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Richa tem pedido de liberdade negado e continuará preso

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João Elter Borges Miranda*, Pragmatismo Político

O desembargador Laertes Ferreira Gomes, do Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR), negou agora à noite habeas corpus para libertar o ex-governador Beto Richa (PSDB), preso nesta terça (11) em uma operação do Gaeco (Grupo de Atuação de Combate ao Crime Organizado), do Ministério Público do Paraná.

A prisão cautelar de Richa se deu em razão de investigação pela prática de crimes de organização criminosa, fraude à licitação, corrupção ativa e passiva, e lavagem de dinheiro, ocorridos entre os anos de 2011 e 2013.

O pedido de habeas foi entregue no mesmo dia de sua prisão e tinha a assinatura de oito advogados. No documento, eles alegavam constrangimento ilegal ocorrido pela prisão preventiva.

Leia aqui a íntegra do habeas corpus negado

Ferreira Gomes negou o habeas, mas acolheu pedido da defesa para transferir o ex-governador e a mulher dele, Fernanda Richa, do Complexo Médico-Penal (CMP), em Pinhais, na Região de Curitiba, para o Regimento da Polícia Montada, no bairro Tarumã, também em Curitiba.

Além de Richa e sua esposa, foram presos todo o alto escalão do seu governo (principais assessores e secretários), pelas operações da Lava Jato e Patrulhas Rurais, que ocorreram nessa mesma terça, tendo como alvo tais membros do tucanato paranaense. Ou seja, um verdadeiro furacão varreu todo o núcleo do governo Richa.

O ex-governador está envolvido em tantas denúncias sérias e graves, que foi até difícil para a imprensa entender por qual das acusações ele estava sendo preso. Levou um tempo até entender que não tinha nada a ver com a Lava Jato, a qual prendeu o braço direito de Richa, Deonilson Roldo, ex-secretário de Comunicação e ex-chefe de gabinete nos governos do tucano.

Considerado pelos corredores do Palácio Iguaçu como o “primeiro-ministro” do Executivo estadual durante as gestões de Richa, Roldo é acusado de coordenar de forma oculta a campanha para o senado do tucano.

O Gaeco, que prendeu Richa, investiga irregularidades no programa Patrulha do Campo, que faz manutenção em estradas rurais. Já a Lava Jato investiga os crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e fraude às licitações, que teriam favorecido a empresa Odebrecht.

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“As provas indicaram ainda que, após uma primeira reunião, Roldo voltou a se encontrar com executivos da empresa [Odebrecht], informando que a ajudaria ilegalmente na licitação [para exploração e duplicação da PR-323], mas para isso contava com o auxílio da empresa na campanha do governador daquele ano de 2014. Desta maneira, segundo as evidências, ele solicitou propinas para vender atos praticados no exercício de sua função pública, com o pretexto de que supostamente elas seriam usadas em campanha”, afirma a Lava Jato, assinada por Moro.

Constatou-se sofisticados métodos de lavagem de dinheiro, envolvendo contas no Brasil e no exterior. Por isso, a liberdade dos réus foi considerada como risco a ordem pública.

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*João Elter Borges Miranda é professor de história formado pela Universidade Estadual de Ponta Grossa e milita na Frente Povo Sem Medo e Intersindical.

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Elas sim. Ele não.

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João Elter Borges Miranda*, Pragmatismo Político

O general da reserva Hamilton Mourão (PRTB), candidato a vice-presidente na chapa de Jair Bolsonaro (PSL), disse nesta segunda-feira, 17, que famílias pobres “onde não há pai e avô, mas, sim, mãe e avó” são “fábricas de desajustados” que fornecem mão de obra ao narcotráfico.

“A partir do momento em que a família é dissociada, surgem os problemas sociais. Atacam eminentemente nas áreas carentes, onde não há pai e avô, mas, sim, mãe e avó, por isso é fábrica de elementos desajustados que tendem a ingressar nessas narcoquadrilhas”, disse ele, em São Paulo, durante palestra a empresários.

Bolsonaro, por sua vez, defende que mulher tem que receber salário menor, porque pode engravidar. Ele foi capaz de defender a redução da licença maternidade, de 120 dias, um direito garantido pela Constituição de 1988. Apesar de ter casa própria, recebe auxílio-moradia e diz que usava o dinheiro “para comer gente”.

Em 2014, Bolsonaro afirmou que Maria do Rosário não merece ser estuprada porque ele a considera “muito feia”.

A lista de monstruosidades semânticas é longa. Bolsonaro e seus aliados adotam a violência como modus operandi. “Se querem usar a violência, os profissionais da violência somos nós”, disse Mourão à revista Crusoé, após o ataque à faca contra o candidato em Minas, em 6 de setembro. Na mesma linha, disse Eduardo Bolsonaro, um dos filhos do candidato: “Tem que botar um cara faca na caveira para ser vice”. Botaram.

No dia seguinte ao atentado, enquanto Bolsonaro estava na cama de um hospital do SUS, sistema público de saúde que ele não se esforça para defender, o seu vice “faca na caveira” enalteceu o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, um dos mais conhecidos assassinos e torturadores da ditadura civil-militar (1964-85).

Sempre vale lembrar um dos vários casos de tortura executado por Brilhante Ustra. Um deles é relatado pela vítima, Amélia Teles, presa nos porões do regime. Amelinha, como é mais conhecida, conta que o torturador levou os filhos dela para que vissem a mãe torturada. Seus filhos tinham quatro e cinco anos e viram a mãe nua, vomitada e urinada, sentada na “cadeira do dragão” (instrumento de tortura utilizado na ditadura parecido com uma cadeira em que a pessoa era colocada sentada e tinha os pulsos amarrados e sofria choques em diversas partes do corpo com fios elétricos). A menina perguntou: “Mãe, por que você está azul?”. Estava assim por conta dos choques que Brilhante Ustra infringiu em várias partes do corpo dela, dentre elas nos seios e na vagina. É esse o homem homenageado por Bolsonaro e seu vice, o que revela a faceta mais drástica deles e de seus eleitores.

Essas e outras manifestações da chapa Bolsonaro-Mourão são, no mínimo, estarrecedoras. Revelam que na lógica de guerra perpetrada por eles o inimigo não é outro exército, mas a parcela da população brasileira que discorda deles. Dessa forma, Bolsonaro e seus aliados destilam ódio, alimentam a cultura de estupro e atacam mulheres, negros e LGBT.

Não à toa a rejeição do eleitorado feminino ao candidato, refletida em todas as pesquisas, chegou a 49% no Datafolha do dia 10 de setembro. Além disso, materializou-se nos últimos dias em um grupo massivo de debate político no Facebook. O “Mulheres Unidas contra Bolsonaro” recebe milhares de pedidos de participação por minuto e conta com quase dois milhões de usuárias da rede social.

No dia 29 deste mês, as manifestações de repúdio ao Bolsonaro irão das ruas de bytes para as de asfalto. Em muitas cidades do país foram marcados protestos nesse dia e nos decorrentes.

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Na cidade onde moro, conhecida como a capital da “reaçolândia”, haverá também protesto contra o avanço do fascismo no país. Será a I Marcha Antifascista da cidade, organizado pela Frente Ampla Antifascista (Antifa). A Frente é uma das inúmeras organizações antifas pelo mundo, composta por uma gente boa e de garra com a coragem de lutar contra o avanço do fascismo.

Essa luta, que conta com grande protagonismo das mulheres, é fundamental, já que, se o mundo vive uma onda ultraconservadora, reacionária e de extrema-direita, o nosso país parece estar na crista dela. Tudo indica que as cruzadas dos “profissionais (e amadores) da violência” se tornarão cada vez mais frequentes Brasil afora – em novas e ferozes versões. Com a chegada do dia das votações, a temperatura da campanha sobe intensamente e a liberdade ideológica e de expressão determinada pela Constituição está sendo ainda mais solapada na prática do dia a dia.

Reflexo disso é o fato de o grupo “Mulheres Unidas contra Bolsonaro” estar sendo alvo de uma escalada de ataques cibernéticos, com casos de ameaça direta às moderadoras, troca do nome da mobilização, mudado para um de teor a favor do militar reformado de ultradireita, entre outros ataques.

Mas, organizadas, as mulheres avançam. A campanha “ele não” está tomando o país. Como bem lembrou uma camarada no facebook, a Revolução Russa e a Greve Geral de 1917/Brasil começaram com as mulheres; e agora a derrota do Bolsonaro também.

#EleNao #EleNunca #EleJamais

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*João Elter Borges Miranda é professor de história formado pela Universidade Estadual de Ponta Grossa e milita na Frente Povo Sem Medo, Frente Ampla Antifascista e Intersindical.

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Deslumbramento

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deslumbramento eleições minorias excluídos cotas imigrantes

Eduardo Bonzatto*, Pragmatismo Político

Certa vez uma emissora norte-americana, estarrecida com o fenômeno Trump (que acabara de ser eleito, contra a maioria das pesquisas que colocavam a candidata Clinton como favorita) resolveu ir às ruas em estados e cidades onde tiveram os resultados mais surpreendentes para buscar um melhor entendimento sobre o fato. Durante as entrevistas um novo fato foi estarrecedor: o alto número de imigrantes ou cidadãos de origem latina e do Oriente Médio que assumidamente votaram em Trump e mantiveram um discurso de defesas de seus ‘projetos’ sobre protecionismos nacionalistas, muros e deportações. Ciente deste fato, o entrevistador diante de um cidadão de origem latino-americana indaga de forma enfática: ‘mas o senhor apoia a construção de muros mesmo sendo originário de outro país da América latina?’

E este cidadão retrucou: ‘claro!’.

Então o repórter insistiu: ‘mas você é latino’.

Entretanto, para encerrar o assunto, o entrevistado finalizou: ‘não, agora eu tenho green card’.”

Em outros termos, o entrevistado diz: agora não quero fazer parte dos excluídos, quero fazer parte dos que excluem. Assim, sinto-me fazendo parte de uma maioria que reforça em mim um gozo que pressupõe uma fantasia de dominação.

Inevitavelmente esta reportagem me lembrou a célebre frase de Paulo Freire dizendo que “quando uma educação não é libertadora (em minha interpretação, que possibilite maiores saídas pulsionais sublimatórias) o objetivo do oprimido é se tornar opressor’.

Tais votos, em sua grande maioria, não se referem a projetos econômicos, de investimento e de estrutura social (e nem haveriam de ser). Em sua grande maioria são sobre afetos, pulsões e gozos que encontram vazão e representação em uma narrativa (mais repressiva ou sublimatória).

Cada um vota com o afeto que lhe causa.

Do ponto de vista da perversão, o nacionalismo é uma categoria muito fértil politicamente. Nos USA, a legitimação de aproximadamente 50% para este aspecto do discurso aponta um desejo e gozo social forte.

A qualidade do discurso que legitimas ou que propagas não refletem apenas o conteúdo mais perverso ou sublimatório do discurso, mas revelam ao outro um gozo perverso e um desejo mascarado que encontra refugio e morada no discurso repressivo. Tal fenômeno pode ser reflexo de alguma estrutura psíquica ou apenas da precariedade simbólica e ignorante que se alastra nas sociedades.

Mais do que ver política como o sintoma do povo, podemos vê-la como o gozo do povo. O que nos mostra que se vê o outro ainda como resto a ser descartado. São ações, comentários, discursos e pedidos de intervenção, de repressão e aniquilação do outro que refletem uma demanda social (que mascara um gozo perverso) e assim são legitimadas, que me assustam profundamente. O tipo de política praticada (repressiva/violenta ou mais tolerante) também é sintoma de grande parcela do povo que a legitima.

O texto acima é de Willian Mac-Cormick Maron, e busca alguma resposta para o movimento fascista desse tempo presente. Valores como xenofobia, preconceito, emulação ao poder, pertencimento a uma ordem injusta e reconhecida como tal, distanciamento do lugar do coração para se vincular a um novo lugar de poder e manifesto consumismo, apenas incidentalmente pode ser respondido pela conjuntura psíquica. Seu imediatismo, sua pulsão, seu desejo oculta uma historicidade camuflada e uma pedagogia que o direciona a esse lugar de incompreensão (para os que não sentem) e de assunção (para os que vivenciam o caminho do empoderamento).

Já deveríamos saber que o desenvolvimento desvincula, afasta, isola o indivíduo da família, da tribo, da comunidade, e o instala num limbo, sempre a espera de ser acolhido por uma nova ordem, em que, eivado de significados novos, de simbolismos desejantes, de um maquinário luminoso, de um relicário divinatório, verá sua heteronomia ser plenamente reconhecida e satisfeita. Por vezes a paga demora mais do que deveria, mas a aliança é sutil e enganadora.

Os valores do desenvolvimento são poucos, na verdade: melhoria de vida, progresso individual, sucesso precário, boa intenção em ajudar o próximo depois que nos encontrarmos num lugar melhor, futuro.

Agni, divindade hindu, está no comando da jornada individual rumo ao futuro do poder. Mas, inadvertidamente, ele é o segundo no poder. O primeiro será sempre Indra, outra divindade do mesmo panteão. E creia-me, quando se trata de poder, o segundo lugar é o último.

Agni é o fogo: “eu louvo Agni, o sacerdote da casa, o ministro divino do sacrifício, o invocador, o melhor presenteador do tesouro.”

Espera-se então que se façam eternos sacrifícios a Agni. Mas os sacrifícios a Agni vão para as divindades, porque ele é um mero mensageiro dos deuses. Para cumprir seu destino, Agni não está sempre no futuro, é imortal.

Aqui a mitologia védica encontra sua melhor manifestação: todo sacrifício que o humano realiza para viver o desenvolvimento, todos os valores que indigesta ou alegremente acolhe, jamais será para nutrir sua prole, mas sempre encontrará os senhores da heteronomia, que vivem distantes das dádivas que seus acólitos esperam.

