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A mensagem de Boaventura de Sousa Santos aos democratas brasileiros

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Boaventura de Sousa Santos (reprodução)

Boaventura de Sousa Santos*

Dirijo-me aos democratas brasileiros porque só eles podem estar interessados no teor desta mensagem. Vivemos um tempo de emoções fortes. Para alguém, como eu e tantos outros que nestes anos acompanhámos as lutas e iniciativas de todos os brasileiros no sentido de consolidar e aprofundar a democracia brasileira e contribuir para uma sociedade mais justa e menos racista e menos preconceituosa, este não é um momento de júbilo. Para alguém, como eu e tantos outros que nas últimas décadas se dedicaram a estudar o sistema judicial brasileiro e a promover uma cultura de independência democrática e de responsabilidade social entre os magistrados e os jovens estudantes de direito, este é um momento de grande frustração.

Para alguém, como eu e tantos outros que estiveram atentos aos objectivos das forças reaccionárias brasileiras e do imperialismo norte-americano no sentido de voltarem a controlar os destinos do país, como sempre fizeram mas pensaram que desta vez as forças populares e democratas tinham prevalecido sobre eles, este é um momento de algum desalento. As emoções fortes são preciosas se forem parte da razão quente que nos impele a continuar, se a indignação, longe de nos fazer desistir, reforçar o inconformismo e municiar a resistência, se a raiva ante sonhos injustamente destroçados não liquidar a vontade de sonhar. É com estes pressupostos que me dirijo a vós. Uma palavra de análise e outra de princípios da acção.

Por que estamos aqui? Este não é lugar nem o momento para analisar os últimos quinze anos da história do Brasil. Concentro-me nos últimos tempos. A grande maioria dos brasileiros saudou o surgimento da operação Lava Jato como um instrumento que contribuiria para fortalecer a democracia brasileira pela via da luta contra a corrupção. No entanto, em face das chocantes irregularidades processuais e da grosseira selectividade das investigações, cedo nos demos conta de que não se tratava disso mas antes de liquidar, pela via judicial, não só as conquistas sociais da última década como também as forças políticas que as tornaram possíveis.

Acontece que as classes dominantes perdem frequentemente em lucidez o que ganham em arrogância. A destituição de Dilma Rousseff, a Presidente que foi talvez o Presidente mais honesto da história do Brasil, foi o sinal que a arrogância era o outro lado da quase desesperada impaciência em liquidar o passado recente. Foi tudo tão grotescamente óbvio que os brasileiros conseguiram afastar momentaneamente a cortina de fumo do monopólio mediático. O sinal mais visível da sua reacção foi o modo como se entusiasmaram com a campanha pelo direito do ex-Presidente Lula da Silva a ser candidato às eleições de 2018, um entusiasmo que contagiou mesmo aqueles que não votariam nele, caso ele fosse candidato. Tratou-se pois de um exercício de democracia de alta intensidade.

Temos, no entanto, de convir que, da perspectiva das forças conservadoras e do imperialismo norte-americano, a vitória deste movimento popular era algo inaceitável. Dada a popularidade de Lula da Silva, era bem possível que ganhasse as eleições, caso fosse candidato. Isso significaria que o processo de contra-reforma que tinha sido iniciado com a destituição de Dilma Rousseff e a condução política da Lava Jato tinha sido em vão. Todo o investimento político, financeiro e mediático teria sido desperdiçado, todos os ganhos económicos já obtidos postos em perigo ou perdidos. Do ponto de vista destas forças, Lula da Silva não poderia voltar ao poder. Se o Judiciário não tivesse cumprido a sua função, talvez Lula da Silva viesse a ser vítima de um acidente de aviação, ou algo semelhante. Mas o investimento imperial no Judiciário (muito maior do que se pode imaginar) permitiu que não se chegasse a tais extremos.

Que fazer? A democracia brasileira está em perigo, e só as forças políticas de esquerda e de centro-esquerda a podem salvar. Para muitos, talvez seja triste constatar que neste momento não é possível confiar nas forças de direita para colaborar na defesa da democracia. Mas esta é a verdade. Não excluo que haja grupos de direita que apenas se revejam nos modos democráticos de lutar pelo poder. Apesar disso, não estão dispostos a colaborar genuinamente com as forças de esquerda. Porquê? Porque se vêem como parte de uma elite que sempre governou o país e que ainda não se curou da ferida caótica que os governos lulistas lhe infligiram, uma ferida profunda que advém do facto de um grupo social estranho à elite ter ousado governar o país, e ainda por cima ter cometido o grave erro (e foi realmente grave) de querer governar como se fosse elite.

Neste momento, a sobrevivência da democracia brasileira está nas mãos da esquerda e do centro-esquerda. Só podem ter êxito nesta exigente tarefa se se unirem. São diversas as forças de esquerda e a diversidade deve ser saudada. Acresce que uma delas, o PT, sofre do desgaste da governação, um desgaste que foi omitido durante a campanha pelo direito de Lula a ser candidato.

Mas à medida que entrarmos no período pós-Lula (por mais que custe a muitos), o desgaste cobrará o seu preço e a melhor forma de o estabelecer democraticamente é através de um regresso às bases e de uma discussão interna que leve a mudanças de fundo. Continuar a evitar essa discussão sob o pretexto do apoio unitário a um outro candidato é um convite ao desastre. O património simbólico e histórico de Lula saiu intacto das mãos dos justiceiros de Curitiba & Co. É um património a preservar para o futuro. Seria um erro desperdiçá-lo, instrumentalizando-o para indicar novos candidatos. Uma coisa é o candidato Lula, outra, muito diferente, são os candidatos de Lula. Lula equivocou-se muitas vezes, e as nomeações para o Supremo Tribunal Federal aí estão a mostrá-lo.

A unidade das forças de esquerda deve ser pragmática, mas feita com princípios e compromissos detalhados. Pragmática, porque o que está em causa é algo básico: a sobrevivência da democracia. Mas com princípios e compromissos, pois o tempo dos cheques em branco causou muito mal ao país em todos estes anos. Sei que, para algumas forças, a política de classe deve ser privilegiada, enquanto para outras, as políticas de inclusão devem ser mais amplas e diversas. A verdade é que a sociedade brasileira é uma sociedade capitalista, racista e sexista. E é extremamente desigual e violenta. Entre 2012 e 2016 foram assassinadas mais pessoas no Brasil do que na Síria (279.000/256.000), apesar de este último país estar em guerra e o Brasil estar em “paz”. A esquerda que pensar que só existe política de classe está equivocada, a que pensar que não há política de classe está desarmada.

*Boaventura de Sousa Santos é professor Catedrático Jubilado da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra

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Primeiro homem da Inglaterra era negro de olhos azuis, revela DNA

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Cheddar Man (reprodução)

O primeiro homem britânico conhecido, que viveu há 10.000 anos, era negro e tinha olhos azuis, segundo a reconstituição de seu rosto feita por uma equipe de pesquisadores.

Conhecido como “Cheddar Man“, nome do local do sudoeste da Inglaterra onde seu esqueleto foi descoberto, este homem tinha o rosto anguloso, o cabelo negro ondulado, olhos azuis e uma pele escura.

É surpreendente ver que um britânico de há 10 mil anos podia ter a pele bem escura e os olhos azuis“, comentou o diretor de Pesquisas do Museu de História Nacional de Londres, Chris Stringer.

A reconstituição foi possível graças a dois fatores: a qualidade do DNA extraído, particularmente bem conservado para um esqueleto tão antigo, e as novas técnicas de sequenciamento do genoma – com as quais se pode determinar a sequência genética completa de um organismo.

A qualidade do DNA é explicada porque o esqueleto foi descoberto em uma gruta.

As condições são constantes, o ar é fresco e seco, o que permitiu evitar sua deterioração“, explicou a pesquisadora Selina Brace.

O “Cheddar Man” era parte de uma população de caçadores-coletores que imigrou do Oriente Médio para o norte da Europa ao final da última era glacial.

Hoje em dia, cerca de 10% da população britânica branca é descendente de um deles.

A mudança para uma pele mais clara dominante entre os britânicos se deveu, em parte, à invenção da agricultura e à modificação da dieta, mais pobre em vitamina D, explicou Stringer.

Não sugerimos que o ‘Cheddar Man’ evoluiu até desenvolver uma pele mais clara, e sim que houve ondas de populações de pessoas que dominavam a agricultura e portavam o gene de uma cor de pele mais clara“, acrescentou.

AFP

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A foto das crianças da Maré que deveria estampar todos os jornais

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foto crianças da Maré

Na última terça-feira (6), uma operação da Polícia Militar no Complexo da Maré, no Rio de Janeiro, matou uma criança de 13 anos, identificado como Jeremias Moraes da Silva, e um jovem de 20 anos, Matheus Fernandes Ribeiro. Não há confirmação do número exato de feridos.

Desolada, a mãe do menino Jeremias afirmou que o filho foi atingido quando voltava do futebol.

“Toda vez que volta às aulas na comunidade é isso. Volta às aulas, começa operação. Parece que eles combinam. Meu filho de 13 anos, servo do senhor, um menino de ouro, estava aprendendo a tocar violão. Eu tinha cinco filhos, senhor, agora só tenho quatro”, disse ela, na porta do Hospital Souza Aguiar.

“Quantas mães não estão passando por isso? A gente vê o noticiário na televisão e acha que nunca vai acontecer com a gente. E agora aconteceu comigo, e daqui a pouco outra. Que Deus abençoe todas as mães, dê força. Meu marido não tem chão”, acrescentou.

No noticiário, os telejornais e jornais impressos preferiram destacar os danos ao tráfego de veículos causado pela operação. “Operação na Maré fecha as 3 principais vias do Rio”, destacou a TV Globo. “Confrontos na Maré fecham três vias expressas”, publicou o jornal O Globo, do mesmo conglomerado.

Enquanto isso, no Facebook, a página Maré Vive retratava a verdadeira dimensão do que ocorria na comunidade, através da publicação de uma imagem tocante e de um desabafo genuíno. Reproduzimos abaixo:

“Já estamos indo pra 10 horas de operação policial aqui na Maré. Os tiros não cessam, confrontos de grosso calibre em praticamente todo o Complexo.

Estamos encurralados por esse estado assassino, que diz não ter dinheiro pras coisas básicas dos cidadãos, mas investe pesado na guerra aos pobres. Já temos mais de 3 pessoas baleadas. E uma delas corre sério risco de falecer. (edit: 2 pessoas morreram na operação)

Sem comoção pública, sem nota nos jornais online ou impressos. Sem chamada ao vivo pra ver a situação de quem sofre com esse absurdo.

Enquanto a burguesia do privilégio continua se programando pro carnaval a gente tá aqui, invisível, lutando pra ficar vivo.

Eu passei por essa situação da foto quando criança. Muita gente da minha geração passou por isso. Hoje estamos vendo nossos filhos.. que dor. que dor..”

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Deputado preso pela PF é conhecido por confusões e até por vídeo pornô

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João Rodrigues deputado preso pela pf confusões vídeo pornô professora
João Rodrigues, deputado federal pelo PSD-SC (reprodução)

Em seu segundo mandato na Câmara, o deputado João Rodrigues (PSD-SC), preso nesta quinta-feira (8) pela Polícia Federal, é mais conhecido pelas confusões em que se meteu do que por sua produção legislativa. Flagrado assistindo a um vídeo pornô no plenário em 2015, ele já se envolveu em diversas polêmicas com outros parlamentares. Em seus discursos, chamou colegas de “vagabundos”, “pilantras” e “escória”. Ameaçou dar “porrada” e “cacete” em deputados que divergiam dele. Também mandou congressistas calarem a boca.

Condenado em segunda instância a cinco anos e três meses de prisão em regime semiaberto, por fraude e dispensa irregular de licitação, Rodrigues também desejou “boa hospedagem” na cadeia ao empresário Wesley Batista, do grupo J&F, preso desde setembro, durante depoimento do delator na CPI da JBS. Na ocasião, frisou, “a Justiça falha, mas não tarda”.

O deputado integra duas das bancadas mais barulhentas da Casa, a da bala e a ruralista. João Rodrigues, de 50 anos, entrou para a política após uma carreira como apresentador de rádio e TV. Antes foi fuzileiro da Marinha. Já apresentou programas populares e policiais no SBT e na Record e foi prefeito de Pinhalzinho e Chapecó, ambas no oeste catarinense. Antes de chegar à Câmara, foi deputado estadual. Rodrigues foi preso assim que chegou ao Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, vindo dos Estados Unidos.

O deputado quer continuar a exercer o mandato mesmo preso.

