imagética, muitas vezes conjugadas.

NOTAS

1-Este era o slogan da Microsoft, na nascente da internet, em 1994: “Onde você que ir hoje?”, ou então “Seu potencial. Nossa paixão.”: https://gizmodo.uol.com.br/a-curta-historia-dos-monocromaticos-logotipos-da-microsoft/

*Lucio Massafferri Salles é filósofo, psicólogo e jornalista. Doutor e mestre em filosofia pela UFRJ, especialista em psicanálise pela USU.

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Extrema-direita mundial vive momento decisivo com eleição nos EUA

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trump bolsonaro direita eleições eua
Trump e Bolsonaro (Photo by Brendan Smialowski / AFP)

Blog do Jamil Chade

A madrugada de terça-feira para quarta será longa em muitas partes do mundo. Pelas diferentes capitais da Europa, Ásia e América Latina, grupos com distintas religiões e histórias acompanharão a apuração das eleições nos EUA como se fossem suas. E, para muitos desses segmentos da sociedade, de fato a eleição pode definir o rumo de seus movimentos, principalmente os grupos de extrema-direita e populistas.

Na Hungria ou Polônia, na sede dos partidos populistas da França, Espanha, Alemanha ou Itália, uma vitória de Trump confirmará suas agendas e os dará oxigênio em meio aos questionamentos. Para a Índia, Brasil ou Filipinas, o que está em jogo é uma estratégia populista-nacionalista.

Entre os europeus, há uma percepção de que o movimento de extrema-direita no continente não depende de Trump. Vários dos slogans usados pela Casa Branca, de fato, percorriam o submundo da política europeia desde os anos 70.

Mas a derrota do americano, ainda assim, os exigirá repensar estratégias e pode afetar até mesmo as fontes de recursos para pagar por campanhas e ataques virtuais. Acima de tudo, a percepção é de que o fim do governo Trump mandaria um sinal claro de que o movimento ultraconservador tem como ser freado e que mesmo a tática de proliferação de mentiras tem um limite.

Não por acaso, líderes populistas romperam nos últimos meses a tradição de não se envolver em eleições estrangeiras e saíram ao apoio de Trump. Os europeus não são os únicos. No governo Bolsonaro, na gestão de Duterte nas Filipinas ou na administração de Modi na Índia, o que estará em jogo nos EUA é muito mais do que a alternância de poder na maior economia do mundo.

Levantamentos e pesquisas de opinião revelaram que a covid-19 colocou sérias dúvidas em uma ampla parcela da população sobre a capacidade de líderes populistas de extrema-direita governarem. Agora, sem Trump, esses grupos não escondem que haveria uma sensação de estarem órfãos.

Não por acaso, a ordem desses governos é a de agir de forma deliberada para apoiar Trump ou mesmo ceder em seus interesses nacionais para ajudar o americano a conquistar votos. No caso do Brasil, Jair Bolsonaro passou a ser lidado pelo mundo como o maior cabo eleitoral do presidente americano.

Se sua imagem pelo mundo já está desgastada, o fim do mandato de Trump ampliaria seu isolamento e obrigaria o governo a ter de repensar suas estratégias de política externa.

Mas o brasileiro não é o único nessa posição. Para diplomatas europeus, uma derrota de Trump fortaleceria o posicionamento de governos como o de Angela Merkel, considerada como a democracia com o maior poder hoje de se contrapôr à ideologia de grupos populistas. Não por acaso, num recente discurso durante a campanha, Trump incluiu a Alemanha entre aqueles que querem ver sua derrubada.

“A China quer eu fora, o Irã quer eu fora, a Alemanha quer eu fora”, disse. Em Berlim, há uma percepção clara que uma nova relação terá de ser inaugurada com Washington. Mas uma vitória de Joe Biden poderia ajudar a frear grupos domésticos alemães, com fortes tendências populistas.

No início de setembro, quando esses grupos ameaçaram invadir o Parlamento alemão, a manifestação não apenas trazia símbolos da extrema-direita do país. Mas camisetas com a imagem do principal ídolo do grupo: Trump.

A ironia: máscaras pró-Trump

Na Itália, a situação não é diferente. Matteo Salvini, chefe do movimento de extrema-direita no país, passou a usar uma máscara em que orgulhosamente expunha a referência à campanha nos EUA: “Trump 2020″. Para observadores italianos, a máscara de Salvini era uma verdadeira incoerência, diante do resultado da resposta de Trump diante da pandemia.

Na Polônia, apoio é total por parte do governo. Andrzej Duda, chegou a viajar até os EUA, dias antes de sua eleição, enquanto seu partido comparou Trump ao papa João Paulo II por sua luta contra o comunismo. Na imprensa que apoia o grupo ultraconservador, manchetes alertam: Biden não respeita os poloneses”.

O americano ainda ganha apoios explícitos de outros líderes, como Janez Jansa da Eslovênia, que chegou a ir às redes sociais para declarar que Trump havia vencido o debate com Biden. “Se ele (Biden) for eleito agora, ele será um dos presidentes mais fracos da história dos EUA”, disse Jansa. “Vamos Donald Trump, vença,” declarou.

O cenário da Hungria é similar. Viktor Orban deixou claro que seu voto é de Trump, enquanto a oposição vem alertado que uma derrota do americano minaria a legitimidade do líder húngaro.

Não faltaram esforços por parte de aliados da Casa Branca para transformar Trump numa espécie de ícone do novo populismo mundial. Um dos artífices dessa campanha foi Steve Bannon que percorreu a Europa e outras partes do mundo em busca de aliados. Eduardo Bolsonaro era um deles.

Herança

Mas, ainda que Trump seja derrotado, sua herança promete ser duradoura. Levantamentos realizados por entidades americanas revelam que, desde 2016, nunca tantos atos da extrema-direita foram tolerados e realizados em solo americano como no período do governo do atual presidente americano.

Entre 2016 e 2018, foram 125 eventos compostos por neo-nazistas, nacionalistas ou extremistas, seguido a Southern Poverty Law Center. Muitos saíram da clandestinidade, convictos de que uma pseudo-civilização estava ameaçada e que, para defende-la, a violência passou a ser legítima. Termos como “invasão hispânica”, “genocídio branco” e outras teorias da conspiração ganharam força.

O racismo foi normalizado e sequer foi necessário que atos independentes fossem realizados para que tais grupos demonstrassem suas intenções. Muitos eram camuflados de campanhas pró-Trump. Um estudo da Universidade Texas A&M concluiu que, nos locais que sediaram atos a favor do então candidato republicano em 2016, crimes de ódio foram 226% mais frequentes que em locais que não sediaram eventos pró-Trump.

Entre 2014 e 2018, pessoas com ligações a grupos de extrema-direita cometeram 81 assassinatos nos EUA. 40 deles ocorreram apenas no ano de 2018.

Trump ainda deixa ao mundo o ressuscitar do termo “fake news”, depois de décadas adormecido diante de seu último usuário – Adolf Hitler. Seu objetivo era o de minar a credibilidade da imprensa, justamente para impedir que houvesse um controle externo a sua administração. Pelo mundo, o termo justificou a prisão ou ataques físicos contra dezenas de jornalistas.

O grupo mais próximo de Trump ainda fincou suas bases na Europa, na esperança de ajudar partidos de extrema-direita. Na ONU, suas alianças minaram os direitos das mulheres e romperam consensos que pareciam sólidos em termos de direitos humanos.

O nacionalismo e a decisão de ignorar regras multilaterais também poderão ser ecoados por anos, com repercussões perigosas.

Na Espanha, o partido de extrema-direita, Vox, resumiu o papel de Trump para muitos: “uma inspiração”.

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Democracia hackeada – a manipulação e o direcionamento de alvos na grande rede

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*Lucio Massafferri Salles

Desde o premiado documentário Citizenfour (2014), dirigido por Laura Poitras, até o doc/drama O Dilema das Redes (2020), por Jeff Orlowski, vem crescendo o número de pessoas que pensam em refazer as suas relações com dispositivos que se conectam à internet. E essa postura autorreflexiva é tão fundamental quanto a feitura de Leis de Proteção de Dados e Privacidade, que sejam verdadeiramente abrangentes e eficazes, assim como a reconstrução de um sistema educacional que seja realmente inclusivo, incorporando o conhecimento das novas tecnologias como Linguagem.

Sem querer desestimular ou estragar prazer de quem não assistiu a nenhuma dessas duas produções citadas, aviso que há uma certa distância entre as informações impactantes compartilhadas pelo ex-analista da CIA e da NSA, Edward Snowden, em Citizenfour, e as denúncias feitas em tom de mea-culpa por parte dos atores de O Dilema das Redes, que foi protagonizado por algumas ex-cabeças pensantes de Big Techs e plataformas de mídia social.

Assim, se for possível e houver interesse, assista aos dois, pois vale a pena. Mas, não perca de vista o seguinte.

De um modo geral, Citizenfour expõe alguns instrumentos das chamadas guerras híbridas, denunciando práticas globais de vigilância, espionagem e manipulação por parte de agências estadunidenses civis e militares, através de uma narrativa que exorta sutilmente a que os usuários aprendam a se defender e conhecer melhor os sistemas e dispositivos tecnológicos que utilizam. Em um quarto de hotel em Hong Kong, blindado no anonimato de um Linux Tails e escondido com jornalistas do The Guardian enquanto aguardava o seu transporte para a Rússia, Snowden mostra aos espectadores como que os dados e a intimidade das pessoas podem ser interceptados por acessos não autorizados a webcams, dispositivos de áudio, computadores, e-mails, smartphones, dentre outros.