A psicologia por trás dessa jornada precisa encarar o pacto com Agni. A sua promessa é eternamente adiada, mas seu sacrifício deve ser pago diariamente. A pira onde serão queimados os emolumentos exige distanciamento daqueles que serão incinerados: família, tribo, comunidade. Pois o preconceito, o racismo, a discriminação, em todos os níveis de origem, seja o gênero, a raça, a classe, é parte fundamental dessa devoção.

De fato, isso nada tem a ver com a educação, que será sempre um exercício de desumanização. Não existe educação libertadora, isso é um oximoro.

Mas tem muito a ver com escolhas, as escolhas nos tornam livres. Aliás, é a única possibilidade de liberdade. Então vejamos as contradições dessas escolhas e, portanto, de nosso estado de liberdade.

O pacto oferecido por Agni é justo e preciso: contra a conservação, a mudança; contra o velho, o novo; contra a tradição, a inovação; contra as tribos, as corporações; contra a família, o trabalho bem azeitado; contra a solidão, o Facebook; contra a enxada, o agronegócio; contra a vida, a morte em vida; contra a herança, o sucesso; contra o ócio, o negócio.

Está posta a escolha. Uma vez feita a escolha, a liberdade é o prêmio maior. Ser livre não tem preço. É um sentimento brutal. Pouco importa se essa liberdade é conquistada a custa de sacrifícios na pira de Agni. Uma vez feita a escolha, a recusa será incinerada. A opção negligenciada será incinerada. Os familiares serão incinerados. O que importa é a liberdade incomensurável. E ser aquilo que escolhemos, no dia a dia, força motriz de nossas inclinações momentâneas, realização e máquina, pulsão e memória, passado e futuro, horizonte e profundidade, é pauta da falta perpétua em nome do que somos e ainda seremos no devir de nossas angústias, futuro, presépio, palco diminuto, porém visível, sensível, real.

Leia aqui todos os textos de Eduardo Bonzatto

O preço dessa liberdade, preço casual, incêndio do pensamento, vibração do pensamento, acasalamento do pensamento, um pensamento sem desvios, um pensamento em trilha, nos trilhos, pensamento que define, que ordena, que controla e que, com sua aura de racionalidade pertinente, se alegra com as conquistas parciais e irrevogáveis e tão distintivas, tão sintomáticas, tão alergênicas, nos exibe em pedestais ovacionantes, admiráveis e toda gente, que também trilham os mesmos pensamentos, cuja forma, veja, cuja forma é idêntica, compartilhada, e que tange certa dose de inveja construtiva, que se pode tranquilamente assumir para o outro, pois é elogiosa também.

O que realmente importa não é a natureza da escolha, mas a escolha em si mesma, escolha que nos torna livres no momento em que a fazemos, memento mori que seja.

O pensamento, leia-se a racionalidade, emite uma onda de sentimentos cimento, sentimentos que pesam, mas que são inerentes à escolha. Esses sentimentos, tesouros que vieram com a escolha, serão então lavrados no íntimo de cada ser livre, construindo as bases para todas as patologias sociais desse tempo.

Chegamos ao ponto máximo da coisificação promovida pelo sistema. O resultado é a completa desumanização do humano. Praticamente todas as patologias sociais são derivadas dos quatro cavaleiros do apocalipse: depressão, ansiedade, vitimização e empoderamento.

A resultante são sentimentos altamente destrutivos como a culpa, a ambição, a arrogância e o ódio. Tenho sugerido quatro atitudes que são ações terapêuticas para enfrentar esse momento, para a reumanização: o autoconhecimento, para diminuir a importância do ego; servir ao humano e não ao poder; a manifestação de palavras mantras aos moldes de Coué, psicólogo francês ativo há cem anos: SÓ ALEGRIA E FELICIDADE, como auto-sugestão contra a mente sofredora; e a masturbação diária, como resgate político do nosso inviolável direito ao orgasmo e ao prazer, pautado exclusivamente na imaginação e não em recursos de pornografia.

O fascismo é parte da escolha que nos conduz para os caminhos da liberdade. Não é fruto de ignorância, de falta de educação, de fragilidade política. É a escolha madura que forja com clarividência a desigualdade entre os homens e os convida a ocuparem o melhor lugar entre os iguais.

Mas afinal quem mesmo quer fazer outras escolhas?

A presunção de que sabemos alguma coisa sobre os outros limita enormemente nossa capacidade de descobrirmos algo sobre nós mesmos que seja minimamente singular.

Uma amiga, Camila Koenigstein, escreveu isso aqui:

O que temos que aprender com as mulheres kurdas? Tudo! O movimento feminista Kurdo não iniciou agora, ele é fruto de um longo processo e grandes alterações nas velhas estruturas sociais na região de Rojava, Norte da Síria.

Ao compreenderem que mudar o poder de mãos sem alterar a mentalidade patriarcal não era uma solução efetiva, estabeleceram o modelo comunal, a ecologia social e o feminismo, onde a participação ativa das mulheres é premissa para a tomada de qualquer decisão. Foi também entendido que não podia existir hegemonia, com isso todos os grupos têm direito a participarem de reuniões, buscando integração e respeito à pluralidade social e cultural.

O rechaço ao poder Estatal também faz parte do movimento, vez que o Estado é uma face do machismo e consequentemente perpetuação do sistema patriarcal; extirpando tal modelo há mutualidade nas relações e a formação de vínculos mais igualitários.

O trabalho dessas mulheres não tem relação com poder e sim com alteração de sistema, de tolerância e trabalho árduo na quebra da mentalidade machista que sempre dominou a região.

Com isso percebemos que a busca de poder é algo muito mais atrelado ao discurso ocidental que não enxerga via de mudança senão pela separação e destruição do outro.

Alterar o sistema e a mentalidade não é fácil, leva tempo, mas elas mostram para o mundo que é a única forma de construir uma nova sociedade.

Creio que não só os homens, mas muitas mulheres ‘feministas’ querem ignorar esse modelo, que é pouco citado, pois deixa claro que não é possível alterações efetivas dentro do capitalismo, e quem quer abrir mão de viver dentro do sistema?

Ver e reconhecer essas mulheres nos obriga a sair da zona de conforto e repensar tudo que foi aprendido e hoje é reproduzido sem o exercício da reflexão. Poder? Mais do mesmo? Acho que as Kurdas sim representam o feminismo que realmente gera medo”.

Deslumbramento é a turvação da vista causada por excesso de luz, brilho ou por outros fatores (por exemplo, vertigem).

A pós-verdade e a verdade estão se debatendo nesse momento de tanta luz. “Pós-verdade“, inclusive, foi eleita a palavra do ano pelo dicionário Oxford.

Segundo o dicionário, a palavra refere-se a “circunstâncias em que os fatos objetivos têm menos influência sobre a opinião pública do que apelos à emoção e a crenças pessoais“. Na definição da revista The Economist, “apoiar-se em afirmações que parecem verdadeiras, mas não estão baseadas em fatos.

Os lexicógrafos do Oxford escolhem a palavra do ano como forma de refletir “o ethos, o estado de espírito e as preocupações” de um determinado ano.

É a ponta de um iceberg histórico que dura quase cem anos.

Einstein e Bohr viveram esse dilema entre 1930 e 1935. A síntese da disputa pelo território da física quântica pode ser resumida assim:

Einstein acreditava que, ao contrário do que diz a física quântica, todas as grandezas físicas de um sistema devem ter um valor bem definido o tempo todo, independentemente de estarem ou não sendo medidas. Ou seja, há uma realidade intrínseca e as medições só a descobrem.

Bohr, em contrapartida, postulou o princípio da complementaridade – para os sistemas na escala atômica, não existe um valor predefinido para as grandezas físicas: são as medições que criam a realidade”.

Em 1964, John Bell conferiu que Bohr tinha razão em seus postulados; em 2015, o físico croata Hrvoje Nikolić diz que Einstein é que tinha razão.

A tradução possível dessa disputa é que para o primeiro, existe uma realidade intrínseca enquanto para o segundo ela é instável e volúvel e só pode ser percebida na singularidade de cada evento.

Ou ainda, a ideia de verdade é enganosa se a cada instante podemos descobrir mundos e a cada olhar vemos uma coisa diferente com olhos diferentes.

A verdade é política, eis a questão.

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*Eduardo Bonzatto é professor da Universidade do Sul da Bahia, permacultor e colaborou para Pragmatismo Político

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Bolsonaro: o subversivo sem subversão

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João Elter Borges Miranda*, Pragmatismo Político

Numa bela canção dos anos 1970, chamada “Acorda, amor”, Chico Buarque cantava uma letra na qual milicos invadem o seu sonho e atrapalham o seu sono. “Era a dura, numa muito escuro viatura”. Desesperado, Chico acordava a parceira e contava-lhe o pesadelo. Ao longo da música, percebia-se ser realidade e não sonho.

Lembrei dessa música cheia de metáforas e meias-palavras quando dei de cara com uma passeata pró-Bolsonaro na principal avenida da cidade onde moro. Conhecida como a capital da “reaçolândia”, Ponta Grossa, interior do Paraná, é onde a sua Associação Comercial, Industrial e Empresarial, no início de outubro de 2017, publicou num importante jornal da região uma carta de apoio ao general Antonio de Hamilton Mourão, hoje candidato à vice-presidente pelo PRTB na chapa do Bolsonaro. Na época, Mourão falou na possibilidade de uma intervenção militar no Brasil e foi aclamado pela associação. Em 2016, a mesma entidade patrocinou uma chuva de ovos sobre um cartaz do deputado federal da cidade que votou contra o impeachment de Dilma Rousseff. A entidade é a mesma que, em 2014, defendeu que beneficiários do Bolsa Família não deveriam ter direito ao voto nas eleições, pois, por conta das suas condições sociais, não teriam “bom discernimento”, o que os impediriam de ter o direito ao voto.

Mais recentemente, houve outra demonstração de reacionarismo: um vereador-pastor ameaçou prender a cantora Pabllo Vittar se ela “inventar de sair nas ruas” da cidade.

Na carreata pró-Bolsonaro que vi hoje (sábado, 22), havia várias coisas bizarras, como um caminhão do exército puxando na carroceria um monte de gente excitada sob o sol quente, entre eles um cover do Vin Diesel berrando e agitando os braços para cima, como se estivesse num ring. Tinha um outro caminhão carregando na caçamba uma pequena Maria Fumaça, um trem provavelmente do século XIX, que apitava, fazia fumaça, seguido pelo cortejo de buzinas de carrões do ano e carros clássicos, como landau e puma, a maioria com bandeiras do Brasil, adesivos do Bolsonaro e motoristas e passageiros excitados; gritavam, buzinavam, um verdadeiro “carnaval do mito”. Aos montes, via-se pessoas de classe média alta, com suas camisas da cbf, claro.

São, sem dúvida, a personificação do estereótipo de “reaça”, manifestando-se fervorosamente na avenida.

Pessoas como essas são, a meu ver, o “núcleo duro” do eleitorado do Bolsonaro. É a parcela de eleitores profundamente ideoligizada, de extrema-direita, muito barulhenta, guiados pela “defesa da ordem” (baseada na tradição, família, prosperidade e profundamente contra as conquistas das mulheres, negros e de minorias como LGBT+). Essa parcela, contudo, não é a maior.

O grosso dos eleitores do Bolsonaro é composto por trabalhadores que encontrou na figura desse personagem um caminho para escapar das contradições do sistema representativo; estão revoltados com a captura da pólis promovida pelo capital e querem uma saída rápida.

Essas pessoas possuem todas as razões para ter pressa, vale apontar. Afinal, hoje as pessoas morrem mais do que antes, perdem seus direitos mais do que antes. Nas periferias urbanas e rurais, aqueles que matam estão matando mais; a escalada da violência é gigantesca. Diante dessa progressiva deterioração da vida, têm todas as razões para ter pressa para que uma mudança profunda no sistema político-institucional ocorra.

Leia aqui todos os textos de João Elter Borges Miranda

Desde as manifestações de 2013 até aqui fica cada vez mais evidente que o sistema político-institucional está em crise de hegemonia. Em todo canto é possível encontrar alguém que está com a cabeça já pelas tabelas por causa da exacerbação do preconceito classista e da amargura provocada pela consciência emergente de injustiça social. “Ao trabalhador que corre atrás do pão, é humilhação de mais que não cabe neste refrão”, captou muito bem em sua canção o rapper Criolo.

Esse legítimo desejo de reconfiguração da política e de repúdio ao que é entendido genericamente como a “velha política”, ou “realpolitik”, não se manifesta somente no Brasil; é algo que se vê no mundo todo. Desde a crise de 2008 vemos pessoas com políticas opostas e inconciliáveis irem juntas para as ruas, pois permeia todos eles um mal-estar: a revolta contra a maneira de funcionar o sistema político institucional.

Na Europa, o emblema disso foi o movimento chamado de Indignados e, nos Estados Unidos, de Ocupe Wall Street. No Oriente, a Primavera Árabe. De diferentes maneiras e abordagens, os ativistas culpavam os governos e as instituições financeiras pelo crescimento das taxas de desemprego e da desigualdade em países atingidos pela crise de 2008 – e continuam culpando. Junho de 2013, nesse sentido, é parte de uma eclosão muito maior, mundial, de insurreições contra o sistema.

Ou seja, do país das calças bege aos Emirados Árabes Unidos, da terra do Tio Sam à terra do sol nascente, um abismo separa a população e o sistema político. Trata-se, portanto, de um fenômeno geral de esgotamento da legitimidade do sistema político institucional.

Estamos vivenciando uma crise de hegemonia desse sistema, e não uma “crise de representação”, como alguns dizem por aí. Não se trata, também, de antipolítica, pois a população ainda entende a política (não a “realpolitik”) como um meio de transformação do país, mesmo que, na prática, isso significa apoiar fascistas.

O povo tem colocado em ação direta contra os governos a potência da revolta social, anticapitalista em instinto, embora não ainda em consciência. Esse fenômeno de crise de hegemonia do sistema político-institucional está, portanto, completamente atrelado e imbricado à própria crise do sistema capitalista – uma crise estrutural que se dá no funcionamento desse sistema, como da sua própria legitimidade. É por isso que se trata de um fenômeno global, porque todo o planeta foi englobado (ou, melhor dizendo, engolido) pelo sistema capitalista.