O Congresso em Foco selecionou algumas das principais polêmicas de João Rodrigues na Câmara:

Pornô no plenário

Em maio de 2015, o deputado foi flagrado em plenário pela reportagem do SBT Brasília assistindo, pelo smartphone, a um vídeo de sexo explícito na sessão sobre a reforma política da Câmara.

Nas imagens gravadas pelo SBT, João Rodrigues mostra as imagens aos colegas. “Abri para ver o que era, e daí apareceu uma imagem pesada, por isso, coloquei o celular embaixo da mesa e mostrei para o deputado ao lado. Eu disse ‘olha a imagem pesada que eu recebi pelo Whatsapp’ e ele falou: ‘que merda é essa?’”, explicou-se na época.

Na ocasião, ele contou que o vídeo foi apagado logo após ser visto. “Eu acho que a emissora está transgredindo a legislação brasileira com isso.” O episódio não teve consequências, mas viria a ser lembrado por colegas em discussões futuras com João Rodrigues.

Veja vídeo:

Briga com Jean Wyllys

Em outubro de 2015, João Rodrigues se envolveu em um bate-boca com o deputado Jean Wyllys (Psol-RJ). Os dois voltariam a se enfrentar em 2017. No primeiro confronto, Rodrigues subiu à tribuna para criticar parlamentares que se opunham à revogação do Estatuto do Desarmamento, como Jean.

No discurso, o apresentador de TV ironizou a passagem do colega pelo BBB, da TV Globo, e a sua primeira eleição com 13 mil votos. Na sequência, atacou Jean por defender a descriminalização das drogas e o chamou de “escória deste país”.

A sua vida pregressa eu não conheço. A sua experiência política eu sei. Tenho sete mandatos, fui três vezes prefeito. E tive a honra de ser o segundo deputado mais votado na história de Santa Catarina. Posso até ser criticado, mas vindo do senhor é elogio. Um parlamentar que defende perdão para drogas, que defende que adolescente pode trocar de sexo, mesmo sem autorização dos pais. Isso não é deputado, é a escória deste país, mas ocupa lugar como deputado”, afirmou.

Jean reagiu. Acusou o colega de ser “ladrão de dinheiro público” e de ter atitude “fascista”. “Ele e todos os fascistas vão ter que me engolir. Sou homossexual assumido, sim, e vocês vão ter que me engolir. Vocês não vão me intimidar”, declarou. Rodrigues entrou com representação contra o colega. O caso acabou arquivado.

Saiba mais: A resposta de Jean Wyllys às ofensas de João Rodrigues diante de um plenário lotado

No bate-boca, o deputado do Psol lembrou o episódio do vídeo pornô. “Homens decentes não assistem a vídeos pornôs em plena sessão plenária, não são condenados por improbidade administrativa, como o deputado foi. Quem não tem moral para representar o povo brasileiro é ladrão. Qualquer programa de televisão é mais decente que deputado que rouba dinheiro do povo. É mais decente que deputado que usa sessão para ver vídeo pornô”, disse Jean Wyllys. “Resta saber se seu vídeo pornô era hétero ou não”, provocou.

Veja vídeo:

“Cala a boca”

Na véspera da autorização da abertura de processo de impeachment da então presidente Dilma, em abril de 2016, João Rodrigues chamou deputados do PT e do Psol de “cara de pau” em seu discurso a favor da cassação da petista. Sem meias palavras, mandou, aos gritos, os colegas calarem a boca.

Só fico observando os deputados do PT e do Psol. Não quero agredir, mas vocês têm uma cara de pau sem tamanho. Mas, com todo respeito… silêncio, estou utilizando a palavra. Cala a boca, que estou falando. Quieto, estou falando, cala a boca, não mete o bico, PT. Fica na sua. Vocês ofendem o povo brasileiro todos os dias e todas as horas. Enquanto estou na tribuna, calem as suas bocas, porque amanhã o Brasil e este Congresso farão os senhores silenciarem”, disparou.

Veja vídeo:

“Na tua cara que vou dar”

Em de outubro de 2017, João Rodrigues e o deputado Edmilson Rodrigues (Psol-PA) quase se agrediram fisicamente no plenário. O catarinense fez um discurso em defesa da “moral e dos bons costumes” ao criticar a polêmica performance de um homem nu no Museu de Arte Moderna (MAM), em São Paulo. O caso gerou discussões por causa da presença de crianças na exposição.

Não consigo acreditar que tenha algum pilantra, algum vagabundo, dentro desta Casa, que aplauda isso. Porque, se tiver, tem que levar porrada, tem que levar cacete, para aprender. Bando de traidores da moral brasileira, tem que ir para a porrada. Nós não podemos mais aturar isso. Se você apoia patife, se você apoia tarado, é na tua cara que eu vou dar”, disse.

Saiba mais: Deputado flagrado vendo pornô na Câmara critica “tarados do MAM”

Sem citar o nome de João Rodrigues, Edmilson disse que falta de moral era deputado ver filme pornô dentro do plenário. Depois desse comentário, o catarinense partiu para cima do paraense e teve de ser contido. Edmilson usou o microfone para dizer que foi chamado de “filho da puta” pelo colega. “Isso é um desrespeito com a minha mãe que é viva e tem 83 anos”, protestou.

João Rodrigues classificou os defensores da exposição no MAM como “pilantras”, “covardes” e “vagabundos”. “Semana passada o Brasil foi pego de surpresa. Aliás, tanta coisa tem sido feita em ataque a família brasileira, a moral e aos bons costumes. Que se chegou, literalmente ao fundo do poço, quando o Museu de Arte Moderna de São Paulo, dez ou vinte pessoas, insanos, sentados ao solo apreciando a entrada de um marmanjo completamente nu de mãos dadas com três ou quatro crianças, fazia uma apresentação cultural. Foi um crime cometido, de acordo com o ECA. Alguém tem que parar essa gente. Isso é pra mexer com subconsciente dos tarados do Brasil.”

Jean Wyllys mais uma vez bateu boca com Rodrigues e lembrou novamente do episódio do vídeo pornô.

Veja vídeo:

Boa prisão

Integrante da CPI da JBS, criada para investigar o grupo após a delação premiada que comprometeu o presidente Michel Temer (PMDB), João Rodrigues foi um dos parlamentares mais duros com o empresário Wesley Batista. Irritado com a recusa do delator de responder às perguntas dos parlamentares, ele ironizou a prisão do empresário. Os dois não devem se cruzar na cadeia porque Wesley está preso em São Paulo.

A Justiça tarda, mas não falha. Sei que daqui o senhor retorna para a sua cadeia e todos nós que aqui estamos, e o povo sofrido lá fora que está pagando a conta cara para manter este país em pé, [lhe desejamos] boa hospedagem e que ela dure muito tempo até que os senhores abram e falem a verdade para o povo brasileiro.”

Veja vídeo:

Ataque a professora

Novamente durante uma discussão sobre reforma política, em agosto de 2017, João Rodrigues voltou a ser notícia. Não por suas propostas, mas por sua língua ferina. O então líder do PSD pegou o microfone para atacar a professora Marcia Friggi, agredida por um aluno dias antes.

Ele relativizou a agressão à professora em razão de comentários publicados antes por ela em uma rede social.

Fiquei extremamente chocado com a atitude daquele adolescente de ter batido de forma covarde na professora. Mas depois quando eu leio as redes sociais daquela educadora, não que a agressão se justifique, pelo contrário, mas ela disse que o ato de jogar ovos num deputado pode. O que é uma violência. Se uma professora que prega isso em sala de aula é obvio que desperta a revolta também de um estudante”, criticou.

Rodrigues fazia referência a comentário de Marcia a respeito de um protesto em que jogaram ovos no deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) no interior de São Paulo.

O parlamentar também criticou a professora por ela ter se posicionado contra o projeto da “Escola sem Partido”. “Escola é lugar de ensinar uma criança. Não quero que meu filho tenha a lavagem cerebral de uma ratazana dizendo o que ele deve pensar da política brasileira e de seus líderes. Não perdoarei, meu caro deputado Jair Bolsonaro, se minha filha viesse para casa com a camisa e a foto daquele bandido chamado Che Guevara, que muitos professores idolatram”, emendou.

Balanço Geral

João Rodrigues apresentou o Balanço Geral de Santa Catarina em 2015. Ex-fuzileiro naval, ele entrou para o mundo do radialismo ainda na juventude. De 1988 a 2000, trabalhou como radialista na Rádio Centro-Oeste de Pinhalzinho. Nos últimos quatro anos conciliava a apresentação de programa com o cargo de vice-prefeito da cidade. Na mesma época também apresentou o SBT-Comunidade.

Foi eleito prefeito pelo PFL em 2000. Dois anos depois deixou o mandato na metade para tomar posse como deputado estadual. Passados mais dois anos, elegeu-se prefeito de Chapecó. Rodrigues se reelegeu em 2008. Renunciou em março de 2010, para concorrer, com sucesso, a deputado federal nas eleições daquele ano. Em 2014, ele conquistou o seu segundo mandato. Ele também já comandou a Secretaria da Agricultura e Pesca de Santa Catarina.

O crime e o processo

O Supremo Tribunal Federal confirmou nessa terça (6) a condenação em segunda instância, determinada pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) em 2009.

O ex-prefeito de Pinhalzinho é acusado de infringir a lei ao dispensar licitação para a alienação de uma retroescavadeira e ao comprar uma nova, custeada, em parte, com recursos da Caixa Econômica Federal. Ele recorreu ao Supremo, com um habeas corpus, para derrubar a decisão do tribunal de segunda instância.

Inicialmente, porém, a defesa apelou ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) pedindo que o processo fosse anulado, alegando incompetência da Justiça Federal para julgar o caso e a inépcia da denúncia. Argumentou ainda que não houve dano aos cofres públicos.

Por ele ser parlamentar, o STJ remeteu o recurso para o Supremo, onde correm as ações envolvendo congressistas e outras autoridades federais. Em outubro de 2016, o ministro Luiz Fux negou o habeas corpus apresentado pelos advogados do deputado. Em março do ano passado, o Supremo havia acolhido pedido da defesa para julgar a apelação.

O julgamento de Rodrigues também foi marcado pela manifestação do ministro Alexandre de Moraes, a favor da execução provisória da pena após o fim dos recursos na segunda instância da Justiça.

Em seu voto, Moraes afirmou que a execução provisória da pena é compatível com a Constituição. Ele disse que resolveu se manifestar sobre o caso após o anúncio da presidente do STF, Cármen Lúcia.

Na semana passada, a ministra disse que não pautará o assunto novamente. Com a condenação do ex-presidente Lula pela segunda instância da Justiça Federal, há manifestações a favor da revisão do entendimento.

Edson Sardinha, Congresso em Foco

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Luciano Huck será a ressaca moral do Brasil no pós-carnaval

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Luciano Huck será a ressaca moral pós carnaval eleições 2018

Carlos Fernandes, DCM

O animador de programa semanal, Luciano Huck, tem tudo para ser a representação esculpida e encarnada daquela velha ressaca moral que geralmente dá nos mais afoitos foliões do período carnavalesco.

Imberbes nos bacanais em homenagem ao deus Baco onde recatos e pudores inexistem, não é raro que os excessos praticados sob a má influência do álcool e demais paraísos artificiais sejam imediatamente sucedidos pela vergonha daquilo que em sã consciência jamais poderia ter sido feito.

Pois bem.

Intimado pelo seu chefe mundano, a Globo, Huck deu o prazo para logo depois do carnaval o anúncio se aceitará ou não concorrer à presidência da República.

O que parece um déjà vu, é só falta de palavra mesmo.

Essa não é a primeira vez que o rapazinho “decide” sobre sua candidatura. Num artigo tão cínico quanto vago publicado na Folha de S.Paulo, o atual prodígio de FHC já havia proclamado ao som de trombetas e clarins: “Contem comigo. Mas não como candidato a presidente”.

Tão válida quanto um risco n’água, a “decisão” de Huck de não ser candidato volta à pauta política nacional não pela sua expressão, mas justamente pela inexpressividade dos demais postulantes da direita na corrida presidencial.

Acontece que uma vez que decida seguir em frente, a mentira já contada para os brasileiros passa também a ser a mentira contada para o TSE.

Na defesa que fez pela representação movida pelo PT pelo seu comício em cadeia nacional no Domingão do Faustão, está lá: “Luciano Huck em instante algum apresentou-se como candidato, não pediu voto a quem quer que seja e reitera, como dito anteriormente, que não será candidato no pleito de 2018”.

Será didática a postura a ser tomada pelo paladino Luiz Fux, que tão severo se posta contra a candidatura de Lula, quando restar claro que qualquer palhaço de circo pode dizer o que quiser para o TSE e logo em seguida exigir o seu registro.