Por sua vez, O Dilema das Redes mostra de que modo os cliques, gostos e dados de usuários foram e são capturados em uma lógica algorítmica que visa, entre outras coisas, o direcionamento de propagandas e publicidade, lançando mão do alcance e da força das linguagens falada, escrita e imagética, conjugadas entre si. Esse doc/drama acaba enfatizando a “moral da história” de que o cancelamento de perfis e contas nas redes sociais não só seria um dos bons remédios para o problema da desproteção de dados e informações pessoais como, também, daria solução para os efeitos narcotizantes dessa manipulação das psiques nas redes, de um modo geral.

Entretanto, para quem deseja ir um pouco mais fundo e também se interessou em acompanhar a recente eleição para a presidência dos EUA, a sugestão é que encare a leitura do livro Manipulados: como a Cambridge Analytica e o Facebook invadiram a privacidade de milhões e botaram a democracia em xeque (2019/2020), escrito pela analista de relações internacionais, Brittany Nicole Kaiser, protagonista do documentário Privacidade Hackeada (The Great Hack-2019).

Com 33 anos recém-completados, a autora Brittany pertence a uma talentosa geração de novos geeks/nerds/hackers. A partir de um momento de sua vida, ela optou usar conhecimentos em Tecnologia da Informação para trabalhar em agências privadas desenvolvendo projetos e programas de marketing baseados na manipulação de Bancos de Dados com informações detalhadas de milhões de pessoas, de demografias diversas. No livro, ela se define como uma democrata. Conta ter sido ativista em projetos em Hong Kong, na África do Sul e na Líbia pós-Kadafi (pg. 23), além de ter trabalhado nas campanhas de Barak Obama, antes de entrar para os quadros profissionais da Strategic Communication Laboratories (SCL) e da Cambridge Analytica, onde participou ativamente da campanha que elegeu Trump em 2016.

O título original de seu livro é Targeted: The Cambridge Analytica Whistleblower’s Inside Story of How Big Data, Trump, and Facebook Broke Democracy and How It Can Happen Again”, e ele sintetiza precisamente o conteúdo explosivo das 365 páginas nas quais a autora revela, em detalhes, os bastidores das operações desenvolvidas por essas agências. Brittany relata que sua ex-empresa Cambridge Analyticaempregava psicólogos em dedicação exclusiva que, em vez das velhas pesquisas de opinião, desenvolviam métodos de análise política e usavam os resultados para classificar pessoas”. Uma vez de posse de um grande volume de informações e dados obtidos ilegalmente/artificiosamente, esses profissionais “usavam a metodologia psicográfica para assimilar a complexidade da personalidade de cada indivíduo”, podendo assim, de maneira personalizada, “conceber formas de orientar o comportamento delas” (pg. 32-33).

Essa revelação mostra que mais do que “manipulados”, como consta na tradução de Targeted da edição em português, os milhões de indivíduos na realidade foram e são “alvos”, visados nas redes sociais e na grande rede. Alvos que devem ser atingidos e capturados nas suas subjetividades para que se possa influenciar os seus pensamentos, assim como alterar e direcionar os seus comportamentos.

Para além do Facebook, que publicamente assumiu ter se envolvido em problemas graves com o vazamento de dados de usuários, se entrevê aqui, também, o Whatsapp. Esse mensageiro instantâneo gratuito ficou bastante conhecido no Brasil não só por seu uso intenso na campanha eleitoral de 2018, como pelo potencial para se formar nele bolhas de pessoas identificadas entre si. Muitas dessas pessoas/bolhas foram classificadas como possuidoras de perfis ideais para serem alvos de desinformação, de fomento ao racismo, misoginia, homofobia, intolerância com as diferenças e disseminação estratégica de mentiras (fakenews). Curiosamente, no final do seu livro, Brittany Kaiser aconselha a que as pessoas migrem para o mensageiro instantâneo Signal, uma vez que, segundo ela, Mark Zuckerberg, dono do Whatsapp, “enfraqueceu a criptografia para extrair dados e usá-los como targeting” (pg. 364).

Referindo-se à fala do seu ex-chefe na Strategic Communication Laboratories (SCL) e na Cambridge Analytica (Alexander Nix), a autora oferece uma chave para quem deseja refletir sobre os objetivos e as estruturas desse tipo de instrumentalização das comunicações para uso indevido de dados em massa. Trata-se de uma concepção conhecida do mercado, capitalista, conjugada com uma outra que pertence à esfera militar, belicista. A conjugação dessas duas concepções se unifica na paisagem das guerras híbridas travadas em rede, uma vez que nelas os dados seriam “o novo petróleo da era digital”, ao passo que a coleta ou sequestro de informações seria como uma “corrida armamentista”, nessa atual era da World Wide Web (pg. 20).

Assim, tanto no documentário Privacidade Hackeada como no livro Targeted, a denunciante Brittany vai além de simplesmente expor publicamente a manipulação ilegal de dados na grande rede e nas plataformas de mídia social, apontando como que essa manobra pôs a democracia estadunidense em xeque.

Tal como indicado no título original, ela na verdade conta como que a democracia dos EUA quebrou, elegendo Trump para presidente em 2016 com uma campanha que usou dados vazados do Facebook. E deixa o alerta para o perigo disso poder se repetir, uma vez que há quem domine técnicas de comunicação e manipulação psicológica em massa que são capazes de fazer de indivíduos e grupos, alvos passíveis de serem influenciados, persuadidos e direcionados, dentro desse mercado virtual onde usuários fornecem dados como matéria-prima, tornando-se simultaneamente produtores e consumidores dos seus próprios conteúdos e dos outros.

No contexto dos efeitos provocados por essas comunicações em rede é importante destacar um estranho cansaço, que não se localiza exatamente nos corpos, assim como sensações de inércia e entorpecimento. Esse fenômeno acaba paralisando parcialmente os indivíduos e é apontado por Andrew Korybko, em seu livro sobre guerras híbridas, como um dos objetivos dos ataques semióticos cirurgicamente lançados sobre as demografias. Assim, uma das principais metas seria paralisar líderes e parte da população, gerando um fenômeno psicossocial de narcose.

Uma medida básica para as pessoas começarem a se resguardar e defender, visando cortar o fluxo da disseminação de mentiras, desinformação e mensagens de caráter discriminatório ou ofensivo, é adotar o hábito de não repassar/compartilhar conteúdos irrefletidamente, sobretudo os de origem desconhecida ou duvidosa. Dentro dessa perspectiva de mensagens e imagens como artefatos semióticos capazes de agir como drogas nas psiques, os encaminhamentos/compartilhamentos movidos pelo ímpeto da viralização se tornaram um vício, entre os usuários de Whatsapp.

É importante entender que as psiques humanas não são exatamente como “máquinas de pensar”, lembrando aqui uma fala de Byung-Chul Han. Humanos não têm estrutura para ficar constantemente conectados ou expostos aos olhares dos outros, assim como para lidar incessantemente com milhares de likes e deslikes em curtos espaços de tempo, e muito menos ainda para suportar cargas de ódio tais com as investidas de “tempestades de merda” (shitstorm)1 nas redes sociais. Essas investidas são conhecidas também como “ataques de indignação” feitos por enxames de usuários e robôs que, via de regra, são orquestrados com a finalidade de difamar, caluniar ou destruir a reputação de alguém; pessoa, empresa ou instituição.

Em uma conversa recente com um amigo, pesquisador/professor de física e de programação, refiz uma perspectiva sobre a ilusão de liberdade na internet, tal como ela foi propagandeada no surgimento da Web2. Entendemos que na realidade a anunciada “nova liberdade” mostrou ser uma espécie de “novo Eldorado”, pronto para ser explorado, tal como foi. Valorando dados e informações na grande rede como se fossem ouro ou petróleo, os então mais bem treinados para transitar e atuar nesse território acabaram loteando e explorando a liberdade de comunicação, daí essa ter se mostrado sob certo aspecto ilusória, porquê controlada, manipulada e financeiramente explorada.

Porém, não se deve esquecer que a informação manipulada pode ser detectada pelos que entendem o conceito de informação, sendo fundamental retomar e ampliar constantemente o debate sobre esse tipo de problema. O debate e a conscientização sobre o uso que se faz dos dispositivos tecnológicos, a inclusão dos saberes sobre esses nos sistemas educacionais, acompanhada da necessária feitura de Leis de Proteção aos Dados eficazes, devem ter no horizonte a ideia de que, onde for, no real ou virtual, a liberdade não nos chega pré-definida. Ela precisa de ser conquistada.

Outros artigos de Lucio Massafferri Salles

Leia também:

A disseminação do caos e as redes sociais – a comunicação de massa de Edward Bernays
Mulheres negras são as principais vítimas do ódio na internet
Como resgatar o seu direito à intimidade

*Lucio Massafferri Salles é filósofo, psicólogo e jornalista. Doutor e mestre em Filosofia (UFRJ), especialista em Psicanálise (USU). Membro do coletivo Psicanalistas Unidos pela Democracia (PUD).

NOTAS

1- A expressão shitstorm é usada por Han, no livro No Enxame, em alusão aos “ataques de indignação” em redes sociais e na internet, de um modo geral. Esses ataques são operados por “enxames” de usuários que têm por objetivo destruir a reputação não somente de pessoas, como também de empresas e instituições.

2-Refiro-me ao slogan da Microsoft na nascente da Internet (1994): “Aonde você quer ir hoje?”: https://gizmodo.uol.com.br/a-curta-historia-dos-monocromaticos-logotipos-da-microsoft/

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Cadáveres de visons sacrificados na Dinamarca por mutação do coronavírus ressurgem na superficíe

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Cadáveres de visons sacrificados Dinamarca coronavírus ressurgem na superficíe
(Imagem: Morten Stricker | tvmidtvest)

Depois de sacrificar mais de 10 milhões de visons após a detecção de uma variante do novo coronavirus que poderia prejudicar a eficácia de vacinas, a Dinamarca enfrenta um novo problema envolvendo os pequenos mamíferos, que lembram doninhas e cuja pele é usada na produção de casacos e outras peças de vestuário.