Crise político-institucional e crise capitalista são, assim, faces diferentes da mesma moeda, imbricadas. Dentre outras razões, isso acontece porque o Estado, enquanto instituição-mor da política representativa, está inteiramente atrelado ao Capital, na condição de “funcionário exemplar” deste.

A grande mídia compartilha ad nauseam inverdades de que o regime ultraliberal, ou, como esses litores da burguersia gostam de chamar, o “neoliberalismo”, trata-se de um arcabouço programático e teórico político-econômico que se formou a partir do ressurgimento e ressignificação das ideias derivadas do capitalismo laissez-faire, expressão símbolo do liberalismo, segundo o qual o mercado deve funcionar livremente sob a égide da mão-invisível. Assim, na “era neoliberal”, o Estado teria um papel ínfimo. Ora, isso não passa de conversa para boi dormir, já que no ultraliberalismo o Estado tem sim papel primordial de garantir que os interesses do capital estejam sempre em primeiro lugar. O capital faz isso através de lobbies que realizam por todos os meios possíveis, incluindo a corrupção, a reprivatização não-oficial do aparelho estatal.

Diante das constantes crises econômicas cíclicas, tão rápidas e profundas que até parece estarmos vivendo uma única crise desde 2008, as grandes corporações necessitam intensificar as relações de exploração e opressão para manter as suas margens de lucro, usando para isso obviamente o aparelho estatal, através da retirada de direitos, repressão a manifestações, dentre outros meios.

A população, obviamente, resisti a esses retrocessos, como vimos na série de manifestações na última década. O capital, diante disso, precisa reorganizar o bloco no poder de maneira brutal, de forma que seja aplacado o avanço da organização dos “de baixo”. Essa reorganização pode significar rupturas institucionais, como golpes; e/ou também através da eleição, para o cargo mais alto do Estado, de um personagem fascista que defenderá os pressupostos econômicos ultraliberais até o fim.

Trump nos Estados Unidos, Bolsonaro no Brasil, Le Pen na França, o Partido (de extrema-direita) Nacional Britânico (BNP), o Partido (também de extrema-direita) Alternativa para Alemanha (AfD), são alguns exemplos de expressões de anti-sistema conservadores. São grupos que conseguem capilarizar o sentimento anti-sistema político da população, mas que, na prática, defendem o mesmo sistema opressor que no discurso se manifestam contra. Combatem em seus discursos os corruptos e corruptores, mas, na prática, não só defendem esses mesmos corruptos e corruptores, como também são parte desse grupo. Trazem consigo, entre outras coisas, o componente carismático – phonie, como todo fascismo.

Tendo em vista que o fascismo é um braço do imperialismo, o núcleo duro do eleitorado do Bolsonaro, que sai às ruas com estampa do rosto dele, chamando-o de “mito” e se posicionando, no espectro ideológico, na extrema-direita, é consequentemente uma crescente, ativa e barulhenta base de massa de defesa das pautas do grande capital. Mesmo não sendo controladas pela burguesia, as manifestações desse núcleo duro serve, ao defender a eleição do Bolsonaro, como mais um instrumento de legitimação da ofensiva ultraliberal.

Bolsonaro, um verdadeiro oportunista, aproveita-se muito bem disso. “Vou mudar tudo isso aí”, diz ele sempre. Isso é recorrente no discurso do Bolsonaro porque é pela perspectiva da ruptura que os movimentos fascistas contemporâneos organizam-se, como afirmou o historiador Lucas Patschiki, em sua dissertação de mestrado intitulada “Os litores da nossa burguesia: o Mídia Sem Máscara em Atuação Partidária (2002-2011)”.

Jovem e brilhante professor/pesquisador, Patschiki aponta que o fascismo nasce junto com o imperialismo e que essa onda traz consigo a prerrogativa de aceitar os pressupostos econômicos ultraliberais. O objetivo principal, além de implementar a série de contrarreformas que retiram direitos, rifando os avanços históricos e arduamente conquistados pela classe trabalhadora, é a quebra completa da organização dessa mesma classe nos limites estatais-nacionais. Em muitos momentos de crise econômica do sistema capitalista, como a intensa e profunda que vivemos na atualidade, o fascismo se apresenta, não raro pela ruptura institucional, como um braço do imperialismo para não deixar que nada nem ninguém atrapalhe ou interrompa o processo de implementação do programa ultraliberal. O Brasil, enquanto um país que se insere na lógica capitalista na condição de capitalismo dependente, não foge disso, evidentemente.

Nesse sentido, um possível (e terrível) governo Bolsonaro-Mourão significaria não só a continuação do programa de austeridade e retrocesso visto no governo Temer, como também a intensificação e radicalização do regresso. Vivenciaríamos no país a maior perseguição e violência contra as mulheres, negros, minorias (indígenas, quilombolas, etc), dentre outros; além disso, um possível governo Bolsonaro-Mourão, que provavelmente teria como Ministro da Fazenda o economista Paulo Guedes, nome conhecido por seus posicionamentos ultraliberais, diminuiria drasticamente a participação dos salários na renda nacional, restringiria os investimentos sociais, promoveria a concentração de capital e renda entre poucos grupos e reduziria a qualidade de vida e segurança do trabalhador.

Portanto, Bolsonaro é alguém que se coloca como subversivo ao sistema, mas que na realidade é lacaio, uma marionete, desse mesmo sistema; paradoxalmente, trata-se de um subversivo sem subversão, um anti-sistema conservador. Como mostrou matéria recente publicada no jornal O Globo, o partido de Bolsonaro foi o mais “fiel” a Temer. Os deputados do PSL votaram com o governo mais até do que o próprio MDB do presidente.

A eleição dele significará, assim, um decreto de morte para muita gente. E tudo indica que nas próximas semanas as cruzadas dos “profissionais (e amadores) da violência” se tornarão cada vez mais frequentes nas ruas de bytes e de asfalto Brasil afora – em novas e ferozes versões. Com a chegada do dia das votações, a temperatura da campanha sobe intensamente e a liberdade ideológica e de expressão determinada pela Constituição está sendo ainda mais solapada na prática do dia a dia.

Cabe à esquerda denunciar esses falsos subversivos e apresentar alternativas viáveis e plausíveis para a crise. É um trabalho árduo, que também significará, no Brasil, a defesa do resultado da eleição. Quero dizer, nessa época de semi-legalidade instaurada pelo golpe de 2016 em que estamos afundados, corremos o risco das eleições serem desrespeitadas outra vez e um novo golpe, de caráter militar, ser perpetrado. Vimos isso em 2015 quando, provocadas pela grande mídia e estimulada pelos psdbistas, a alta classe média seguiu para as ruas, com o objetivo de se manifestar contra o “erro” das urnas de 2014.

Por isso, se tivermos a sorte de o Bolsonaro não se eleger e quem subir a rampa do Planalto ser um candidato de centro-esquerda, teremos duas tarefas primordiais: defender esse novo governo de uma intervenção militar e lutar para que as nossas pautas sejam atendidas, como a revogação das contrarreformas promovidas pelo governo Temer.

Afinal, o grande capital não golpeou o Estado brasileiro em 2016 para agora, somente dois anos depois, permitir que um programa político-econômico progressista seja implementado. Reforço isso porque muitos creem que, com a eleição de um candidato de centro-esquerda, a partir de 2019 vivenciaríamos no país um novo movimento de avanços sociais. Ledo engano. O golpismo, que não começou com a queda de Dilma, não terminará tão cedo, infelizmente.

Não vejo outro meio para fortalecimento da luta contra isso que não passe pela unidade. Unidos encontraremos respostas para transcendermos as aporias de nossa realidade atual; teremos mais forças para lutar contra a corrupção que permeia partidos, ideologias, poderes, instituições; teremos força para lutar contra o fascismo; e vislumbraremos mundos novos e infinitas possibilidades de renovação do sistema político e fortalecimento da democracia.

Só assim, com a sociedade participando do processo político, unida, pautando-se pelo diálogo camarada, que “Acorda, amor” não se tornará realidade, com fascistas comandando o país.

*João Elter Borges Miranda é professor de história formado pela Universidade Estadual de Ponta Grossa e milita na Frente Povo Sem Medo, Frente Ampla Antifascista e Intersindical.

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Às fraquejadas

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Delmar Bertuol*, Pragmatismo Político

Nas Manifestações de Junho de 2013, momento considerado como fato histórico, a História fez/faz uma injustiça. O Movimento é tido como apolítico e iniciado em São Paulo. Falso.

As manifestações tiveram origem em Porto Alegre, com estudantes universitários e secundaristas protestando na Capital gaúcha contra o aumento da passagem de ônibus. O centro da cidade parou. E a polícia reprimiu, pois movimentos sociais no Brasil, desde pelo menos os abolicionistas, são casos de polícia.

E não foi um levante apartidário, como se rotulou depois. Teve partidos políticos de esquerda por trás da organização. PT, PDT (PDT ainda é de esquerda?), PC do B, mas, sobretudo, os pequenos PSOL e PSTU. E quando digo que as passeatas tiveram participação direta de partidos, não estou as minimizando. Pelo contrário. É legítimo a participação partidária em movimentos sociais. Aliás, é pra defender a sociedade que eles em tese existem.

Como tinha um caráter popular, o movimento foi duramente criticado pela imprensa gaúcha. É que atrasava o trânsito, trancava os carros. A sagrada via asfáltica.

Influenciados pelos colegas gaúchos, os estudantes paulistanos, igualmente ajudados por partidos políticos, obviamente de esquerda, fizeram o mesmo movimento na maior cidade do Brasil, reivindicando não só a baixa da tarifa como também melhorias no transporte coletivo, no que ficou conhecido como o “não é só pelos vinte centavos.”

A imprensa do centro do País criticou, como fizera há mais de cem anos com os abolicionistas. Pra legitimar a crítica, fizeram a rasteira acusação de que, além de trancar o deus trânsito, os jovens estariam depredando o patrimônio público e privado.

Não contavam, porém, com a força de algo que estava se apresentando já como contraponto ao hegemônico poder televisivo, as redes sociais.

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Tão logo imagens dos chamados Black Blocks destruindo fachadas foram exibidas, internautas postaram vídeos amadores demonstrando que esses criminosos não só eram uma ínfima minoria em meio à multidão de milhares, como também exibiram flagras de cinegrafistas que só filmavam as depredações, deixando de lado o movimento pacífico e legítimo. Houve vídeos que denunciavam a presença de policiais infiltrados que incitavam a desordem, pra polícia ter desculpa para agir com violência.

E no Jornal Nacional, que é sempre tão simpático aos bancos, a retratação da então âncora Patrícia Poeta à crítica feita aos jovens na edição do dia anterior é coisa que o MasterCard não compra. E, em outro canal, o hoje falecido Marcio Rezende que, no dia anterior e no sensacionalista Programa Cidade Alerta pedia pra polícia “agir com vigor”, no outro dia, após os vídeos amadores caírem na rede, bradava emocionado: “esses jovens não são criminosos. Eles estão mudando o Brasil!

Como o rótulo de criminosos não pegou e os manifestantes começaram a serem bem-vistos, a classe média resolveu sair do conforto de seu sofá e de sua pantufa e ir pra rua. E como a classe média é de direita, mas não se assume, rotulou os movimentos como um repente involuntário e apartidário da população, que não aguenta mais “isso tudo”.

Isso tudo” o quê? Aí a nevralgia. A classe média queria fazer algo. Surfar na onda de descontentamento. Mas não sabia do que reclamar. Surgiu o movimento conhecido como “contra tudo que está aí” ou “contra tudo e contra todos”. Ora, é uma questão filosófica da metafísica. Se algo é contra tudo, na verdade não é contra nada. Se é contra todos, não é contra ninguém.

E o movimento virou um verdadeiro carnaval fora de época.

Iam às ruas pessoas pedindo desde o fim das tomadas de três pinos, até o impeachment. Marchavam na mesma avenida e até dividiam a mesma cerveja long neck (que a classe média adora cerveja long neck) pessoas pedindo a volta da Ditadura Militar (sim, eles utilizam a democracia pra reivindicar o totalitarismo), o retorno à Monarquia e novas eleições já!

Os pais pintavam o rosto das crianças de verde e amarelo e as levavam junto. Na legenda das selfies (que se o ato não for registrado por selfie, ele não existiu), colocavam: meu filho cuidando do próprio futuro.

Políticos envolvidos em falcatruas de corrupção bradavam gritos de ordem e se deixavam fotografar pelos repórteres.

Meses depois, a passagem subiu em ambas as cidades. E os políticos corruptos de reelegeram. Mas a classe média, depois que os estudantes foram os pioneiros e apanharam da polícia, saiu às ruas “para reivindicar. E tem até hoje as fotos salvas no seu computador. Pra orgulho da família. E os partidos envolvidos até hoje não têm o reconhecimento que merecem.

Nestas eleições, as mulheres resolveram tomar o protagonismo e não deixar que Jair Bolsonaro (um machista que nem precisa de fake news pra sustentar esse rótulo, suas ações e falas já bastam) se eleja presidente. As mulheres representam em torno de cinquenta por cento do eleitorado. Têm força pra não eleger ou mesmo eleger quem elas quiserem. O movimento ficou conhecido como Ele Não.

Nessa esteira, outros grupos aderiram à ideia. Estudantes, professores, profissionais de saúde e outros. É legítimo. Mais do que isso, ajuda. Dessa vez, não há que se preocupar com a classe média transformando o levante numa festa. É que ela está do outro lado.

Mas que não se cometa com as mulheres a mesma injustiça feita há cinco anos com estudantes e partidos de esquerda, que literalmente deram a cara a bater e depois foram excluídos.

O Movimento Ele Não teve origem com mulheres de atitude. E quando Jair Bolsonaro não for eleito (se as pesquisas estiverem certas, ele só perderá no segundo turno, o que é um fator a lamentar e se preocupar), é a elas que devemos nosso agradecimento, às “fraquejadas”.