Esse é o “novo” que o velho Fernando Henrique nos apresenta.

Vivemos hoje no Brasil uma mazela generalizada criada por uma horda de borrachões inconsequentes. Passado o carnaval, esses dias em que nos damos licença para ligar o foda-se, a nossa atual realidade costuma aparecer ainda mais nua e crua.

Caídas por terra a fantasia de que vivemos num país cordial, feliz e democrático, entre dores de cabeça, desemprego e contas a pagar, a nossa maior ressaca moral deste ano pode atender pelo nome de Luciano Huck.

Que caldeirão nos espera!

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Duas figuras que nunca devemos esquecer, sobretudo em tempos de indigência

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Duas figuras que nunca devemos esquecer Darcy Ribeiro Florestan Fernandes
Darcy Ribeiro e Florestan Fernandes (Imagem: Pragmatismo Político)

Laurez Cerqueira, em seu blog

Certa vez presenciei uma divertida conversa entre o senador Darcy Ribeiro, recém-chegado ao Senado, e o então deputado constituinte Florestan Fernandes.

Darcy dizia em tom de brincadeira a Florestan que na eleição seguinte ele devia deixar a câmara baixa (Câmara dos Deputados) e se candidatar à câmara alta (Senado Federal).

Venha pra cá, Florestan! Isso aqui é um pedaço da corte! No Brasil, o lugar mais próximo do céu é o Senado da República. Aqui a gente tem tudo que quer. Basta desejar alguma coisa que aparece um funcionário para lhe servir. Os dois estavam impressionados com os ares monárquicos da Praça dos Três Poderes”.

O professor Florestan dizia que, apesar de tudo, um dos pontos mais interessantes para se observar o Brasil era o Congresso Nacional e que no Plenário chegavam fragmentos políticos, sociais e culturais do país trazidos por cada parlamentar.

Disciplinado, cumpria rigorosamente os horários das sessões. Sentava-se na mesma cadeira e prestava atenção nos discursos de cada um com o devido respeito, apesar da grande maioria das intervenções serem de baixíssimo nível. Às vezes pedia aparte e debatia os assuntos com a erudição do cientista social que era, cumprindo sua função parlamentar. O burburinho do Plenário abrandava para ouvir o mestre.

Ao mesmo tempo era um homem despojado, almoçava todos os dias no restaurante dos funcionários. Não costumava ir ao mais frequentado pelos parlamentares.

Ele era tão cuidadoso com a própria conduta que certo dia, em São Paulo, passou mal em casa à noite, chamou um táxi e foi para o hospital do servidor. Dona Myriam, mulher dele, preocupada, ligou para Florestan Fernandes Júnior, que estava na TV e pediu para que ele fosse ao hospital acompanhar o pai.

Quando o filho chegou, o professor Florestan estava numa fila enorme para ser atendido. Ele sofria de hepatite C, doença que havia se agravado e lhe causava crises muito fortes.

Florestan Júnior perguntou por que ele, como deputado, não procurou o hospital Albert Einstein, o Sírio Libanês, ou outro que pudesse atendê-lo com rapidez e em melhores condições. Ele respondeu que era servidor público e que aquele era o hospital que teria que cuidar dele.

Perguntou também por que ele estava na fila, em vez de procurar diretamente o atendimento de emergência. Ele disse que estava na fila porque tinha fila e que todas as pessoas estavam ali em situação semelhante à dele, com algum problema de saúde, e que ele não tinha direito de ser atendido na frente de ninguém.

Percebendo a gravidade da situação, o filho foi ao plantonista. O professor Florestan só saiu da fila depois que o médico insistiu para que ele entrasse, deitasse numa maca e fosse medicado.

Na parede onde a maca estava encostada havia um quadro de avisos. Enquanto tomava soro na veia, olhando ao redor, viu afixado no canto do quadro um recorte de jornal amarelado pelo tempo. Apontou o dedo e disse ao filho:

– Olha, é um artigo meu, publicado no jornal Folha de S. Paulo. Nesse eu defendo a saúde pública.

Como nos meses seguintes as crises tornaram-se cada vez mais fortes e frequentes, os médicos que cuidavam dele decidiram fazer transplante do fígado.

Na época, Fernando Henrique Cardoso, seu ex-aluno na USP e amigo pessoal de muitos anos, era presidente da República e ficou sabendo que o professor Florestan faria a cirurgia.

Imediatamente ligou para ele, ofereceu traslado e a realização do transplante no melhor hospital de Cleveland, nos Estados Unidos. Florestan tinha alta comenda do país, a Ordem de Rio Branco, que lhe facultava certas prerrogativas.

Florestan agradeceu a gentileza de Fernando Henrique e disse que não poderia aceitar o privilégio. Que aceitaria se ele fizesse o mesmo com todos os brasileiros em situação mais grave do que a dele.

Em seguida ele fez o transplante em São Paulo e morreu no hospital por complicações pós-operatórias provocadas por erro humano.

Nesse momento de indigência moral e de decadência institucional do país, em que autoridades como magistrados, procuradores, parlamentares, ministros, o presidente da República, posam com exuberantes imposturas, usam e abusam dos cargos e funções públicas que ocupam para tirar proveitos próprios, lembrar de homens públicos e intelectuais de grandeza ética como o professor Florestan Fernandes e o professor Darcy Ribeiro talvez ajude a arejar o ambiente degradado da sociedade brasileira pelo golpe de Estado.

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Entenda como será a votação inédita da intervenção no Rio de Janeiro

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votação inédita da intervenção no Rio de Janeiro

Fábio Góis, Congresso em Foco

A partir de hoje, a Câmara dará início em plenário à inédita votação, sob vigência de um regime democrático, do decreto de intervenção federal que, assinado na última sexta-feira (16) pelo presidente Michel Temer, transferiu do governo do Rio de Janeiro para as Forças Armadas o comando da segurança pública estadual. Polêmica, a medida virou o tabuleiro político de cabeça para baixo no período pós-carnaval, quando o Congresso de fato volta a trabalhar. Em compasso de espera no Rio, as tropas militares, boa parte já instalada no estado, só podem dar inícios às ações de campo depois de aprovado o decreto (veja o rito de votação abaixo).

Para a maioria dos governistas, trata-se de “medida extrema negociada”, como sábado (17) definiu o próprio Temer, que se fez inevitável diante do caos fluminense; para a oposição, foi a maneira que o governo encontrou para camuflar a insuficiência de votos para a reforma da Previdência, bem como um jeito de “sair das cordas” na reta final de um mandato marcado por denúncias de corrupção e uma impopularidade que tem superado, renitentemente, 90% em todas as mais recentes pesquisas. Além, acrescentam os oposicionistas, do viés “eleitoreiro” e “midiático” da decisão, que pode agradar àquele eleitorado simpático ao recrudescimento do combate à criminalidade.

O fato é que, devidamente mobilizada, a base aliada tem os votos para conseguir aprovar o decreto – não os 308 exigidos para propostas de emenda à Constituição, caso da reforma da Previdência, mas a maioria simples que se fizer presente em plenário. Atingido o número mínimo para iniciar tal deliberação, que é 257 deputados, o decreto pode ser aprovado com 129 votos (a metade dos presentes mais um). Durante a tramitação da matéria no Congresso, deputados e senadores não podem sugerir alterações de qualquer ordem, uma vez que a competência desse tipo de instrumento legal é da Presidência da República. Cabe ao Parlamento apenas autorizar ou rejeitar a validade do decreto.

Assim, com quórum mínimo de votação, o governo não deve ter problemas em aprovar o decreto presidencial tanto na Câmara quando o Senado. Mas o PT já avisou que vai obstruir toda a pauta de plenário, nas duas Casa, enquanto o texto da Previdência não for sepultado – como acha que já está a relatora do decreto, Laura Carneiro (PMDB-RJ), que é contra a reforma, mas favorável à intervenção. Além da obstrução, os petistas e demais oposicionistas já se puseram contra a medida extrema de Temer e votarão em bloco contra a providência.

Veja como será o rito de discussão e votação:

– como determinam a Constituição e o regimento comum do Congresso, a votação do decreto tem início na Câmara, para só depois ser apreciado pelos senadores. Em caso de rejeição já pelos deputados, a tramitação nem precisa seguir adiante, suspendendo-se – e, quando possível, revertendo-se – os efeitos da medida;

– o início da discussão está previsto para as 19h de hoje (19), com a leitura do relatório da deputada Laura Carneiro;

– concluída a leitura do relatório, inicia-se o período de discussão de conteúdo, em que três deputados discursam a favor e três contra a intervenção. Cada parlamentar tem direito a três minutos na tribuna;

– superada a etapa de debates, o presidente da sessão plenária anuncia o início da votação, que deve ser feita de maneira aberta, com registro nominal de votos;

– na hipótese de aprovação do decreto, o texto segue imediatamente para votação no Senado, que pode inclusive convocar sessão na sequência da deliberação dos deputados, com as mesmas regras da Câmara. Caso estes rejeitem a matéria, o processo legislativo é interrompido sem precisar ser submetido aos senadores. E, ato contínuo, faz-se o devido comunicado de recusa à Presidência da República.

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A história dos apelidos de políticos inventados por Leonel Brizola

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Líder da esquerda e militante contra a ditadura militar, Leonel Brizola completaria 96 anos nesta segunda-feira (22). Apesar de ter falecido há 12 anos, os ensinamentos do fundador do PDT continuam atuais. E os apelidos também.

Considerado o herdeiro político de Getúlio Vargas e de João Goulart, fez discursos veementes defendendo a implantação da reforma agrária e a distribuição de renda no Brasil, quando parlamentar.

Em 1964, após o golpe que tirou Goulart do poder, se exilou no Uruguai, de onde voltou em 1979, com a Lei da Anistia. Dez anos depois, ficou em terceiro lugar na disputa presidencial. No segundo turno, apoiou Luiz Inácio Lula da Silva, de que foi vice na chapa de 1998. Em 2003, Brizola rompeu com o PT.

Se o ex-governador do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Sul ficou conhecido pelo sotaque gaúcho e pelos bordões, como “Ele está costeando o alambrado” – para dizer que um aliado estava deixando o grupo político – não faltou criatividade também na hora de nomear os colegas.

Gato Angorá

À frente da Secretaria-Geral da Presidência da República, Moreira Franco era o “Gato Angorá” para Brizola. O peemedebista sucedeu Brizola no governo do Rio, em 1987.

A cabeleira grisalha precoce teria sido o motivo do apelido, mas o presidente do PDT, Carlos Lupi dá outra versão. “Brizola dizia que a característica do gato angorá é passar de colo em colo. Valia no passado e vale agora“, afirmou ao Estadão.

Ministro de Michel Temer, Moreira integrou também o governo de Dilma Rousseff, como ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos e, posteriormente, de Aviação. Também foi já foi aliado dos ex-presidentes Lula e Fernando Henrique Cardoso.

O codinome serviu ainda para identificar o peemedebista nas planilhas de propina da Odebrecht, de acordo com delatores. Moreira nega ter negociado os valores.

Sapo Barbudo

Ao anunciar o apoio a Lula em 1989, na corrida presidencial, Brizola não resistiu a um apelido. “A política é a arte de engolir sapos. Não seria fascinante fazer agora a elite brasileira engolir o Lula, este sapo barbudo“, afirmou.

A alcunha inspirou militantes do PT de Pernambuco, que lançam neste ano, em Olinda, a Troça Carnavalesca Mista O Sapo Barbudo. Na letra, uma provocação ao juiz Sérgio Moro, responsável pela condenação de Lula no caso do tríplex do Guarujá. “Vai ter que engolir“, diz o hino do bloco.

Queijo Palmira

Sobrou também para Anthony Garotinho (PR), ex-governador do Rio, o “Queijo Palmira”. O tradicional queijo tipo Reino produzido em Minas Gerais é vendido em uma lata em formato de bola. Após o rompimento com o PDT, Brizola disparou: “Garotinho é como uma bola, não tem lado e é oco por dentro“.

Brizola dizia que o ex-aliado “dava o beijo da morte“, ao deixar destruição por onde passava, segundo relatos do livro Meu avô Leonel: Frases, “causos” e depoimentos de Brizola, escrito pela neta do ex-governador,Juliana Brizola, ao lado da jornalista Rejane Guerra.

Garotinho foi preso em 2016 e em 2017 em investigações de crimes eleitorais. Ele está solto desde novembro de 2017, após o presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) ministro Gilmar Mendes, conceder um habeas corpus ao ex-governador.

