Quantcast
Channel: Política – Pragmatismo Político
Viewing all 1077 articles
Browse latest View live

A militante de 94 anos que só participa de passeatas em defesa de causas perdidas

$
0
0
militante participa passeatas em defesa de causas perdidas
Maria Soares (Imagem: Marcio Alves | O Globo)

Nasci em Minas Gerais, numa fazenda no município de Além Paraíba, em 1924. Fui definitivamente para o Rio de Janeiro aos 25 anos, então me considero uma “mineiroca”. Fiz um primário muito bom, porque foi uma experiência do Anísio Teixeira (educador brasileiro), na Escola Argentina. Naquele tempo, pouca gente procurava escola. E minha família não era muito politizada, mas foi lá e me matriculou.

Vivíamos mais no nosso canto lá em casa, tocando sanfona, dançando, alheios a tudo. Nossa família era muito religiosa e a única ligação que tínhamos com o mundo exterior era pela igreja. Víamos o comunismo como um bicho-papão, tínhamos pavor. Mas um de meus irmãos, que morava no Rio, se tornou comunista. Fui morar com ele e vi que não era nada do que achava.

Na ditadura, meu irmão esteve preso muitas vezes e eu estava sempre atrás dele. Diziam que se ficasse em cima eles não o matariam. Devido a minhas visitas, um coronel falou a meu irmão: “Dê conselho a sua irmã, porque desse jeito ela não vai longe”. Meu irmão apanhou muito, ficou muito tempo na solitária e, quando minha cunhada foi torturada, rompeu com o partido e largou tudo. Um tempo depois ficou doente e morreu. Segurei a mão dele depois de morto e disse: “Vou seguir sua luta”.

O primeiro partido que procurei foi o PCdoB, do qual meu irmão fazia parte. Como achei a doutrina muito rígida, não entrei. Depois fui ao MDB, mas também não quis. O terceiro partido foi o PDT. No estatuto havia uma cláusula que dizia que o quarto compromisso da sigla era com a população negra. Então falei: “Esse é meu partido”. E me filiei. Convivendo com Brizola, passei a ter uma admiração muito grande por ele. Muita gente do PDT estranha minha luta, me chamam de petista, mas não sou petista. Sou brizolista. Não sou nem PDT, porque o PDT agora é outro, não é o PDT do Brizola. Sou pela justiça.

A ditadura era uma época de muito medo. Participei de muitas manifestações, porque mesmo antes da militância partidária e da ditadura fui do sindicato dos enfermeiros, e a gente reivindicava muita coisa. Mais tarde, na passeata das Diretas Já, caminhei ao lado da Fernanda Montenegro e do marido dela. Foi uma frustração muito grande quando perdemos.

A morte do Tancredo, eu não aceito até hoje. Naquela época, os protestos movimentavam muita gente, gente do povo. Hoje há muita gente se manifestando, não tanto quanto deveria, mas fico animada por ver garotas jovens nos protestos. No início, minha filha e minha neta quiseram me cercear, mas agora me deixam solta.

Depois de aposentada, já na democracia, eu fiz o curso superior de Direito e me formei aos 71 anos. Prestei o vestibular para as universidades públicas, mas, como não passei, prestei para a particular. Lembro quando comecei a me preparar para o vestibular, fui pegar meus livros antigos e eles diziam “se o homem pudesse ir à Lua…”. Aí comprei uma turma de exemplares novos. Fiz um canto para estudo e estudei em casa para o vestibular. Mas me decepcionei com o Direito. Vi que não era tão direito assim. Muitas vezes, condenam um inocente, em outras absolvem um criminoso. Não concordo com isso, gosto das coisas corretas.

Esta fase agora é o coroamento de minha vida, porque eu nunca soube ficar indiferente ao que passa a meu redor, nunca consegui, sempre me manifestei. Entrei na defesa da Dilma devido a uma crônica que li na Folha . Achei muito cruel. Sugeria que Dilma fizesse como Getúlio (Vargas), que entrasse para a história dando um tiro no peito. Aquilo me abalou tanto que eu falei: “A gente tem de fazer alguma coisa por essa mulher”. Escrevi em uma cartolina “Respeitem o meu voto” e fui para a concentração na Candelária (no Rio).

Quando começou aquela época do verde e amarelo, eu achava que o PT devia usar essas cores também. Fui à Rua da Alfândega e comprei 20 bandeirinhas do Brasil. Levei em duas passeatas e ofereci, mas as pessoas me diziam “sou PT” e recusavam. Quando meu voto não foi respeitado, me senti frustrada. Mas, como dizia Brizola, além das forças que a gente conhece, há outros interesses contra o país. Achei uma traição de Temer com a Dilma. Sempre saio de casa com o broche “Fora Temer”. E leio o jornal com caneta para rabiscar a cara dele. Comecei a rabiscar a cara do Bolsonaro, mas parei. Mesmo assim, quando leio “presidente”, pulo o nome para não pronunciar.

Aprendi que a gente cai e levanta. Eu sou muito maleável. Há pouco vi um retrato do juiz Sergio Moro fazendo sinal de silêncio. Aquela foto me abateu tanto, não só pelo dedo na boca, mas pelo olhar ameaçador. Fiquei dois dias deitada. Um amigo me ligou. Disse a ele que não iria a mais nada, que para mim tinha acabado. Estava amedrontada e arrasada fisicamente. Meu amigo falou muito comigo. Fui a um encontro de mulheres negras e desanuviou um pouco.

É preciso continuar a luta. O nazismo acabou. A escravidãoacabou”. Aqueles flagelos de nos cortar todos e botar no tronco acabaram. Agora é uma escravidão diferente, mas aquela braba mesmo, de nos pendurar na forca, de dar uma criança para o filho do patrão bater, acabou. Depois de muita luta de brancos e negros.

Sobre a eleição deste ano, a maioria acha que isso está certo, então vamos aceitar. Agora não sei o que nos espera…

Eu aprendo muita coisa. Como tive uma criação religiosa, não aceitava a transição de gênero. Uma vez, na casa de um sobrinho, havia dois travestis e eu disse “como ele aceita essa gente na casa dele?”. Hoje vejo com naturalidade. Mas ainda continuo com muitos costumes.

Nas passeatas, tem gente que fala palavras de baixo calão, e eu acho que não precisava disso. Em uma passeata gritaram “Eta, eta, eta, Bolsonaro quer controlar minha…” e dizia lá o nome. Eu cheguei e falei com uma senhora mais de idade: “A senhora acha correto isso?”, e ela disse: “O mundo hoje é outro, minha filha”. Aí eu botei o pé no chão e disse a mim mesma: “O mundo hoje é outro, Maria Soares”. Em outra passeata, gritaram “Nem recatada, nem do lar, estou na rua para lutar”. Eu não concordei. Uma pessoa pode ser recatada, do lar e ser de luta. Tem lugar para todo mundo.

Devido a ter me exposto tanto agora, com as ameaças do Bolsonaro, minha neta está doida querendo que eu saia do Brasil. Eu disse a ela: “Minha filha, se eu morrer, já dei minha contribuição para o mundo. Não vou para lugar nenhum, se alguém quiser dar o tirinho na minha testa, que dê”. Não vou deixar de sair e nem de falar.

A morte da Marielle me chocou muito. Era uma voz que defendia os direitos humanos, que falava por nós, uma lutadora. Naquela passeata após o assassinato dela, até me expus. Me botaram num caminhão e lá em cima me deram um broche “Quem matou Marielle?”. Eu recusei e disse: “Não quero, eu sei quem matou Marielle”. Lá de cima do caminhão, falei: “Quem matou Marielle foi o sistema. Alguém que armou a mão daquele atirador para calar uma voz que defendia minorias”. E lembrei: foram os mesmos que mataram Chico Mendes, os mesmos que mataram Dorothy Stang.

Eu tenho medo, mas não por mim. Tenho medo por muita gente que luta. Aos 94 anos, a gente já perdeu muita coisa pelo caminho.

Maria Soares para Paula Ferreira, Época

Siga-nos no InstagramTwitter | Facebook

O post A militante de 94 anos que só participa de passeatas em defesa de causas perdidas apareceu primeiro em Pragmatismo Político.


Ex-presidente Michel Temer se entrega junto com o coronel Lima

$
0
0
Michel Temer se entrega coronel Lima polícia federal são paulo corrupção
Michel Miguel Elias Temer Lulia (Imagem: Amanda Perobelli | Reuters)

O ex-presidente Michel Temer se apresentou à sede da Polícia Federal (PF) em São Paulo pouco antes das 15h desta quinta-feira (9). A ordem da juíza federal Caroline Figueiredo, que expediu o mandado de prisão, era que ele se entregasse até 17h, mas o emedebista chegou ao local duas horas antes do prazo limite.

Na última quarta (8), a Primeira Turma Especializada do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2) decidiu, por 2 votos a 1, revogar o habeas corpus que mantinha Temer fora da cadeia. Ele havia sido preso preventivamente no dia 21 de março e passou quatro dias detido, até ser beneficiado por uma decisão monocrática do desembargador Antonio Ivan Athié.

Enquanto isso, advogados do ex-presidente entraram com um novo pedido de habeas corpus, desta vez no Superior Tribunal de Justiça (STJ), às 13h07. Ainda não há decisão sobre este pedido. O relator sorteado para o caso foi o ministro Antonio Saldanha Palheiro.

O TRF-2 revogou os habeas corpus de Temer e do Coronel João Baptista Lima Filho, amigo do ex-presidente e apontado pelas investigações como operador de propinas dele desde a década de 1980. Os dois estavam entre os alvos da Operação Descontaminação, por suspeita de corrupção, peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa em investigações relacionadas à usina nuclear Angra 3. Lima Filho se entregou na sede da PF às 16h45, quinze minutos antes do prazo dado pela juíza.

O ex-ministro Moreira Franco, que também havia sido preso junto com Temer, teve o habeas corpus mantido, assim como outros cinco acusados: Maria Rita Fratezi (arquiteta e mulher de Lima), Carlos Alberto Costa (sócio do coronel na Argeplan), Carlos Alberto Costa Filho (diretor da Argeplan), Vanderlei de Natale (sócio da Construbase), e Carlos Alberto Montenegro Gallo (administrador da CG IMPEX).

Leia também:
A reconstrução dos fatos até a prisão de Michel Temer

Temer poderá ficar em São Paulo

O desembargador Abel Gomes, presidente da Primeira Turma Especializada do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2), autorizou que o ex-presidente Michel Temer e o coronel reformado da Polícia Militar João Baptista Lima Filho, o coronel Lima, fiquem presos em São Paulo.