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*Delmar Bertuol é professor de história da rede municipal e estadual, escritor, autor de “Transbordo, Reminiscências da tua gestação, filha”

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A “URSAL” é uma síntese do pensamento de extrema-direita no Brasil

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ursal síntese do pensamento de extrema-direita

Marina Lacerda*, Socialista Morena

Boa parte da sociedade brasileira, na qual me incluo, surpreendeu-se na semana passada com a invocação, pelo candidato do Patriota, Cabo Daciolo –militar e pregador evangélico–, da tal “União das Repúblicas Socialistas da América Latina”, que, assim como a “ideologia de gênero”, só existe para seus opositores.

Segundo os sites que propagam a ideia, a URSAL seria uma derivação da Teologia da Libertação e do Foro de São Paulo, por sua vez oriundos de “terroristas” e “partidos comunistas latino-americanos”, com apoio de Cuba e Venezuela. A aliança entre estes temas chama a atenção.

A associação entre críticas à Teologia da Libertação, anticomunismo, evangelismo e militarismo não é aleatória nem recente. Trata-se de uma expressão do neoconservadorismo ou da chamada Nova Direita norte-americana.

O neoconservadorismo se refere originalmente à coalizão que reuniu parcela majoritária do movimento religioso evangélico, elementos da direita secular do Partido Republicano e intelectuais na eleição de Ronald Reagan como presidente dos Estados Unidos em 1980. O ideário resultante é neoliberal, anticomunista, contra políticas de bem-estar social, conservador cristão, familista e militarista –no âmbito externo e contra os inimigos internos.

O neoconservadorismo é uma força política ainda bastante presente –senão a mais relevante, vide Bush ontem e Trump hoje– nos Estados Unidos. E, como tratei em minha tese de doutorado recentemente defendida, o ideário neoconservador vem crescendo no Brasil.

É fácil de ver e os candidatos neoconservadores à Presidência –Bolsonaro e Daciolo– são perfeitas ilustrações. Defendem valores da família tradicional; pregam a Bíblia nos espaços políticos; reivindicam armamento pessoal e políticas criminais rígidas. Eles próprios são militares e cristãos conservadores; ao menos Bolsonaro prega valores quase absolutos de livre mercado. Ambos são anticomunistas.

Na década de 1980, o anticomunismo combatia a URSS. Hoje, décadas após a queda do Muro de Berlim, no Brasil, a agenda é a de combate ao “socialismo do século 21”, ou a Cuba, ou ao bolivarianismo, ou ao petismo ou, como descobrimos agora, à URSAL.

E é o combate ao comunismo que diferencia o neoconservadorismo de uma potência imperialista, os EUA, e o de um país de periferia, o Brasil. Nos Estados Unidos o anticomunismo neoconservador, no contexto da Guerra Fria, tinha dois vetores principais: a consolidação do capitalismo como o modo de produção vigente no mundo e a busca de os EUA se consolidarem como a potência global.

A integração alinhada aos EUA, que foi adotada na década de 1990 por países da América do Sul, foi revista a partir do novo milênio com governos progressistas no Sul do Continente –incluindo Lula no Brasil. Tratava-se da atuação do Brasil com um perfil assertivo, de valorização de arenas multilaterais, coordenação com países similares e de uma política altiva de desenvolvimento.

Essa política é que é estilizada como comunista, bolivariana, como a própria união das repúblicas soviéticas dos trópicos. Aqui, portanto, o combate ao comunismo vai no sentido contrário de o Brasil atuar com vistas à maior projeção internacional. Esse anticomunismo brasileiro visa justamente realinhar o Brasil aos EUA, em uma relação assimétrica e subordinada.

Em 2001, uma articulista divulgada por Olavo de Carvalho critica a integraçãoCastro-Chávez-Lula” ironizando que seria a “União das Republiquetas Socialistas da América Latina”. Ela está sendo sarcástica, e não dizendo que a URSAL existe.

Mas o termo ficou no ar; passou a circular com ares de verdade, em pequenos posts em comentários de sites maiores ou em blogs menores ligados à direita reacionária, em tom de teoria da conspiração. Uma brincadeira que pelo poder do submundo da internet foi se tornando real. A URSAL aparece com destaque antes das manifestações de junho de 2013, na época das eleições, cresce em 2015 e tem seu ápice em 2016, durante as votações do impeachment.

Sem pretender ser exaustiva nem cientificamente precisa, pode-se identificar pelo menos quatro fontes de formação de opinião da direita, além dos partidos políticos.

A primeira e mais importante é a Globo. Ilustrada, supostamente a favor do pluralismo, defende os direitos humanos, das mulheres, dos cidadãos LGBTs e dos negros. Mas defende o Estado mínimo e o pacote neoliberal (e, portanto, indiretamente, o aumento da desigualdade social), e o alinhamento do Brasil com os Estados Unidos –ao lado da demonização das alianças Sul-Sul.

A segunda são os “think tanks” libertários como o Instituto Millenium. Defendem liberdades individuais, absolutismo de livre mercado, criticam as alianças “bolivarianas”. Parecido com a grande mídia, mas com menos verniz democrata. São financiados pelo mercado financeiro, industriais e por entidades norte-americanas.

A terceira são organizações como o MBL –patrocinado pelos EUA– que promovem opiniões às vezes libertárias (liberdades individuais + livre mercado) ou neoconservadoras (conservadorismo moral + livre mercado) via tecnologias de difusão pela internet. São possivelmente as fontes mais importantes de fake news atualmente.

O quarto, a direita cristã. No eixo de sua argumentação está a família tradicional e sua interpretação bíblica como o projeto para uma boa sociedade; são neoliberais, mas têm dificuldade com pautas que mexem imediata e diretamente no patrimônio do eleitorado pobre, como a reforma trabalhista; defendem um profundo alinhamento com os EUA. São evangélicos e católicos conservadores. Desenvolvem-se a partir de cultos e pregações, concebidos no ambiente de constante intercâmbio internacional de pastores/padres/intelectuais cristãos.

A URSAL expressa uma ideologia neoconservadora. Mas ela surge como resultado de diferentes expressões da direita. A ideologia anti-chavista é estimulada pelo oligopólio da mídia. A autora que criou a ironia da URSAL é colunista do Instituto Millenium. A “tese” foi espalhada como verdade a partir da internet. E acaba apropriada por um militar evangélico que a coloca em um debate nacional.

As redes digitais progressistas têm tratado a URSAL como uma piada. Apesar do quê cômico, ela sintetiza, no método e no conteúdo, o pensamento de extrema-direita que vem crescendo no eleitorado e no parlamento.

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*Marina Lacerda é mestre em direito pela PUC-Rio e doutora em ciência política pelo IESP-UERJ.

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Veja expõe o “posto Ipiranga” de Jair Bolsonaro e esconde o candidato

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Veja expõe posto Ipiranga Jair Bolsonaro

DCM

Veja publica capa com o economista Paulo Guedes, o “posto Ipiranga” de Jair Bolsonaro, com o título que confunde o leitor: “Ele pode ser presidente do Brasil”. Quem? O subtítulo provoca ainda mais confusão, ao colocar Bolsonaro em segundo plano: “Quem é e o que pensa o economista Paulo Guedes, que faz a cabeça de Bolsonaro”.

Para o desavisado, pode parecer que o candidato é Paulo Guedes. Para quem sabe que Bolsonaro é o candidato, como o leitor médio da revista, pode torná-lo mais palatável ao colocar em destaque um economista conhecido por suas posições liberais. Na entrevista, Paulo Guedes defende o candidato:

Eu acho que a bolha trata Bolsonaro com muito desrespeito, como se fosse um cachorro vadio. Lula era melhor do que ele do ponto de vista intelectual? Não era, era um operário malandro. Ah, mas sabia negociar política, né? Agora, esse tipo de negociação nos levou aonde estamos hoje”.

E diz mais:

Para a bolha, eu posso ser importante. Mas 99% de quem vota em Bolsonaro não está nem aí para mim. Querem ordem. Eu não me atribuo grande importância porque ele já existia quando eu cheguei”.

Bolha seria os formadores de opinião. Para Bolsonaro, uma capa como esta não poderia ser propaganda melhor.

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MP vai autuar empresas que intimidam funcionários a votar em Bolsonaro

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MP empresas funcionários votar em Bolsonaro eleições 2018

O Ministério Público do Trabalho divulgou nota pública afirmando que vai fiscalizar e multar as empresas que ferirem a liberdade de escolha de seus funcionários nas eleições que se aproximam. Para o MPT, os empresários não podem impor, coagir ou direcionar as escolhas dos trabalhadores apenas por serem empregadores, superiores hierárquicos ou organizações empresariais.

Em uma carta que tem circulado pela internet supostamente assinada pelo proprietário dos Supermercados Condor (Paraná), Pedro Joanir Zonta declara seu voto em Jair Bolsonaro no próximo dia 7 de abril. Além disso, o texto lista 11 motivos para que os colaboradores não escolham um candidato da esquerda. Entre eles, porque esses candidatos defendem o “fim da família”.

A carta sem autoria confirmada, como um voto de cabresto, ainda pede que os funcionários confiem no patrão e afirma que o 13º salário e as férias dos colaboradores não serão retiradas, em uma referência a fala do vice candidato, General Mourão, que alegou ser um peso pagar esses direitos aos trabalhadores.

Já o dono das Lojas Havan, Luciano Hang, obriga seus funcionários a cantar o hino nacional e a votarem em Jair Bolsonaro. O vídeo foi divulgado no Facebook. O empresário, embora tenha dito que não considera que coagiu seus funcionários, afirmou que pode deixar o Brasil caso o PT vença mais uma eleição.

Fiscalização

Diante de qualquer ameaça, pressões ou mensagens fakes, o Ministério Público do Trabalho emitiu nota em que defende a “liberdade de consciência, convicção política ou filosófica, a intimidade e a vida privada são direitos fundamentais assegurados a homens e mulheres no artigo 5º da Constituição Federal de 1988, que devem ser respeitados no âmbito das relações de trabalho”.

O documento assinado pelo procurador-geral do trabalho Ronaldo Curado Fleury nesta segunda-feira (01) afirma que o órgão coloca-se à disposição da sociedade para recebimento de denúncias, anônimas ou não, por meio do site www.mpt.mp.br.

O MPT “atuará, nos limites de suas atribuições, investigando denúncias de violações ao direito fundamental à livre orientação política no campo das relações de trabalho, no combate a toda e qualquer forma de discriminação, promovendo, para tanto, as medidas judiciais e extrajudiciais cabíveis”, esclarece.

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Brasil de Fato

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O que diz a história sobre as disputas presidenciais no 2º turno desde 2002

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Sandro Valeriano e Larissa Alves Lira, Jornal GGN

Trazemos ao leitor um histórico do embate entre as forças de esquerda e direita no segundo turno das eleições de 2002, 2006, 2010 e 2014. Assim como o peso de cada região e estado no eleitorado nacional e votos brancos, nulos e abstenções e por fim uma contribuição sobre o cenário atual.

O Sudeste concentra 43,53% do eleitorado do país, a segunda região mais importante é o Nordeste com 26,72% do eleitorado. Só no estado São Paulo se concentra mais de 1/5 do eleitorado, ou seja, 22,51%. Além de ganhar ou perder em cada região é importante a construção de saldos eleitorais e político, margem apertada em uma região importante pode não ser suficiente para garantir uma vitória.

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Tem grande importância nesse embate o quórum, ou, a participação eleitoral. Assim, mapeamos o padrão de votos brancos, nulos e abstenções no período em que propusemos a análise.

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Uma hipótese para explicar o engajamento dos eleitores de cada estado ao longo do tempo pode estar relacionada a um sentimento de inclusão e pertencimento ao país, viabilizado por políticas públicas. Destacamos nesse sentido a melhora dos índices no Nordeste entre 2002 e 2006. As abstenções voltam a subir em 2014, período em que o país passa atravessar grandes turbulências.

O embate entre as forças de esquerda e direita entre 2002 e 2014 no segundo turno marca uma divergência entre o Norte e Nordeste, de um lado, em oposição ao Sul e Sudeste, de outro, sendo o Centro-oeste uma área de encontro da influência das regiões, apresentando, no entanto, um predomínio pela direita nas duas últimas eleições.

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De um lado, embate que se coloca em 2018 mantém a discussão sobre as formas como o orçamento e as riquezas do país serão distribuídas. Essa perspectiva está presente na disputa em torno da revogação da reforma trabalhista, da revogação da Emenda Constitucional 55, assim como do modelo de exploração do pré-sal e da venda de empresas estratégicas como a Embraer, sob a qual o governo tem poder de veto.

Também merece destaque a incorporação pelo PSDB da defesa do modelo de segurança pública herdado da ditadura. Um modelo de combate ao inimigo interno que deve ser exterminado. O discurso da Rota na rua que nasce com o Maluf foi paulatinamente incorporado pelo PSDB. Não por acaso vários parlamentares da bancada da bala foram migrando do PP para o próprio PSDB.

Por outro lado, no ano de 2018 o embate se desenha entre a centro-esquerda e extrema direita, uma vez que a centro-direita parece ter perdido densidade política. Vale lembrar que o discurso da extrema direita vinha sendo paulatinamente incorporado pela centro-direita desde ao menos da eleição de 2010, em que as pautas sobre comportamento moral começaram a aparecer com mais força no bloco conservador, assim como a discussão sobre os destinos do pré-sal, quando esse segmento se alinhou na defesa das petrolíferas estrangerias

Em 2014, esse alinhamento entre a centro-direita e extrema direita se configurou por completo. Incorporou-se questões econômicas às comportamentais e, por fim, o desprezo à soberania popular na contestação do resultado das eleições em que ganhou Dilma Roussef pelo candidato derrotado. No após eleição, a centro-direita e a extrema direita seguiram lado a lado na ruptura democrática através de um impeachment sem crime de responsabilidade.