Filhote da Ditadura

Se aliados são contemplados com apelidos, os opositores não ficam de fora. Em um debate acalorado na campanha de 1989, Brizola chamou Paulo Maluf de “filhote da ditadura“.

O deputado federal e ex-governador de São Paulo está preso desde dezembro de 2017. Aos 86 anos, Maluf foi condenado pelo STF (Supremo Tribunal Federal) a sete anos e nove meses de prisão por lavagem de dinheiro.

Marcella Fernandes, Huffpost

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Há 70 anos, mandatos do Partido Comunista do Brasil eram cassados

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mandatos do Partido Comunista do Brasil eram cassados
Comunistas recolhem assinaturas contra a cassação dos mandatos

Augusto C. Buonicore*, Congresso em Foco

No dia 10 de janeiro de 1948, apesar dos inúmeros protestos, um projeto decretando a cassação dos mandatos dos parlamentares eleitos pelo Partido Comunista do Brasil foi aprovado na Câmara dos Deputados por 179 votos contra 74. Oito meses antes o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), por 3 votos contra 2, havia cassado o registro daquele partido. Estes foram os primeiros golpes que a democracia brasileira, recém-conquistada em 1945, sofreria. Outros viriam.

As comemorações públicas do 1º de Maio de 1947 foram proibidas pelo presidente Dutra. João Amazonas apresentou uma moção saudando o operariado brasileiro pela data e condenando o ato arbitrário do governo. “Ontem, a Praça Mauá e o Largo da Carioca foram transformados em praças de guerra, tal o aparato militar que ali se via. O Exército conservou-se, durante todo o dia, na mais completa e rigorosa prontidão, como se houvesse ameaça iminente à ordem pública (…). Se continuarmos a assistir atentados à democracia como os que aqui refiro, sem o nosso protesto, nossa missão estará terminada antes de chegarmos ao meio do caminho e seremos os que se calaram, indignos da confiança do povo e do respeito da Nação.”. A moção foi desmembrada: a saudação ao proletariado foi aprovada e a condenação ao governo rejeitada.

Em seguida, a Comissão Executiva do PCB lançou uma nota denunciando a marcha da reação. “A situação exige de todos os comunistas o maior cuidado contra as provocações, simultaneamente com a máxima firmeza, energia, persistência, coragem e audácia na luta em defesa da democracia e dos direitos fundamentais do cidadão. O acatamento às decisões do governo não deve significar submissão passiva às ordens arbitrárias da polícia, contra as quais devemos protestar por todos os meios legais, de forma a esgotar todos os recursos antes de aceitá-las e contra elas fazendo uso de formas de luta cada vez mais altas e vigorosas.”. E concluiu: “acatar as decisões das autoridades e lutar pela solução pacífica dos problemas nacionais não significa ficar de braços cruzados nem conformar-se, oportunisticamente, sem protesto, com as arbitrariedade e violência policiais.”

Esta era uma retificação de outra diretiva, dada dois meses antes, aconselhando “o acatamento à decisão das autoridades constituídas, a fim de que não seja dado nenhum pretexto aos que querem arrastar o país ao caos e à guerra civil.”. Este documento havia conduzido a uma atitude passiva diante da reação que avançava rapidamente.

O clímax da violência policial ocorreu em 23 de maio de 1946, quando uma manifestação no Largo da Carioca em comemoração ao primeiro aniversário do comício de São Januário foi duramente reprimida. Centenas de pessoas ficaram feridas e cerca de 50 foram presas. A repressão ao comício foi ordenada pelo próprio presidente.

Em pleno processo de elaboração da nova Constituição, continuavam os atos de provocações perpetrados pelo governo Dutra. A sede do Comitê Metropolitano (DF) do PCB foi interditada pela polícia e deputados comunistas impedidos de ingressar no local. João Amazonas denunciou, na Câmara: “Atentados como esse, de franco e ostensivo desrespeito à Justiça de nosso país, demonstram que nos encontramos num país onde as leis nada significam, onde qualquer coronel fascista, à frente da Delegacia de Ordem Política Social (…), pode ameaçar os mais altos representantes da Nação brasileira, sem se importar com as consequências que poderiam advir deste gesto impensado.”

Entre 30 e 31 de agosto de 1946, os estudantes do Distrito Federal organizaram uma manifestação contra o custo de vida, que acabou degenerando em quebra-quebra. A polícia assistiu a tudo sem intervir. Por isso, suspeitou-se de que o conflito havia sido provocado por pessoas do governo infiltradas naquele movimento. O chefe de Polícia, Pereira Lima, sem investigar, acusou os comunistas pela agitação estudantil e iniciou a repressão. Sedes do PCB foram fechadas e dirigentes presos, entre eles Agildo Barata, Dinarco Reis, Luciano Couto Bacelar, Álvaro Moreira. Pedro Pomar sofreu ameaças de prisão e o jornalista Amarílio Vasconcelos foi alvejado, quando tentou resistir à prisão arbitrária.

João Amazonas vivia com a família Pomar. A polícia cercou o apartamento, impedindo que se pudesse entrar ou sair, e, por fim, ameaçou invadi-lo. João sacou do revólver e intimidou os policiais, que recuaram assustados. Eduardo Pomar, ainda menino, presenciou a cena: “Vieram pra prender papai. Ele era diretor da Tribuna Popular ou da Imprensa Popular. O Joãozinho tirou o revólver quando os guardas quiseram entrar, disse que não entrariam e que ele era deputado. Se o Joãozinho não tivesse essa atitude iam prender meu pai. Eu só sei que o João Amazonas puxou o revolver e se eles entrassem, ele passava fogo. Isso me impressionou muito na ocasião.” (BERTOLINO, 2012).

O deputado Milton Cayres de Brito denunciou na Câmara essas violências: “As imunidades parlamentares foram violadas pela polícia. As residências do nobre senador Luiz Carlos Prestes e do ilustre deputado Maurício Grabois foram forçadas; a casa do nobre deputado João Amazonas também o foi e nela só não penetrou a polícia porque S. Exa. declarou que enquanto estivesse vivo não consentiria que a invadisse. A casa do nobre deputado Carlos Marighella foi invadida, sendo presas muitas pessoas que aí se encontravam.”

Os comunistas, apesar dos claros sinais de que esses atentados eram comandados diretamente pelo presidente, insistiam na tese de que se tratava de uma ação promovida por um pequeno núcleo reacionário incrustado no governo. As críticas, em geral, se concentravam na figura do chefe da Polícia ou, no máximo, no ministro da Justiça.

O mesmo Cayres de Brito, em nome da bancada, afirmou: “Procuremos o Sr. presidente da República para esclarecê-lo e mostrar para onde estão conduzindo o país. Os elementos que o cercam são antes inimigos que amigos: são inimigos da democracia brasileira.”. Defendeu que uma comissão de deputados deveria ir “falar-lhe claramente, solicitando de S. Exa., com o apoio da Assembleia, o afastamento imediato de homens que estão desservindo seu governo.”. Maurício Grabois, líder da bancada, na mesma linha, disse: “há elementos enquistados no governo, declaradamente fascistas, que não são unicamente inimigos do povo, inimigos do Partido Comunista, mas do próprio Exmo. Senhor Presidente da República.”

Em novembro de 1946, o ministro de Justiça enviou aos interventores estaduais uma circular, em tom alarmista, alertando para supostas manifestações que seriam realizadas na passagem do aniversário do levante de 1935. A Comissão Executiva do PCB lançou uma nota preventiva dirigida aos militantes: “É ainda de assinalar a evidente provocação policial contra a qual prevenimos a todo o Partido, determinando expressamente que não se realizem quaisquer solenidades naquela data, pois, acima de tudo, está a necessidade de evitar pretextos para desordem, que parece desejar o ministro que tão abertamente viola a Constituição. Muito cuidado, pois, com as provocações que evidentemente se preparam para aquela data.”

Contudo, o governo Dutra já estava decidido a cassar a legalidade do Partido Comunista e excluir os seus representantes do Parlamento, independentemente do que fizessem. Uma das justificativas encontradas para este ato arbitrário foi o conteúdo de uma declaração de Prestes feita numa associação de funcionários públicos. Durante uma palestra, o secretário-geral do PCB foi surpreendido com uma pergunta capciosa: “Qual seria a posição dos comunistas brasileiros caso o país entrasse em guerra contra a União Soviética?”. Prestes, sem vacilar, respondeu: “Faríamos como o povo da Resistência Francesa e o povo italiano, que se ergueram contra Petain e Mussolini. Combateríamos uma guerra imperialista contra a União Soviética e empunharíamos armas para fazer resistência em nossa Pátria, contra um governo desses, retrógrado, que quisesse a volta do fascismo. Se algum governo cometesse esse crime, nós, comunistas, lutaríamos pela transformação da guerra imperialista em guerra de libertação nacional.

Prestes ratificaria esta opinião no plenário da Assembleia Constituinte num discurso intitulado Contra a Guerra e o Imperialismo. Questionado sobre uma possível ameaça de agressão da URSS ao Brasil, afirmou: “A hipótese é absurda. Se o Brasil está ameaçado por alguma nação, não pode ser jamais pela União Soviética; sê-lo-á pelas nações imperialistas. São elas que ameaçam o mundo.”. Não se tratava apenas de ser contrário a uma guerra à URSS. Continuou Prestes: “no caso de uma guerra com a Argentina – a minha resposta seria a mesma que dei ao figurar de ser o Brasil arrastado a uma guerra contra a União Soviética, guerra que, do nosso ponto de vista, só poderia ser guerra imperialista – seríamos contra esta guerra e lutaríamos da mesma maneira contra o governo que levasse o país a uma guerra dessa natureza (…). Com a Rússia ou sem a Rússia, a nossa posição seria contra a guerra imperialista.” (ALMINO, 1980:157)

As declarações foram pretexto para que se iniciasse uma onda de protestos dos setores conservadores. Para eles, eram provas definitivas de que o PCB era um simples satélite soviético. O general Canrobert Pereira da Costa exclamou: “O Partido Comunista é estrangeiro. O Presidente que o dirige e dá orientação está na Rússia e Carlos Prestes é simplesmente o seu secretário, servindo, como serve, aos interesses russos contra a segurança nacional.

O deputado Barreto Pinto e o advogado Himalaia Virgulino, ex-procurador do Tribunal de Segurança Nacional, denunciaram ao Tribunal Superior Eleitoral que o PCB era uma organização estrangeira orientada pela URSS. Mais tarde, diligência policial encontrou a cópia de um projeto de reforma dos Estatutos do Partido, dizendo que ele se guiava pelo marxismo-leninismo. No processo de legalização, a exclusão desse princípio foi considerada indispensável para seu efetivo registro legal. Para os juízes conservadores, a própria referência ao marxismo-leninismo significaria compactuar com os ideais considerados antidemocráticos e totalitários do regime soviético. Surgiu então a tese de que o PCB tinha dois Estatutos. Um formal, registrado no Cartório e no Tribunal Eleitoral, e outro ilegal, que efetivamente regeria a vida dos seus militantes. Ou seja, o Partido estava burlando a legislação existente. Crime punível de cassação. O representante do Partido Comunista esclareceu que “o projeto de reforma dos estatutos (…) foi elaborado para ser submetido ao Congresso do Partido e divulgado para conhecimento dos associados e do povo em geral, a fim de receber sugestões; mas o que regulava a vida partidária eram os estatutos devidamente registrados.”

Os inimigos cercavam o PCB por todos os lados. O Ministério Público pediu a cassação do registro porque o “partido era comunista e do Brasil, não brasileiro” e seria “representado pelo seu secretário-geral, que pressupunha uma autoridade superior”, localizada fora do país. O Partido respondeu num tom irônico à esdrúxula acusação: “Não pode o partido ser acoimado de antidemocrático por intitular-se ‘do Brasil’, como os ‘Estados Unidos do Brasil’, a ‘Estrada de Ferro Central do Brasil’, nem procede a estranheza de ser dirigido por um secretário-geral em vez de presidente, pois vários organismos sociais e religiosos têm tal dirigente.”

Como balão de ensaio do governo, a União da Juventude Comunista foi colocada na ilegalidade em abril de 1947. Todos os partidos apoiaram a decisão, inclusive a Esquerda Democrática alojada na UDN. A mesma unanimidade, no entanto, não haveria quando da cassação do registro do PCB e de seus mandatos parlamentares.