Vários animais mortos e enterrados ressurgiram sob os efeitos dos gases de decomposição. O fenômeno ocorreu em um terreno militar perto de Holstebro, no Oeste dinamarquês, em uma das fossas improvisadas onde os visons sacrificados foram enterrados.

A informação foi divulgada pela segundo a emissora pública DR. No início de novembro, a Dinamarca anunciou que iria sacrificar 17 milhões de visons, devido a uma mutação problemática do coronavírus transmitida por esses animais, que poderia, segundo estudos preliminares, ameaçar a eficácia da futura vacina para os humanos.

Os cadáveres dos visons, que apareceram na superfície devido à pressão acumulada dos gases de decomposição, estão cobertos apenas por uma fina camada de calcário e de uma terra muito arenosa, o que teria facilitado o fenômeno, segundo a polícia local.

O Ministério do Meio Ambiente e da Agricultura da Dinamarca afirmou em um comunicado que os visons estão enterrados entre um metro e meio e dois metros. Mas, segundo o DR, os cadáveres estavam apenas a um metro de profundidade neste terreno. Para a pasta, o reaparecimento dos cadáveres é “um problema temporário ligado ao processo de decomposição dos animais“.

O Estado brinca com a nossa natureza e a usa como um aterro sanitário“, lamentou Leif Brogger, um conselheiro municipal de Holstebro, citado pelo jornal Jyllands-Posten.

Fotos e vídeos compartilhados nas redes sociais geraram vários comentários: um internauta no Twitter disse que 2020 é “o ano dos visons mutantes zumbis assassinos“.

Os animais que ressurgiram foram enterrados a 200 metros de um lago, ou seja, 100 metros a menos que o recomendado, levantando preocupações sobre problemas de poluição por fósforo e nitrogênio, o que as autoridades prometeram resolver.

Na última semana, a Dinamarca chegou a anunciar que considerava a mutação do coronavírus identificada nos pequenos mamíferos “erradicada“. Com três vezes mais visons do que habitantes, o pequeno reino nórdico é o maior exportador mundial e o segundo maior criador atrás da China, com um faturamento neste setor de cerca de 670 milhões de euros (R$ 4,2 bilhões).

A decisão pelo sacrifício dos animais na Dinamarca levou à queda do ministro da Agricultura do país, Mogens Jensen, 57 anos, que perdeu o apoio do parlamento. A demissão ocorreu quinze dias depois que a primeira-ministra Mette Frederiksen executou sua decisão de abater os 17 milhões de visons do país. Na ocasião, ela disse que a resposta era necessária para combater a rara cepa rara do coronavírus.

Depois disso, a ordem do governo foi apontada como ilegal. Uma tentativa apressada de montar um projeto de lei de emergência falhou, e o governo só conseguiu aprovar a legislação necessária com uma pequena maioria no início desta semana, após milhões de animais saudáveis ​​já terem sido abatidos.

A Irlanda, que também tem fazendas criadoras de visons, anunciou o abate de toda a população da espécie na semana passada.

Extra com agências internacionais

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Com quem estaria Miguel Arraes na disputa familiar pela prefeitura do Recife?

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marilia miguel arraes joão campos
Marília, Miguel Arraes e João Campos (Reprodução/Redes)

Joaquim de Carvalho, DCM

A eleição no Recife promete ser uma das mais emocionantes neste segundo turno — senão a mais emocionante. É um drama familiar, claro, que remete à origem da liderança de Miguel Arraes no Estado, anterior ao golpe de 1964, do qual ele foi uma das mais expressivas vítimas.

De um lado, a petista Marília Arraes, neta de Miguel Arraes, que governou o Estado três vezes.

De outro, João Campos, bisneto de Arraes e filho de Eduardo Campos, que governou o Estado em dois mandatos e que faleceu em 2014 num acidente de avião.

É fácil saber com quem estaria Eduardo Campos nesta eleição que expõe um racha familiar, mas e o avô dele, Miguel Arraes?

Jornalismo não é psicografia e, portanto, impossível saber.

Mas há indicações de que a família Arraes se inclina para Marília, a começar pela avó de João Campos, Ana Arraes, ministra do Tribunal de Contas da União.

Segundo a revista Época, ela sinalizou que votará em Marília. O irmão de Eduardo, Antônio, o Tonca, manifestou apoio público a Marília, em razão de divergência política com o sobrinho, alimentada, segundo analistas, pela sede de poder de Renata, viúva de Eduardo Campos.

Em um debate, Marília chegou até a sugerir que, caso João vença as eleições, quem mandaria na prefeitura seria a mãe.

Dois irmãos de Marília votam em João Campos, mas esse tipo de apoio não tem nada de ideológico, nem de preferência familiar. Ambos ocupam cargos de comissão na prefeitura do Recife, comandada pelo PSB.

É a máquina de governo conquistando apoio.

Líderes do partido, aliás, dão sinais de desespero com o possibilidade concreta de perder a prefeitura.

O jornalista Magno Martins, considerado independente em Pernambuco, publicou hoje em seu blog um vídeo em que aparece o secretário de Administração e Gestão de Pessoas da Prefeitura do Recife, Marconi Muzzio, orientando equipe de campanha do candidato João Campos.

Até aí, tudo bem, desde que não seja no horário de expediente.

O problema é que estariam presentes diversos servidores da administração municipal. Nesse caso, se estaria diante de uma prática vedada pelo Tribunal Superior Eleitoral, por se caracterizar abuso de poder político.

Ele disse:

“Não vamos aqui falar palavras fáceis: é uma eleição duríssima. O resultado do primeiro turno e a reversão da primeira pesquisa e da segunda mostram uma realidade duríssima para a gente enfrentar. A chance que a gente tem de reverter esse quadro é fazendo o que a gente vem fazendo nesses seis dias, sete dias: não tem mais feriado, não tem mais descanso. É todo dia, todo mundo”

Para o tribunal, o detentor do poder não pode se valer de sua condição para influenciar o voto do eleitor. No limite, o beneficiado por essa prática poderia até ter o registo de sua candidatura cassado.

Difícil que ocorra.

A eleição no Recife promete terminar com um racha familiar agravado, o que é lamentável, mas, de outro lado, com uma nova orientação política, sem o vale-tudo que caracteriza a campanha de João Campos, que tem o apoio da mídia local e também do grupo Globo, como se viu com o comentário de Merval Pereira na Globonews, desconectado da realidade, ao dizer que Lula e Zé Dirceu estiveram na cidade e levantaram uma onda antipetista.

Lula não esteve, e fez falta com certeza. A popularidade dele no Estado pode ser decisiva. A questão mais importante, no entanto, é que o comentário de Merval mostra de que lado a Globo está.

Para muitos, este é um motivo importante para votar em Marília Arraes.

A eleição no Recife gera a pergunta. Se vivo, Miguel Arraes estaria ao lado de quem? Do bisneto e sua campanha suja, no estilo vale-tudo? Ou da neta, que só é candidata porque vem teimando desde 2018, quando queria ser candidata a governadora e o PT não deixou?

Para quem acredita, talvez Chico Xavier pudesse buscar a resposta. Mas tem político das antigas no Estado que garante que sabe a resposta.

Basta ver com quem está a avó de João Campos.

.x.x.x.

Veja o vídeo que pode caracterizar abuso de poder político em favor de João Campos:

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Castração

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Castração relacionamento amor perdão filosofia doação
(Imagem: reprodução)

Eduardo Bonzatto*, Pragmatismo Político

Aqui busco compreender o porquê da castração feminina implicar historicamente na castração masculina.

O patriarcado é um fenômeno social muito novo na história das sociedades ocidentais. É em tudo fruto das sociedades burguesas, em que a privatização do outro foi o princípio fundador do aparecimento das hierarquias.

O suporte das ciências e da nascente psicologia para a redução da mulher a um lugar de subalternidade em relação ao homem aconteceu de modo a reconhecer no gozo feminino um sinal de histeria que carecia de ser suprimido.

Uma vez diagnosticada o prazer com o gozo, o encaminhamento para instituições de contenção era uma forma de reduzir a mulher.

A histeria, nos discursos médicos e psiquiátricos brasileiros da segunda metade do século XIX, foi desenhada no feminino. As histéricas eram percebidas como mulheres que não se adaptavam ao papel que lhes era reservado na família e na sociedade.

A influência vinha das metrópoles e era denunciada em obras como O Vermelho e o Negro, de Stendhal, A Mulher de Trinta Anos, de Balzac; Madame Bovary, de Flaubert; e Thérèse Raquin, de Émile Zola, enfatizando os mecanismos de controle e as formas de repressão que recaíam sobre o corpo feminino.

De privação de luz, de encarceramento, de eletrochoques, de hipnoses, de medicamentos diversos até que todo impulso do clitóris, único órgão humano que existe exclusivamente para o prazer, fosse erradicado, de tal sorte que dali em diante essa herança fosse transferida de mães para filhas até o presente.

Claro que além dos discursos médicos, as prédicas religiosas, as orientações para as famílias também compunham esse ideário da castração.

Esse foi o princípio da expansão de todo sistema capitalista no bojo da colonização eurocêntrica. É o século XIX o berço do patriarcado.

A partir daí, o papel da mulher seria exclusivamente reprodutivo. Difícil saber agora se isso se deu por temor ou pragmatismo, mas o fato é que o gozo feminino poderia ter outro princípio. Poderia indicar reciprocidade na relação
amorosa.

É preciso explicitar melhor isso. O gênero de fato, para a sexualidade, não existe. Isso porque a relação amorosa consiste na satisfação que podemos devotar ao outro, ao ser amado. O gozo do ser amado engrandece o nosso próprio gozo.