Na medida em que a centro direita legitimou e trouxe para o debate nacional as posições da extrema direita, essas posições ganharam força na sociedade, dando condições para que um candidato de extrema direita se viabilizasse eleitoralmente. A comparação com o resultado do candidato da centro direita no primeiro turno de 2014 e as intenções de voto registradas para o candidato da extrema direita evidenciam esse processo.

história disputas presidenciais no 2º turno desde 2002 PT Lula Dilma ódio

A diferença mais sensível aparece no norte e nordeste. Com o candidato apresentando desempenho superior ao Aécio.

A candidatura do Jair Bolsonaro representa um acumulo de forças de teses conservadoras, essas ideias ganharam força ao se descolarem do PSDB. Por outro lado, o eleitorado vem a quatro eleições escolhendo o projeto do campo democrático e popular, de ampliação de direitos, inclusão das demandas sociais no orçamento e de defesa da soberania nacional.

Nessa luta, que tem tomado contornos de defesa da democracia, de defesa de direitos conquistados, da igualdade entre gêneros e respeito as minoras, dos direitos das mulheres e da população com ganhos de até 2 salários mínimos, esses setores se apresentam como a vanguarda do processo.

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Os 14 partidos que devem cair na cláusula de barreira e podem ser extintos

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Montagem: Pragmatismo Político

Um em cada três partidos teve aproveitamento insuficiente na Câmara e corre o risco de perder recursos e estrutura fundamentais para sua existência. Projeções feitas pelos jornais O Globo e Folha de S.Paulo com base nos resultados das votações indicam que 14 das 35 legendas do país não passaram pela chamada cláusula de barreira.

Entre eles, estão o PCdoB, de Manuela D’Ávila, vice de Fernando Haddad, a Rede, de Marina Silva, o Patriota, do Cabo Daciolo, e o PRTB, do General Hamilton Mourão, vice de Jair Bolsonaro (PSL).

Pela lei aprovada pelo Congresso com o intuito de reduzir a pulverização partidária no país, as legendas que não ultrapassarem a cláusula perdem direito ao fundo partidário, principal fonte de financiamento das legendas, à propaganda na TV e rádio, além do funcionamento legislativo, como gabinete partidário, estrutura de assessores e discursos nas sessões.

A norma restringe esses benefícios aos partidos que obtiverem pelo menos 1,5% dos votos válidos nacionais ou a eleição de no mínimo nove deputados federais em pelo menos 9 das 27 unidades da federação. Não alcançaram esses números as seguintes siglas: PCdoB, Patriota, PHS, PRP, PMN, PTC, Rede, PPL, DC, PRTB, PMB, PCB, PSTU e PCO.

Ainda há possibilidade de mudança nos cálculos, pois alguns partidos esperam pela confirmação de votos de candidatos barrados pela Justiça eleitoral. O cenário, porém, não deve se alterar.

O PCdoB obteve 1,35% dos votos válidos nacionais e elegeu nove deputados federais, mas em apenas sete estados (a lei exige em nove). A Rede elegeu apenas a líder indígena e advogada Joênia Wapichana (RR) e somou apenas 0,83% da votação válida para a Câmara. O PRTB elegeu três deputados federais e teve apenas 0,7% dos votos válidos em todo o país.

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Lutador que apoia Bolsonaro espanca jovem em lanchonete

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eleitor de bolsonaro agride
Depois de ser atendido em hospital, Vinícius (esq) registrou Boletim de Ocorrência

Um jovem de 18 anos foi espancado na última sexta-feira (12) após uma divergência a respeito do atual cenário político-eleitoral do Brasil. O crime aconteceu na cidade de Itatiba (SP).

Vinícius Costa recebeu diversos socos na cabeça por dizer que não votaria em Jair Bolsonaro no 2º turno da eleição presidencial.

O agressor, Ricardo, está foragido. Ele foi embora do local ao saber que a polícia estava a caminho. O estabelecimento tem câmeras de segurança e deve liberar as imagens após pedidos da Justiça.

Vinicíus foi até o Pronto Socorro da Santa Casa de Itatiba, para constatação de lesão, que foi confirmada. Ele ainda deve entrar com uma ação na vara cível e criminal. O jovem também registrou um Boletim de Ocorrência na delegacia.

Nas redes sociais, Vinícius publicou um desabafo sobre a agressão sofrida:

Fomos em um bar, encontramos umas conhecidas lá e quando acabou o show resolvemos comer antes de ir para casa e passamos na lanchonete. Se sentaram comigo e com a Paula duas amigas. Elas estavam acompanhadas de dois amigos lutadores de Jiu-jitsu e uma psicóloga.

Quando eu e Paula nos levantamos da mesa para ir embora, o sujeito de nome Ricardo partiu para cima de mim, me agredindo com vários socos na cabeça e me chamando de ‘viado’.

Me chamavam de ‘viadinho de merda’ e diziam que ‘Bolsonaro vai acabar com isso. Ao mesmo tempo, a psicóloga agrediu Paula verbalmente. Ela berrava insultos, a chamando de ‘gorda’, ‘puta’, ‘imunda’ e outras barbaridades, enquanto esbravejava que não aceitaria ‘Kit Gay’.

Fora do restaurante, Ricardo ainda partiu para cima de mim, mas foi contido pelos garçons do local. Antes da polícia chegar, Ricardo fugiu em seu carro assim como a psicóloga. As placas dos veículos de ambos foram anotadas e estão registradas no B.O.

Hoje, se não fossem os garçons da lanchonete, eu poderia acabar como mais um Mestre Moa.

VEJA TAMBÉM: Casos de violência contra críticos de Bolsonaro se multiplicam

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“Esse Leonardo Boff é um bosta”, esbraveja Ciro Gomes

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Ciro Gomes Leonardo Boff

O ex-candidato a presidente Ciro Gomes (PDT) afirmou em entrevista à Folha de S.Paulo que foi “miseravelmente traído” pelo ex-presidente Lula e seus “asseclas”. O terceiro colocado na disputa presidencial disse que não declarou voto em Fernando Haddad (PT), no segundo turno, por não querer fazer campanha nunca mais para o PT.

Em entrevista ao repórter Gustavo Uribe, Ciro criticou a atuação do PT para impedir o apoio do PSB à sua candidatura e classificou como “insulto” o convite do ex-presidente Lula para que ele assumisse a vaga de vice no lugar de Haddad.

Ciro afirmou que ouviu “um milhão de apelos” para não deixar a política e que sua responsabilidade aumentou porque o “país ficou órfão”. O pedetista afirmou que não lavou as mãos ao deixar o Brasil entre o primeiro e o segundo turno e não declarar apoio a Haddad e que compreendeu, durante a viagem, o que aconteceu na eleição presidencial.

“O que aconteceu foi uma reação impensada, espécie de histeria coletiva a um conjunto muito grave de fatores que dão razão a uma fração importante dessa maioria que votou no Bolsonaro. O lulopetismo virou um caudilhismo corrupto e corruptor que criou uma força antagônica que é a maior força política no Brasil hoje. E o Bolsonaro estava no lugar certo, na hora certa.”

Bajuladores

O ex-governador disse que Lula se corrompeu e não faz autocrítica por conviver apenas com “bajuladores”.

“Você acha que votei em quem com a minha história? Eles podem inventar o que quiserem. Pega um bosta como esse Leonardo Boff [que criticou Ciro por não declarar voto a Haddad]. Estou com texto dele aqui. Aí porque não atendo o apelo dele, vai pelo lado inverso. Qual a opinião do Boff sobre o mensalão e petrolão? Ou ele achava que o Lula também não sabia da roubalheira da Petrobras? O Lula sabia porque eu disse a ele que, na Transpetro, Sérgio Machado estava roubando para Renan Calheiros. O Lula se corrompeu por isso, porque hoje está cercado de bajulador, com todo tipo de condescendências”, disparou. “Cadê os críticos? Quem disse a ele que não pode fazer o que ele fez? Que não pode fraudar a opinião pública do país, mentindo que era candidato?”, emendou.

Asseclas

O pedetista criticou a manobra feito pelo PT para isolá-lo e impedir que o PSB o apoiasse e responsabilizou o PT pela eleição de Bolsonaro.

“Pelo ex-presidente Lula e seus asseclas. Você imagina conseguir do PSB neutralidade trocando o governo de Pernambuco e de Minas? Em nome de que foi feito isso? De qual espírito público, razão nacional, interesse popular? Projeto de poder miúdo. De poder e de ladroeira. O PT elegeu Bolsonaro.”

Segundo o pedetista, o momento não é de reaglutinar a esquerda, mas de criar um novo campo político.

“Não quero participar dessa aglutinação de esquerda. Isso sempre foi sinônimo oportunista de hegemonia petista. Quero fundar um novo campo, onde para ser de esquerda não tem de tapar o nariz com ladroeira, corrupção, falta de escrúpulo, oportunismo. Isso não é esquerda. É o velho caudilhismo populista sul-americano.”

Ciro Gomes também responsabilizou a imprensa pela eleição de Bolsonaro. Chamou o apresentador do Jornal Nacional William Bonner de arrogante e criticou a Folha por ter feito reportagem que contestava os dados positivos na área da educação apresentados pela prefeitura de Sobral (CE), sob comando de sua família e seu grupo político.

“A imprensa brasileira nepotista e plutocrata como é é parte responsável também por essa tragédia.”

Leonardo Boff

Leonardo Boff chegou aos assuntos mais comentados do Twitter após ser xingado por Ciro Gomes. O professor havia criticado o presidenciável por ele ter ficado em cima do muro no segundo turno.

“Lamento sua declaração que face à uma ditadura certa não quer ter lado. Seu projeto pessoal é mais importante que defender a democracia. Para você ela é abstrata e fácil. Ficar em cima do muro é covardia. Terá o destino da Marina, o de ser esquecido”, escreveu Boff.

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O principal motor da sujeição é a ignorância

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João Elter Borges Miranda*, Pragmatismo Político

Na novela A Metamorfose, Kafka começa a narrativa de uma forma direta. O clímax do enredo é apresentado logo de início, e todos os acontecimentos posteriores são desdobramentos desse primeiro momento. Conta Kafka que, numa certa manhã, Gregor Samsa acorda metamorfoseado num inseto monstruoso e gigantesco.

Muitas e muitos interpretam a obra como não-realista. De fato, parece pouco verossímil alguém numa certa manhã acordar na forma de uma barata gigante. Contudo, a falta de explicação para o que ocorreu com Gregor é o que dá verossimilhança à novela. Afinal, nada mais real, no mundo contemporâneo, do que ser condenado e não saber o porquê da condenação; e, pior, não ter o direito de saber.

Toda a campanha da chapa dos militares Jair Bolsonaro (PSL) e Hamilton Mourão (PRTB) seguiu esse mote. A campanha toda foi feita para esconder as decisões. As decisões só apareciam esporadicamente.

Para lembrar de como as decisões só apareciam esporadicamente podemos recordar as falas do general Mourão atacando o 13º salário, direito histórico e arduamente conquistado pelo conjunto da classe trabalhadora. Na última vez, afirmou que “no fim todos se prejudicam” com o benefício. Para ele, esse direito das trabalhadoras e dos trabalhadores é “um custo”.

Podemos lembrar também de quando Paulo Guedes, o “guru econômico” do Bolsonaro, defendeu mais impostos para os mais pobres. Em encontro de empresários realizado em setembro, o economista anunciou a intenção de aumentar a alíquota do Imposto de Renda (IR), criando uma taxa única de 20% para pessoas físicas e jurídicas.

O sistema tributário atual é dividido em faixas, com isenção de IR para aqueles que recebem até R$ 1.903,98, e com cobrança progressiva para quem recebe até R$ 4.664.68. No entanto, com a sugestão feita pelo “posto Ipiranga” do Bolsonaro, todas as faixas passariam a pagar 20% na alíquota do imposto de renda, ou seja, quem ganha dois salários mínimos pagaria valor proporcionalmente igual àqueles que ganham mais de 30 salários mínimos.

Logo em seguida a essas e outras declarações, Bolsonaro correu para apagar o fogo. Assim, a campanha foi toda organizada para que as pessoas, sejam elas bolsonaristas ou não, não saibam em quem podem confiar. O que é real, ou apenas uma bravata? Ninguém sabe, a não ser eles mesmos. O tempo todo era um diz e desdiz.

Outro fato que evidencia isso é Bolsonaro só falar em espaços onde não será questionado. Fugiu dos debates como se foge da peste e só deu entrevistas para amigos. Na maior parte do tempo, para ouvi-lo temos que nos submeter ao exercício masoquista de assistir às suas lives no facebook, as quais, diga-se de passagem, adotam uma estética horrorosa ao estilo Al-Qaeda, fazendo parecer que estão numa espécie de bunker. Quando o “mito” falava na TV, parecia estar lendo, porque de fato estava repassando um discurso decorado escrito por algum assessor e marqueteiro.

Leia aqui todos os textos de João Elter Borges Miranda

Além disso, outro acontecimento que demonstra o quão obscuro é o projeto de Jair Bolsonaro é o fato de a maior parte das informações que circulavam nas redes sociais serem falsas. As fake news formam hoje mais opinião do que os meios de comunicação tradicionais, como telejornais, jornais, revistas. As notícias falsas tiveram papel determinante nas eleições. Elas foram fortemente criadas e intensamente espalhadas com recursos advindos de um esquema criminoso de caixa dois montado por empresários que apoiam Bolsonaro. Investiram milhões para disparar mensagens no Whatsapp contra o PT e as pessoas que compunham a chapa presidencial: Fernando Haddad e Manuela D’ávila. Foi assim que um candidato que, no primeiro turno, só possuía oito segundos de tempo de TV, conseguiu uma votação massificada. Enquanto isso, Geraldo Alckmin (PSDB), que tinha tempo de sobra de TV, recebeu uma votação irrisória e o seu partido saiu completamente arrasado dessa eleição.

Não seria necessário muito esforço mental para prever que Bolsonaro, em seu governo, adotará esse modus operandi em que concentra todas as decisões em si mesmo, completamente centralizador, personalista, sem transparência, sem democracia, sem diálogo, sem interlocução com as pessoas que votaram nele e com as pessoas que fazem oposição a ele.