Contrariando a vontade do governo, o procurador-geral Temístocles Cavalcante deu um parecer considerando que “o cancelamento do registro de um partido exige fundamentos seguros e a comprovação de que o partido desvirtua as suas finalidades ou conduz deformação do sistema democrático (…). Acentua que o cancelamento de registro de um partido é um dos atos mais graves que um tribunal pode praticar. Destaca o bitolamento dos partidos e das atividades intelectuais, que podem levar ao totalitarismo. E conclui que a denúncia não lhe parece bem fundamentada, não justificando, portanto, a abertura de sindicância. Pede, por essa razão, o arquivamento das denúncias apresentadas.”. (SILVA, 1976:385). O pedido de arquivamento foi derrotado por três votos a dois. Sem condições de se manter no caso, Temístocles Cavalcante passou-o ao subprocurador, Alceu Barbedo. Este era favorável ao processo de cancelamento do registro do PCB. A arapuca jurídica estava montada.

Em maio de 1946, o governo publicou um decreto-lei sobre a organização partidária que pavimentou o caminho da cassação. No artigo 26, determinava “o cancelamento de registro de partido que recebesse orientação política ou contribuição em dinheiro do exterior, ou que tivesse em seu programa medidas antidemocráticas, ou ainda, que infringisse os direitos do homem, conforme a Constituição.”. (ALMINO, 1980:91). Esta foi a brecha utilizada para colocar o Partido na ilegalidade.

O PCB foi acusado de ser um partido a serviço de uma potência estrangeira, cujos recursos e orientação vinham de fora do país. Por fim, o marxismo-leninismo, teoria defendida pelos comunistas, seria uma ideologia exótica que feriria o espírito democrático da Constituição. No dia 7 de maio de 1947, o Tribunal Superior Eleitoral, por três votos (Cândido Mesquita da Cunha Lobo, Rocha Lagoa e José Antônio Nogueira) contra dois (Álvaro Ribeiro da Costa e Francisco Sá Filho), decidiu pela cassação do registro do Partido Comunista. Três dias depois, o ministro da Justiça determinou o encerramento das atividades do PCB em todo o território nacional. As sedes novamente foram invadidas e fechadas pela polícia, agora definitivamente.

Surpreendentemente, a cassação não eliminou a influência dos comunistas entre o povo. Concorrendo por outras legendas, eles ainda surpreenderiam nas eleições de novembro de 1947. Em Santo André – centro industrial paulista – elegeram o prefeito, Armando Mazzo, e uma bancada de 13 vereadores. Na cidade de São Paulo, 15 vereadores e, em Santos, 14. No Recife, 12 vereadores numa Câmara de apenas 25 assentos. Nestas casas legislativas e em Olinda formavam a maior bancada. Em Jaboatão, importante centro ferroviário em Pernambuco, o médico Manoel Rodrigues Calheiros se elegeu prefeito e conseguiu levar seu mandato até o fim, apesar das inúmeras intimidações.

O próximo passo das correntes reacionárias foi cassar os mandatos comunistas. João Amazonas fez um apelo ao povo: “para que ele se mobilize nessa grande jornada cívica em defesa dos mandatos dos seus representantes, transformando a tentativa de cassação dos mandatos em campanha pela renúncia do ditador, a fim de que a nação se veja livre de um governo que a conduz à miséria, há dias ainda mais negros e terríveis” – discurso publicado em 14 de junho de 1947. Os comunistas realizaram o primeiro ato expressivo contra a cassação dos mandatos no Vale do Anhangabaú, em São Paulo.

Num discurso em 29 de julho, afirmou Amazonas: “O que vai se decidir através destes debates – históricos, sem dúvida – é a sorte do próprio regime democrático, instituído no país pela Constituição de 1946. E é por isto, senhores, que a nação está voltada com maior atenção para a Câmara dos Deputados na expectativa de que seus representantes saibam pesar a gravidade do momento político que atravessamos e, assim, repudiem, com coragem e patriotismo, as manobras do grupo fascista que detém em suas mãos o Poder Executivo federal.”. (Diário do Congresso Nacional, 30-07-1947). No Senado, o projeto Ivo D’Aquino, que estabelecia as cassações dos mandatos, sofreu alguma resistência e foi rejeitado na Comissão de Justiça, apesar do apoio recebido do ex-chefe da polícia do Estado Novo, Felinto Müller.

Visando a pressionar o Parlamento, Dutra organizou inúmeros atos de provocação. Em 21 de outubro de 1947, rompeu relações diplomáticas com a URSS, alegando que o embaixador naquele país havia sido destratado. A sede da Tribuna Popular foi invadida e depredada pela polícia e grupos direitistas. Os funcionários resistiram e acabaram sendo feridos e presos. Estabeleceu-se um clima de terror contra os militantes comunistas, inclusive seus parlamentares.

Na Câmara, Amazonas denunciou: “o rompimento de relações entre o Brasil e a União Soviética foi tramado por esse grupo que deseja arrancar do parlamento os comunistas brasileiros e, assim, liquidar aqui o regime democrático.”. Para isso, “era preciso criar um ambiente de terror e pânico, de intimidação dos vacilantes, que permitisse levar adiante um projeto indigno de figurar nos anais de um congresso democrático. Rompidas as relações (com a União Soviética), no mesmo dia a capital da República viveu horas de sobressalto sob um regime de terror intenso. Jornais adquiridos com dinheiro do povo – caso raro em nossa terra – foram empastelados pela polícia e pelos fascistas (…). Dois dias depois, o projeto pulava, como que impulsionado por uma mola, do Senado, sem maiores discussões, sem levar em conta as emendas que haviam sido apresentadas naquela Casa do Congresso; foi aprovado a ‘toque de caixa’, porque os reacionários sabem que o tempo trabalha contra eles. E com pressa maior ainda chegou à Câmara dos Deputados.”

No final de dezembro, João Amazonas alertou: “Votar pelo Projeto Ivo D’Aquino é votar contra a pátria, negar ao povo o direito à livre escolha de seus representantes; é votar para que o povo viva sob o regime de terror fascista; é votar para que o povo não tenha o direito de protestar; é votar, portanto, a favor daqueles que têm interesse no silêncio das grandes massas.”. Apesar dos inúmeros protestos, no dia 10 de janeiro de 1948 o projeto foi aprovado na Câmara por uma tranquila maioria de 179 votos contra 74.

Leôncio Basbaum escreveu em sua biografia que foi “procurado por João Amazonas. Disse-me que a cassação dos mandatos ia ser aprovada naquele dia e que, provavelmente, Prestes seria preso, mal saísse do Senado (…). Como eu tinha automóvel, queria que eu ajudasse a conduzir Prestes para determinado local, onde ficaria por algum tempo (…). Na hora marcada lá estava eu, à espera. Em certo momento, surgiu Prestes por uma porta lateral, acompanhado de Arruda e Pomar, os quais imediatamente entraram num carro que estava postado pouco adiante do meu. Amazonas entrou no meu carro e logo nos pusemos em movimento. Na frente do carro de Prestes, seguia um terceiro, a seguir vinha o dele, e atrás, garantindo a segurança, o meu, comigo e o Amazonas ao meu lado (…). E, qual procissão motorizada, subimos para Santa Tereza (…). Eu ignorava o rumo definitivo e me limitava a seguir o carro da frente, procurando impedir que qualquer outro se interpusesse entre nós. Ao chegar à altura do Itapiru, do outro lado do morro, os carros pararam. Amazonas desceu e correu para o carro da frente. Eu devia apenas voltar para casa.”. (BASBAUM, 1976:206-207).

Prestes, Amazonas e Grabois passaram a viver na clandestinidade. Pomar e Arruda, que não tiveram seus mandatos cassados, pois foram eleitos por outra legenda, continuaram carregando a bandeira vermelha no Congresso, em condições bastante difíceis.

Alguns meses antes, em agosto de 1947, os comunistas haviam solicitado o registro do Partido Popular Progressista (PPP), que seria presidido por Abel Chermont. O procurador-geral da República enviou um parecer contrário ao Supremo Tribunal Eleitoral, que recusou o pedido. Os comunistas não poderiam ter um partido próprio, independentemente do nome ou do programa que tivesse. Encerrava-se, assim, mais uma fase da conturbada vida do Partido Comunista do Brasil.

*Este é um dos capítulos do livro Meu verbo é lutar: a vida e o pensamento de João Amazonas, publicado pela Fundação Mauricio Grabois e Editora Anita Garibaldi em 2012. Artigo publicado originalmente no site da Fundação Maurício Grabois.

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*Augusto Buonicore é historiador, diretor de publicações da Fundação Maurício Grabois. E autor dos livros Marxismo, história e a revolução brasileira, Meu Verbo é Lutar: a vida e o pensamento de João Amazonas e Linhas Vermelhas: marxismo e os dilemas da revolução, publicados pela Editora Anita Garibaldi.

Bibliografia:

ALMINO, João. Os democratas autoritários. São Paulo: Brasiliense, 1980.

BASBAUM, Leôncio. Uma vida em seis tempos. São Paulo: Alfa-Ômega, 1976.

BERCHT, Verônica. Coração Vermelho – A vida de Elza Monnerat. São Paulo: Anita Garibaldi, 2002.

BERTOLINO, Osvaldo. Maurício Grabois – Uma vida de combates. São Paulo: Fundação Maurício Grabois/ Anita Garibaldi, 2012.

_______. Testamento de luta – A vida de Carlos Danielli. São Paulo: Anita Garibaldi, 2002.

BICALHO, Luiz de Carvalho. PCB – Processo de Cassação do Registro – 1947. Belo Horizonte (MG): Aldeia Global, 1980.

BUONICORE, Augusto C. O Partido Comunista do Brasil (1943-1947). In: Princípios, n. 65, maio-julho. São Paulo: Anita Garibaldi, 2002.

_______. Meu verbo é lutar: a vida e o pensamento de João Amazonas, Fundação Maurício Grabois/ Anita Garibaldi, 2012.

CARONE, Edgard. O PCB (1943 a 1964). São Paulo: Difel, 1982b.

COSTA, Hélio da. Em Busca da Memória – Comissão de fábrica, partido e sindicato no pós-guerra. São Paulo: Scritta, 1995.

GIOVANETTI NETTO, Evaristo. O PCB na Assembleia Constituinte de 1946. São Paulo: Novos Rumos, 1986.

PRESTES, Luiz Carlos. Paz indivisível. Problemas atuais da democracia. Rio de Janeiro: Vitória.

RUY, José C.; BUONICORE, Augusto C. Contribuição à história do Partido Comunista do Brasil.São Paulo: Fundação Maurício Grabois/ Anita Garibaldi, 2012.

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Treinador que abusou sexualmente de 12 crianças é condenado a 30 anos de prisão

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treinador que abusou sexualmente crianças é condenado
Barry Bennell, ex-treinador de futebol inglês (reprodução)

O ex-treinador inglês, Barry Bennell, foi condenado nesta segunda-feira (19) a 30 anos de prisão por abusar e violar 12 crianças de 8 a 15 anos entre os anos de 1979 e 1991. Bennell, de 64 anos, foi funcionário do Crewe Alexandra, equipe da quarta divisão inglesa, e tinha vínculos com o Manchester City e com vários clubes do noroeste da Inglaterra. O juiz do Tribunal da Coroa de Liverpool, Clement Goldstone, foi quem ditou a sentença.

Esse monstro decidiu que era divertido me usar como um brinquedo sexual“, declarou uma das vítimas, segundo apurou a BBC. Outros homens que sofreram os abusos do ex-treinador confessaram ter pensado no suicídio, ter se envolvido com bebidas e drogas e ter se sentido incapazes de ter relações sexuais de forma normal.

Para esses garotos, ele apareceu como um deus. Na realidade, era o diabo encarnado. Roubou suas infâncias e sua inocência“, declarou Goldstone, enquanto o condenado negava com a cabeça em silêncio. O juiz ressaltou que Bennell chantageava os rapazes que resistiam e ameaçava prejudicar suas carreiras esportivas. O público que assistiu ao julgamento aplaudiu quando o culpado abandonou a sala.

Na última terça-feira, um tribunal inglês considerou culpado o ex-treinador por 64 casos de abusos sexuais. Bennell, que naquele momento não estava presente no tribunal, alegou através de videoconferência que estava doente. O promotor o chamou de “predador” e “pedófilo convicto“, que abusava sexualmente de crianças pequenas “em escala industrial“.

O condenado mudou seu nome para Richard Jones em 1995, quando foi condenado a nove anos de prisão depois de admitir 23 casos de abusos a crianças entre 9 e 15 anos. Em 2015, foi sentenciado a dois anos de cárcere por abusar de uma criança de 12 anos em um acampamento de futebol nas proximidades de Macclesfield (noroeste da Inglaterra).