Se isso for verdadeiro, e pra sabermos se o é, basta que devotemos ao parceiro amoroso o melhor gozo e para isso precisamos conhecê-lo profunda e intimamente, saber da complexidade dos corpos, os redutos do prazer que o
enalteça e só então investigar e investir para que esses redutos se tornem templos de adoração e devoção ao mesmo tempo.

Mas se o outro, o outro amoroso, não emite os sinais do prazer do gozo, então ele para nós não existe de fato, é apenas um instrumento do gozo nosso e o gozo masculino é extremamente pobre. Incapaz de doar, minguamos em nosso próprio gozo. E vamos adiante como sacos esvaziados de substancia, rumo a uma existência solitária e não solidária.

Esse princípio, tão necessário aos impulsos egóicos do capitalismo, define nossa própria existência.

Então nos unimos ao próximo como proprietários, coisificando o amor embalados no apego e na possessividade. Exigimos fidelidade e negamos a ele e a nós mesmos a plenitude da vida. E a plenitude da vida é a liberdade e a
complexidade. Liberdade é escolha entre modos de vida diversos.

Complexidade e a união plena com o outro, incondicional e repleta de doação.

Mas não é impossível reverter isso. Precisamos nos transformar em doadores amorosos, procurando no ser amado seu lugar de prazer e ali depositando toda nossa energia amorosa. Como doadores do amor, realizamos o princípio do amor e da vida, acrescentando ao doar uma dose ainda maior de potencia, e realizamos o PERDOAR.

PER: Esse sufixo tem um sentido muito especial aqui. Per é a saturação e a exorbitância de um conjunto de sentido. Clorito, hipoclorito, percloreto, permacultura traduz a saturação a mais do cloreto ou da cultura, para além
dele ou dela.

Então o sentido que o per incorpora aos termos vai além do que normalmente esses termos propõem.

Seguir, perseguir, correr, percorrer, doar, perdoar são os sentidos do per. O egoísta recebe, o amoroso doa, mas o amor, perdoa, doa além do imaginado e do necessário.

A palavra perdão sempre foi problemática pra mim. Ela se apresentava como gerida de um lugar cuja importância me ofendia, ou seja, quem perdoa é porque tem o poder de perdoar e o poder é em si um degenerador do amor.

Mas esse perdoar como aquilo que vai além do doar, azeitado pela melhor energia amorosa é muito grandioso e ao mesmo tempo muito singelo, pois não envolve uma ação mediadora que existe para exaltar o doador.

É tão somente a decisão amorosa de envolver o ser amado numa ciranda de cuidados e presenças. É doar mais do que ele espera e com isso ele também entende da natureza do doar. Estará pronto a perdoar outros.

O amor só realiza COM O OUTRO, na complexidade, nesse servir ao outro e se isso ocorrer, também o sistema cai diante do amor e se esfarela como poeira.

*Eduardo Bonzatto é professor da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB).

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Nove ex-ministros brasileiros pedem que Europa ajude a Amazônia

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ex-ministros brasileiros pedem que Europa ajude a Amazônia
Imagem: Reuters

ElPaís

Nove ex-ministros do Meio Ambiente enviaram nesta terça-feira (26/01) uma carta aos governos francês, alemão e norueguês, na qual pedem ajuda para combater a crise provocada pela pandemia de covid-19 na Amazônia. Segundo eles, nem o governo federal brasileiro nem os Executivos locais têm condições de combater a pandemia na região.

A Amazônia brasileira está sendo devastada neste momento por dupla calamidade pública, ambiental e de saúde, que necessita da urgente solidariedade e colaboração de países amigos interessados de forma genuína e desinteressada na solução dos problemas amazônicos“, afirmam os ex-ministros no documento.

Os ex-ministros pedem ajuda por meio da doação de materiais, medicamentos e equipamentos hospitalares, como cilindros e concentradores de oxigênio, usinas de produção de oxigênio medicinal, equipamentos para a instalação de unidades de terapia intensiva, macas, oxímetros, compressores e remédios usados no tratamento hospitalar da covid-19, além de equipamentos que ajudam os pacientes a expandir a capacidade pulmonar.

Os ex-mandatários pedem também aos líderes da Alemanha, Angela Merkel, da Noruega, Erna Solberg, e da França, Emmanuel Macron, que sejam intermediários, junto de outros líderes de países desenvolvidos, “desse urgente pedido de socorro que lhes dirigem os necessitados habitantes das florestas, tão severamente assolados pela pandemia“.

Incêndios criminosos, em larga escala, durante o período de estiagem, agravaram enormemente os problemas respiratórios causados pela pandemia da covid-19, contribuindo para a elevada taxa de óbitos na Amazônia. Infelizmente, as primeiras semanas de 2021 coincidem com o colapso hospitalar iniciado em Manaus” e que já se espalhou pelo interior do estado do Amazonas, destaca o texto.

Uma característica particularmente cruel do colapso atual reside na ausência de oxigênio, o que vem provocando a morte atroz por asfixia de centenas de pessoas, às vezes aniquilando famílias inteiras“, acrescenta a carta, assinada pelos ex-ministros José Goldemberg, Rubens Ricupero, Gustavo Krause, Izabella Teixeira, José Sarney Filho, José Carlos Carvalho, Marina Silva, Carlos Minc e Edson Duarte.

O colapso da saúde em Manaus, que elevou significativamente as mortes por covid-19, obrigou o governo do Amazonas a montar uma operação para transportar dezenas de doentes com covid-19 para outras cidades.

A escassez de oxigênio nos hospitais da região causou a morte por asfixia de dezenas de pessoas nos últimos dias, principalmente nas cidades do interior. Nesta terça-feira, o Amazonas registrou seu recorde diário de mortes por covid-19: 192. A média dos últimos setes dias é de 139 mortes diárias.

Carta anterior alertava contra Bolsonaro

O mesmo grupo de ex-ministros já havia divulgado, em junho passado, carta aberta na qual afirmava que o governo do presidente Jair Bolsonaro representa uma ameaça às instituições democráticas, ao meio ambiente, aos povos indígenas e à saúde e à vida de brasileiros em meio à epidemia de covid-19.

Na época, eles pediram à Procuradoria-Geral da República (PGR), ao Supremo Tribunal Federal (STF), ao Congresso Nacional, a governadores e prefeitos que tomassem providências e medidas legais para garantir a preservação ambiental e da democracia no país.

O texto de então condenava a postura “anticientífica” da gestão Bolsonaro e o desrespeito aos demais poderes por parte do Executivo e afirmava que o país tinha um “desgoverno”.

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João Campos pressiona aliados a votarem em Arthur Lira, candidato de Bolsonaro

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João Campos pressiona aliados votarem Arthur Lira candidato de Bolsonaro
João Henrique de Andrade Lima Campos (Imagem: Rodolfo Loepert)

O prefeito do Recife, João Campos (PSB), tem pressionado deputados federais do PSB de Pernambuco a votar no deputado Arthur Lira (PP-AL) para presidente da Câmara.

De acordo com matéria publicada na revista Época, Campos tem interesse na vitória do candidato do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). A eleição acontece na segunda-feira (1) e será por meio de votação secreta.

Acontece que a pressão de Campos nos deputados do partido vai na contramão da decisão do Diretório Nacional do PSB, que decidiu, por 80 votos a zero, não apoiar candidatos de Bolsonaro à Presidência da Câmara. No entanto, segundo a revista, Campos continua insistindo pelo voto em Lira.

Nesta sexta-feira (29), o presidente Bolsonaro exonerou os ministros Tereza Cristina (Agricultura) e Onyx Lorenzoni (Cidadania). Com isso, eles reassumem os mandatos como deputados federais pelo DEM.

Ou seja, a manobra tem como objetivo garantir o voto deles no candidato governista à presidência da Câmara, deputado Arthur Lira.

Interferência do Planalto

Oficialmente, o DEM integra o bloco do candidato Baleia Rossi (MDB-SP), apoiado pelo atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

Tanto Maia como Baleia Rossi têm reclamado da interferência do Palácio do Planalto na eleição à presidência da Câmara. O emedebista acusou Bolsonaro, na quinta-feira, de uma “brutal interferência” no pleito. Segundo ele, o presidente tem coagido e perseguido deputados contra sua candidatura.

Já Rodrigo Maia denunciou a promessa de emendas orçamentárias aos parlamentares em troca do apoio a Lira. “É um alerta aos deputados e deputadas que a intenção do presidente é transformar o Parlamento num anexo do Palácio do Planalto, o que enfraquece o mandato de cada deputado e deputada e o protagonismo da Câmara nos debates com a sociedade”, disse.

A PROPÓSITO: Para eleger Lira, Bolsonaro promete verba milionária a políticos do DEM e PSDB

A poucos dias para a eleição, Bolsonaro tem pedido votos abertamente para o líder do centrão e afirmou: “se Deus quiser, vamos influir na eleição do Congresso”.

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A política não pode desistir do povo em tempos de pandemia e pós-pandemia

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política desistir do povo tempos pandemia pós coronavírus vacina
(Imagem: Ricardo Moraes | Reuters)

Jonathas Carvalho*, Pragmatismo Político

É comum a máxima de que uma nação em que seu povo pouco se interessa e participa da política está fadada a lidar com problemas mais complexos de corrupção e malversação de recursos públicos, visto que os grupos de interesse e de pressão passam a ter iniciativas mais concentradas, o que favorece o aumento de desigualdades sociais e também de concentração de poder.

De fato, um povo alheio à política de seu próprio país dá margem para que aqueles que decidem os rumos da nação, o façam muito mais conforme suas próprias conveniências ou de grupos específicos em detrimento da maioria da população.