Em despacho enviado à juíza Caroline Vieira Figueiredo, substituta da 7ª Vara Criminal Federal do Rio, o desembargador destacou que “a legislação recomenda, em regra, a manutenção do custodiado (definitiva ou provisória) em carceragem no local de seu domicílio”.

De modo que Sua Excelência não só pode como deve autorizar o recolhimento de Michel Miguel Elias Temer Lulia e João Baptista Lima Filho desta forma.”

Congresso em Foco e Exame

Siga-nos no InstagramTwitter | Facebook

O post Ex-presidente Michel Temer se entrega junto com o coronel Lima apareceu primeiro em Pragmatismo Político.

Jovens deputados adotam discurso de renovação, mas repetem velhas práticas

$
0
0
Jovens deputados adotam discurso de renovação, mas repetem velhas práticas
Luísa Canziani, Kim Kataguiri, Enrico Misasi, Emanuelzinho, João Henrique Campos e Tabata Amaral (Imagens: Agência Câmara)

Helder Felipe, Marília Sena e Vinícius Heck*, Congresso em Foco

Três meses depois de empossados na nova legislatura, os seis deputados com até 25 anos de idade (os mais jovens da Câmara dos Deputados e todos de primeiro mandato) e que foram eleitos com discursos de renovação, conseguiram protocolar requerimentos e projetos de lei com temáticas sociais, mas também repetem fórmulas utilizadas pelos parlamentares mais velhos, como iniciativas de homenagens e defesas de causas próprias. Os “caçulas” são raridades em um Congresso em que apenas 28 têm até 30 anos de idade.

Defesa da mulher, educação e café

A mais jovem é a deputada Luísa Canziani (PTB-PR), de 23 anos de idade. Quando a filha do ex-deputado Alex Canziani nasceu, a Constituição já tinha oito anos. No rol de projetos, a deputada tem uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que prevê aumento de recursos para universidades públicas. Aliás, essa é, segundo a parlamentar, a prioridade do trabalho dela.

A minha pauta relaciona-se à questão de educação com novos modelos de ensino, aliada à tecnologia da informação. Eu acompanho o legado do meu pai, de quem tenho muito orgulho pelas conquistas sociais. Isso é um desafio muito grande, porém é um trabalho em equipe para grandes inovações”, disse a congressista.

A caçula da turma ainda tem três requerimentos de discussões ou audiências públicas sobre direitos da mulher e combate ao feminicídio. A parlamentar entrou com outro requerimento: de um café da tarde diário para a Comissão da Mulher. Ela adere também a uma ação típica de atividades parlamentares no Brasil: homenagens. Canziani requer um tributo à Dona Maria Leopoldina e à Princesa Isabel com a inscrição de ambas no Livro de Heróis e Heroínas da Pátria.

Depois do MBL

O segundo mais jovem é também um dos mais atuantes e polêmicos. O ex-líder do Movimento Brasil Livre (MBL) Kim Kataguiri (DEM-SP), de 23 anos, tem 12 projetos de lei. O que causa mais divergência é assinado com mais 21 deputados, o da Escola Sem Partido (PL 246/2109), que pede “neutralidade” política, ideológica e religiosa dos professores em sala de aula. Ainda no âmbito do ensino, o novato solicita com o PL 1990/2019 que haja estímulo às “ações destinadas à limpeza, manutenção e conservação do ambiente escolar por alunos”.

Ainda como plataforma voltada especialmente para o público jovem, ele elaborou projeto que exige dos vendedores dos ingressos de eventos um espaço físico que não obrigasse a taxa de conveniência nas compras. Outros pontos polêmicos são a proposta de extinção de “A Voz do Brasil” (produzida hoje por profissionais de comunicação do serviço público federal) e ainda outro que propõe o fim do “Fundo Partidário, do Fundo Eleitoral e da propaganda gratuita de rádio e TV”. A reportagem não conseguiu contato com o parlamentar para comentar as prioridades do mandato.

Comando de comissões

Enrico Misasi (PV-SP), de 24 anos, é o terceiro mais jovem da Câmara. Ele confessa que era apenas um espectador da política. Mestre em direito constitucional, ele diz que a vida política tem sido de muito aprendizado. Até o momento assinou um projeto de lei junto com outros dezoito deputados (PL 1.787/2019), que amplia os direitos de mães, pais e crianças de microcefalia ou sequelas neurológicas decorrentes de doenças transmitidas pelo Aedes aegypti, três requerimentos que visam a homenagens, como a de 200 anos do retorno de José Bonifácio, que lutou pela Independência do Brasil, o dia do historiador e a criação da frente parlamentar mista em defesa do saneamento básico.

Titular da Comissão mista dos 200 anos da Independência, e da Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania, Suplente da Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural, ele afirma está preocupado com a situação do meio ambiente. “Acho que o Brasil está muito atrasado nisso, coordenar essas Comissões é uma conquista”. Misasi diz que outra pauta importante para o mandato é a renovação do sistema político, mas devido ao momento do Casa, ainda não pode abordar o tema.

Decepções também estão na sua bagagem de experiências na Câmara, o processo de discussão de alguns dispositivos regimentais é um deles, por exemplo. “Há uma morosidade, não é como eu imaginava!” A aproximação com o governo não está em cogitação no momento, o intuito é legislar com uma posição de independência. “Isso nos dá uma liberdade de tomar decisões dentro da bancada, estou preocupado em fazer política com base na demanda do meu eleitorado”.

Proteção à mulher

Emanuel Pinheiro Neto, vulgo Emanuelzinho (PTB/MT), é o quarto mais jovem da casa. Autor de um Projeto de Lei (PL 1.119/2019) que pretende “criar novos mecanismos para coibir a violência contra a mulher”, é apadrinhado politicamente pelo pai que é prefeito de Cuiabá e ex-deputado estadual, Emanuel Pinheiro (MDB/MT). Ele é autor de oito requerimentos, um deles é excepcional: o pedido de comemoração de 300 anos do município de Cuiabá. Procurado pela reportagem, o parlamentar não respondeu aos contatos.

Autor de 13 projetos

O quinto mais jovem da lista é João Henrique Campos (PSD/PE), membro de uma família já enraizada na política. O bisavô, a avó e o pai são ex-deputados federais pelo estado de Pernambuco. O parlamentar assina 13 projetos de lei, sendo 7 exclusivamente seus. As propostas vão de alterações no Código Penal a melhorias na acessibilidade. O PL 374/2019 pede a inscrição do nome de dom Hélder Câmara no Livro de Heróis da Pátria.

Sobre seus dias no Congresso, Campos contou que já percebeu que é necessário paciência em meio ao radicalismo no Parlamento. “A minha experiência na casa tem sido muito boa, mas a Câmara está precisando aprofundar nos debates, os ânimos lá estão muito exaltados, falta foco na Casa”.

O deputado acrescenta que já sabe onde estão os erros na atual política. “Sempre respeitei e percebi alguns erros na política que os deputados se recusam a aceitar. Esse erro está na forma e não na teoria política. Procurar um deputado da oposição para conversar é importante, pois os pensamentos diferentes são bons para as discussões”.

Recursos para educação

A deputada federal Tabata Amaral (PDT/SP) é a sexta mais jovem da Câmara. A parlamentar assina três projetos de lei. O primeiro deles (PL 1422/2019) é em conjunto com mais 11 deputados e tem por objetivo diminuir a burocracia para o acesso ao banco de dados de serviços públicos. Os outros dois projetos (PL 2595/2019 e PL 1672/2019) tratam sobre recursos para a educação. Seus requerimentos também estão relacionados com a área educacional, desde convocações do Ministro da Educação até pedidos de esclarecimento ao mesmo. A parlamentar não atendeu aos pedidos de entrevista.

“Pequeno passo”

Para o professor de ciência política Aninho Irachande, da Universidade de Brasília, a renovação na Câmara não foi tão profunda, apesar de ser a maior da história desde a redemocratização, mas, o “pequeno passo” é importante pois leva uma nova agenda para a Casa. “Nem sempre isso traz resultados no primeiro momento porque a atuação exige conhecimento de funcionamento”, avaliou.

Na avaliação de Irachande, os primeiros meses de atuação dos novatos não foram tão produtivos, e as farpas do governo com a Casa ajudaram. “A grande briga está entre se aproximar ao governo ou se distanciar do governo. Esse é o grande aprendizado para que eles possam fazer ações com base em seus próprios interesses”.

O cientista político Geraldo Tadeu, coordenador do Centro Brasileiro de Estudos e Pesquisa Sobre a Democracia (CEBRAD) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), emenda que os novos deputados trazem equilíbrio para a Câmara e que a falta de experiência é suprida pelos novos projetos. “O ideal é que o grau de renovação nas casas não seja total”, explica. Mas ele concorda que ainda há muita indefinição, principalmente por parte do partido do Presidente, o PSL. Para ele, as atuações dos políticos que têm apadrinhamento ainda reinam porque a capacidade de relações políticas e articulações são atividades muito importantes. “Mas os deputados novos não têm amarras e têm mais liberdade que os deputados apadrinhados, então isso é positivo”.

*Matéria especial produzida por alunos de Jornalismo do Centro Universitário de Brasília (Uniceub), sob a supervisão de Luiz Claudio Ferreira

Siga-nos no InstagramTwitter | Facebook

O post Jovens deputados adotam discurso de renovação, mas repetem velhas práticas apareceu primeiro em Pragmatismo Político.

Deputadas do PSL, Joice e Carla Zambelli trocam xingamentos publicamente

$
0
0
Joice Hasselmann Carla Zambelli
Joice Hasselmann e Carla Zambelli (img dir : reprodução/aconteceagora)

As deputadas do PSL Joice Hasselmann e Carla Zambelli protagonizaram um bate-boca público nas redes sociais na noite desta sexta-feira (17). A discussão prosseguiu durante a madrugada de sábado.

Tudo começou após divulgação de um “texto bomba” pelo próprio Jair Bolsonaro (PSL). No material, o presidente diz que o Brasil é ingovernável e insinua até mesmo a sua renúncia.

“O Presidente @jairbolsonaro disse hj q “a mudança na forma de governar não agrada aqueles grupos q no passado se beneficiavam das relações pouco republicanas”. A MP 870 sofreu grave ataque na comissão, e pergunto: a líder @joicehasselmann não fala nada disso em suas redes, pq?”, publicou Carla.

Depois, Carla criticou Joice por ela não ter aderido à mobilização do dia 26/05 em defesa da “Lava Jato” e da “Nova Previdência”. “Ela [Joice] está mais preocupada com sua pré-campanha eleitoral”, disse Carla sobre a colega de partido.