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Agências

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Ex-deputado Carli Filho é condenado, mas vai recorrer em liberdade

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carli filho condenado
Imagens mostram o que sobrou dos veículos após acidente. Em cima, Carli Filho, abaixo, as vítimas Carlos Murilo e Gilmar Rafael Yared (Reprodução/Congresso em Foco)

Quase dez anos depois de provocar o acidente de carro que matou os jovens Gilmar Rafael de Souza Yared, de 26 anos, e Carlos Murilo de Almeida, de 20, o ex-deputado estadual do Paraná Luiz Fernando Ribas Carli Filho foi condenado em júri popular a 9 anos e 4 meses de prisão, por duplo homicídio com dolo eventual.

O julgamento foi realizado nesta terça (27) e quarta-feira (28), na 2ª Vara Privativa do Tribunal do Júri, em Curitiba. Mas, apesar da condenação, Carli Filho não será preso imediatamente e deve recorrer da decisão em liberdade (relembre aqui o 1º dia de julgamento).

Os dois jovens mortos no acidente estavam em um Honda Fit atingido em alta velocidade pelo Volkswagen Passat conduzido pelo então parlamentar, que, segundo as investigações feitas à época, estava entre 161 e 173km/h, embriagado e com a carteira de habilitação suspensa, com 130 pontos acumulados em 30 multas – 23 delas por excesso de velocidade.

O promotor Marcelo Balzer afirmou que a pena ficou dentro do esperado. “Beber e dirigir não é uma banalidade, e a República de Curitiba [sic] se fez representar mais uma vez no conselho de sentença”, definiu.

O também promotor Paulo Sérgio Markowicz endossou as palavras do colega. “Como representantes da sociedade, estamos satisfeitos porque não se tratava de um crime comum”.

A deputada federal Christiane Yared (PR), mãe de uma das vítimas, chorou após o resultado ser proferido e disse que continuará lutando para que crimes de trânsito não sejam banalizados.

“Minha vontade era poder abraçar meu filho”, disse ela. “Ainda tem muito o que ser feito. Tem muita luta a ser lutada, muitas batalhas a serem vencidas. Essa é a sensação de que não acaba aqui. Porque tem outros, e enquanto tiver outros, teremos nós. Se a dor do meu irmão não me incomodar, terá algo errado comigo”.

Na saída, os familiares dos jovens mortos no acidente foram cumprimentados aos gritos de “vitória!” por outros pais e mães que perderam seus filhos em acidentes causados por pessoas embriagadas. Eles acompanharam o julgamento do lado de fora do Tribunal do Júri desde cedo.

O advogado de Carli Filho, Roberto Brezinski Neto, disse discordar da pena e avisou que a defesa recorrerá da decisão. “A defesa em momento algum pediu a absolvição (…) Compreendíamos a responsabilidade dele, ele mesmo compreendia, confessou alguns fatos no julgamento. Então, evidentemente que aguardávamos outro resultado”, afirmou.

“Não concordamos com a pena, sendo o réu primário e com bons antecedentes, portanto, pelo dolo, a pena fixada deveria ter sido pelo mínimo legal”.

A sentença foi lida durante 24 minutos, a partir das 17h08 de hoje, pelo juiz Daniel Avelar após os debates entre acusação e defesa.

Para os jurados (cinco mulheres e dois homens) que compuseram o júri popular iniciado ontem à tarde no Tribunal do Júri de Curitiba, Carli Filho cometeu duplo homicídio com dolo eventual porque assumiu os riscos de matar, dadas as condições de embriaguez e velocidade com que conduzia.

A defesa do ex-parlamentar trabalhou até o último momento para que ele fosse julgado por duplo homicídio culposo (ou seja, sem intenção de matar) decorrentes de crime de trânsito, mas a tese acabou refutada.

O juiz observou que Carli Filho “foi intensamente advertido para não dirigir”, falava ao celular enquanto dirigia e era ocupante de mandato e “pessoa inteligente e culta” o suficiente para compreender o erro das condutas.

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Marina Silva anuncia parceria com grupo de Luciano Huck

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Marina Silva anuncia parceria luciano huck
Marina Silva e Luciano Huck (Imagem: Pragmatismo Político)

A Rede, de Marina Silva, fechou nesta terça-feira, 27, um acordo político com o Agora!, apoiado pelo apresentador Luciano Huck. A ideia é que integrantes do movimento sejam candidatos pela legenda nas eleições de outubro.

Pelo menos cinco nomes do Agora! devem disputar cargos pela Rede, como o ex-juiz Márlon Reis, idealizador do Ficha Limpa, pré-candidato ao governo do Tocantins (já filiado à sigla).

Batizada de “coligação cidadã“, a aliança com o movimento foi celebrada em Brasília, e contou com a presença de Marina e do coordenador nacional do Agora!, Leandro Machado.

O acordo, no entanto, não significa apoio à candidatura de Marina à Presidência. Segundo a assessoria do movimento, após Huck anunciar que não iria disputar o Palácio do Planalto, o grupo ainda irá discutir quem apoiar.

Para o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), apesar de a Rede estar conversando com outras legendas, a parceria com o Agora! é a que mais “dá gosto” ao partido, porque representa um movimento de renovação da política.

Se tem um conjunto de movimentos que está superando o atual modelo, são movimentos como o Agora!. Essa é aliança que mais dá gosto para nós, porque é uma aliança com os atores vivos e movimentos vivos da sociedade brasileira“, afirmou.

Baixas

O anúncio da aliança com o movimento aconteceu no mesmo dia que a Rede perde dois dos quatro deputados federais do partido. Alessandro Molon (RJ) e Aliel Machado (PR) se filiaram ao PSB nesta terça-feira.

Com as desfiliações, Marina corre o risco de ficar de fora dos debates durante a eleição. As novas regras determinam que as emissoras devem chamar para participar dos eventos candidatos de partidos que tiverem pelo menos cinco parlamentares. Se não filiar novos nomes durante a janela partidária, que começa dia 7 de março, a Rede ficará com apenas três: um senador, Randolfe Rodrigues, e dois deputados, Miro Teixeira (RJ) e João Derly (RS).

Apesar do revés, Marina afirmou que não é porque Molon e Aliel saíram do partido que deixam de ser bons parlamentares. “Nós os admiramos e desejamos boa sorte. A Rede tem ex-filiados, que continuam amigos, não viram nossos inimigos“, disse Marina.

Outros partidos

Além da Rede, o Agora! também já assinou uma carta-compromisso com o PPS, para filiar integrantes à sigla e lançar candidatados. Integrantes do movimento também analisam se candidatar por outros partidos, como o Podemos o PSB.

O Agora! ganhou destaque nacional depois de Huck se unir ao movimento. Em janeiro, o apresentador falou sobre o grupo no Domingão de Faustão, e gerou uma avalanche de pedidos de inscrição. Por enquanto, o grupo reúne cerca de 90 pessoas.

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Isadora Peron, Agência Estado

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Ciro Gomes rebate publicamente declarações de Lula

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Ciro Gomes rebate Lula entrevista

Em entrevista à Rádio Bandeirantes, Ciro Gomes se apressou para rebater as declarações do ex-presidente Lula publicadas mais cedo pela colunista Mônica Bérgamo, da Folha de S.Paulo.

“Parece que o Lula não tá sabendo muito bem o que está acontecendo no país”, disse o pré-candidato à Presidência da República pelo PDT.

“Tem que ter muita paciência porque não é nada fácil para um homem que tem a trajetória do Lula, carregar hoje 12 anos e um mês de cadeia, já em 2ª instância, com mais não sei quantos processos. Não é fácil para ninguém. Tenho coração antes de ser da luta, que sou muito também”, continuou,

Ciro criticou a divisão do país entre esquerda e direita que, segundo ele, é o raciocínio do ex-presidente. “A conclusão dele é que ou é subordinado do PT ou do PSDB. Essa velha história de repartir o país entre coxinhas e mortadelas. Enquanto isso, o país sofrendo todos os tipos graves de problemas – coisas que deveríamos estar discutindo”, disse.

O ex-governador do Ceará acredita que a imagem do petista está melhor que a do partido em si. “O PT foi varrido em várias cidades. Perdeu eleições no Brasil interior, em todas as grandes cidades do inteiror de São Paulo. É uma repulsa generalizada. Lula não está percebendo isso”.

Eleições 2018

O pré-candidato também aposta em um cenário eleitoral sem Lula. “Eu acredito que o Tribunal não permita que ele seja candidato”, disse. Segundo ele, “com a lei da ficha limpa, numa situação parecida, nunca ninguém conseguiu se tornar candidato”.

Sobre o encontro com o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad, Ciro explicou: “Ele me convidou para jantar e eu fui. O assunto era preocupação que eu e ele temos com o andar da carruagem do Brasil”. O político não confirmou possíveis alianças com o petista.

Intervenção Militar

Sobre a violência que não só afeta o Rio de Janeiro, mas também o Brasil todo, Ciro disse que não acredita que as Forças Armadas – em referência a intervenção federal – possa resolver os principais problemas. “Nunca aconteceu em nenhum lugar mundo”, falou.

Ele também afirmou que, se fosse presidente, não tomaria a decisão de Michel Temer – decretar a intervenção no Rio. “O Exército e as Forças Armadas podem apoiar os esforços de restauração do esforço da leia e da ordem”. Para ele, um sistema de inteligência e informação é capaz de resolver a violência.

“Essa guerra da forma tradicional, com a mesma legislação, é completamente irresponsável. Precisa montar um sistema de inteligência para rastrear os caminhos do fuzil, por exemplo. Hoje você tem os drones, satélites e uma série de recursos tecnológicos”, comentou sobre os problemas nas fronteiras – principal porta de entrada de drogas e armas.

BandNews

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Este ano quero os velhos

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quero os velhos luta direitos humanos racismo mulheres direitos

Delmar Bertuol*, Pragmatismo Político

Nada mais obsoleto na Política do que o discurso de apresentar-se como o novo.

Desde que existem eleições no Brasil, os candidatos tentam convencer que são os representantes daquilo que a Política brasileira precisa, inovação.

Mesmo os velhos políticos não se furtam de incorporar aos seus discursos a quebra de paradigmas e o rompimento de seculares e nefastas estruturas. A promessa é de união de experiência com uma nova maneira de se fazer política, tão precisada de profundas mudanças.

Os políticos novos na atividade, por sua vez, têm a seu favor o fato de serem realmente novos, o que lhes eximiria de ranços e vícios desde sempre impregnados na política brasileira em qualquer nível.

Nos novos, como nos velhos, o discurso de inovação política passa também por um pretenso e contraditório afastamento da própria política, sobretudo a partidária, além de negar a pecha de qualquer ideologia. O político novo é sempre um pragmático, nunca um ideologista.

Tanto os novos políticos ditos novos, como os velhos políticos ditos novos, entretanto, tão logo se elegem, aplicam em seus mandatos aquilo que tanto refutavam: a política fisiológica, com negociata de cargos segundo interesses eleitoreiros e partidários.

E as ações, que seriam programáticas, atendem à ideologia do partido e do político em questão – embora o discurso continue sendo o de estar ao largo de qualquer vinculação ideológica.

Em suma, o que se observa é que o novo político não passa dum político comum no sentido pejorativo do termo. Os defeitos são os mesmos. O atendimento aos interesses dos já mais abastados continua como em qualquer “velha política’.

Pois neste ano, se houver eleições, vou votar nos candidatos que se apresentem como os velhos políticos. Vou depositar minha confiança nos candidatos que assumem o seu partido e a sua ideologia (todos têm partido e ideologia, mas os “novos”, como disse, querem se desvincular disso).

Leia aqui todos os textos de Delmar Bertuol

Claro que, quando digo que quero a velha política, não me refiro aos seus antigos problemas e seus conseguintes operadores. Falo da política que trabalhou em prol do País. Refiro-me aos “velhos” que “politicaram” pela CLT; aos que lutaram contra a Ditadura Militar; aos que, na Abertura Política, tinham idealismo e (re)fundaram partidos; aos constituintes que tiveram sensibilidade de criar artigos que defendem a cidadania e os direitos humanos; falo dos políticos que, embora velhos, não caíram no ceticismo da idade e continuam, qual jovens empolgados, a defender os trabalhadores e os mais pobres.

O discurso da mudança não muda.

E quem prometeu novidades boas, é empírico, só trouxe velharias ruins.

Sou antiquado. Vou votar no bom, velho e autêntico.