No entanto, tão ou mais importante que a participação do povo na política, é que a política não desista do povo (no sentido macro como todo o conjunto de indivíduos e grupos sociais que habitam uma nação e no sentido micro como sendo o conjunto mais vulnerável de indivíduos e grupos que habitam uma nação).

Os períodos de crise são aqueles em que a política menos pode faltar à sociedade, uma vez que são os momentos em que o povo, especialmente aquele mais vulnerável necessita de maior assistência.

A pandemia da COVID-19 é, em causa, uma crise sanitária, mas é, em consequência, uma crise econômica e a solução da segunda depende, sobretudo da solução da primeira, o que significa afirmar uma indissociabilidade sanitário-econômica (se pensar da política de saúde para a política econômica) ou econômico-sanitária (se pensar da política econômica para a política de saúde).

A polarização entre cuidar da questão sanitária ou da questão econômica tem sido percebida em diversas nações e coincidentemente ou não nas nações em que os líderes agem mais intensivamente por vieses negacionistas à COVID-19, o número absoluto de infectados e mortos tende a ser maior, tais como nos Estados Unidos, Índia, Brasil, Rússia, México e Reino Unido e os problemas de ordem econômica apresentam resultados similarmente funestos a outras nações menos negacionistas. Logo, priorizar discursos/ações pró-economia em detrimento do combate à COVID-19 tendem a recrudescer a crise sanitária e concomitantemente econômica.

Leia também: Como na Ditadura: vamos esconder os mortos

Isso significa que a retomada da economia depende, sobretudo, das formulações e implementações políticas com relação às questões sanitário-econômicas. Para tanto, a política brasileira não pode desistir do povo nesse momento, sendo necessária uma ampla articulação Federal, Estadual e Municipal entre os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, assim como a expressiva participação da mídia, ONG, grupos de interesse e a sociedade em geral. Desse modo, algumas ações emergenciais e de médio e longo prazos devem ser formuladas/implementadas pelo poder público, a saber:

a) fortalecimento das parcerias entre os entes federativos – desde o início da pandemia há um confronto deflagrado entre o Governo Federal e alguns Governos Estaduais e Municipais em que o primeiro apresenta uma postura negacionista à COVID-19 e expressa prioridade para cuidados com a Economia. Esse divisionismo é nefasto na medida em que debilita o combate à COVID-19 e simultaneamente traz uma baixa no campo econômico, criando duplo prejuízo para o Brasil (sanitário e econômico). A ideia é que haja uma cooperação programática entre os governos (em contraposição à competição fragmentária), com vistas a constituição de uma política sanitário-econômica em que os dois elementos sejam priorizados de forma articulada que contemple testes em massa, políticas georreferenciadas de combate à pandemia, ações preventivas como uso de álcool e máscara e de isolamentos (dentro das possibilidades) e incentivos econômicos a pessoas e instituições;

b) plano para imunização e vacinação – ponto fundante para resolução da pandemia na medida em que o Governo Federal em parceria com governos estaduais e prefeituras deve formular um plano com o máximo de condição inclusiva em um tempo mais razoável possível que contemple de modo esmerilhado as estratégias de vacinação para a sociedade em nível nacional. Esse plano é crucial para maior confiança da sociedade, das organizações e do mercado para solucionar a pandemia, considerando os níveis de imunização das vacinas produzidas e os impactos para retomada das atividades econômicas;

c) intensificação dos investimentos em saúde para combate à pandemia – o Poder Público Federal, principalmente por meio de repasses de recursos governamentais e de emendas parlamentares, gastou pouco mais de 409 bilhões, conforme dados do Portal da Transparência (http://www.portaltransparencia.gov.br/coronavirus), sendo mais da metade do valor referente ao auxílio emergencial. É preciso em 2021 garantir recursos para continuidade das ações sanitário-econômicas pelo menos até a vacinação;

d) massificação e revisão da publicidade com cuidados na prevenção à COVID-19 – estimativa de que o Governo Federal custeou aproximadamente 88 milhões de reais no combate à pandemia. Entretanto, a publicidade gira em torno da abertura econômica, da exaltação da cloroquina (remédio sem comprovação científica) e feitos do governo, relegando a um plano inferior as orientações sanitárias para o combate à pandemia (questão central). A publicidade compromete o conjunto de orientações à sociedade sobre o combate à pandemia, podendo ser considerada, por um lado, como negacionismo e, por outro lado, como malversação no gerenciamento dos recursos públicos;

e) prorrogação do auxílio emergencial – com o fim do auxílio emergencial previsto para dezembro de 2020, os gastos para o combate à pandemia tendem a cair drasticamente já no início de 2021. Neste caso, o ideal é uma intervenção cooperativa entre Governos Federal, Estaduais e Municipais (com intervenção direta dos poderes legislativos) para assegurar o financiamento do auxílio emergencial para 2021 pelo menos até a vacinação;

f) liberação de créditos e incentivos para o fortalecimento de empresas e indústrias via bancos e outros órgãos de fomento – o IBGE alerta que do início da pandemia até junho de 2020, mais de 716 mil empresas fecharam as portas, sendo a amplíssima maioria empesas de pequeno porte. Em grande parte, as micro e pequenas empresas possuem dificuldades de crédito junto aos bancos, inviabilizando a capacidade de continuidade dos empreendimentos. Desse modo, é fundante que BNDES e órgãos de fomento facilitem crédito e incentivos fiscais para retomada das empresas a fim de viabilizar gradualmente a retomada econômica com a expansão de emprego e renda;

g) intensificação das parcerias multilaterais – é necessário aprimorar parcerias em blocos com MERCOSUL, União Europeia e Brics e também com países como a China (nossa maior importadora) e diversificar parcerias com outros países que compram soja, frango, carne, milho, além de minério de ferro e petróleo (para além das questões ideológicas). Nos últimos meses, representantes do Governo Federal se desgastaram com parceiros estratégicos como China, França, Argentina e alguns países do Oriente Médio que podem comprometer as exportações do país, caso uma relação diplomática mais sadia não seja estabelecida;

h) valorização da segurança alimentar em nível de agricultura familiar e agronegócio – planejamento sanitário para preservação dos alimentos produzidos no Brasil e que são consumidos internamente ou vendidos para o exterior a fim de evitar acusações de outros países de possíveis produtos alimentícios contaminados;

i) intensificação das políticas de inclusão digital – pesquisa do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (CETIC.BR) 2019 (https://www.cetic.br/media/analises/tic_domicilios_2019_coletiva_imprensa.pdf) conclui que: aproximadamente 20 milhões de domicílios não possuem acesso à internet (28%); um a cada quatro brasileiros não usa internet; 47 milhões de não usuários (26%); usuários de internet passam dos 50% na área rural e nas classes D e E; celular é o dispositivo mais usado (99%); 58% acessam a Internet somente pelo celular; Área rural (79%) e classes D e E (85%) concentram uso exclusivo pelo celular; apenas um terço (33%) realiza atividades de trabalho pela Internet. Para uma retomada consentânea das atividades laborais e formativas em geral é fundamental investimento em políticas públicas de inclusão digital, tanto no quesito acesso à internet e aquisição de equipamentos tecnológicos, quanto o desenvolvimento de uma cultura virtual;

Leia aqui todos os artigos de Jonathas Carvalho

j) intensificação das políticas de Ciência e Tecnologia em parceria com Universidades. órgãos científicos e grandes organizações públicas e/ou privadas – desenvolvimento de estudos científicos sobre a COVID-19, bem como parcerias para produção de máscaras, álcool, respiradores e outros equipamentos, além de remédios e vacinas, fortalecendo a produção nacional (incluindo geração de emprego e renda) a um custo mais barato e viável do que a opção pela importação, o que pode galvanizar também em médio e longo prazo uma política de reindustrialização nacional no setor de saúde;

k) valorização das políticas de meio ambiente – maior controle legal e institucional do Governo Federal no desmatamento para preservar a biodiversidade brasileira, evitar a debilitação da imagem do Brasil em nível global, valorizar a produção de alimentos, assim como o desenvolvimento de políticas e marcos regulatórios para fortalecer estudos e práticas para o desenvolvimento sustentável.

Inúmeras ações podem ser realizadas, mas é preciso ponderar que a crise, embora seja de cunho sanitário-econômico, depende, sobretudo, de soluções políticas, o que comprova que um dos maiores problemas do Brasil das últimas décadas é a ineficácia política para resolver problemas dos mais simples aos mais complexos (caso da pandemia).

Portanto, para que a política não desista do povo, apenas a sensibilidade cooperativa do Poder Público é capaz de exercer uma política voltada para os interesses do povo, considerando que a pandemia é um período catastrófico para o aumento da desigualdade social, sendo que as classes mais vulneráveis tendem a demorar muito mais tempo para se recuperar.

*Jonathas Carvalho é doutor em Ciência da Informação pela UFBA e Professor da Universidade Federal do Cariri (UFCA)

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Candidatos de Bolsonaro vencem eleições na Câmara e no Senado

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arthur lira vitória
Arthur Lira é o novo presidente da Câmara

Jair Bolsonaro comemorou pelas redes sociais o resultado da eleição para a presidência do Senado. Rodrigo Pacheco (DEM-MG) era considerado o favorito na disputa, foi apadrinhado pelo seu antecessor Davi Alcolumbre (DEM-AP) e recebeu o apoio do Planalto, assim como da maioria dos partidos no Senado.

Bolsonaro usou as redes sociais para exaltar a vitória de Pacheco e também chamar a atenção para o voto impresso. Pauta que defende desde 2018.

“Em cédula de papel, o Senado Federal elegeu o Senador Rodrigo Pacheco (57 votos de 81 possíveis) para presidir a Casa no biênio 2021/22”, celebrou Bolsonaro, ao divulgar uma imagem em que aparece sorrindo ao lado de Pacheco.