“Não se engane, @joicehasselmann não vai divulgar a manifestação pq está com o centrão, foi indicada por eles p ser líder de governo e agora tem q pagar essa conta. Ela está preocupada em fazer sua pré campanha para 2022, por isso está viajando o Brasil e não defende 26/05”, publicou Carla.

Carla Zambelli é a fundadora e líder do Movimento Nas Ruas — um dos grupos que, junto com o MBL, Vem Pra Rua e Revoltados Online participaram dos protestos pelo impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.

Joice respondeu: “Eu – ao contrário de vc – penso no bem do país e do governo @jairbolsonaro. Pq eu sei fazer conta, conheço matemática básica e logo sei que SEM A MAIORIA NÃO SE APROVA NADA. Pq eu estou preocupada com o país e ñ com curtidas em tuítes ou lives. Pq eu sou inteligente, já vc…”.

“Inteligente = casamento com centrão??? Bom, não sou eu quem está em tour nacional de pré campanha 2022. @jairbolsonaro que abra o olho com você, @joicehasselmann”, rebateu Carla.

Depois, Joice acusou Zambelli de nepotismo e a líder do Nas Ruas voltou a se manifestar: “Como a @joicehasselmann está desenterrando isso do início de maio, esclareço que NÃO HAVIA NEPOTISMO. De toda forma, ontem de manhã meu irmão pediu exoneração. Talvez a Joice prefira alguém do centrão no lugar.”

Siga-nos no InstagramTwitter | Facebook

O post Deputadas do PSL, Joice e Carla Zambelli trocam xingamentos publicamente apareceu primeiro em Pragmatismo Político.

Homem que matou delegado do caso Zavascki esteve no clube de tiro de Carlos e Adélio

$
0
0
clube de tiros adélio carlos zavascki
Teori Zavascki (imagem: reprodução/conexão jornalismo)

Vinicius Segalla, DCM

O clube de tiro .38, na cidade de São José, na Grande Florianópolis, é um local peculiar. Por lá – até onde se sabe, apenas por uma enorme coincidência – passam figuras que acabam por ter algum tipo de papel chave na história da República.

Uma dessas pessoas é Adelio Bispo, que deu uma facada em Jair Bolsonaro durante o período de campanha eleitoral. Ele esteve no local no dia 5 de julho de 2018, o mesmo dia em que chegou a Florianópolis, vindo de Montes Claros (MG).

Estava desempregado, mas arrumou dinheiro para ir treinar sua pontaria no clube, em que as atividades não saem por menos de R$ 100 a hora. Depois, passou um mês na cidade. A polícia nunca informou o que ele foi fazer lá.

Outros que frequentam o local – e fazem e postam vídeos com os intrutores, utilizam os dormitórios e instalações do clube – são os irmãos Carlos e Eduardo Bolsonaro (saiba mais aqui).

Carlos, aliás, tem o clube de tiro como seu lugar predileto para retiros espirituais, reflexões e fuga do estresse gerado pela rotina política. Dois dias após Adélio ter ido treinar sua mira no clube, Carlos chegou ao local para mais um fim de semana de descanso em meio às armas.

Mas não para por aí a lista de frequentadores ilustres do .38. Outro que costumava treinar seus dotes de atirador por ali era Nilton César Souza Júnior. Ele é dono do conhecido Nilton Dog, trailer de cachorro quente que vende a iguaria nas versões salgada e doce (é isso mesmo) na avenida General Eurico Gaspar Dutra, no Estreito, área continental de Florianópolis.

Conforme exibia em suas redes sociais, com fotos e vídeos, Nilton tinha um hobby: o tiro esportivo. Era frequentador assíduo do .38. Mas, as fotos foram retiradas das redes. Na verdade, seus perfis em redes sociais foram todos apagados.

Foi uma decisão aconselhada por seu advogado, desde que ele matou a tiros, em uma briga de bar, Adriano Antônio Soares, então delegado-chefe da Polícia Federal em Angra dos Reis.

Ele era o responsável pelas investigações da morte do ministro do STF Teori Zavascki, então relator da Operação Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF).

A arma utilizada tinha registro, seu proprietário sabia manuseá-la porque frequentava o clube .38 e quem atirou primeiro foi o delegado de polícia. Ou pelo menos isso é o que disse o advogado do vendedor de cachorro quente, na época do crime, maio de 2017.

“A arma tinha CR, que é o registro de circulação, ele praticava tiro esportivo na escola .38, em São José. Sobre o ocorrido, tenho informação de que o primeiro disparo partiu da arma da autoridade policial. Vamos esclarecer isso. Discutir quem deu causa, a legitimidade e ver se ocorreram excessos de algum dos lados”, afirmou, à época do crime, em maio do ano passado, Marcos Paulo Silva dos Santos.

Fatos e perguntas

Tudo isso, como se disse, não passa de coincidências, mas são também fatos jornalísticos. Ou não há interesse noticioso em contar que a pessoa que deu uma facada em Jair Bolsonaro esteve no clube de tiro que é o retiro espiritual de Carlos, que por lá esteve dois dias depois?

Para que se evitasse qualquer tipo de especulação, as autoridades que interrogaram Adelio Bispo poderiam responder a perguntas simples, como o que levou Adélio a viajar a Florianópolis, o que ele ficou fazendo por lá durante um mês, por que ele foi no clube de tiro .38, quanto dinheiro ele gastou por lá e quem pagou, se ele chegou a conhecer Carlos e se ele sabia que aquele clube era frequentado pela família Bolsonaro.

Veja também: “Acho que mandaram matar o meu pai”, diz filho de Teori Zavascki

Enquanto não se conhecer a resposta para perguntas como essas, há espaço para muitos imaginarem que tudo isso é mais do que só uma grande coincidência.

Documentário: A facada no mito

Siga-nos no InstagramTwitter | Facebook

O post Homem que matou delegado do caso Zavascki esteve no clube de tiro de Carlos e Adélio apareceu primeiro em Pragmatismo Político.

Amigo de Bolsonaro dá cabeçada em colega na Câmara

$
0
0
Amigo de Bolsonaro dá cabeçada em colega na Câmara
Gulliem Charles Bezerra Lemos, mais conhecido como Julian Lemos (Imagens: Câmara dos Deputados)

Samanta do Carmo, Congresso em Foco

O deputado Expedito Netto (PSD-RO) informou nesta quinta-feira (30) que prepara uma representação por quebra de decoro contra o colega Julian Lemos (PSL-PB) por agressão física.

Nessa quarta-feira (29), Expedito interveio em favor do também deputado Edmilson (Psol-PA) na tentativa de encerrar uma discussão entre o parlamentar do Psol e o do PSL. Julian empurrou com a cabeça o parlamentar de Rondônia. No vídeo da transmissão da sessão da Câmara é possível ver o momento da agressão:

Edmilson reclamava da condução da sessão que estava sendo presidida pela deputada Geovania de Sá (PSDB-SC), comportamento considerado comum durante as reuniões, principalmente no momento em que os parlamentares tentam reivindicar espaço para discursar. Expedito Netto resolveu intervir após Edmilson ser empurrado. Alguns deputados que acompanharam a fato recomendaram que fosse feita a representação ao Conselho de Ética. O documento deve ser protocolado na próxima semana.

Em nota enviada ao Congresso em Foco, Julian Lemos nega a agressão física e afirma que na imagens “não se percebe nenhum movimento brusco” por parte do deputado. Segundo ele, a situação ocorreu em meio a agressões verbais contra a deputada Geovânia de Sá (PSDB-SC), que predia a sessão. Lemos diz que Expedito se dirigiu à mesa “transtornado” para “continuar suas ofensas” à parlamentar e esbarrou nele. E encerra: “Por fim, este episódio deixa claro, que para aqueles que estão contra o progresso do país, vale tudo, até mesmo diminuir uma parlamentar por ser mulher.​”

O deputado está em seu primeiro mandato na Câmara e integra as comissões de Segurança Pública e de Direito Humanos e Minorias.

Apresentado ano passado pelo então candidato Jair Bolsonaro como seu “homem forte na Paraíba” e “amigo de primeira hora”, o deputado foi um dos coordenadores da campanha presidencial do PSL no Nordeste. Ele também integrou a equipe de transição do governo. Julian já foi acusado três vezes e preso com base na Lei Maria da Penha, após denúncia de agressão à ex-esposa e a uma irmã.

Saiba mais:
Membro da equipe de transição de Bolsonaro já foi condenado e preso
A mensagem de WhatsApp que quase implodiu a campanha de Bolsonaro

Veja na íntegra a nota enviada pelo deputado Julian Lemos ao Congresso em Foco:

Na noite desta quarta feira (29) durante uma acalorada sessão plenária que votava destaques de importantes medidas provisórias para o futuro da nação, membros da oposição ao Governo e ele (Deputado Expedito Netto) vinham agredindo verbalmente a Deputada Geovânia de Sá que presidia a sessão. As ofensas chegaram a tal ponto, que até mesmo as deputadas da oposição ao Governo saíram em defesa de Geovânia por entender que ali se tratava de agressões que queriam desmerecer a Presidente por ser mulher.

Ao ser repreendido de maneira pública pela Presidente da Mesa, ele se dirige transtornado (como se vê no vídeo) à mesa para continuar suas ofensas e acaba por esbarrar no Deputado Julian Lemos – PSL/PB. Neste momento, Julian Lemos é escolhido para ser alvo de suas ofensas que não devem ser transcritas aqui, por respeito às famílias e ao decoro parlamentar. Julian Lemos se aproxima de Netto e de maneira dura e séria exige respeito a ele e a presidente. As imagens não deixam sombra de dúvida da inexistência de agressão física, pois não se percebe naquele momento nenhum movimento brusco por parte de Julian Lemos.

Por fim, este episódio deixa claro, que para aqueles que estão contra o progresso do país, vale tudo, até mesmo diminuir uma parlamentar por ser mulher.​​

Assista ao vídeo:

Siga-nos no InstagramTwitter | Facebook

O post Amigo de Bolsonaro dá cabeçada em colega na Câmara apareceu primeiro em Pragmatismo Político.

Adélio diz que vai “cumprir missão” de matar Jair Bolsonaro

$
0
0
Adélio cumprir missão matar Jair Bolsonaro
Adélio Bispo de Oliveira (Imagem: Ricardo Moraes | Reuters)

Adélio Bispo de Oliveira, autor do atentado contra o hoje presidente da República, Jair Bolsonaro, em Juiz de Fora, afirmou durante avaliação psiquiátrica que tentou assassinar o então candidato porque, se eleito, Bolsonaro “entregaria nossas riquezas ao FMI, aos maçons e à máfia italiana”.