*Delmar Bertuol é professor de história da rede municipal e estadual, escritor, autor de Transbordo, Reminiscências da tua gestação, filha e colaborou para Pragmatismo Político

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A posição vergonhosa do Brasil no ranking mundial de participação feminina na política

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ranking mundial de participação feminina na política

Edson Sardinha, Congresso em Foco

O Brasil é o último país da América do Sul em presença feminina na Câmara dos Deputados. Elas ocupam apenas 54 (10,5%) das 513 cadeiras da Casa. O percentual relega o país à 152ª posição, entre 190 nações pesquisadas, no ranking mundial da participação das mulheres na política. Os dados foram divulgados na pesquisa “Estatísticas de gênero – Indicadores sociais das mulheres no Brasil”, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A conclusão é baseada em compilação feita pela União Interparlamentar. No mundo, as mulheres ocupam, em média, 23,6% dos assentos nas câmaras baixas ou parlamentos unicamerais.

O ranking é liderado por Ruanda (61,3%) e traz países como Cuba (48,9%), Suécia (43,6%) e Argentina (38,1%) bem à frente do Brasil. O IBGE também destaca que, entre as 28 autoridades que comandavam ministérios em dezembro de 2017, apenas duas eram mulheres. Esse número diminuiu recentemente com a saída de Luislinda Valois da Secretaria Especial dos Direitos Humanos.

Na Câmara, três estados não têm nenhuma deputada federal: Mato Grosso, Paraíba e Sergipe. Entre as três maiores bancadas, é tímida a presença feminina. As mulheres ocupam apenas 7 (10%) das 70 cadeiras ocupadas por parlamentares de São Paulo.

Em Minas Gerais, há 5 deputadas (9,4%) entre os 53 integrantes da bancada. No Rio de Janeiro, são 6 (13%) entre os 46 fluminenses. Vêm do Norte as duas representações com maior proporção de deputadas: Tocantins e Amapá têm três mulheres (37,5%) entre seus oito representantes na Câmara. No Senado, o índice de presença feminina é um pouco melhor, 16%.

Embora o país tenha cota de 30% das candidaturas para mulheres, a concentração das máquinas partidárias nas mãos de homens e a dificuldade no acesso a recursos financeiros para bancar as campanhas eleitorais são dois dos principais entraves para aumentar a representatividade das mulheres no Legislativo.

O estudo do IBGE faz um raio-x que mostra o quanto o Brasil ainda fecha portas para as mulheres, a começar pela disparidade salarial e presença em cargos de comando.

As mulheres ganham em média três quartos do salário dos homens. De acordo com a pesquisa, mesmo com escolaridade superior à dos homens, o rendimento médio mensal entre as mulheres é de R$ 1.764. Entre eles, essa média sobe para R$ 2.306.

O índice de profissionais do sexo feminino que ocupam cargos gerenciais é de 37,8%. Sobrecarregadas pelos serviços domésticos, as mulheres que trabalham fora de casa dedicam a essas tarefas de cerca de 73% a mais de horas do que os homens.

Veja abaixo as principais conclusões do IBGE:

“Mulheres que trabalham dedicam 73% mais horas do que os homens aos cuidados e/ou afazeres domésticos

Em 2016, desagregando-se a população ocupada do país por sexo, as mulheres dedicavam 18,1 horas semanais aos cuidados de pessoas ou afazeres domésticos – cerca de 73% a mais de horas do que os homens (10,5 horas semanais).

Regionalmente, a maior desigualdade estava no Nordeste, onde as mulheres dedicaram 19,0 horas semanais àquelas atividades, ou 80% de horas a mais do que os homens.

As mulheres pretas ou pardas são as que mais se dedicam aos cuidados de pessoas e afazeres domésticos, com 18,6 horas semanais. Entre os homens, o indicador pouco varia quando se considera a cor ou raça ou região.

28,2% das mulheres e 14,1% dos homens trabalham em tempo parcial

Mulheres que necessitam conciliar trabalho remunerado com os afazeres domésticos e cuidados, em muitos casos, aceitam ocupações com carga horária reduzida. A proporção de ocupados trabalhando por tempo parcial (até 30 horas semanais) mostra um percentual mais elevado de mulheres (28,2%), quando comparado com os homens (14,1%). Nas regiões Norte e Nordeste, a proporção de mulheres passa de 36%.

As mulheres pretas ou pardas foram as que mais exerceram ocupação por tempo parcial, alcançando 31,3% do total, enquanto 25,0% das mulheres brancas se ocuparam desta forma, em 2016. Para os homens, somente 11,9% dos brancos se ocuparam por tempo parcial, ao passo que a proporção de pretos ou pardos era de 16,0%.

Mulheres continuam recebendo menos do que os homens

Em relação aos rendimentos médios do trabalho, as mulheres seguem recebendo, em média, cerca de ¾ do que os homens recebem. Em 2016, enquanto o rendimento médio mensal dos homens era de R$2.306, o das mulheres era de R$1.764.

Considerando-se a rendimento médio por hora trabalhada, ainda assim, as mulheres recebem menos do que os homens (86,7%), o que pode estar relacionado com à segregação ocupacional a que as mulheres podem estar submetidas no mercado de trabalho. O diferencial de rendimentos é maior na categoria ensino superior completo ou mais, na qual o rendimento das mulheres equivalia a 63,4% do que os homens recebiam, em 2016.

Mulheres e homens têm proporção equilibrada de acesso a telefone celular

Quanto ao acesso e uso de novas tecnologias, importante para análise do grau de autonomia da mulher, os resultados indicam que a proporção de mulheres que possuem telefone celular no Brasil (78,2%) é levemente superior a dos homens (75,9%).

Tal proporção é superior para as mulheres em todas as grandes regiões, com exceção da região Sul, onde a masculina (82,1%) é ligeiramente maior que a feminina (81,9%).

Atraso escolar é maior entre homens pretos ou pardos

A vantagem educacional das mulheres fica evidente a partir da análise de indicadores sobre o atraso escolar e o nível educacional dos adultos. Uma forma de medir o atraso escolar é por meio da taxa de frequência escolar líquida ajustada. Esse indicador mede a proporção de pessoas que frequentam escola no nível de ensino adequado a sua faixa etária, incluindo aquelas que já concluíram esse nível, em relação ao total de pessoas da mesma faixa etária.

Em 2016, segundo a PNAD Contínua, a taxa de frequência escolar líquida ajustada no ensino médio dos homens de 15 a 17 anos de idade era de 63,2%, 10,3 pontos percentuais abaixo da taxa feminina (73,5%). Isso significa que 36,8% dos homens dessa faixa etária possuíam atraso escolar para o ensino médio, resultante de repetência e/ou abandono escolar.

Considerando-se a cor ou raça, a desigualdade no atraso escolar era considerável entre as mulheres: 30,7% das pretas ou pardas de 15 a 17 anos de idade apresentaram atraso escolar no ensino médio, enquanto 19,9% das mulheres brancas dessa faixa etária estavam na mesma situação. Mas o maior diferencial (mais que o dobro) foi entre os percentuais desse atraso nas mulheres brancas (19,9%) e dos homens pretos ou pardos (42,7%).

Proporção de pessoas com superior completo é maior entre as mulheres

Como resultado dessa trajetória escolar desigual, relacionada a papéis de gênero e entrada precoce dos homens no mercado de trabalho, as mulheres atingem em média um nível de instrução superior ao dos homens. A maior diferença percentual por sexo encontra-se no nível “Superior completo”, especialmente entre as pessoas da faixa etária mais jovem de 25 a 44 anos de idade, em que o percentual de homens que completou a graduação foi de 15,6%, enquanto o de mulheres atingiu 21,5%, indicador 37,9% superior ao dos homens.

Novamente, constata-se desigualdade entre mulheres por cor ou raça. O percentual de mulheres brancas com ensino superior completo (23,5%) é 2,3 vezes maior do que o de mulheres pretas ou pardas (10,4%) e é mais do que o triplo daquele encontrado para os homens pretos ou pardos (7,0%).

94,7% das mulheres teve acesso a pré-natal

Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) 2013, entre as mulheres de 18 a 49 anos de idade, 97,4% tinham sido atendidas pelo menos uma vez em uma consulta pré-natal com profissional de saúde especializado na última gravidez. As mulheres nessa faixa etária que chegaram a ser atendidas em pelo menos quatro consultas foram 93,9%.

Na desagregação por cor ou raça, ambos os indicadores sobre atendimento em consulta pré-natal apresentam desigualdade: enquanto 98,6% das mulheres brancas foram atendidas em no mínimo uma consulta com profissional de saúde especializado na última gravidez, entre as pretas ou pardas esse percentual foi menor: 96,6%.

Quando o parâmetro é ter frequentado no mínimo quatro consultas, o percentual foi de 95,4% para as mulheres brancas e 92,8% para as mulheres pretas ou pardas. Essas desigualdades se acentuam regionalmente: na região Norte, por exemplo, o percentual de mulheres brancas que foram atendidas em no mínimo quatro consultas (98,5%) superou o de mulheres pretas ou pardas (87,9%) em mais de dez pontos percentuais.

Uma em cada quatro mulheres não utilizava método contraceptivo

Ainda segundo a PNS 2013, 72,3% das mulheres de 18 a 49 anos casadas ou em união, sexualmente ativas e que não estavam na menopausa utilizavam algum método para evitar a gravidez, ou seja: mais de 1/4 das mulheres nesse grupo não utilizavam qualquer método contraceptivo. No Norte (68,4%) e Nordeste (71,5%) os percentuais estavam abaixo da média nacional.

Tabagismo é mais frequente entre homens e a obesidade, entre mulheres

A PNS 2013 também revela que o Brasil espelha a tendência mundial de maior incidência de tabagismo entre os homens e de obesidade entre as mulheres: 18,9% dos homens fumavam algum produto de tabaco, percentual que foi de 11,0% para as mulheres. Já a proporção de homens obesos (17,5%) era inferior à de mulheres obesas (25,2%).

A esperança de vida das mulheres aos 60 anos era maior do que a dos homens e aumentou entre 2011 e 2016. Em 2011, a esperança de vida de uma mulher de 60 anos no Brasil era de 23,1 anos e passou para 23,9 em 2016. Já a dos homens subiu de 19,6 para 20,3 anos.

Apenas um em cada dez deputados federais era mulher em 2017

Em dezembro de 2017, o percentual de mulheres parlamentares no Congresso Nacional era de 11,3%. No Senado, 16,0% eram mulheres e, na Câmara dos Deputados, 10,5%. Três estados brasileiros não tinham nenhuma deputada federal: Paraíba, Sergipe e Mato Grosso.

Em 2017, o Brasil ocupava a 152ª posição entre os 190 países que informaram à Inter-Parliamentary Union o percentual de assentos em suas câmaras baixas (câmara de deputados) ou parlamento unicameral ocupados por mulheres parlamentares em exercício.

Na América do Sul, o Brasil mostrou o pior resultado. No mundo, as mulheres ocupavam, em média, 23,6% dos assentos nas câmaras baixas ou parlamentos unicamerais.

Mulheres ocupavam 37,8% dos cargos gerenciais em 2016

No Brasil, em 2016, 62,2% dos cargos gerenciais, tanto no poder público quanto na iniciativa privada, eram ocupados por homens e 37,8% por mulheres. A participação das mulheres em cargos gerenciais era mais alta entre as gerações mais jovens, variando de 43,4% entre as mulheres com 16 a 29 anos, até 31,3% entre as mulheres com 60 anos ou mais de idade.

Mulheres eram 26,4% do efetivo das polícias civis em 2014

O percentual de policiais mulheres é um indicador que, além de atender à meta de integrar as mulheres à vida pública, compõe as medidas de assistência à mulher em situação de violência doméstica e familiar.

Esse atendimento se dá no âmbito das polícias civis, subordinadas aos governos estaduais. Segundo a Pesquisa de Informações Básicas Estaduais (Estadic), em 2013, a proporção de mulheres no efetivo das polícias civis das unidades da Federação era de 26,4%.

Considerando o total efetivo das polícias civis e militares, a proporção de mulheres no país era de 13,4%; o total de mulheres no efetivo nacional das polícias militares era de 9,8%. A unidade da Federação com a menor participação de mulheres no somatório do efetivo policial militar e policial civil era o Rio Grande do Norte, com 5,1%, e a que tinha a maior participação era o Amapá, com 23,4%.

Apenas 7,9% dos municípios têm delegacias especializadas para atender mulheres

A existência de delegacias especializadas no atendimento à mulher não integra o Conjunto Mínimo de Indicadores de Gênero elaborado pela Divisão de Estatísticas das Nações Unidas. No entanto, é oportuno lembrar que a Pesquisa de Informações Básicas Municipais (Munic) 2014 e a Estadic 2014 identificaram que apenas 7,9% dos municípios brasileiros contavam com este tipo de delegacia.

Segundo essas mesmas pesquisas do IBGE, em 11 das 27 Unidades Federação, o tema da violência doméstica e de gênero havia sido abordado no programa de capacitação continuada oferecido aos profissionais no ano anterior.