Na Câmara dos deputados, Arthur Lira (PP-AL) foi eleito em primeiro turno com 302 votos. O candidato era considerado o favorito da disputa e recebeu o apoio do presidente Bolsonaro.

Nas últimas semanas, partidos que apoiavam seu principal adversário Baleia Rossi (MDB-SP), como DEM e PSL, anunciaram a saída do bloco. O PSL entrou formalmente no bloco de Lira e o DEM optou pela neutralidade, mas com uma maioria a favor do congressista do PP.

Baleia Rossi teve 145 votos, em seguida ficaram Fábio Ramalho (MDB-MG), com 21 votos, Luiza Erundina (Psol-SP), com 16 votos, Marcel Van Hatten (Novo-RS), com 13, André Janones (Avante-MG), com três, Kim Kataguiri (DEM-SP), com dois, e General Peternelli (PSL-SP), com um.

Atual líder do Centrão, Arthur Lira era soldado de Eduardo Cunha e está no seu terceiro mandato como deputado federal. Ele votou com o governo Bolsonaro em 88% das votações, segundo informações do ‘Radar do Congresso’. Lira também é o deputado que mais se ausentou nas sessões em 2020, registrando apenas 68% de assiduidade.

O deputado responde a pelo menos sete processos criminais, entre eles estão acusações de corrupção. Ele foi a grande aposta do governo Bolsonaro para liderar a Casa para que pautas de interesse do Governo avancem.

Fazem parte do bloco que sustentou a eleição de Lira os partidos PP, PSD, PL, PSL, Avante, Patriota, Podemos, Republicanos, PSC, PTB e Pros.

com informações do Congresso em Foco

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Fake News como arma bolsonarista: Os ataques a vereadora Giovana Mondardo

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Fake News arma bolsonarista ataques vereadora Giovana Mondardo
Giovana Mondardo PC do B – SC (Imagem: arquivo pessoal)

Construída como tática eleitoral para destruir reputações de adversários e popularizar narrativas equivocadas e perigosas, como o negacionismo à ciência nas medidas de proteção a Covid-19, a máquina de fake news bolsonarista avançou da Capital Federal aos pequenos municípios, subvertendo a democracia e colocando em risco a vida e a economia no Brasil.

O necessário combate ao complexo mecanismo de divulgação de calúnias e inverdades precisa ir além da CPI das Fake News e de medidas corporativas como a da plataforma YouTube, que excluiu a página bolsonaristaTerça Livre” essa semana.

Ao mesmo tempo em que ministros do Supremo e instituições são atacadas, lideranças comunitárias, profissionais liberais e políticos sofrem investidas caluniosas no interior do País. No sul catarinense, o caso mais recente é o da vereadora Giovana Mondardo (PCdoB), jovem de 28 anos, cirurgiã dentista, mestranda em saúde pública e dona da segunda maior votação em Criciúma.

Como nasce uma fake news

Desde terça-feira (2), a artilharia bolsonarista se voltou contra Mondardo, que vem sendo acusada de “acobertar estupro” por blogueiros e partidários do bolsonarismo na região. A fagulha para essa acusação foi um corriqueiro acidente de carro, quando a vereadora esbarrou em uma bicicleta ao sair de um lanche após a sessão que inaugurou o ano legislativo na Câmara Municipal, no dia anterior.

Inicialmente acusada de embriaguez ao volante pelo deputado estadual Jessé Lopes (PSL) em pronunciamento no plenário da Assembleia Legislativa, logo o discurso da claque se metamorfoseou em acusação de acobertamento de estupro, com direito a publicação em jornal de circulação regional em coluna assinada pelo blogueiro bolsonarista André Roldão, e postagem nas redes da presidente do PSL local e ex-candidata a prefeita, Júlia Zanatta. Em aplicativos de mensagens, foram distribuídos vídeos de atropelamentos ocorridos em outros municípios associando-os ao ocorrido.

Giovana também teve seus dados pessoais e de acesso restrito do DETRAN vazados ilegalmente.

A origem de tudo

Como uma das fundadoras de um coletivo feminista universitário, ainda em 2015, Giovana foi procurada por uma amiga que relatou uma situação de assédio sexual.

Segundo a vereadora, à época, a jovem foi acolhida e recebeu suporte e incentivo para que fossem tomadas medidas legais sobre o caso.

Não se obriga uma mulher a denunciar um assédio ou a julga por não fazê-lo, isso seria uma outra violência. Nosso papel é acolher, apoiar e proporcionar um ambiente onde ela se sinta fortalecida e amparada para fazer isso, mas a decisão sempre será dela”, explicou Giovana, que reafirmou seu compromisso em proteger a identidade da vítima enquanto ela assim preferir.

A versão que transformou Mondardo em “acobertadora de estupro” surgiu na manhã do exato dia das eleições de 2020, quando o então candidato a vereador Andriw Loch divulgou em suas redes sociais as acusações.

Sem expediente e tempo legal para questionar a calúnia na Justiça Eleitoral, a hoje parlamentar se viu obrigada a passar o domingo da eleição se explicando sobre algo que nunca fez.

Giovana é autora e mobilizadora de petição pública levada a Comissão de Ética da Alesc sobre o deputado bolsonarista Jessé Lopes, onde pedia medidas contra declarações machistas do parlamentar no caso da falaciosa gravidez de uma assessora da Casa D’Agronômica, citando também o caso em que o parlamentar defendeu que o assédio seria um “direito” da mulher, um ataque a campanha “Não é não” contra assédio sexual durante o carnaval de 2020.

Após as mulheres já terem conquistado todos os direitos necessários, inclusive tendo até, muitas vezes, mais direitos que os homens, hoje as pautas feministas visam em seus atos mais extremistas TIRAR direitos. Como, por exemplo, essa em questão, o direito da mulher poder ser ‘assediada’ (ser paquerada, procurada, elogiada…) Parece até inveja de mulheres frustradas por não serem assediadas nem em frente a uma construção civil“,
disse o deputado em uma rede social na época.

Jessé foi alvo de ações na Comissão de Ética da Alesc motivados pela Bancada Feminina e por Giovana Mondardo, e ainda é alvo de diversas ações na justiça em decorrência de seus posicionamentos, como é o caso do juiz Marcelo Ferrer, atacado por Lopes após escrever uma carta aos aprisionados de Joinville.

Fake News não podem passar impunes

Iniciativas como a de diversos veículos de comunicação de criar quadros estilo “fato ou fake” contribuem para o enfrentamento a calúnias e mentiras, mas é necessário tratar essa prática pela categoria jurídica que a qualifica, que é a de crime. Por mais que não esteja o termo fake news explicitado no Código Penal Brasileiro, a prática se enquadra nas tipificações de calúnia, difamação, injúria e crime contra a honra.

Sobre os ataques recentes, Giovana Mondardo afirma que está reunindo prints e que deve entrar com medida judicial contra os autores de fake news contra ela.

É preciso enfrentar os gabinetes do ódio e a máquina de destruição de reputações não só nas redes e politicamente, mas também nos tribunais. Essa é a responsabilidade de toda gente séria com a restauração da verdade e o respeito que os debates precisam ter. Respeito por quem pensa diferente da gente é fundamental”, explicou a vereadora.

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Os responsáveis pelo abandono de Lucas e a tragédia do BBB

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responsáveis pelo abandono de Lucas Penteado tragédia do BBB
Lucas Penteado (Imagem: GShow)

Paula Vianna

Pronto, Lucas Penteado, ator e ativista do movimento estudantil, negro e de esquerda, saiu do Big Brother Brasil. Saiu não por decisão do público, como é o modus operandi do programa, mas após sair do armário durante a festa da última madrugada e ser mais uma vez atacado pelos demais participantes do programa. A intolerância da vez foi à bissexualidade, que os demais brothers tacharam de estratégia para ganhar o jogo.

Saiba mais: O primeiro beijo gay do BBB e o cancelamento definitivo de Lucas Penteado

Na semana, Lucas já havia sido vetado na prova do líder, que consistia, resumidamente, em disputar quem eram os melhores “funcionários” de um McDonalds de “brinquedo”.

O veto partiu de Nego Di, que havia afirmado sua posição política ao dizer que movimento estudantil é coisa de vagabundo.

Todos os demais participantes puderam disputar a liderança do jogo, menos Lucas. Poucas atitudes poderiam ser mais simbólicas do resultado do vale-tudo, canibalismo entre irmãos e esvaziamento do ativismo social que o programa está mostrando.

Poucas, mas o enredo do programa, supostamente espontâneo e construído coletivamente, foi capaz de se superar no quesito intolerância. Recado endereçado à campanha eleitoral que está por vir?

Em apenas uma semana de programa, a rapper Karol Conká, apelidada de Jaque Patombá em referência ao refrão de seu hit de mulher empoderada “Já que é pra tombar, tombei”, humilhou e segregou Lucas, impedindo sua presença à mesa na hora do almoço, hostilizou o jeito de ser e falar do Nordeste e protagonizou cenas que beiram ao assédio sexual com outro brother.

Fique por dentro:
Karol Conká é chamada de ‘escrota’ e ‘desumana’ após atitudes no BBB
Em nova polêmica, Karol Conká é acusada de assédio sexual no BBB

A psicóloga e influencer Lumena parece querer ser a única porta-voz do movimento negro e questões identitárias, dizendo que não vai dar palco para o colega Lucas ser Zumbi dos Palmares, mas calando-se diante de outro brother, Nego Di, que atacou o movimento estudantil.

O rapper Projota compactua com a exclusão de Lucas, combina sua saída, deixa o menino falando sozinho e ainda debocha de seus trejeitos.