Não é à toa que fazem de tudo para fiscalizar professoras e professores, incentivando colegas de profissão e estudantes a vigiar e filmar aquelas e aqueles que, supostamente, poderiam estar realizando “doutrinação ideológica e política” em sala de aula. Não é à toa que querem que os livros se mantenham fechados, como foi a campanha sensacionalista contra a obra intitulada difamatoriamente como “Kit Gay”. Não é à toa que querem barrar a liberdade dos cursos de humanas das universidades.

Não é à toa que Bolsonaro ataca sempre que pode intelectuais, militantes, ativistas, enfim, pessoas que discordam ou possam vir a discordar dele. Em suas diversas variações nacionais, o fascismo possui sempre um forte elemento de anti-intelectualismo, de anti-pensamento crítico de oposição. Em geral, os políticos e ideólogos fascistas reprovam o pensamento crítico de oposição por acharem que os mesmos não possuem “função” na sociedade, acusando-os de não contribuírem para o poder e a unidade do estado nacional.

Bolsonaro e cia expelem uma nuvem de fumaça tóxica no ar para ocultar intenções inconfessáveis, pois sabem que navegam melhor por entre brumas e cerração; pois sabem que se as pessoas de fato entendessem o que esse novo governo fará com elas, nunca votariam nesses algozes. O principal motor da sujeição é a ignorância. E isso é a prova mais clara do autoritarismo que está por vir; é a característica central de todo projeto obscuro.

Obviamente, a maneira como Bolsonaro promete reorganizar os ministérios reflete isso. O presidente eleito vai fundir pelo menos 11 pastas para criar quatro superministérios. Criará o ministério da Economia juntando as pastas da Fazenda, Planejamento e Indústria e Comércio Exterior; juntará os ministérios da Casa Civil com a Secretaria de Governo; o da Infraestrutura com o dos Transportes; a pasta da Educação com a de Cultura e Esporte; o da Justiça com o da Segurança Pública; e fundirá o da Agricultura e do Meio Ambiente.

Bolsonaro justificou essa reorganização com a retórica supostamente em defesa do pragmatismo e da eficiência. Ele diz que quer gente eficiente perto dele, quer reduzir gastos, acabar com a corrupção. Paradoxalmente, convidou Alberto Fraga, condenado em primeira instância a 3 anos e 2 meses de prisão por uso do cargo em troca de vantagens pessoais, para coordenar a bancada da bala no Planalto.

Essas justificas para a fusão dos ministérios não passam de inverdades. Bolsonaro quer sim é centralizar o poder em si mesmo. Sinceramente, nada disso me surpreende. Não esperava algo diferente de alguém como Bolsonaro, que não tem tradição democrática; pelo contrário, ataca o sistema democrático sempre que pode.

Bolsonaro ser um fascista não é novidade para mim, mas me preocupa e me assusta profundamente saber que ele subirá a rampa do planalto em janeiro com a faixa presidencial para comandar o país. A democracia brasileira, que já é extremamente falha, se verá ainda mais deturpada no seu governo. O fosso existente entre a população e o sistema político será aumentado ainda mais, pois as poucas pontes construídas até aqui serão destruídas.

O mais assustador é que, a partir do dia 1º de janeiro, será oficialmente iniciado um governo em que, quem faz oposição, corre o risco de ser atacado, de desaparecer, de morrer. Risco que sempre existiu, especialmente para quem é periférico, quem é mulher, quem é negro, quem pertence à comunidade LGBT. Contudo, o tijolo agora será muito maior e virá direto contra a cabeça de quem traz no bolso a contravenção/Muambas, baganas e nem um tostão/A lei te vigia/Com seus olhos de raios X.

Esse ataque poderá vir direto do governo, ou do movimento bolsonarista, composto pelos eleitores do Bolsonaro mais convictos e radicais, fascistas, que estão longe de agir dentro do universo da divergência política aceitável, como já demonstraram matando o mestre de capoeira e militante Romualdo Rosário da Costa, de 63 anos, conhecido como Moa do Katendê, que foi esfaqueado e morto em um bar por um apoiador de Bolsonaro. Esse grupo de eleitores, vale ressaltar, é uma parcela pequena do conjunto de pessoas que votaram no candidato do PSL, como já apontei aqui

O terreno para o massacre já está sendo preparado. Já está na ordem o acirramento da Lei Anti-terrorismo que criminaliza movimentos sociais, o Projeto Escola Sem Partido e o fim do atual Estatuto do Desarmamento. Além de promover um discurso de ódio, que inflama e instiga os setores mais autoritários e retrógrados da sociedade brasileira, Bolsonaro quer ainda armar a população, dando também carta branca aos policiais para matarem quem quiserem.

O risco contra nós é grande. De repente, algo se esgarçou e se tornou inaceitável para uma parte da sociedade. E este algo inaceitável marca e determina um inimigo: a esquerda brasileira. De repente, nós de esquerda passamos a ser vistos por uma parcela considerável da população como baratas gigantescas horrorosas. Assim como Gregor Samsa, estamos condenados sem o direito de saber o porquê.

Contudo, está muito enganado quem crê que recuaremos. De fato, a tática e a estratégia precisam ser repensadas por conta da segurança. Mas, engana-se quem imagina que ficaremos de braços cruzados em casa lambendo as feridas. “Aceita que dói menos” o caralho!

Já estamos nos estruturando para mobilizar o conjunto da classe trabalhadora profunda e legitimamente insatisfeita com o sistema político, organizando-os, de modo que entendam que fazem parte da resistência e construam conosco a força necessária para barrar os rojões.

Bem unidos façamos, nesta luta, uma terra sem amos. Nesse processo, podem até tentar nos enterrar, mas saibam desde já que somos sementes.

*João Elter Borges Miranda é professor de história formado pela Universidade Estadual de Ponta Grossa, trabalha na rede pública do Estado do Paraná e milita na Frente Povo Sem Medo, Frente Ampla Antifascista e Intersindical. Email: recapiari636@gmail.com

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O que o Brasil perde se Bolsonaro mudar a embaixada em Israel

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Brasil perde se Bolsonaro mudar a embaixada em Israel

RBA

A ideia do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) de transferir a embaixada brasileira em Israel para a cidade de Jerusalém pode causar sérios prejuízos financeiros ao Brasil. E comprometer milhares de empregos. Na relação diplomática os problemas já começaram, com o cancelamento por parte do governo do Egito da recepção a uma comitiva brasileira que chegaria ao país nesta quinta-feira (8).

Composta por diplomatas, empresários e o ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, a comitiva teve de desfazer as malas. A decisão do Egito pode ser prenúncio do que acontecerá caso Bolsonaro concretize sua intenção de transferir a embaixada para Jerusalém.

Em 2017, o Brasil teve um superávit de US$ 7,1 bilhões na balança comercial com os 22 países que compõem a Liga Árabe. O valor representa mais de 10% dos US$ 67 bilhões de superávit que o Brasil alcançou na balança comercial em 2017. “É uma irresponsabilidade”, diz o presidente da Confederação Democrática Brasileira dos Trabalhadores da Alimentação (Contac-CUT), Siderlei de Oliveira, em reportagem de Rosely Rocha no portal da CUT.

O dirigente lembra dos prejuízos causados ao setor no país quando a Operação Carne Fraca da Polícia Federal levou ao fechamento de frigoríficos por causa da denúncia de salmonela. “Agora, vem essa proposta de Bolsonaro que pode quebrar vários frigoríficos”, afirma. “Há inclusive plantas inteiras que abatem frangos somente para os árabes que tem um corte especial, por causa da religião deles.”

Carne bovina e frango são os dois principais produtos exportados pelo Brasil para os países árabes. Ambos seguem um procedimento específico do islamismo para a criação, alimentação e abate dos animais, chamado de “carnes halal”. Entre as regras está a obrigatoriedade de o corpo do animal, no momento do abate, estar voltado na direção de Meca, cidade sagrada do islamismo, situada na Arábia Saudita. O abate também deve ser realizado por um muçulmano.

No ano passado, os países árabes compraram do Brasil cerca de US$ 983 milhões em carne bovina, sendo que o Egito foi justamente o principal cliente, com US$ 519 milhões. No total, em 2017, o Brasil vendeu US$ 2,4 bilhões para o Egito, valor muito superior aos US$ 466 milhões negociados com Israel.

Enquanto o Egito é o maior comprador de carne bovina, a Arábia Saudita é a maior consumidora da carne de frango: em torno de 90% do produto consumido no país é de origem brasileira. Além das carnes, o minério de ferro, o açúcar, soja e milho estão entre os principais produtos exportados pelo Brasil para o mundo árabe. Juntos, os países árabes são o quinto principal destino das exportações nacionais.

Uma longa disputa

A contrariedade do Egito – e dos demais países árabes – com a intenção de Bolsonaro deve-se ao fato da cidade de Jerusalém ser reivindicada como capital tanto por Israel quanto pela Palestina. A cidade é considerada sagrada pelas três maiores religiões monoteístas: judaísmo, cristianismo e islamismo.

Em 1948, quando a Organização das Nações Unidas (ONU) criou o Estado de Israel, ela não reconheceu Jerusalém como capital do novo país. Desde então, a ONU recomenda que todos os países do mundo mantenham uma posição de neutralidade com relação a disputa por Jerusalém e tenham suas embaixadas em Israel na cidade de Tel Aviv, e na Palestina na cidade de Ramallah.

Até 1967, os palestinos controlavam a parte oriental de Jerusalém, controle perdido para Israel durante a famosa Guerra dos Seis Dias. Atualmente, apenas a Guatemala e os Estados Unidos, após a eleição de Donald Trump, têm suas embaixadas em Israel na cidade de Jerusalém.

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Como explicar o antinacionalismo dos militares que circundam Bolsonaro?

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antinacionalismo dos militares que circundam Bolsonaro

Júlia Dolce, Brasil de Fato

O nacionalismo do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) tem sido colocado em xeque por opositores e intelectuais, que questionam o caráter entreguista das medidas já anunciadas pelo capitão reformado do Exército.

As Forças Armadas, outrora associadas à defesa do interesse nacional, reaparecem no cenário político brasileiro com um discurso patriótico esvaziado, que contempla até propostas radicais de privatização.

Nem sempre foi assim. Na década de 1950, os militares participaram da fundação da Petrobrás e reivindicaram seu caráter público e estatal. A narrativa privatista e anticomunista da ditadura militar, iniciada em 1964, logo foi deixada de lado em nome da valorização das empresas nacionais. O próprio Bolsonaro defendia, 13 anos atrás, que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) fosse fuzilado por defender a privatização da Vale do Rio Doce.

Para o cientista político e professor aposentado da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) João Quartim de Moraes, essa contradição não é uma característica apenas do governo eleito, mas das próprias Forças Armadas. Moraes é pesquisador de filosofia antiga, teoria política e instituições brasileiras, e já publicou diversos livros sobre o militarismo no Brasil e América Latina, como “A Tutela Militar“, de 1987, “A Esquerda Militar no Brasil“, de 1991, e “Liberalismo e Ditadura no Cone Sul“, de 2001.

Eu concordo que há uma contradição objetiva, ela é o seguinte: as Forças Armadas como instituição estão identificadas ao Estado brasileiro. Se ele fica fraquinho, elas também ficam. De outro lado, ideologicamente, elas estão identificadas com o que chamavam de Colosso do Norte, os Estados Unidos – hoje, Trump. É uma contradição deles, que nós temos que levar em conta“, afirmou.

Confira a entrevista completa:

Brasil de Fato: O senhor enxerga uma contradição no caráter militar antinacionalista do governo de Jair Bolsonaro?

João Quartim de Moraes: A gente determina uma contradição identificando bem quais são os polos dela. No golpe de 1964, no primeiro governo da ditadura, do General Castelo Branco, eles eram privatistas, liberais. Quem mandava na economia era Roberto Campos, um privitatista extremado, liberalóide fanático. Esse tal Paulo Guedes aí, o já designado “superministro” das questões econômicas, é um continuador, talvez menos preparado intelectualmente – porque Roberto Campos era um homem de certa cultura –, mas é a retomada desse liberalismo extremado, socialmente indiferente e cruel. Isso tivemos na primeira fase da ditadura. Houve uma inflexão lenta para uma política de fortalecimento do Estado nacional, que atinge o auge no governo de Ernesto Geisel, uma tentativa de desenvolvimento econômico planejado e centrado no Brasil com um esforço muito grande, que acabou não dando tão certo porque foi atropelado pela crise internacional, do petróleo, governando em uma situação internacional muito adversa. Nesse sentido, pode ser comparado ao governo de Dilma Rousseff a partir de 2012.

Nisso, ele não realizou parte considerável do seu projeto de industrialização acelerada, de desenvolvimento possante das vias de transporte. Ele investiu muito em ferrovia, mas o êxito foi parcial. O interessante é que a contradição que houve foi entre a alta burguesia paulista, banqueiros e industriais, FIES, Febraban, e o Geisel. Porque fizeram uma campanha anti-estatizante – o que dominou a cena política brasileira entre 1977 e 1978.

Em geral, espera-se que os governos militares sejam mais nacionalistas. Isso é parcialmente verdadeiro, mas geralmente esquecemos porque temos a bronca da repressão e do DOI-CODI. Mas, é preciso ver com mais amplitude. Os militares não são todos monolíticos. Tem gente com ideias diferentes lá, de autonomia econômica nacional.

Agora, no governo Bolsonaro, como se configura? Não sei bem. O próprio Bolsonaro tem aquele lado falastrão, vai lançado as frases, muito para apavorar a molecada, mas atrás disso ele não é bobo. Ele fala uma besteira, mas quando se dá conta, ele recua. Veja o caso da China: explicaram para ele que é o maior importador do Brasil, que se a China romper relações com o Brasil é o maior prejuízo. Aí ele parou e considerou isso. Nós tememos, estamos assustados com o que ele pode fazer, mas bobo ele não é.

Mas, historicamente, os militares costumam ter o nacionalismo como valor inerente?

É complexo porque, do mesmo modo que havia muitos militares nos anos 1950, que batalharam corajosamente, até próximos do partido comunista então na ilegalidade, e aos intelectuais nacionalistas, pela Petrobrás, como também lutaram pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Cnpq), havia também a direita militar que recebia ordens de Washington direta e indiretamente. Esses eram a favor do alinhamento incondicional.