Para Adélio, de acordo com o que disse na avaliação, seriam mortos “os pobres, pretos, índios, quilombolas, homossexuais, só ficando os ricos maçons dominando as riquezas do Brasil”. O autor do atentado, cometido à faca, na cidade mineira em 6 de setembro do ano passado, está preso em Campo Grande (MS).

Adélio Bispo disse ainda que, quando sair da prisão, vai “cumprir sua missão de matar Bolsonaro e também Michel Temer (ex-presidente da República), que também participaria do complô maçônico para conquistar as riquezas do Brasil”.

As declarações constam na decisão do juiz Bruno Savino, da 3.ª Vara Federal de Juiz de Fora, que julgou inimputável (impossibilidade de ser condenado) o agressor de Bolsonaro por sofrer de Transtorno Delirante Persistente.

Em carta enviada à direção do presídio onde está, Adélio Bispo pede transferência para Montes Claros, Região Norte de Minas, onde já morou, “em razão daquele prédio ter sido construído com características da arquitetura maçônica, além do local estar impregnado de energia satânica”.

A decisão reproduz trecho do laudo psiquiátrico de Adélio Bispo e como surgiu a doença. “O periciado é portador de Transtorno Delirante Persistente. A raiz da doença é genética, reforçada por vivência traumática na mais tenra infância. O periciado em nenhum momento citou qualquer relação afetiva. Da mesma forma, tanto no primeiro quanto no segundo (tempo pericial) não se referiu a nenhum amigo (…) Ou seja, apresenta uma total falta de capacidade de vinculação (…)”.

O relatório diz ainda que o agressor de Bolsonaro em momento algum relatou qualquer relação com parentes. “Na curva vital do periciado vemos como e depois se manifesta essa personalidade paranoide, culminando na eclosão da doença. Não nos conta nada sobre irmãos, parentes, amigos, dando-nos a impressão de como não existissem. O que nos leva a concluir que já naquela época se tratava de um indivíduo isolado, com poucos relacionamentos, contatos com outras pessoas”.

E, ainda, problemas no trabalho. “Começam a surgir com mais clareza as mudanças de emprego – ‘não me adaptava, achavam que tinha que fazer de um jeito e eu achava que era de outro’ (…) Sentindo-se sempre inferiorizado diante disso, pede demissão”. Bispo teria passado por mais de 30 empregos em 20 anos, conforme consta na decisão.

A doença mental de Adélio Bispo, conforme relatada no posicionamento do juiz, se caracteriza pela “presença de delírios persistentes. Descrevendo complôs imaginários de entidades poderosas nos quais se vê enredado. Não é raro que acompanhe o indivíduo ao longo da vida”. E que “pessoas que convivem com quem tem a doença raramente percebem a intensidade da patologia e subestimam os riscos que ela pode apresentar”.

O advogado de Adélio Bispo, Zanone Manuel de Oliveira, afirmou que todas as declarações de seu cliente condizem com o resultado do laudo pela inimputabilidade e a decisão do juiz.

No início, acharam que era lero-lero da defesa a alegação de problemas mentais de Adélio Bispo. Mas hoje está provado que não era”, disse.

Leia também:
Carlos Bolsonaro e Adélio Bispo estiveram em clube de tiro no mesmo período
Homem que matou delegado do caso Zavascki esteve no clube de tiro de Carlos e Adélio
Polícia Federal informa a Bolsonaro que Adélio agiu sozinho

Agência Estado

Siga-nos no InstagramTwitter | Facebook

O post Adélio diz que vai “cumprir missão” de matar Jair Bolsonaro apareceu primeiro em Pragmatismo Político.

“Sei o preço do caixão”, diz deputada após Bolsonaro tentar mudar leis do trânsito

$
0
0
preço do caixão deputada Bolsonaro mudar leis do trânsito tragédia Paraná
Christiane de Souza Yared, deputada federal pelo PL /PR (Imagem: Lúcio Bernardo Jr. | Câmara dos Deputados)

Débora Álvares, Congresso em Foco

O projeto de lei enviado na terça-feira (4) pelo presidente Jair Bolsonaro que flexibiliza as regras sobre a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) é alvo de inúmeras críticas de deputados e senadores na sessão do Congresso que acontece desde o meio da tarde desta quarta-feira (5) no plenário da Câmara.

Entre outras coisas, o texto propõe o fim da multa para motoristas que transportarem crianças de zero a sete anos e meio sem cadeirinhas. Atualmente, isso é considerado uma infração gravíssima, com multa de R$ 293,47.

Em um discurso emocionante e muito aplaudido, a deputada Christiane Yared (PL-PR) lembrou o acidente que matou seu filho em 2009. “Não sei o preço de cadeirinha. Mas sei o preço de túmulo do cemitério, de caixão, de flores, de choro“, afirmou.

Ela foi eleita pela primeira vez em 2014 com a plataforma de segurança no trânsito após a tragédia com seu filho. O motorista do veículo, o ex-deputado paranaense Luiz Fernando Ribas Carli Filho, foi condenado.

Relembre o caso:
Ex-deputado Carli Filho é condenado, mas vai recorrer em liberdade
“Ele pediu desculpas como quem rasgou uma camisa”
Ex-deputado que matou 2 no trânsito vai a júri popular
Emissoras de TV proíbem matérias sobre ex-deputado que matou 2 no trânsito

Ontem, ela afirmou que irá apresentar pelo menos uma emenda ao projeto de lei apresentado pelo Executivo para alterar o texto, que sequer começou a tramitar na Casa.

Nunca imaginei que pudesse haver um governo com uma maldade tão grande a ponto de querer morte de criancinhas“, afirmou o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que afirmou que a proposta vai na contramão da lógica.

Os dois foram apenas dois de vários congressistas que subiram à tribuna da Câmara para criticar a proposta e tocaram neste ponto. (Veja aqui o texto enviado pelo Executivo)

O ministro da Infraestrutura Tarcísio Gomes, que assina a proposta, afirmou na justificativa do texto que a mudança busca “evitar exageros punitivos“.

Segundo ele, a proposta pretende “desburocratizar” e “tornar a vida do cidadão mais fácil“. “Quem prestar atenção no projeto vai ver uma pegada de inovação digital. O motorista vai andar com os documentos dele no celular, e quem vai centralizar essas ações é o Denatran“.

Ao entregar pessoalmente o texto ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) – uma demonstração da importância que o assunto tem para o presidente -, Jair Bolsonaro afirmou que a proposta é ampla. “É um projeto que parece simples, mas atinge todo o Brasil. Todo mundo é motorista ou anda em um veículo automotor“.

Leia também:
Carros não são brinquedos
Menino de 13 anos atropela três crianças sem querer; uma morre
Jovem que ficou conhecida por “fumar dinheiro” e debochar da lei agora é delegada

Siga-nos no InstagramTwitter | Facebook

O post “Sei o preço do caixão”, diz deputada após Bolsonaro tentar mudar leis do trânsito apareceu primeiro em Pragmatismo Político.


Alan Turing, um gênio condenado à castração química por ser gay

$
0
0
Alan Turing homofobia gay
Alan Turing

Jean Wyllys, via Facebook

No mês do orgulho LGBTQ, o New York Times antecipou-se em um dia e publicou hoje (ontem) um obituário do matemático e cientista da computação Alan Turing.

O jornal tem feito isso com pessoas hoje reconhecidas como relevantes para o processo civilizatório e para o progresso material e moral da humanidade, mas que, na ocasião em que morreram, eram desprezadas, incompreendidas ou difamadas pela maioria das pessoas e instituições.

Em 1952, Turing foi julgado por ser homossexual pelas leis “anti-Sodoma” do Reino Unido que criminalizavam a homossexualidade, e condenado à castração química.

Antes desse julgamento e condenação, Turing, com sua inteligência ímpar, decifrou os códigos de comunicação nazistas, inclusive um para a construção de uma bomba, ajudando o Reino Unido e os EUA a vencerem a Segunda Guerra Mundial; e praticamente criou o ancestral dos computadores que hoje usamos. Nada disso impediu que ele fosse julgado e condenado por sua homosexualidade, e, por um período, apagado da história.

Após a castração química, Turing aparentemente se matou com uma dose de cianureto no dia 07 de junho, algumas semanas antes de seu aniversário.

É uma desgraça que a homofobia tenha feito tanto mal a pessoas tão importantes para o progresso da humanidade e para o processo civilizatório, e siga fazendo mal a gays, lésbicas e pessoas trans; tentando ressuscitar leis que criminalizam a homossexualidade em países onde elas foram derrubadas graças à nossa exaustiva luta política (a homossexualidade segue criminalizada de alguma forma em mais de 60 países, em alguns deles com pena de morte); e que ainda siga também tentando apagar gays e lésbicas da História ou, quando não consegue apagá-los, tente apagar sua orientação sexual das narrativas sobre suas vidas.

VEJA TAMBÉM:
Uma das mentes mais brilhantes do século 20 tinha péssimo boletim escolar
Os desastres do século 20, por Eduardo Galeano

Alan Turing, presente!

Trailer oficial do filme ‘O jogo da imitação’:

Siga-nos no InstagramTwitter | Facebook

O post Alan Turing, um gênio condenado à castração química por ser gay apareceu primeiro em Pragmatismo Político.

Projeto batizado de “lei Neymar da Penha” é protocolado por deputado

$
0
0
Projeto batizado lei Neymar da Penha protocolado por deputado
Carlos Roberto Coelho de Mattos Júnior, deputado federal pelo PSL/RJ (Imagem: Edsom Leite | MInfra)

O deputado federal Carlos Jordy (PSL-RJ) protocolou nesta quinta-feira (6), na Câmara dos Deputados, projeto de lei que agrava a pena de denunciação caluniosa de crimes contra a dignidade sexual.

Caso aprovado, pessoas que fizerem acusações mentirosas sobre crime de estupro, por exemplo, poderão ter a pena aumentada em até um terço. O PL está sendo proposto dentro do contexto da suposta agressão sexual que Neymar, jogador do time de futebol francês Paris Saint-Germain e da seleção brasileira, teria cometido contra a modelo Najila Trindade Mendes Souza.

Na quarta-feira (5), um vídeo mostrando a modelo agredindo o jogador fez com que grande parte dos internautas nas redes sociais tomassem o partido do jogador.