Como Lucas, os três são vozes potentes do movimento negro. Como se identificar com quem escolhe agir assim em vez de se apoiar uns nos outros e combater o preconceito? E se fossem brancos, despertariam a mesma rejeição?

Numa sociedade polarizada como a nossa, colocar pretos contra pretos, mulheres contra mulheres e vítimas de preconceitos como xenofobia e lgtfobia, em confronto, fortalece a neutralidade política e o posicionamento de centro.
Lucas Penteado

Outro sintoma dessa linha editorial do BBB21 é o cancelamento.

O pavor de ser cancelado foi alvo de diversas discussões e ainda ganhou do apresentador Tiago Leifert uma categoria com ares de revanche: o papel do “cancelador”, legitimando o argumento de que questionar atitudes fora do marco civilizatório é mimimi.

Há uma semana acompanhando as polêmicas dessa edição do BBB, marcada pela forte presença de ativistas negros e causas identitárias, dá pra perceber que o enredo já disse a que veio: mostrar que não importa sua bandeira de justiça social, o indivíduo é falho, que o muro deve ser o lugar do brasileiro e que entre a esquerda e a extrema-direita, só quem pode nos salvar é o suposto equilíbrio neoliberal de Luciano Huck e sua turma.

Como respaldar e divulgar essa tese? Usando um experimento humano com audiência ímpar para desacreditar dia a dia os participantes que entraram no programa com um histórico de representatividade social.

A depender do julgamento que essa edição do BBB está exibindo para o Brasil, a juventude preta e engajada de Lucas, Karol, Lumena e Projota corre o risco de ver suas lutas e conquistas ainda mais questionadas pelo Brasil branco brasileiro.

Leia também: Polêmicas no BBB dividem a esquerda sobre debater ou ignorar a atração

Fora da casa, Lucas será recebido com amor e compreensão por quem sabe que a luta é a unidade da esquerda, e que os movimentos sociais são nossa única saída para uma sociedade mais justa.

*Paula Vianna é jornalista cultural

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Colegas repercutem morte do senador José Maranhão, vítima de Covid-19

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Colegas repercutem morte do senador José Maranhão vítima de Covid-19
José Targino Maranhão (Imagem: Pedro França | Ag. Senado)

Guilherme Mendes, Congresso em Foco

O senador licenciado José Maranhão (MDB-PB) morreu na noite desta segunda-feira (8), em São Paulo, aos 87 anos. Maranhão estava internado há 71 dias por conta de complicações da covid-19.

Casado com a desembargadora Maria de Fátima Bezerra, ele deixa três filhos (Maria Alice, Leônidas e Letícia) e dois netos (José Neto e Maria de Fátima).

O político estava em seu segundo mandato no Senado e era presidente do partido na Paraíba. O falecimento foi confirmado pela assessoria do senador, que foi governador da Paraíba três vezes, vice-governador, deputado constituinte, deputado federal e deputado estadual – onde começou sua carreira política, em 1955.

José Maranhão chegou a ter seus direitos cassados pelo regime militar, mas voltou às atividades políticas durante a redemocratização.

O “Mestre de Obras”, como era conhecido, era filiado ao MDB desde 1967, e foi relator no Congresso Nacional do atual Código Brasileiro de Aeronáutica. Nos últimos anos, trabalhou na reforma e elaboração do texto, ainda pendente de votação.

No Senado, foi presidente da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania no biênio 2015-16.

Por conta do tratamento da covid-19, o senador se licenciou do cargo em janeiro. Assumiu em seu lugar a primeira suplente, Nilda Gondim, também do MDB. O corpo será levado para Araruna, no interior da Paraíba, onde será enterrado.

O governador da Paraíba, João Azevêdo (Cidadania), lamentou a morte do parlamentar licenciado.

O senador pelo Amapá, Randolfe Rodrigues (Rede), ressaltou a história de José Maranhão na política brasileira.

Maranhão é o segundo senador morto pela covid-19. Em outubro, o vírus matou o senador pelo Rio de Janeiro Arolde de Oliveira (PSD), que havia minimizado os efeitos da doença.

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General Villas Bôas revela atuação política do Exército que culminou na eleição de Bolsonaro

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General Villas Bôas revela atuação política do Exército que culminou na eleição de Bolsonaro
Eduardo Dias da Costa Villas Bôas e Jair Messias Bolsonaro (Imagem: Marcos Corrêa | PR)

Leandro Melito, Brasil de Fato

Comandante do Exército Brasileiro entre 2015 e 2019, o general Villas Bôas revelou, em entrevista publicada pela editora da Fundação Getúlio Vargas (FGV), alguns episódios que levaram as Forças Armadas brasileiras a atuarem na vida política do país, processo que resultou na eleição de Jair Bolsonaro (sem partido) e na presença massiva de oficiais em todos os escalões do atual governo.

Com duração de 13 horas, a entrevista foi concedida pelo militar ao diretor do Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (CPDOC), Celso Castro, e publicada no livro General Villas Bôas: conversa com o comandante.

Postagem em tom de ameaça

Um dos momentos emblemáticos dessa atuação, protagonizado por Villas Bôas foi a postagem que ele realizou em 2018, ainda na condição de comandante do Exército brasileiro, em tom de ameaça ao Supremo Tribunal Federal (STF), na véspera do julgamento do habeas corpus apresentado pela defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Na postagem ele afirmou que o Exército “compartilha o anseio de todos os cidadãos de bem de repúdio à impunidade e de respeito à Constituição, à paz social e à Democracia, bem como se mantém atento às suas missões institucionais” e obteve o apoio do então candidato Jair Bolsonaro.

Ingerência no poder judiciário

No livro, Villas Bôas revela que a postagem não foi apenas de sua autoria. Elaborada por sua equipe de oficiais, o texto obteve o aval de outros integrantes do Alto Comando do Exército residentes em Brasília antes de sua publicação. “Recebidas as sugestões, elaboramos o texto final, o que nos tomou todo o expediente, até por volta das 20 horas“, contou Villas Bôas na entrevista.

Significa que isso foi uma decisão do Exército, e não algo que partiu da cabeça do comandante“, aponta o antropólogo Piero Leirner, também estudioso sobre os militares e autor do livro .O Brasil no espectro de uma guerra híbrida.

Leia também: Apenas a intervenção civil pode acabar com a alienação nas Forças Armadas

Para Leirner, a declaração de Villas Bôas “deixa claro um papel institucional de ingerência no Poder Judiciário“.

Note que o general Ajax já estava lá no STF ‘assessorando’ a presidência [ministro Dias Toffoli], portanto o tuíte foi para deixar o STF de mãos atadas frente à opinião pública. Ou seja, fez-se política“.

Questão indígena

Para Leirner, uma das surpresas da narrativa de Villas Bôas impressa no livro é o peso que a “questão indígena” teve na articulação entre os militares para sua atuação na vida política do país.

A questão da Raposa Serra do Sol e TI Yanomami teve no mínimo tanto impacto como a CNV [Comissão Nacional da Verdade]. Meu faro de que a coisa começou com a rebelião do Heleno em 2008 estava certo, acho. Foi a partir daí que eles elaboraram um plano de longo prazo“, afirmou Leirner em uma publicação em seu perfil no Facebook.

Procurado pelo Brasil de Fato, o antropólogo ressalta que a “questão indígena” está no centro do ordenamento ideológico e doutrinário militar desde os anos 1990.

Eles transferiram muito do foco do ‘inimigo interno’ da ditadura para o problema da ‘cobiça internacional da Amazônia’, deslocando toda uma leitura da realidade e o consequente emprego das Forças Armadas para a Amazônia“, aponta.

A primeira liderança política a surgir entre os militares foi o general Augusto Heleno, após a demarcação da Terra Indígena Raposa Serra do Sol em 2008, durante o segundo mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Heleno começou a fazer críticas públicas, no Clube Militar, de forma que isso vazou para a imprensa e lançou um princípio que, lá dentro, foi tomado como um ‘papel de liderança’ lançado por ele, que começou a vocalizar contra Lula, esquerdas, PT“, explica Leirner.

Comissão Nacional da Verdade

O segundo momento de mobilização política entre os militares, segundo o antropólogo, foi a criação da Comissão Nacional da Verdade (CNV), quando Dilma Rousseff ocupava a Casa Civil e já havia lançado sua candidatura para as eleições presidenciais de 2010.

Houve um processo de ‘imitação’ por parte de outros militares. Um dos casos foi o do general Maynard Santa Rosa, e a eles se seguiram movimentos em série. Mourão foi isso“, aponta Leirner.

Colegiado instituído pelo governo para investigar as graves violações de direitos humanos cometidas pelo Estado brasileiro entre 18 de setembro de 1946 e 5 de outubro de 1988, a CNV se debruçou principalmente sobre as violações ocorridas durante o período da ditadura militar instaurada pelo golpe de 1964, que durou 21 anos.

Com a fundação da CNV em novembro de 2011, no primeiro ano do governo Dilma, os militares se uniram em bloco contra essa política que classificaram como “revanchismo” da esquerda brasileira.

Os trabalhos da comissão foram encerrados em dezembro de 2014, após a publicação de um relatório que aponta as responsabilidades de agentes do Estado, em especial das Forças Armadas brasileiras em episódios de sequestros forçados, tortura e morte de opositores ao regime.

O pessoal lá do topo sabia do potencial político disso e, ainda em 2014, logo depois da reeleição, franquearam a entrada de Bolsonaro para dentro de instalações militares para fazer campanha. Toda essa coisa foi trabalhada por Villas Bôas, que ‘para fora’ tinha um discurso legalista, mas ‘para dentro’ deixou a política tomar altas doses de vitamina, seguindo o exemplo e a liderança de um Heleno da vida“, aponta Leirner.

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Vereador reclama de sua remuneração de R$ 5,9 mil: “É salário de engraxate!”