Bolsonaro bateu continência para a bandeira estadunidense, o que é lastimável, mas é difícil identificar essa contradição. Eu concordo que há uma contradição objetiva, e ela é o seguinte: as Forças Armadas como instituição estão identificadas ao Estado brasileiro; se ele fica fraquinho, elas também ficam. De outro lado, ideologicamente, estão identificadas com o que chamavam de Colosso do Norte, os Estados Unidos. É uma contradição deles, que nós temos que levar em conta: uma contradição no interior das Forças Armadas brasileiras.

Isso está relacionado à influência dos EUA no golpe de 1964?

Isso não começou em 1964. Do mesmo modo que a vitória do candidato de linguajar e, quem sabe, ideologia fascistóide, não começou com a campanha eleitoral de 2018. Eu diria que começou em junho de 2013, quando a direita começou a tomar conta da rua, ultrapassando e manobrando aqueles protestos até progressistas da molecada do passe livre. Do mesmo modo, em 1964, começou muito antes. Começou com uma vitória da esquerda, a vitoriosa resistência de 1961 à primeira tentativa para impedir que João Goulart virasse presidente, com a renúncia de Jânio Quadros.

Eles não queriam Jango, então houve uma mobilização, da qual despontou a figura desse grande dirigente de esquerda, Leonel Brizola, e coordenou a resistência ao golpe. Mas eles perderam ali e vieram para o toco depois. Eu fiz um livro há 20 anos, “A Esquerda Militar do Brasil”, em que narro isso até a revolução desde 1930. A alta burguesia paulista articulou-se fortemente em contato com os militares até 1961.

Tanques estadunidenses foram doados ao Exército brasileiro, em outubro, e as Forças Armadas estadunidenses já vieram treinar na Amazônia neste ano. O senhor acredita que essas ações simbolizam uma perda de soberania, talvez uma entrada do Brasil em uma guerra contra a Venezuela, à sombra dos EUA?

Ceder base para os Estados Unidos aqui no Brasil é algo que põe em questão a soberania. Trump foi derrotado parcialmente agora nas eleições estadunidenses, os democratas são maioria na Câmara – não sei se aceitariam passivamente uma invasão na Venezuela.

Agora, se o Brasil aceitar o miserável papel de tropa auxiliar dos EUA em uma invasão dos EUA, aí seria um rebaixamento da nossa soberania: voltaremos a ser um satélite. Mas isso não está configurado ainda. O que está configurado na Venezuela é que os imigrantes estão vindo para o Brasil, porque a situação econômica lá está tremendamente difícil. Então, podem usar o argumento de que reforçar a segurança na fronteira é impedir que isso vire um caos. Mas acho que o Brasil, por enquanto, ainda não tem um papel fundamental para desestabilizar a Venezuela. Isso vem do bloqueio estadunidense e de uma hiperinflação que eles não têm conseguido controlar.

As pessoas estão muito preocupadas e assustadas com o que esse governo representa. O senhor acredita na possibilidade de um golpe militar?

Os militares não precisam disso. Se ganharam uma eleição, por que precisam dar um golpe? Isso poderá se configurar mais a frente, daqui a vários meses, no mínimo, se, o que é possível, logo de início as cabeçadas de Bolsonaro criarem uma situação econômica insustentável. Não creio que isso ocorrerá logo no início. Ou talvez por excesso de violência, na linha de frente dele está o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), depois o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e o próprio Partido dos Trabalhadores (PT).

Agora, golpe militar, o chamado “auto-golpe“, com ele, com o General Mourão, que me parece instável psicologicamente se não for fingimento, eu não sei. Mas saberemos logo, porque ele terá que definir se será uma reedição de Jânio Quadros, que aguentou seis meses.

Temos que usar com certa prudência as comparações históricas e não ficar antecipando ou agravando a situação já difícil e preocupante, porque o alarmismo é ruim. Não tenho nenhuma dúvida que o amor à democracia nas cúpulas militares é pequeno, e que diante de uma situação de perigo comunista, ou de crise, algo que eles sempre inventam, ou uma situação real e objetiva de descalabro econômico, paralisia da economia ou revolta social intensa, aí sim o espectro de um auto-golpe com Bolsonaro, com a cúpula militar empurrando Bolsonaro, se ele se demonstrar demasiado desequilibrado, é possível. Mas é mais complexo, internacionalmente. já imaginou uma ditadura militar no Brasil? O único país… eles têm uma noção.

Mas, na sua opinião, podemos virar uma sociedade bem mais militarizada?

O pior que está acontecendo agora é que quem está empurrando a militarização da sociedade não são os militares propriamente. São os talibãs evangélicos, que inutilmente a Dilma Rousseff tentou aplacar, fazendo média, indo vistar o Templo de Salomão.

O que a esquerda tem de fazer é travar um combate ideológico pela cultura e pelas luzes. Vamos diagnosticar direito a coisa. O problema principal e ideológico do Brasil, por hora, não são os militares, porque Bolsonaro é um fanático, e esse é o principal entorno ideológico que o impulsionou. O principal problema de retrocesso cultural são os extremistas evangélicos, e é nisso que temos que prestar atenção, travando uma corajosa luta, como vem sendo travado nas escolas e universidades públicas, contra essa aberração que é o “Escola Sem Partido“.

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“Brasil terá 8 anos com Bolsonaro e 8 anos com Moro”, diz Silvio Santos

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Brasil terá 8 anos com Bolsonaro e 8 anos com Moro Silvio Santos

O apresentador e dono do SBT, Silvio Santos, recebeu ligação do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) durante a exibição do Teleton neste sábado (10.nov.2018). Na ocasião, Silvio disse que o Brasil será governado 8 anos por Bolsonaro e mais 8 por Sérgio Moro, futuro ministro da Justiça e Segurança Pública.

Pode ser que isso não aconteça, mas se depender da minha vontade e das pessoas que querem ver o Brasil pra frente, 8 anos com Bolsonaro e 8 anos com Moro, [o país] vai ter 16 anos de 1 bom caminho. Peço a Deus que isso se realize”, disse o apresentador.

Bolsonaro agradeceu os elogios a Moro. “Mérito dele, não nosso. É o homem que nos deu esperanças de viver num país, se não for sem corrupção, com menos corrupção”, disse.

Esta foi a 1ª vez que um presidente da República eleito liga para a campanha. O Teleton foi criado há 21 anos com o objetivo de ajudar às crianças da AACD (Associação de Assistência à Criança Deficiente). Segundo o SBT, a edição de 2018 já superou a meta e arrecadou mais de R$ 30 milhões.

Sou 1 fã teu. Tenho acompanhado o Teleton à medida do possível, realmente há 1 reconhecimento muito grande por parte da sociedade”, disse o presidente eleito. “A grande contribuição não é minha. É pedir [uma doação], respeitosamente, para quem votou em mim ou não, mas é fã do Silvio Santos”, afirmou.

Bolsonaro também disse que iria tornar pública a doação para a campanha, mas Silvio pediu para que ele não revelasse o valor. Disse que isso causaria polêmica tanto se fosse alto ou baixo. “É a 1ª vez que um presidente teve a gentileza de ligar pra mim”, declarou.

A conversa foi ao vivo e durou pouco mais de 6 minutos. Ao final, Silvio Santos agradeceu a Bolsonaro e fez questão de dizer que não o conhece pessoalmente, mas tem uma impressão positiva sobre ele. “A impressão que eu tenho é que é um carioca risonho e brincalhão.”

Brasil, ame-o ou deixe-o

Na semana passada, o SBT lançou uma campanha com uma série de vinhetas nacionalistas. Em uma delas, a voz oficial da emissora, do locutor Carlos Roberto, anuncia: “Brasil, ame-o ou deixe-o”.

O slogan começou a ser usado no início dos anos 1970, durante o governo do general Emílio Garrastazu Médici. A frase ficou conhecida como slogan da ditadura militar.

Após a repercussão do caso, a emissora disse que houve um equívoco na exibição da peça e a retirou na última quarta-feira (7).

No entanto, ainda há outras 4 vinhetas que continuam a ser exibidas. Nelas, também há frases e músicas que remetem aos símbolos do período.

Uma delas mostra a frase “Eu te amo, meu Brasil”, com a música de fundo da dupla Dom & Ravel, amplamente usada pelo regime militar como propaganda política.

Poder360

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Testemunha conta versão diferente sobre a morte de Daniel Corrêa

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Daniel Correa assassinato
Daniel Correa foi torturado e teve o pênis mutilado

O depoimento de uma nova testemunha reacende dúvidas sobre o que realmente aconteceu nos instantes que antecederam a tortura e a morte do jogador Daniel Corrêa, de 24 anos.

Uma jovem de 19 anos que se relacionou com o jogador horas antes do crime relatou à polícia que um pedaço de colchão com sangue e documentos de Daniel foram queimados por ordem do empresário Edison Brittes.

A jovem, que teve o nome preservado pela polícia, afirmou que não conhecia Daniel, que o beijou apenas no camarote da Shed — casa noturna em Curitiba onde a festa de Allana Brittes ocorreu, e que os dois conversaram sobre assuntos triviais.

A testemunha afirmou que Daniel chegou à casa da família Brittes, onde a comemoração continuou depois, sem ser convidado e que ele “não aparentava estar embriagado”. Daniel, de acordo com ela, estava “tranquilo e conversava normalmente”.

Detalhes

A testemunha contou que estava dormindo antes das agressões contra Daniel começarem e que “não ouviu em nenhum momento qualquer solicitação de socorro por parte de Cris [Cristina Brittes, esposa de Edison]”. Disse, ainda, que, em momento algum, Cristiana relatou “abuso sexual ou estupro por parte de Daniel”.

Durante o depoimento, a jovem também falou que viu Cristiana Brittes chamando Allana Brittes e dizendo: “Ajuda, desce, senão seu pai vai matar o menino”.

Afirmou que, pouco depois, viu Edison Brittes segurando Daniel pelo pescoço no quarto do casal e que o jogador “não falava nada”. A testemunha também contou que, ao chegar ao quarto, Edison Brittes também deu tapas no rosto da mulher.

Nesse momento, conforme a testemunha, Edison Brittes mandou que a porta fosse fechada e Allana Brittes obedeceu.

Em seguida, conforme o depoimento, Eduardo Henrique da Silva, Ygor King e David Willian da Silva, os outros três presos por envolvimento no crime, entraram no cômodo. A defesa deles diz que o trio não participou do assassinato.

“Que, enquanto estava na sala, ouvia de dentro do quarto Júnior dizendo ‘Seu vagabundo, quem mandou mexer com mulher casada, no meu quarto, com a minha mulher'”, diz trecho do depoimento.

A jovem ainda relatou que viu um dos convidados, que não foi preso, pegando na cozinha a faca usada no crime. “Uma faca grande, lisa, de cortar carne”, descreveu a jovem.

A testemunha afirmou que Cristiana Brittes dizia que não era para deixar Edison Brittes fazer nada. Então, “Júnior a questionou, dizendo ‘Você está defendendo esse vagabundo'”, diz trecho do depoimento.

A testemunha disse que, depois das agressões, Daniel foi colocado em um cobertor no porta-malas do carro.

“Matei ele”

De acordo com a jovem, quando Edison Brittes voltou, com roupas diferentes e uma garrafa de água grande, a filha questionou o que o pai tinha feito. “Júnior apenas disse ‘matei ele’ e Allana questionou como, mas Júnior ficou em silêncio”, diz trecho do depoimento.

A testemunha também contou que Edison Brittes comentou que “havia matado o gambá” e que “não ia aguentar” Daniel Correa depois de vê-lo na cama com a mulher.

Por fim, a jovem disse que foi orientada por Edison Brittes a dizer para a polícia que Daniel tinha ido embora sem dizer nada.

Investigação

Até o momento, pelo menos 14 pessoas foram ouvidas. Segundo a polícia, o crime aconteceu depois de uma festa em comemoração ao aniversário de 18 anos da filha de Edison Brittes, Allana Brittes. Edison Brittes confessou ter matado Daniel Correa.

Ele afirmou que cometeu o crime porque o jogador tentou estuprar a mulher dele, Cristiana Brittes. A família Brittes está presa e deve ser indiciada por homicídio qualificado e coação de testemunhas.

SAIBA MAIS SOBRE O CRIME AQUI.

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Os Mais Médicos e uma história real

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João Elter Borges Miranda*, Pragmatismo Político

— Vamos falar com aquela senhora — ela disse, apontando com o dedo. — Agora — completou, com a voz mais forte, tocando-lhe o braço, porque, com apenas uma hora de caminhada, ela já pôde perceber que ele é um homem distraído.

Sim, distraído, quem sabe? Alguém provisório, talvez; alguém que, aos 26 anos, não tem nada, exceto por um leque de ansiedades e não é ainda exatamente nada. E essa magreza semovente de olhar de cachorro faminto, viu-se diante de Dona Zefa, catadora, moradora de um bairro periférico da Capital da Reaçolândia.

A mulher que o acompanhava é uma militante do MST. Sou das antigas, ela disse para mim — e riu. Seguíamos juntos com um grupo de camaradas fazendo o trabalho de formiguinha, decisivo no segundo turno das eleições presidenciais de 2018. Acenamos para a senhora, que com o olhar firme veio até nós. Um cartum: a figura dos militantes de esquerda aguardando serem recebidos por uma trabalhadora. Sim, há algo de belo nesta imagem. É um papel que representamos, os militantes apreensivos numa conjuntura em que os vermelhos correm risco de vida; a vida dura diante de nós, crianças chorando, cachorros latindo, porcos roçando o esgoto, o sol quente, o cheiro forte e a senhora que caminha em nossa direção com o passo firme de quem sabe aonde está pisando.

Era Dona Zefa, que mais perto nos presenteava com um sorriso e um olhar de curiosidade. Testemunhas de jeová?, deve ter se perguntado. Enquanto tirava as luvas, deu um bom dia exitante. Era feriado, o sol estava escaldante e tinha muito o que fazer até o fim do dia.