Saiba mais:
Campanha da Mastercard com Neymar é suspensa após acusação de estupro
“Meu incômodo é Neymar ter exposto meu filho”, diz ex-marido de Najila Trindade
Bonner comunica afastamento de Mauro Naves por envolvimento no caso Neymar
O que Neymar não disse sobre a acusação de estupro
Neymar se defende após acusação de estupro na França

Em entrevista à reportagem do Estado, Jordy informou que já tinha a intenção de apresentar este projeto, mas seria protocolado depois das pautas econômicas, que são prioridade para a retomada do crescimento e geração de emprego no País. Contudo, o caso envolvendo Neymar levou sua equipe a priorizar este projeto de lei.

Denunciações caluniosas já são graves e absurdas por si só, mas quando envolvem estupro, isso destrói a vida do acusado porque não existe crime mais abjeto do que esse. Isso deixa todo mundo indignado”, disse o parlamentar. “Sem dúvida alguma, o momento atual foi determinante para que apresentássemos o PL”, emendou.

No Twitter, a proposta de Jordy provocou a reação de internautas, que interagiram com o post e o batizaram de “lei Neymar da Penha”, em referência à Lei Maria da Penha, que criou mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher.

Durante toda a manhã, a hashtag mais mencionada no Brasil foi a #EstupradaDeTaubaté, em alusão ao caso da “grávida de Taubaté”. Na ocasião, uma mulher da cidade paulista fingiu estar grávida de quadrigêmeos e ficou famosa após aparecer em diversos programas de TV e receber doações de todo o País. Os internautas estão comparando a modelo que acusa o jogador da seleção brasileira de estupro e agressão com a “grávida de Taubaté”.

Leia também:
Juiz da Lava Jato compartilha post de deputado do PSL e defende Neymar
Humorista obtém vitória judicial contra o deputado Carlos Jordy (PSL)

Gabriel Wainer, Agência Estado

Siga-nos no InstagramTwitter | Facebook

O post Projeto batizado de “lei Neymar da Penha” é protocolado por deputado apareceu primeiro em Pragmatismo Político.

As entranhas da Lava Jato começam a ser desmascaradas

$
0
0

Ninguém precisa conhecer muito Direito para perceber que o estado de coisas envolvendo a operação Lava-Jato carrega problemas jurídicos graves desde quando foi deflagrada, em março de 2014.

Práticas políticas questionáveis como toda a operação repressiva e espetacularizada envolvendo, por exemplo, o depoimento do ex-presidente Lula, assim como o vazamento seletivo de informações da operação, um abuso de prisões preventivas e de delações, criaram um clima ‘schmittiano’ de suspensão da lei, intensificado por uma relação promíscua entre Judiciário e ‘grande mídia’.

Até as pedras do calçamento viram a mídia receber da operação uma série de informações, delações, áudios vazados e, com todo esse aparato, cobrirem exaustivamente essa investigação, explorando tudo em seus mínimos detalhes e, quase sempre, fazendo ilações, apostando em denúncias, até condenando moralmente os envolvidos nos esquemas de corrupção antes do julgamento.

As redes corporativas de notícias recebem dessa instituição uma série de informações e, coincidentemente, sempre estão a postos com câmeras na mão no exato momento e lugar em que ocorrem prisões preventivas. A participação da mídia fica ainda mais evidente na maneira como ela cobre o escândalo da Petrobrás e no modo como cobriu as manifestações pró-impeachment e o próprio processo de impeachment.

O agendamento e enquadramento realizado pela grande mídia brasileira nos últimos tempos marca o seu repertório com o posicionamento claramente contra a esquerda, em especial, contra o PT e suas figuras principais. O próprio nome que cunharam para o esquema de corrupção na Petrobrás, chamando-o de Petrolão, é claramente um esforço de iguala-lo a outro envolvendo esse partido, o Mensalão, que veio à tona entre 2005 e 2006.

Concomitantemente, segmentos da alta classe média no alto escalão do Judiciário – juízes, procuradores, desembargadores, defensores públicos, delegados e outros – valem-se de suas posições para de maneira quase unilateral denunciar, investigar e julgar não só os políticos do PT, mas uma série de militantes do campo progressista.

A série de reportagens reveladas no último domingo, 9, pelo site “The Intercept Brasil”, evidenciam o profundo tendencionismo da cúpula da Lava Jato, principalmente de Deltan Dallagnol e do ex-juiz federal e hoje ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro.

Temendo eleição de Haddad, os procuradores da operação discutiram no aplicativo Telegram maneiras de evitar que fosse realizada uma entrevista do ex-presidente Lula ao jornal “Folha de S. Paulo”, autorizada pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Ricardo Lewandowski, no ano passado. Temiam que a entrevista, que aconteceria com a colunista Mônica Bergamo a menos de duas semanas do primeiro turno, pudesse “permitir a volta do PT”.

Nas conversas, que abarcam o período de 2016 a 2018, Moro sugeriu que o procurador trocasse a ordem de fases da Lava Jato, de forma que não ficasse “muito tempo sem operação”. O ex-juiz também antecipou uma decisão que ele ainda não havia tornado pública e deu conselhos, pistas informais de investigação e puxões-de-orelha em Dallagnol.

Dessa forma, as entranhas da Lava Jato começam a ser desmascaradas. As reportagens evidenciam, ainda, a injustiça em relação a prisão de Lula. A sua condenação se deu via um processo ilegal, pautado por juízes e procuradores notoriamente parciais e que não só não possuíam provas contra o ex-presidente, como também não conseguiram sequer caracterizar a ocorrência de um crime. Como as matérias do The Intercept mostraram, Dallagnol duvidava das provas contra o ex-presidente e de propina da Petrobras horas antes da denúncia do tríplex.

Por isso, ser contra o que está envolvendo Lula significa posicionar-se contrariamente a um movimento que coloca em risco a democracia, a justiça, a Constituição. Não se trata de defender Lula em si e muito menos o PT. Ser contra esse processo identifica uma tomada de posição a favor da defesa dos direitos humanos fundamentais, como o direito a defesa em liberdade. Para lutar pelo Estado Democrático de Direito não é necessário ser dilmista, lulista, muito menos petista.

Não só por isso, mas também porque a Lava Jato, dentre outros danos, advogou contra o próprio Estado brasileiro, transformando a Petrobrás, entre outras empresas públicas brasileiras, de vítima em coautora das fraudes.

Ora, seria nonsense minimizar os interesses de Estado, principalmente a influência norte-americana, presentes nessas investigações supostamente contra a corrupção em empresas públicas e privadas nacionais. Se non è vero, è bene trovato que se trata de mais uma forma de as potências capitalistas diminuírem o valor dessas empresas e, assim, conseguirem um campo aberto para aumento dos seus lucros.

Leia aqui todos os textos de João Miranda

Vale recordar que em 2013 o Wikileaks revelou que a Agência de Segurança Nacional dos EUA (NSA) tinha grampeado os telefones do Gabinete de Dilma, de alguns ministros, do avião presidencial, das missões diplomáticas brasileiras e da Petrobras. Os cables do Departamento de Estado indicam o interesse norte-americano no petróleo brasileiro, principalmente, no Pré-sal.

Não se trata, neste sentido, de uma luta contra o crime, mas de uma disputa claramente inspirada e estimulada pelo grande capital internacional, com interesse especial nos reflexos que a investigação está causando baixas nos índices contábeis das empresas brasileiras e no nosso mercado, além de ter sido usado como instrumento para abrir as portas para a extrema-direita chegar ao poder sob a figura de Jair Bolsonaro.

Diante das matérias do The Intercept, Sergio Moro e o Ministério Público Federal devem explicações à população brasileira. E não aquela notinha ridícula que publicaram. Além disso, o caso deveria também ser suficiente não só para acabar com as pretensões do ministro de conseguir uma vaga no STF, como também para derrubá-lo, conjuntamente com Dallagnol.

Precisamos ir às ruas. Não por esperança. Mas por imperativo ético. E isso não amanhã. Ontem.

Rumo à greve geral

*João Miranda é professor de história. Email: recapiari636@gmail.com

Acompanhe Pragmatismo Político no InstagramTwitter e no Facebook

 

O post As entranhas da Lava Jato começam a ser desmascaradas apareceu primeiro em Pragmatismo Político.

Grupos de direita e esquerda usam 2 crimes sórdidos para acentuar a polarização política

$
0
0
Grupos de direita e esquerda usam 2 crimes sórdidos polarização política
Caso do menino Rhuan Maycon e do ator Rafael Miguel (Imagens: Metropoles)

Beatriz Jucá, ElPaís

Em um Brasil que permanece polarizado mesmo sete meses após as eleições presidenciais, nem mesmo os casos graves de violência — que costumam comover todo o país — têm escapado de sucumbir ao centro da disputa de narrativas ideológica travada principalmente na Internet.

Nos últimos dez dias, pelo menos dois crimes foram repercutidos por políticos e ativistas em seus perfis nas redes sociais para alimentar bandeiras de direita e de esquerda. De um lado, o assassinato do ator Rafael Miguel por tiros supostamente disparados pelo sogro rapidamente se tornou argumento contra a política de liberação de armas do Governo Bolsonaro. Do outro, o assassinato do menino Rhuan — cuja própria mãe é acusada de esquartejar seu corpo e amputar seu pênis — chegou a ser associado à “ideologia de gênero” pelo deputado Eduardo Bolsonaro.

Rosana Auri da Silva Candido está sendo investigada por matar e esquartejar o filho Rhuan Maycon junto com a companheira Kacyla Priscyla Santiago Damasceno Pessoa. Elas admitiram terem praticado o crime na noite do dia 31 de maio, no Distrito Federal, enquanto a criança estava dormindo, e teriam tentado queimar as partes do corpo em uma churrasqueira da residência, onde também vivia a irmã de criação de Rhuan, de oito anos.

A Polícia ainda investiga as causas do assassinato e trabalha com a hipótese de que as duas mulheres teriam matado a criança “para cortar gastos” após o corte da pensão paga pelo pai do garoto. As acusadas contaram ao Conselho Tutelar que, cerca de um ano antes do crime, Rhuan teve o pênis cortado por elas em um procedimento feito em casa porque o menino teria dito que queria ser uma garota.

O caso ganhou ampla repercussão nas redes sociais dos eleitores de Bolsonaro, que usaram o crime para criticar políticas de diversidade de gênero. Em um vídeo de pouco mais de dois minutos, o filho do presidente Jair Bolsonaro, Eduardo, comparou o espaço dado a este crime pela mídia ao tratamento aos crimes envolvendo as famílias Nardoni e Von Richthofen.