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Vereador reclama remuneração salário de engraxate
Vereador Artur Orlando da Silva (DEM-MG)

Émile Patrício, EM

Um vereador de Ibirité, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), causou polêmica após seu discurso na última reunião da Câmara Municipal, na segunda-feira (8/2), ser compartilhado nas redes sociais. Artuzinho (DEM) reclama do valor do salário de vereador no município ser de R$5.900.

O vídeo do discurso foi compartilhado no próprio Facebook do vereador. Com o contra-cheque em mãos, Artuzinho compara o salário do vereador com o dos secretariados.

Eu, vereador, numa cidade de 200 mil habitantes, ganhar R$5.900, um secretário aí ganha oito, dez (mil). Por isso o cara vai pra Prefeitura e não quer ser vereador. Pra ganhar R$5.900. Eu no meu gabinete com 50, 60 pessoas e todo dia estou aqui às 10 horas pra ganhar isso aqui, R$5.900. Isso não é salário de vereador, isso é salário de vendedor de laranja, engraxate. O cara pode falar que isso é muito dinheiro, pra um cara que ganha salário mínimo é muito, mas para um vereador de uma cidade de 200 mil habitantes é pouco. Podia ter um projeto de Lei aí para o salário do vereador aumentar porque isso aqui é uma vergonha”, discursa Artuzinho.

O povo na rua, dentro do ônibus falando que vereador ganha 16 mil, 20 mil. Por isso estou mostrando meu contra-cheque aqui. Secretário ganha mais que vereador. Pessoal bate na gente, mas é três horas da madrugada lá em casa pra buscar defunto, pra levar gente pra todo lado, por isso estou pedindo pra votar neste projeto pra aumentar mesmo”, finaliza o vereador em seu discurso na Câmara.

Fique por dentro : Prefeito reduz o próprio salário em 92% e vai para posse montado em boi

Em sua postagem no Facebook, ele justifica a ação de questionar o salário como forma de prestar contas à população.

Apresentei também o meu contra-cheque de janeiro, pois a maioria da população acha que o salário de um vereador é superior a 15 mil reais, mas a realidade é que ganhamos 5.876,08, e a demanda do meu gabinete é EXTREMAMENTE ALTA. Lembrando que nós vereadores não temos acesso ao salário dos assessores”.

As palavras “extremamente e alta” foram escritas em caixa alta na mensagem assinada pelo vereador na rede social. Artuzinho é servidor público aposentado e foi eleito em 2020 com 1.113 votos.

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Após repercussão negativa de sua fala, o vereador Artuzinho Ibirite publicou uma Nota de Esclarecimento nas redes sociais afirmando que sua intenção “não foi desqualificar ou desmerecer o trabalho do outro”.

NOTA DE ESCLARECIMENTO!

Publicado por Artuzinho Ibirite em Quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021

A assessoria de comunicação da Prefeitura de Ibirité foi procurada para esclarecer a respeito da comparação feita pelo vereador sobre os salários dos secretários e informou que, por enquanto, o gabinete não iria se pronunciar.

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José Dirceu: Vitória de Arthur Lira já deu partida para 2022

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(Imagem: Marcos Corrêa | PR)

José Dirceu

O golpe jurídico-parlamentar que rasgou o pacto constitucional de 1988, um pacto político e social, continua devastando o país. As entranhas da Lava Jato estão expostas e a tutela militar é confessada por ninguém menos que o general Villas Bôas, fiador da vitória de Jair Bolsonaro. E as revelações vão acontecendo sem que os democratas de ocasião, a direita liberal que só é oposição quando seus interesses são ameaçados, manifestem-se.

Lava Jato e Exército garantiram a vitória do candidato a ditador e os partidos que o apoiaram e hoje dizem se opor ao caráter autoritário, obscurantista, negacionista e fundamentalista religioso estão em crise. A implosão do PSDB-DEM, o desmascaramento de seu apoio, envergonhado é verdade, ao capitão são vísceras apodrecidas como as da Lava Jato.

Saiba mais: Lava Jato chega ao fim no momento em que PSDB era o principal investigado

A vitória estrondosa de Arthur Lira revelou um PSDB dividido e com maioria a favor da moderação, pela boca de seu novo delfim, Eduardo Leite. Moderação reafirmada, como se o país não caminhasse para o abismo, frente à liberação por Bolsonaro de todos os tipos de armas e munições para seus apoiadores.

No DEM, temos um minueto de ACM Neto aderindo constrangido, portando-se como um menino que foi pego fazendo travessura e mente descaradamente. O MDB totalmente governista no Senado, com exceções de sempre, cala-se depois da derrota de Baleia Rossi e das traições do PSDB e DEM. Esses partidos se apresentam como oposição liberal democrática, apoiadores da agenda econômica do governo, mas não de seu viés autoritário ou de suas políticas ambientais, externa, educacional, científica e cultural e, particularmente, frente à pandemia.

A vitória de Lira vai além da Mesa da Câmara dos Deputados, o que já é muito pela simples aprovação a toque de caixa da chamada independência do BC, deu partida a 2022. O ano de 2021 será decisivo para definir como será a construção do xadrez até as eleições presidenciais.

Todos divididos

A centro-direita em crise se divide, Bolsonaro e o Centrão cooptam grande parte de seus congressistas e, principalmente, impõem sua agenda e discurso. Buscam consolidar uma base social e eleitoral com sua pregação conservadora e liberal por mais que o caráter autoritário, fascista mesmo, de Bolsonaro e seu entorno os assuste.

O cálculo é o interesse de classe, evitar de todas as formas a volta da esquerda, fugir da agenda de reformas sociais e estruturais, da distribuição de renda, riqueza e patrimônio. Para isso, são essenciais medidas como a independência do BC, que renuncia à soberania do país sobre sua moeda, câmbio e desenvolvimento; o desmonte do Estado nacional, das estatais e bancos públicos; a abertura radical da economia e sua desregulamentação, quando o mundo caminha em direção contrária.

Essa guinada do PSDB e DEM terá consequências, pois esses partidos, mais o MDB, representam uma parcela do eleitorado de centro-direita não bolsonarista que não aceitará essa posição e deverá buscar uma alternativa.

As esquerdas vivem seu labirinto, com vários candidatos, o que é legítimo e normal num sistema de 2 turnos. Enfrentam dissidências em seu próprio campo e com a tentação de uma aliança com os liberais, seja Ciro Gomes com o DEM, seja Orlando Silva e Tabata Amaral com Luciano Huck, uma renúncia explícita a uma alternativa de centro-esquerda defendida pelo PT.

É cedo ainda para saber como evoluirá essa luta política, porque em cada partido há amplos setores a favor e contra essa rendição. A única certeza é que tudo dependerá do que vai acontecer neste ano e de nossa capacidade de lutar e fazer oposição e conquistar apoio popular para ser uma alternativa a essa hegemonia da direita que venceu as eleições municipais de 2016, gerais de 2018 e, agora, de novo, as municipais.

Cenário de crise

Vamos caminhar para um 1º semestre de desemprego, pandemia crescente sem a vacinação universal e risco de inflação, sem auxílio. O cenário é de crise social e política sem descartar uma explosão social. A política do governo só agrava esse quadro, não há sinais de políticas de crescimento, emprego e renda, simplesmente as “reformas” como se elas trouxessem comida barata, emprego e paz à maioria dos brasileiros e brasileiras. Assim, não está descartado, apesar da ampla maioria contrária na Câmara e no Senado, o Fora Bolsonaro, seu impeachment.

A Suprema Corte não tem mais como manter a condenação injusta e ilegal de Lula e o PT vive também seu momento de decisões na busca de uma aliança ampla de esquerda que evite um 2º turno entre Bolsonaro e a direita liberal liderada pela aliança PSDB-DEM-MDB. Neste momento, todos estão divididos ou ainda em definição e com disputas internas sobre o que fazer, seja a coalizão de centro-direita seja a de centro-esquerda.

No campo das esquerdas, Ciro e o PDT têm seu caminho traçado. Guilherme Boulos, na ausência de Lula como legítimo candidato, caminha para ser candidato, já nomeou um governo paralelo, um gabinete sombra. Na frente PSB-PC do B, está na mesa já há algum tempo a proposta de aliança seja com Rodrigo Maia e sua dissidência democrata ou com Luciano Huck, ou ambas. Lula decidiu, na impossibilidade de ser candidato, colocar como candidato o nome de Fernando Haddad, legítimo e viável.

Vivemos um momento em que a tarefa de oposição e a construção de uma alternativa ao atual governo recaem sobre os ombros da centro-esquerda, frente à fragilidade, divisão e adesismo dos partidos de centro-direita. Corremos o risco da reeleição de Bolsonaro se não formos capazes de unir a esquerda e convencer amplos setores democráticos a votar em uma alternativa de centro-esquerda, se não no 1º, no 2º turno.

O risco é de, divididos, não irmos ao 2º turno e darmos de bandeja uma vitória à extrema-direita ou termos que optar, no 2º turno, pelo mal menor que significa a continuidade do desmonte do Estado nacional e de desconstituição dos direitos políticos e sociais dos trabalhadores.

O cenário não é favorável, mas se queremos derrotar esse desgoverno, essa tragédia humanitária e nacional, temos que nos unir custe o que custar. Caso contrário, trairemos nosso legado e as futuras gerações. O que nos divide não é programa de governo ou as alternativas à rendição de nossas elites à dependência externa, sua vocação e herança autoritária, sua cegueira frente às profundas desigualdades sociais, sua defesa de privilégios e da concentração do patrimônio, renda e riqueza nacional em suas mãos. O que nos divide é nossa própria incapacidade política de enxergar a realidade que nos impõe a unidade de todas forças democráticas, nacionalistas e progressistas.

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