A camarada do MST começou o repertório de sempre. A fala é o seu território, de onde, percebi, só sai – e só quer sair, às vezes a contragosto – para tarefas específicas bem marcadas pelo movimento. Quando termina, Dona Zefa começa a falar, compartilhando conosco que é trabalhadora, é mãe, é avó, é aposentada e trabalha como catadora de recicláveis para complementar a renda. Tem as mãos marcadas por anos de trabalho duro. Ela repensa e repisa os anos passados, tentando entender o que aconteceu após os últimos 13 anos, enquanto o seu olhar migra das mãos para os nossos olhos, e vice-versa.

Para ela, ainda tudo é incerto, provisório, a semana paga com algumas notas e moedas miúdas, ninguém assina nada em lugar algum – mas cada dia de graça é uma desgraça, a cozinha deixa de fornecer alimentação. Emocionada, ela lembra do postinho de saúde do seu bairro, que nem remédio para todo mundo não tem mais. Agora eles até repartem as cartelas de remédio, ela lamenta. Como vou cuidar do meu neto que acabou de nascer? Do meu velho que é hipertenso?, ela completa.

Durante o instante de uma respiração, ficamos emocionados com uma tristeza que é paralisante e profundamente dolorosa. A camarada do MST, como sempre, toma a iniciativa e abraça Dona Zefa. Queria abraça-la também, mas sentia o meu corpo relutar como uma locomotiva saindo da estação, puxando atrás de si as toneladas de vagões; não conseguia fazer nada além de pequenos movimentos hesitantes.

Lembrei da Dona Zefa quando soube que, por conta das declarações ameaçadoras do nosso novo presidente, o ignóbil Jair Bolsonaro, Cuba decidi deixar o programa “Mais Médicos”. Na campanha, Bolsonaro afirmou que expulsaria os médicos cubanos. Na última quarta (14), afirmou que a “ditadura cubana” demonstra “irresponsabilidade” e explora os seus cidadãos.

Os ataques de Bolsonaro à Cuba está, como é de se esperar de alguém sem independência política e ideológica, na mesma linha do que tem feito e dito o presidente dos EUA, Donald Trump. Bom, já que Trump e Bolsonaro defendem tanto o rompimento com a “ditadura cubana”, poderíamos romper também com ditaduras como a da Arábia Saudita, né? Ditadura que proíbe mulheres de dirigir, que apedreja adúlteras até a morte, que é rica em petróleo…

Com a saída de Cuba do programa, são aproximadamente oito mil e quatrocentos médicas e médicos que deixarão de atender nos rincões e sertões do país. Algumas estimativas apontam que 367 cidades no país podem ficar sem nenhum médico na atenção básica. Segundo a Confederação dos Municípios, a saída de Cuba dos Mais Médicos afeta 28 milhões de pessoas. 

Ou seja, Bolsonaro ainda nem subiu a rampa do planalto e já está fazendo estrago, o que evidencia que o seu governo começou logo após o resultado do segundo turno. O Brasil de Bolsonaro é um país que persegue professoras e professores e expulsa médicas e médicos. Enquanto isso, a elite aplaude o seu herói. Fico me perguntando: o que Bolsonaro está pensando? Esse play boy acha que poderá mandar e desmandar no país sem receber resistência? Engana-se! É bom que esse militar medíocre e frustado trate de colocar a cabeça no lugar, ou ela vai rolar….

Leia aqui todos os textos de João Elter Borges Miranda

Na Capital da Reaçolândia, dos oitenta médicos que atendem na cidade, sessenta são cubanos. Quem será mais prejudicado, não seria necessária uma lupa, são pessoas como Dona Zefa, precarizadas. Bolsonaro diz que serão abertos novos editais para contratação de médicos brasileiros. Ela não pode esperar tanto. No fim das contas, a verdade é que, para o “mito”, plano de saúde de pobre é não ficar doente.

Enquanto os ricos recebem todos os holofotes, pessoas como Dona Zefa são tratadas como “desacontecimento”. Não estão nos jornais, nos telejornais, nas revistas. Não estão nos projetos messianicos daqueles que de fato mandam no país, os corruptores, o grande capital, os lobbies que, a todo momento, gestam a privatização não-oficial do Estado. As pessoas que mais sofrerão com o governo desse louco que alguns chamam de “mito”, não tem espaço no antiquário dos acontecimentos diários. Quando aparecem, são tratados como inimigos, estatísticas, desacontecimentos. Quando tratados e narrados, é sempre pela visão do letrado urbano euro-brasileiro. Quando tratados, são sempre o “outro” da sociedade brasileira. Ou, melhor, são os outros: o sertanejo, o retirante, o negro, o favelado.

Sonho com o dia em que o morro descerá e não será carnaval. Está por vir esse dia em que não haverá mais nós, sem nós. Como captou muito bem Emicida, “Favela ainda é senzala jão/Bomba relógio prestes a estourar”. As trabalhadoras e trabalhadores sabem que Bolsonaro, aplaudido pela elite, solta muitos fogos de artifício para esconder as suas garras que avançam contra a saúde pública, contra a educação pública. Dona Zefa compartilhou comigo que, quando jovem, ouviu pelo rádio do vizinho rico o golpe de 1964. E, agora, sabe que algo está acontecendo, novamente; sabe que a movimentação não será para melhorar, mas sim para piorar a vida dela e de sua família.

São pessoas como ela, com consciência de classe, que não se deixam enganar com o discurso fácil do político do patrão, que irão decompor o instituído. Essa energia destituinte se tornará revolucionária se cuidarmos para organizá-la, tirar do estado bruto e lhe dar plasticidade.

Ao contrário do que dizem, é no trabalho decisivo de organização das massas “de baixo para cima” que teremos a força motriz necessária para construir um admirável mundo novo que opere em outra lógica, mais justo, mais democrático, mais humano.

Viva Dona Zefa!

*João Elter Borges Miranda é professor de história formado pela Universidade Estadual de Ponta Grossa, trabalha na rede pública do Estado do Paraná e milita na Frente Povo Sem Medo, Frente Ampla Antifascista e Intersindical. Email: recapiari636@gmail.com

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As polêmicas da 1ª reunião do PSL pós-eleição presidencial

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reunião PSL joice hasselmann major
Major Olimpio e Joice Hasselmann buscam protagonismo dentro do futuro governo Bolsonaro

A primeira reunião da bancada eleita do PSL para o Congresso, realizada nesta quarta-feira (21) em Brasília, terminou sem indicação de nomes para as presidências da Câmara e do Senado.

Cerca de 35 parlamentares do partido do presidente eleito Jair Bolsonaro se reuniram por três horas em um hotel da capital federal. Bolsonaro compareceu rapidamente ao encontro, mas entrou pela garagem da hospedaria e não falou com a imprensa.

Também a inacessibilidade de Onyx Lorenzoni (DEM-RS), futuro ministro-chefe da Casa Civil, foi comentada pelos parlamentares presentes como o ponto de maior conflito na bancada.

“O Major Olímpio [PSL-SP], eleito com nove milhões de votos, ligou pra ele mais de vinte vezes e não conseguiu falar”, afirmou um dos deputados.

Após a reunião, a deputada federal Joice Hasselmann (PSL-SP) confirmou o mal estar. “Os parlamentares apresentaram um certo desconforto, dizendo que não estavam sendo atendidos pelo governo”, disse.

De acordo com ela, os insatisfeitos citaram Onyx explicitamente. A sugestão apresentada, conta, foi de levar uma comitiva ao encontro do futuro ministro-chefe da Casa Civil, o que teria sido aceito de imediato por ele.

“O que está havendo ali é um desencontro de informações. […] O Onyx está vivendo uma sucursal do inferno de agenda, dormindo duas horas por noite”, finaliza.

Hasselmann afirmou ainda que Bolsonaro está ciente das reclamações e que, durante a reunião, o presidente eleito alegou que as indicações foram técnicas e seria apenas coincidência a presença forte do Democratas.

Além de Onyx, Bolsonaro já anunciou outros dois nomes do Democratas para ocupar ministérios: Tereza Cristina, para a pasta da Agricultura, e Luiz Henrique Mandetta para a Saúde.

Comando

A suposta falta de apoio de Onyx é uma das causas para a indefinição quanto às eleições legislativas. Para deputados do PSL, uma candidatura própria à presidência da Câmara seria uma forma de contrabalancear o protagonismo que o DEM vem desenhando no novo governo.

Olímpio apoia abertamente o nome de Luciano Bivar, fundador e atual presidente do PSL, para disputar a presidência da Câmara.

Esse movimento, porém, encontra resistência. Parte das lideranças do PSL acredita que o partido deve investir em nomes de outra legenda, em um acordo a ainda ser costurado. Essa é a opinião do próprio Bolsonaro. Pesa ainda a visão de Joice Hasselmann, que já declarou reiteradas vezes que o presidente da Casa deve ser um deputado experiente no cargo -um obstáculo para o PSL, formado majoritariamente por novatos.

A deputada afirma ainda que não há nada definido em relação a Rodrigo Maia (DEM-RJ), que deve tentar a reeleição. O deputado Delegado Waldir (PSL-GO) confirmou a incerteza quanto a Maia e estimou que “há oito ou nove nomes” que já demonstraram interesse na cadeira.

“Todos são excelentes nomes, como do Delegado Waldir, que também é pré-candidato”, provocou. O deputado destacou ainda os nomes de Capitão Augusto (PR-SP) e João Campos (PRB-GO).

Opções

Joice Hasselmann, que se intitula principal responsável pelo diálogo com os demais partidos, confessou que também não há consenso para a eleição do Senado.

Ela citou Simone Tebet (MDB-RS) como uma opção para a presidência, mas não quis responder quando questionada se já conversou com a senadora sobre a possibilidade. Para ela, Espiridião Amin (PP-SC) e Tasso Jereissati (PSDB-CE) são outros nomes viáveis para a disputa.

O diálogo com os senadores faz parte de uma negociação que Hasselmann alega estar realizando para formar um “blocão” de apoio ao PSL no Congresso. O objetivo da parlamentar é conseguir pelo menos cem nomes.

“Tem que ter mais de uma centena, senão o Centrão leva tudo”, justifica.

O apoio a uma possível candidatura de Renan Calheiros (MDB-AL), afirma ela, não deve acontecer. Ao ser questionado sobre o nome do senador alagoano para a presidência do Senado, Major Olímpio concordou categoricamente: “Pra mim, não”.

Ana Luiza De Carvalho, Congresso em Foco

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Os 15 maiores devedores do Congresso Nacional

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maiores devedores Congresso Nacional sistema tributário refis corrupção

Reportagem do jornal O Estado de S. Paulo desta segunda-feira (26) informa que parlamentares que vão começar o mandato em 1º de fevereiro de 2019 devem R$ 660,8 milhões à União. Mais de 90% desses débitos são de apenas 15 congressistas, inscritos em seus CPFs ou em nome de empresas.

Os dados, elaborados pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN), foram obtidos pelo jornal por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI).

Do passivo total, R$ 328,9 milhões estão em “situação irregular” porque não fazem parte de nenhum tipo de refinanciamento, enquanto outros R$ 331,9 milhões estão parcelados.

Segundo o Estadão, entre os maiores devedores, há defensores de um novo Refis (programa de refinanciamento de dívidas tributárias) com generosos descontos.

As maiores dívidas são atribuídas a empresas do senador Jader Barbalho (MDB-PA), que responde por R$ 135,4 milhões em débitos, e sua ex-mulher, a deputada Elcione Barbalho (MDB-PA), com R$ 117,8 milhões em pendências de companhias das quais é sócia. Os dois informaram ao jornal que não têm débitos como pessoas físicas junto à Receita Federal e que as dívidas das empresas já estão refinanciadas no último Refis ou estão em discussão judicial.

O último Refis teve o prazo de adesão concluído no fim de 2017 e concedeu descontos de até 90% nos juros e 70% nas multas, após forte pressão de parlamentares que tinham débitos com a União.

Os 15 maiores devedores Parlamentar – dívida de empresa ou pessoa física (R$)

Jader Barbalho (MDB) (senador) – 135,4 milhões
Elcione Barbalho (MDB-PA) – 117,8 milhões
Newton Cardoso Jr. (MDB-MG) – 88,3 milhões
Pedro Westphalen (PP-RS) – 73,5 milhões
Wilson Santiago (PTB-PB) – 44 milhões
Professor Alcides (PP-GO) – 35,2 milhões
Vermelho (PSD-PR) – 35 milhões
Luciano Bivar (PSL-PE) – 27,3 milhões
Giacobo (PR-PR) – 17 milhões
Haroldo Cathedral (PSD-RR) – 11 milhões
Eduardo Girão (Pros-CE) (senador) – 10,5 milhões
João Bacelar (PR-BA) – 9,6 milhões
Júlio César (PSD-PI) – 7,3 milhões
Professor Oriovisto (Podemos-PR) (senador) – 5,5 milhões
Celso Russomanno (PRB-SP) – 3,3 milhões
Fonte: PGFN/Estadão

Presidente do partido do presidente eleito, Jair Bolsonaro, o deputado Luciano Bivar (PSL-PE) aparece na lista vinculado a R$ 27,3 milhões em dívidas de três empresas. Bivar afirma que não é mais sócio de uma das empresas e não possui “qualquer responsabilidade pelos débitos eventualmente existentes”.

O ministro extraordinário da transição, deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS), aparece em 36º na lista de devedores, com um passivo de R$ 604 mil inscrito em nome de duas empresas, ambas com parcelamento ativo junto à União. Onyx disse que as companhias estão em dia com os pagamentos e que o Refis foi uma forma de “ajudar empresários em dificuldades”. “Essa é uma das minhas batalhas desde sempre no Congresso. É a esse alto número de taxas e impostos que o presidente Jair Bolsonaro se refere quando fala em ‘tirar o governo do cangote das pessoas’”, declarou o futuro ministro da Casa Civil ao Estadão.

Veja a reportagem completa do Estadão

Congresso em Foco

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