Não está tendo a mesma repercussão na imprensa, por quê? Por que um ano antes, a mãe do Rhuan e sua companheira acabaram fazendo uma cirurgia caseira de mudança de sexo, isso nas palavras dela. Ele foi bizarramente assassinado, esquartejado, mas esse crime parece que não está ecoando tanto na imprensa“, criticou.

Se você puxar um pouquinho, se raciocinar um pouquinho, você vai conseguir conectar esse caso à ideologia de gênero. Ou você não consegue conectar essa amputação de pênis com nenhum projeto da deputada Erika Kokay [PT] e Jean Willys [PSOL]?”, disparou o deputado contra dois políticos opositores de sua família.

Eduardo Bolsonaro se referia a um projeto de lei em tramitação na Câmara dos Deputados que estabelece o direito à identidade de gênero definida como cada um sente e não necessariamente ao sexo de nascimento. O projeto não dispõe especificamente sobre crianças, mas foi relacionado ao caso Rhuan pelo parlamentar para criticar as políticas de identidade de gênero, uma pauta que costuma ser atribuída à esquerda e à qual o clã Bolsonaro historicamente tem se colocado contra.

O vídeo do deputado do PSL rapidamente passou a ser replicado em perfis e canais de direita nas redes sociais, dando corpo a uma narrativa contra o que eles chamam de “ideologia de gênero“.

O que é prejudicial não é repercutir um caso como este, mas usá-lo como centro do debate sobre as políticas públicas. Não dá pra planejar uma política efetiva com base em casos individuais“, diz o sociólogo Ignácio Cano, professor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro. Segundo ele, usar casos de repercussão na disputa de narrativas ideológicas cumprem mais uma função retórica e ignoram estudos e comprovações científicas para de fato debater ações que possam evitar esses crimes e melhorar a segurança.

Há um disparo de mensagens em massa em que o importante é o número de likes, em como (a narrativa) reflete nas redes sociais e conquista a opinião pública. Isso evidencia muito mais essa disputa pela narrativa ideológica do que gera impacto sobre alguma política pública“, afirma.

Cano diz que esta é uma estratégia que tem sido amplamente utilizada no espectro da extrema direita, mas que também é uma estratégia pontual de lideranças mais alinhadas ideologicamente à esquerda. “Grupos políticos acusam o inimigo de ideologização e tudo que fazem é profundamente ideológico. Fatos como esses são usados para alavancar a ideologia quando interessa“, analisa. Um exemplo disso é o uso de outro crime grave para combater a política de armas do presidente Bolsonaro.

O ator Rafael Miguel, que interpretou o personagem Paçoca no último remake da novela Chiquititas, estava com os pais João Alcisio Miguel e Miriam Selma Miguel próximo ao portão da casa da namorada, na zona Sul de São Paulo, quando foi surpreendido por disparos feitos pelo sogro, Paulo Cupertino Matias. Eles haviam ido até o local na tarde do último domingo para conversar com a família dela sobre o relacionamento dos dois, que não seria aceito por Matias. Ao encontrá-los conversando com sua esposa, Matias começou a atirar sem dizer nenhuma palavra, informa o boletim de ocorrência registrado na polícia. Rafael e os pais morreram no local. O autor dos disparos (que já tinha passagem pela polícia por roubo, lesão corporal e ameaça) fugiu após o crime e ainda segue foragido.

Não demorou para que o caso ganhasse uma robusta repercussão nas redes sociais. Nas postagens, internautas apoiavam-se neste crime para criticar a política de liberação de armas defendida pelo presidente ultradireitista Jair Bolsonaro, antes mesmo de saber mais detalhes do crime ou a procedência da arma. “Não é todo mundo que tem estrutura emocional para ter uma arma em casa“, comentou um usuário do Twitter. “Ainda tem gente que defende a liberação de armamento pesado para a população. O povo está perdendo a noção“, opinava outro internauta, entre dezenas de postagens que em geral traziam a preocupação de casos como este. Neste caso específico, especialistas apontam que armar a população não garante redução da violência.

Saiba mais:
Como era o Brasil antes do Estatuto do Desarmamento?
O retorno da popularização das armas de fogo no Brasil
Estudos revelam: quanto mais armas, mais mortes

Para o sociólogo Ignácio Cano, o problema é que essa guerra de narrativas ideológicas que colocam casos isolados no centro do debate encontra um contexto no Brasil, mas também em outros países, de se implementar políticas públicas mais baseadas nos “achismos” e nas posições individuais do que propriamente em estudos e pesquisas que apontem a probabilidade de eficácia das medidas.

Trump, nos Estados Unidos, também segue essa lógica quando se posiciona sobre os imigrantes. São ditas coisas que nunca chegam a ser cientificamente demonstradas. Você tem autoridades públicas com um discurso que não tem nada a ver com as burocracias do estado. O importante é se você concorda ou não com determinada política“, explica. Para ele, esse tipo de estratégia, na qual se coloca casos de grande repercussão no centro do debate de políticas públicas, tem função muito mais de retórica ideológica do que de contribuir de fato para ações construtivas na área de segurança, diz.

Leia também:
Como diferenciar a direita da esquerda?
O racismo na direita e na esquerda
Ariano Suassuna: Esquerda e Direita
Sobre ser de ‘direita’ ou de ‘esquerda’, no Brasil e no mundo…
Três razões para nunca dizer “nem esquerda, nem direita”
O esquerdista fanático e o direitista visceral: dois perfeitos idiotas

Siga-nos no InstagramTwitter | Facebook

O post Grupos de direita e esquerda usam 2 crimes sórdidos para acentuar a polarização política apareceu primeiro em Pragmatismo Político.

Bancada do PSL convoca e desconvoca Glenn Greenwald no mesmo dia

$
0
0
deputado daniel silveira glenn greenwald
O deputado federal Daniel Silveira (PSL-RJ) (Imagem: Câmara dos Deputados)

O deputado federal Daniel Silveira (PSL-RJ) protagonizou uma cena tragicômica na tarde desta quarta-feira (12) na Comissão de Segurança Pública da Câmara dos Deputados.

O parlamentar, que ficou famoso por quebrar uma placa de Marielle Franco, apresentou um requerimento para a convocação do jornalista Glenn Greenwald para prestar esclarecimentos sobre as conversas publicadas pelo site The Intercept Brasil entre o ex-juiz Sérgio Moro e os procuradores da República que atuam no âmbito da Operação Lava Jato.

Alguns minutos depois, porém, o próprio Silveira mudou de ideia sobre o requerimento. O motivo? Os deputados da oposição presentes na comissão apoiaram a convocação de Greenwald sem ressalvas.

Ao perceber que tinha feito besteira, Daniel Silveira tentou retirar de pauta o requerimento, mas não conseguiu. O deputado bolsonarista Luís Miranda (DEM-DF) disse que estava em outra comissão e foi chamado para “salvar” Daniel Silveira.

Miranda resumiu a confusão ao dizer que os deputados planejavam votar a favor da convocação de Greenwald, mas que “se a esquerda gostou, é porque é ruim”, passando então a defender a retirada. A situação gerou constrangimentos e também gargalhadas na sessão.

A presidência da Comissão chegou a avisar que iria abrir a votação, mas o deputado Daniel Silveira (PSL) foi salvo pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que abriu a ordem do dia no plenário. Com isso, todas as comissões precisam encerrar os trabalhos.

Ao declarar apoio ao requerimento, a deputada oposicionista Perpétua Almeida (PCdoB) disse, sorrindo: “voto com o meu grande amigo Daniel Silveira”.

“Olha, um membro do governo queria trazer o jornalista Glenn para cá. No final das contas, eles se deram conta de que isso não era bom para o governo porque o jornalista ia falar das traquinagens do Moro. E nós queríamos votar, mas eles não deixaram. A gente queria apoiar, pasmem, um membro do governo”, explicou a deputada.

“A bancada do PSL protagonizou mais um papelão. Apresentou requerimento para convocar Glenn Greenwald à Câmara mas, percebendo que apoiamos a iniciativa, decidiram retirar às pressas. Eles têm medo do quê?”, questionou a deputada Sâmia Bomfim.

O erro de estratégia do deputado Silveira também virou piada nas redes sociais. “Um dos momentos mais patéticos da semana (ou do mês ou do ano): deputados bolsonaristas apresentam requerimento para convocar @ggreenwald para prestar depoimento. A esquerda apoia a ideia. Aí os caras se dão conta de que dariam voz ao jornalista e retiram a proposta”, escreveu o cineasta Pablo Villaça.

Ao saber da trapalhada, o jornalista Glenn Greenwald se manifestou através de um vídeo:

Daniel Silveira (esq)

Siga-nos no InstagramTwitter | Facebook

O post Bancada do PSL convoca e desconvoca Glenn Greenwald no mesmo dia apareceu primeiro em Pragmatismo Político.

Greve Geral: No Paraná, mais de 25 cidades irão paralisar nesta sexta

$
0
0
A greve geral convocada para esta sexta-feira, 14 de junho (#14J), promete mobilizar diversos setores. Um dos tidos como fundamentais para a paralisação é o dos transportes. Rodoviários, metroviários e ferroviários de quinze capitais prometem paralisar neste dia.
No país, existem atos marcados em mais de 170 cidades. No Paraná, mais de 25 cidades terão mobilizações, promovidas pelo movimento estudantil e pelas centrais sindicais Intersindical, Conlutas, CUT, CTB, CGTB, UGT, Nova Central, Força Sindical e Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB), com apoio das Frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular.
Tem como bandeiras a luta contra a reforma da previdência, em defesa da educação e por mais empregos. Acompanhe abaixo a lista de parte das cidades no Paraná em que ocorrerão mobilizações:
CURITIBA: 11h – Centro Cívico, 14h – Praça Santos Andrade e Encerramento na Boca Maldita
APUCARANA: 15h30 – Platô da Praça Rui Barbosa
BARRACÃO: 09h – Fronteira de Barracão com município de Dionísio
CAPANEMA: 10h45 – Passeata, saída da Câmara de Vereadores de Capanema
CASCAVEL: 9h – Catedral Nossa Senhora da Aparecida
CIANORTE: 15h – Praça Moraes de Barros
CORONEL VIVIDA: 09h – Praça Central
FOZ DO IGUAÇU: A partir das 7h – Zoológico Bosque Guarani
FRANCISCO BELTRÃO: 9h – Calçadão
GUARAPUAVA: 09h – Concentração Praça 9 de Dezembro
IRATI: 11h30h às 15h30 – panfletagem e conversa com a população. Locais: supermercado Cavalin e Super New; Acome; Yazaki; Fósforo (bairro e fábrica); Rio Bonito (UBS); Gutierrez e Riozinho (entrada da Unicentro) / 17h30 – Vigília 14 de Junho – em defesa dos direitos sociais, na Rua da Cidadania.
JACAREZINHO: 08h30 – Concentração: Fafija
LONDRINA: 9h – Avenida Leste/Oeste em frente ao Terminal Urbano / 17h – Calçadão em frente às Lojas Pernambucanas
MARECHAL CÂNDIDO RONDON: 16:30 – Praça Willy Barth
MARINGÁ: 8h – Praça Raposo Tavares
MARIALVA: 09h – Praça Santos Dumont
NOVA PRATA DO IGUAÇU: 09h – Praça da Igreja Matriz
PARANAGUÁ: 9h – Praça Fernando Amaro / 19h Aula Pública na Unespar
PATO BRANCO: 16h – Concentração na Praça Presidente Vargas / 18h – Ato Político
PITANGA: 14h – em frente à Prefeitura Municipal
PONTA GROSSA: 9h e 16h30 – Praça Barão de Guaraúna (Igreja dos Polacos)
REALEZA: 8h – Praça Central
TELÊMACO BORBA: 9h – Praça Cultura
TOLEDO: 8h30 e 15h30 – Prefeitura Municipal de Toledo
UMUARAMA: 8h30 – Praça Miguel Rossafa / 11h30 – Passeata pelo Centro da cidade
*João Miranda é professor de história. Email: recapiari636@gmail.com
Acompanhe Pragmatismo Político no InstagramTwitter e no Facebook

O post Greve Geral: No Paraná, mais de 25 cidades irão paralisar nesta sexta apareceu primeiro em Pragmatismo Político.

“El Odio”, o documentário que desperta uma imensa vergonha do Brasil

$
0
0
El Odio documentário vergonha do Brasil pt lula dilma corrupção

Luis Nassif, Jornal GGN

El Odio”, um documentário arrasador, de Andrés Sal-lari, sobre o longo processo do impeachment de Dilma Rousseff, a prisão de Lula e a eleição de Jair Bolsonaro.

Assisti-lo desperta os sentimentos mais ambíguos, uma imensa vergonha do Brasil, dos deputados que votaram pelo impeachment, da tibieza do Supremo Tribunal Federal, do papel indecente da mídia no período.

A visão de animais urrando na Câmara, enquanto votavam pelo impeachment, o ar solene dos apresentadores do Jornal Nacional, transformando a pantomima do Power Point em denúncia escandalosa, todos esses pontos, quando reunidos em um documentário, traçam um quadro dantesco.

E, no contraponto, o martírio de Lula. Sim, conseguiram erigir Lula ao panteão dos grandes mártires do século 20, para desgosto de Fernando Henrique Cardoso, que passará à história como o Salieri de folhetim.

Conseguiram o botim do momento, o poder. Com ele, o desmonte de qualquer forma de regulação, ambiental, social, controle de armas, de velocidade no trânsito.

Tudo isso em nome de uma bandeira empunhada por um juiz que atuava politicamente.

À medida em que os fatos vão sendo, finalmente, assimilados pela opinião pública, avalia-se a dimensão do estrago que a operação causou ao país. Nos próximos meses, essa conta será cobrada duramente de seus principais estimuladores.

Leia também:
Netflix divulga trailer de “Democracia em Vertigem” e deixa a internet em alvoroço
Moro, Dallagnol e o que a história nos ensina sobre heróis
10 pontos para entender a gravidade da relação entre Moro e Dallagnol
Em qualquer outro país seria um escândalo para o ministro renunciar, diz professor da FGV

Siga-nos no InstagramTwitter | Facebook

O post “El Odio”, o documentário que desperta uma imensa vergonha do Brasil apareceu primeiro em Pragmatismo Político.


Empresas brasileiras contrataram disparos pró-Bolsonaro no WhatsApp

$
0
0
Empresas brasileiras contrataram disparos pró-Bolsonaro no WhatsApp
Jair Messias Bolsonaro (Imagem: Marcos Corrêa | PR)

Empresas brasileiras de diferentes tipos, como açougues, lavadoras de carros e fábricas compraram pacotes de disparo de mensagens em massa via WhatsApp de uma agência de marketing espanhola em 2018, para impulsionar a campanha eleitoral do então candidato à presidência da República e hoje presidente Jair Bolsonaro.

Ao todo, o serviço contratado de forma online por meio de um software era capaz de disparar até 20 mil mensagens políticas por hora.

As informações são do jornal Folha de S.Paulo desta terça-feira (18). De acordo com a reportagem, não há evidências de que a campanha de Bolsonaro soubesse que as contratações estavam ocorrendo. Procurado, o Palácio do Planalto afirmou que não vai comentar o assunto.

O jornal teve acesso a conversas em áudio em que o dono da empresa Enviawhatsapp, Luis Novoa, fala sobre o uso político do serviço de mensagens no Brasil. Ele afirmou ter descoberto a situação depois de ter linhas telefônicas cortadas pelo Whatsapp, sob alegação de mau uso. O Whatsapp confirmou o bloqueio das linhas e a notificação judicial à empresa espanhola.

Eles contratavam o software pelo nosso site, fazíamos a instalação e pronto […] Como eram empresas, achamos normal, temos muitas empresas [que fazem marketing comercial por WhatsApp]”, afirma o espanhol, na gravação.

Mas aí começaram a cortar nossas linhas, fomos olhar e nos demos conta de que todas essas contratações, 80%, 90%, estavam fazendo campanha política”, completa o empresário espanhol, na conversa reproduzida pela reportagem da Folha.

Saiba mais:
As 10 notícias falsas mais populares da eleição são a favor de Bolsonaro
Fraude eleitoral de Bolsonaro é destaque na imprensa internacional
Por dentro do esquema do WhatsApp que elegeu Bolsonaro
E se o WhatsApp deixasse de funcionar no domingo de eleição?

Pela legislação brasileira, apenas partidos, coligações, candidatos ou seus representantes podem contratar serviço de impulsionamento na internet e, mesmo assim, diretamente por meio da ferramenta responsável pelo serviço, cujo provedor deve ter sede e foro no Brasil.

A doação de dinheiro de pessoas jurídicas para campanhas também é proibido no país.O caso revela a dificuldade de mapear e contabilizar gastos de campanha feitos por terceiros em favor de um candidato.

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) investiga o uso ilegal de mensagens instantâneas nos aplicativos de conversas via internet contra a campanha do candidato do PT à presidência na última eleição, Fernando Haddad, mas até o momento ninguém foi ouvido.

Leia também:
A eleição do Bolsonaro foi legítima!
Às vésperas da eleição, Jair Bolsonaro começa a rever promessas eleitoreiras

Congresso em Foco

Siga-nos no InstagramTwitter | Facebook

O post Empresas brasileiras contrataram disparos pró-Bolsonaro no WhatsApp apareceu primeiro em Pragmatismo Político.

Carla Zambelli pede áudios a Glenn Greenwald e recebe resposta indigesta

$
0
0
Glenn Greenwald Carla Zambelli
Glenn Greenwald e Carla Zambelli (PSL-SP)

O jornalista Glenn Greenwald enfrentou tentativas de intimidação de parlamentares partidários do governo Jair Bolsonaro (PSL), em sessão hoje (25) na Câmara dos Deputados, em audiência na Comissão de Direitos Humanos e Minorias.

Glenn falou sobre o escândalo conhecido como Vaza Jato, que revelou relações promíscuas entre o ministro Sergio Moro e procuradores do Ministério Público que atuavam na Operação Lava Jato.

Na época, Moro era juiz de primeira instância em Curitiba e se empenhou em conduzir a acusação contra Lula, para depois julgá-la, ferindo princípios legais.

No início, a audiência com o jornalista foi marcada pela ausência de deputados da base de apoio do governo, que dá apoio a Moro e a Lava Jato. Já depois de mais de duas horas, três bolsonaristas chegaram.

Eles atacaram Glenn com temas diversos. Disseram que ele era criminoso, deveria ser preso, chamaram de militante, de aliado da Rússia, do Ebay, entre outras.

Por fim, os parlamentares bolsonaristas pediram “provas” do conteúdo, exigiram “áudios que comprovassem” as acusações. Quem cobrou áudios foi a deputada Carla Zambelli (PSL-SP).

O jornalista, que é norte-americano, vencedor das mais altas honrarias da profissão, como os prêmios Pulitzer e o Esso, respondeu firme, mas calmo para também não errar no português.

“Jornalista não recebe ordem do governo de como se reportar. Não recebe ordem de nenhum partido, muito menos do seu. Jornalistas, em democracia, não entregam material para polícia. Fazemos o que jornalistas fazem em uma democracia. Nós vamos divulgar os áudios, quando estiverem jornalisticamente prontos, e você vai se arrepender muito de ter pedido isso!”

Após a resposta direta de Glenn, Carla Zambelli. se retirou da sala.

VÍDEO:

Outra que atacou Glenn foi a Policial Kátia Sastre (PR-SP). Ela também reforçou que o jornalista deveria ser preso por “divulgar conteúdos de hackers”. Glenn respondeu com muito mais ponderação do que a exaltada ex-policial militar de São Paulo. Infelizmente, ela estava o tempo todo no celular e não escutou devidamente o jornalista.

“Agradeço a deputada do governo, mas ela está no telefone”, reclamou. “Pelo menos ela teve coragem de vir falar na minha cara, ao contrário da grande maioria dos membros do partido que estão escondidos atrás dos computadores. Ela me acusou de ser criminoso, disse que eu deveria sair preso daqui. Mas o que falta no discurso dela? Evidências, uma acusação. Não tem. Tem apenas a tática da intimidação”, completou.

Ao vivo:

RBA

Siga-nos no InstagramTwitter | Facebook

O post Carla Zambelli pede áudios a Glenn Greenwald e recebe resposta indigesta apareceu primeiro em Pragmatismo Político.

Deputada bolsonarista pede a prisão de Glenn e toma invertida do jornalista

$
0
0
Glenn Greenwald Kátia Sastre
Glenn Greenwald e Kátia Sastre (Imagem: Vinicius Loures/Câmara dos Deputados)

O jornalista Glenn Greenwald foi ofendido pela deputada federal Kátia Sastre (PL-SP) nesta terça-feira (26) durante audiência pública que discutia os diálogos vazados entre Sergio Moro e os membros da força tarefa da Lava Jato.

Em tom raivoso, Kátia acusou Greenwald de atuar em conjunto com hackers de uma organização criminosa. Além disso, defendeu a conduta do ministro da Justiça, Sergio Moro.

“Querem julgar e incriminar um ministro que tem uma postura perfeita, de um juiz que é ímpar. É uma afronta para o povo brasileiro. Quem deveria ser julgado, condenado e sair preso é o jornalista”, disparou Kátia, que é ex-policial militar.

A declaração de Kátia provocou reações de outros parlamentares e uma confusão se instalou na audiência. No entanto, a resposta de Glenn Greenwald foi uma lição de civilidade e elegância.

A princípio, Glenn chamou a atenção para o fato de a deputada estar no telefone durante a sua resposta. “Infelizmente ela está no telefone e não pode me ouvir”.

“Mas pelo menos ela [Kátia] teve coragem de expressar acusações graves na minha cara”, continuou Glenn, em referência à ausência de boa parte dos bolsonaristas na sessão.

SAIBA MAIS: Vice-líder de Bolsonaro pede a deportação de Glenn Greenwald

“Todos que estão aqui, independentemente da ideologia, perceberam que ela fez muitas acusações graves contra mim. Que cometi crimes, que devo sair preso quando eu sair daqui. Mas o que está faltando no discurso dela? Faltam evidências; uma acusação específica. Ela só tem táticas de intimidação”, acrescentou.

Glenn prosseguiu, olhando fixamente para a deputada: “Eu gostaria de falar diretamente para vossa excelência, que continua no telefone após me acusar de crimes, e não está me ouvindo, que ninguém tem medo dessas táticas”.

“Temos uma redação no Rio de Janeiro cheia de jornalistas. E eles estão ouvindo essas ameaças. E sabe o que eles estão fazendo? Eles continuam reportando. E é exatamente isso que eles vão continuar fazendo. Sabe por que? Porque todo mundo sabe que vossa excelência não tem evidência nenhuma para me acusar”, continuou o jornalista.

Neste momento, Kátia Sastre larga o telefone e, nervosa, tenta interromper a fala de Glenn. Assista:

Glenn Greenwald também foi ofendido pela deputada Carla Zambelli (PSL-SP). VEJA AQUI.

Siga-nos no InstagramTwitter | Facebook

O post Deputada bolsonarista pede a prisão de Glenn e toma invertida do jornalista apareceu primeiro em Pragmatismo Político.

Polícia Federal descobre plano contra a deputada Talíria Petrone (PSOL)

$
0
0
polícia federal Talíria Petrone
Marielle Franco e Talíria Petrone (reprodução/twitter)

Samanta do Carmo, Congresso em Foco

Depois de investigar denúncias, a Polícia Federal descobriu em abril conversas na chamada Dark Web ou Deep Web em que os envolvidos tratavam, desde 2018, de ameaças de morte e planos contra a deputada federal Talíria Petrone (PSol-RJ).

A informação foi divulgada nesta quinta-feira (27) pela assessoria do partido na Câmara. De acordo com a nota, a própria PF entrou em contato com a polícia legislativa e com o presidente da casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ) para sugerir proteção policial para a deputada, que está em seu primeiro mandato.

Talíria já foi vereadora na cidade de Niterói (RJ) e já tinha recebido ameaças pelas redes sociais, mas o caso investigado pela PF é, segundo ela, o de maior gravidade e o primeiro depois que ela assumiu o posto no Legislativo federal.

“Desde o mandato de vereadora a agente já viveu muitas situações de ameaças seja na internet até no período da campanha para deputada, quando teve gente armada na porta do comitê”, relata Talíria Petrone.

A deputada está sendo acompanhada por agentes da polícia legislativa em todos os lugares nos quais circula em Brasília. Como o caso está sob sigilo, ela não deu informações detalhadas, mas confirmou que as conversas faziam comparações dela com sua colega de partido Marielle Franco, vereadora do Rio de Janeiro, assassinada em 2018 junto com seu motorista, Anderson Gomes.

O presidente da Câmara também entrou em contato com o governo do Rio de Janeiro solicitando que o estado garantisse proteção para a parlamentar quando ela estiver no Rio de Janeiro. De acordo com o PSol, dois ofícios foram enviados, em 23 de abril e 10 de maio, mas ainda não foram respondidos.

A falta de retorno do governo estadual foi um dos motivos para que a deputada tornasse a situação pública. A bancada do partido na Câmara também encaminhou ofício para o Executivo estadual pedindo providências para garantir a segurança de Talíria.

A deputada comenta que quando esteve na Polícia Federal, foi informada que a escolta por longos períodos não é atribuição da PF, mas das polícias estaduais.

“A gente tem limitado algumas agendas, mas isso fica muito complicado porque nosso mandato é muito territorial, temos isso como essência do mandato, circular nos territórios e fazer agendas nas praças, então temos limitado agenda e andado com carro blindado”, afirma a deputada. As investigações seguem em curso.

Em nota, o Governo do Rio de Janeiro afirmou que o pedido de escolta pessoal apresentado por Talíria será encaminhado à PF.

O governo acrescentou que “a parlamentar tem direito à proteção da Polícia Militar do Rio de Janeiro quando estiver no estado em missão oficial, assim como outras autoridades”, mas lembrou que esse “pedido deve ser solicitado com até 48h de antecedência, para ser autorizado pelo governador”.

Siga-nos no InstagramTwitter | Facebook

O post Polícia Federal descobre plano contra a deputada Talíria Petrone (PSOL) apareceu primeiro em Pragmatismo Político.

Três histórias reais e uma despedida

$
0
0

Foto da greve no Paraná de 2015

Era fim de tarde e o vento frio agitava as árvores da praça. Os carros uivando na avenida, no limite da calçada. Alguns aposentados conversavam calmamente perto da fonte desativada, enquanto observavam com um olhar distraído as pessoas em suas bicicletas pedalando pela ciclovia. Como acontece em muitas cidades pequenas, nesta do oeste do Paraná tudo parece seguir um ritmo mais lento. Eu estava do outro lado da rua, defronte à praça, observando a cena que mais parecia uma fotografia amarelada encontrada no fundo de um baú, quando vi um rapaz que caminhava em passos descalços na calçada paralela à praça. A sujeira da cidade tinha se plantado no solo dos seus pés e criado raízes escuras. A calça pertencia a um corpo maior, o moletom encardido a braços mais curtos. Segurava com a mão esquerda uma embalagem amassada com comida. A mão direita se mantinha no bolso, os braços firmes contra o corpo num movimento intuitivo para se esquentar. Ele me viu postado do outro lado da rua e sorriu, acenando com a cabeça. Acenei de volta, apesar de não o conhecê-lo.

Tudo isso aconteceu em um minuto. Um minuto de Brasil, alguém diria. Quis compartilhar esse minuto, transformando-o em palavra. O nosso tempo tem sido atravessado de grandes acontecimentos. Às vezes, de grandes tragédias. Aparentemente, as gerações pós-industriais acreditam cada uma delas estar vivendo um grande acontecimento. E todas estão certas, talvez. Numa época em que o adjetivo “histórico” é reivindicado antes de o dia acabar, gostaria de registrar aqui esse minuto de desacontecimento, mesmo que as palavras, nas minhas mãos, não sejam suficientes para dar conta do movimento da vida. E com essa pequena história gostaria de me despedir desta coluna. Após escrever dezenas de artigos sobre “grandes fatos”, gostaria de encerrar essa trajetória com um desacontecimento.

Leia outras colunas de João Miranda

Neste momento, centenas de pessoas no Paraná se preparam para se reunir em Curitiba em uma grande manifestação. Em torno de 27 categorias, com destaque para professoras e professores, estão em greve neste Estado por conta da série de ataques à direitos históricos e arduamente conquistados promovido pelos governos anteriores e pelo atual, de Ratinho Jr. (PSD).

Entraram de greve na última terça-feira (25), por tempo indeterminado, para exigir o fim do congelamento dos salários e a retirada do Projeto de Lei Complementar 4/2019 que, além de manter os salários congelados, põe fim as progressões, dentre outros retrocessos. As servidoras e servidores do Estado estão desde 2016 sem reajuste salarial, e a defasagem já ultrapassa os 17%.

Está na baila da vez também a Lei Geral das Universidades, apresentada pelo Governo Ratinho, que promove uma miríade de retrocessos, especialmente no tocante a verba de custeio e gestão de pessoal. Se aprovada, como quer o governo do Estado à toque de caixa, estrangulará ainda mais o orçamento das universidades estaduais do Paraná – o que vem ocorrendo desde os governos de Beto Richa (PSDB) – como também poderá promover demissões em massa de funcionários e professores universitários efetivos e temporários.

Por isso e muito mais que centenas de trabalhadoras e trabalhadores estão em greve e irão às ruas de Curitiba na próxima segunda-feira (1), quebrando o discurso do governo que insiste em dizer que a greve não tem adesão.

É também com esse acontecimento que gostaria de encerrar esta coluna. Nestes três anos, busquei nesta coluna jogar luz nos cantos escuros dos acontecimentos e me esforcei, principalmente, em qualificar a discussão adotando argumentos baseado em fatos comprováveis e verificáveis. É fundamental, para além de discordar ou concordar, basear-se em argumentos baseados em verdades que têm o seu valor definido por sua ligação com os fatos.

— Fatos! — dizia expansivamente a bibliotecária de minha cidade natal, recordo-me agora. — Aonde estão os fatos? — questionava segurando com a mão esquerda erguida O Popular, jornal de maior circulação em Goiás. Na época em que eu era garoto e frequenta a biblioteca pública da cidade, ela era uma mulher alta, de uns trinta anos. Seus cabelos negros eram naturalmente ondeados, e formavam uma moldura elegante para um rosto inteligente e decidido. Tinha os olhos castanhos, muito vivos. Não usava pintura e vestia-se com simplicidade. Habituada ao ambiente sossegado de uma biblioteca, ela sempre fazia gestos extravagantes, como aquele que fez com o jornal. — Aqui é preciso agitar as coisas sempre — ela justificou uma vez, rindo alto.

Compartilho essa memória pessoal para dizer que aprendi muito neste tempo aqui com vocês. E agradeço – profundamente – pelo tempo que cada um me deu ao ler esta coluna, sei o quanto esse gesto é largo. Agradeço, ainda, todo o carinho da equipe editorial do Pragmatismo Político. Decidi me despedir daqui. E buscar novos desafios.

*João Miranda é professor de história. Email: recapiari636@gmail.com

Acompanhe Pragmatismo Político no InstagramTwitter e no Facebook

 

 

O post Três histórias reais e uma despedida apareceu primeiro em Pragmatismo Político.

Viewing all 1077 articles
Browse latest View live