No Acre, uma em cada dez mulheres de 15 a 19 anos de idade foi mãe em 2016

Em 2016, a taxa de fecundidade adolescente era de 56,0 nascimentos a cada mil mulheres na faixa dos 15 aos 19 anos de idade. Essa taxa vem diminuindo gradativamente a cada ano, tendo alcançado 64,5 nascimentos por mil mulheres em 2011.

Entre as regiões, as menores taxas estavam no Sul (45,4 por mil) e Sudeste (45,6); no outro extremo, a região Norte registrou 85,1 nascimentos para cada mil mulheres de 15 a 19 anos. A menor taxa entre as unidades da Federação foi do Distrito Federal, 38,6. O Acre apresentou a maior taxa de fecundidade, 97,8 nascimentos por mil mulheres de 15 a 19 anos, ou cerca de um nascimento para cada dez mulheres nessa faixa etária.”

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Entrevista com Noam Chomsky: “As pessoas já não acreditam nos fatos”

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entrevista com noam chomsky pessoas acreditam

Jan Martínez Ahrens, ElPaís

Noam Chomsky (Filadélfia, 1928) superou faz tempo as barreiras da vaidade. Não fala de sua vida privada, não usa celular e em um tempo onde abunda o líquido e até o gasoso, ele representa o sólido. Foi detido por opor-se à Guerra do Vietnã, figurou na lista negra de Richard Nixon, apoiou a publicação dos Papéis do Pentágono e denunciou a guerra suja de Ronald Reagan. Ao longo de 60 anos, não há luta que ele não tenha travado. Defende tanto a causa curda como o combate à mudança climática. Tanto aparece em uma manifestação do Occupy Movement como apoia os imigrantes sem documentos.

Mergulhado na agitação permanente, o jovem que nos anos cinquenta deslumbrou o mundo com a gramática gerativa e seus universais, longe de descansar sobre as glórias do filósofo, optou pelo movimento contínuo. Não se importou com que o acusassem de antiamericano ou extremista. Sempre seguiu em frente com valentia, enfrentando os demônios do capitalismo − sejam os grandes bancos, os conglomerados militares ou Donald Trump. À prova de fogo, sua última obra volta a confirmar sua tenacidade. Em Réquiem para o sonho americano (editora Bertrand Brasil), ele põe no papel as teses expostas no documentário homônimo e denuncia a obscena concentração de riqueza e poder que exibem as democracias ocidentais. O resultado são 192 páginas de Chomsky em estado puro. Vibrante e claro.

Preparado para o ataque.

— O senhor se considera um radical?

— Todos consideramos a nós mesmos moderados e razoáveis.

— Defina-se ideologicamente.

— Acredito que toda autoridade tem de se justificar. Que toda hierarquia é ilegítima enquanto não demonstrar o contrário. Às vezes pode se justificar, mas na maioria das vezes, não. E isso… isso é anarquismo.

Uma luz seca envolve Noam Chomsky. Depois de 60 anos dando aulas no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês), o professor veio viver nos confins do deserto de Sonora, no Arizona. Em Tucson, a mais de 4.200 quilômetros de Boston, ele se instalou e estreou um escritório no Departamento de Linguística da Universidade do Arizona. O centro é um dos poucos pontos verdes dessa cidade abrasadora. Freixos, salgueiros, palmeiras e nogueiras crescem em torno de um edifício de tijolos vermelhos de 1904 onde tudo fica pequeno, mas tudo é acolhedor. Pelas paredes há fotos de alunos sorridentes, mapas das populações indígenas, estudos de fonética, cartazes de atos culturais e, no fundo do corredor, à direita, o escritório do maior linguista vivo.

O lugar não tem nada a ver com o espaço inovador do Frank Gehry que o abrigava em Boston. Aqui, mal cabe uma mesa de trabalho e outra para sentar-se com dois ou três alunos. Recém-estreado, o escritório de um dos acadêmicos mais citados do século XX ainda não tem livros próprios, e seu principal ponto de atenção recai em duas janelas que inundam a sala de âmbar. Chomsky, de calças jeans e longos cabelos brancos, gosta dessa atmosfera calorosa. A luz do deserto foi um dos motivos que o levaram a se mudar para Tucson. “É seca e clara”, comenta. Sua voz é grave e ele deixa que se perca nos meandros de cada resposta. Gosta de falar longamente. Pressa não é com ele.

Vivemos uma época de desencanto?

Já faz 40 anos que o neoliberalismo, liderado por Ronald Reagan e Margaret Thatcher, assaltou o mundo. E isso teve um efeito. A concentração aguda de riqueza em mãos privadas veio acompanhada de uma perda do poder da população geral. As pessoas se sentem menos representadas e levam uma vida precária, com trabalhos cada vez piores. O resultado é uma mistura de aborrecimento, medo e escapismo. Já não se confia nem nos próprios fatos. Há quem chama isso de populismo, mas na verdade é descrédito das instituições.

E assim surgem as fake news (os boatos)?

A desilusão com as estruturas institucionais levou a um ponto em que as pessoas já não acreditam nos fatos. Se você não confia em ninguém, por que tem de confiar nos fatos? Se ninguém faz nada por mim, por que tenho de acreditar em alguém?

Nem mesmo nos veículos de comunicação?

A maioria está servindo aos interesses de Trump.

Mas há alguns muito críticos, como The New York Times, The Washington Post, CNN…

Olhe a televisão e as primeiras páginas dos jornais. Não há nada mais que Trump, Trump, Trump. A mídia caiu na estratégia traçada por Trump. Todo dia ele lhes dá um estímulo ou uma mentira para se manter sob os holofotes e ser o centro da atenção. Enquanto isso, o flanco selvagem dos republicanos vai desenvolvendo sua política de extrema direita, cortando direitos dos trabalhadores e abandonando a luta contra a mudança climática, que é precisamente aquilo que pode acabar com todos nós.

O senhor vê em Trump um risco para a democracia?

Representa um perigo grave. Liberou de forma consciente e deliberada ondas de racismo, xenofobia e sexismo que estavam latentes, mas que ninguém tinha legitimado.

Ele voltará a ganhar?

É possível, se conseguir retardar o efeito letal de suas políticas. É um demagogo e showman consumado que sabe como manter ativa sua base de adoradores. Também joga a seu favor o fato de que os democratas estão mergulhados na confusão e podem não ser capazes de apresentar um programa convincente.

Continua apoiando o senador democrata Bernie Sanders?

É um homem decente. Usa o termo socialista, mas nele significa mais um New Deal democrata. Suas propostas, de fato, não seriam estranhas a Eisenhower [presidente dos EUA pelo Partido Republicano de 1953 a 1961]. Seu sucesso, mais que o de Trump, foi a verdadeira surpresa das eleições de 2016. Pela primeira vez em um século houve alguém que esteve a ponto de ser candidato sem apoio das corporações nem dos veículos de comunicação, só com o apoio popular.

Houve um deslizamento para a direita do espectro político?

Na elite do espectro político sim, ocorreu esse deslizamento, mas não na população em geral. Desde os anos oitenta se vive uma ruptura entre o que as pessoas desejam e as políticas públicas. É fácil ver isso no caso dos impostos. As pesquisas mostram que a maioria quer impostos mais altos para os ricos. Mas isso nunca se leva a cabo. Frente a isso se promoveu a ideia de que reduzir impostos traz vantagens para todos e que o Estado é o inimigo. Mas quem se beneficia da reduzir [verbas para] estradas,hospitais, água limpa e ar respirável?

Então o neoliberalismo triunfou?

O neoliberalismo existe, mas só para os pobres. O mercado livre é para eles, não para nós. Essa é a história do capitalismo. As grandes corporações empreenderam a luta de classes, são autênticos marxistas, mas com os valores invertidos. Os princípios do livre mercado são ótimos para ser aplicados aos pobres, mas os muito ricos são protegidos. As grandes indústrias de energia recebem subvenções de centenas de milhões de dólares, a economia de alta tecnologia se beneficia das pesquisas públicas de décadas anteriores, as entidades financeiras obtêm ajuda maciça depois de afundar… Todas elas vivem com um seguro: são consideradas muito grandes para cair e são resgatadas se têm problemas. No fim das contas, os impostos servem para subvencionar essas entidades e com elas, os ricos e poderosos. Mas além disso se diz à população que o Estado é o problema e se reduz seu campo de ação. E o que ocorre? Seu espaço é ocupado pelo poder privado, e a tirania das grandes corporações fica cada vez maior.

O que o senhor descreve soa a George Orwell.

Até Orwell estaria assombrado. Vivemos a ficção de que o mercado é maravilhoso porque nos dizem que está composto por consumidores informados que adotam decisões racionais. Mas basta ligar a televisão e ver os anúncios: procuram informar o consumidor para que tome decisões racionais? Ou procuram enganar? Pensemos, por exemplo, nos anúncios de carros. Oferecem dados sobre suas características? Apresentam informes realizados por entidades independentes? Porque isso sim que geraria consumidores informados capazes de tomar decisões racionais. Em vez disso, o que vemos é um carro voando, pilotado por um ator famoso. Tentam prejudicar o mercado. As empresas não querem mercados livres, querem mercados cativos. De outra forma, colapsariam.

Diante dessa situação, não é muito fraca a contestação social?

Há muitos movimentos populares muito ativos, mas não se presta atenção neles porque as elites não querem que se aceite o fato de que a democracia pode funcionar. Isso é perigoso para elas. Pode ameaçar seu poder. O melhor é impor uma visão que diz a você que o Estado é seu inimigo e que você tem de fazer o que puder sozinho.

Trump usa frequentemente o termo antiamericano. Como o senhor entende esse termo?

Os Estados Unidos são o único país onde, por criticar o Governo, te chamam de antiamericano. E isso representa um controle ideológico, acendendo fogueiras patrióticas por toda parte.

Em alguns lugares da Europa também ocorre isso.

Mas nada comparável ao que ocorre aqui, não há outro país onde se vejam tantas bandeiras.

O senhor teme o nacionalismo?

Depende. Se significa estar interessado em sua cultura local, é bom. Mas se for uma arma contra outros, sabemos aonde pode conduzir, já vimos e experimentamos isso.

Acha possível que se repita o que ocorreu nos anos trinta?

A situação se deteriorou. Depois da eleição de Barack Obama se desencadeou uma reação racista de enorme virulência, com campanhas que negavam sua cidadania e identificavam o presidente negro com o anticristo. Houve muitas manifestações de ódio. No entanto, os EUA não são a República de Weimar [democracia alemã anterior ao nazismo]. Precisamos estar preocupados, mas as probabilidades de que se repita algo assim não são altas.

Seu livro começa lembrando a Grande Depressão, uma época em que “tudo estava pior que agora, mas havia um sentimento de que tudo iria melhorar”.

Eu me lembro perfeitamente. Minha família era de classe trabalhadora, estava desempregada e não tinha educação. Objetivamente, era uma época muito pior que agora, mas havia um sentimento de que todos estávamos juntos naquilo. Havia um presidente compreensivo com o sofrimento, os sindicatos estavam organizados, havia movimentos populares… Tinha-se a ideia de que juntos podíamos vencer a crise. E isso se perdeu. Agora vivemos a sensação de que estamos sozinhos, de que não há nada a fazer, de que o Estado está contra nós…

Ainda tem esperanças?

Claro que há esperança. Ainda há movimentos populares, gente disposta a lutar… As oportunidades estão aí, a questão é se somos capazes de aproveitá-las.

Chomsky termina com um sorriso. Deixa vibrando no ar sua voz grave e se despede com extrema cortesia. Em seguida, sai do escritório e desce as escadas da faculdade. Fora, esperam-lhe Tucson e a luz seca do deserto de Sonora.

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O brasileiro que se orgulha de ser “burro” é o retrato da tragédia nacional

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brasileiro que se orgulha de ser burro tragédia nacional

Leonardo Sakamoto*

Antes de prosseguir, vale o aviso: burrice não é a falta de um conhecimento específico. Um camponês de uma comunidade isolada pode não saber navegar na internet. Mas duvido que você saiba produzir alimento a partir da terra como ele. É impossível saber sobre tudo e a beleza de estar em sociedade é a complementaridade dos saberes, a ponto de precisarmos uns dos outros para sobreviver.

Burro também não é quem separa sujeito e predicado por vírgula. Muita gente não entende isso e desvaloriza a opinião do outro por não compartilhar dos mesmos padrões de fala ou do mesmo universo simbólico. Algumas das pessoas mais sábias que conheci são iletradas. E alguns dos maiores idiotas têm doutorado. Significa que os iletrados são melhores que os doutores? Não. Então, o contrário? Também não. Pois é burrice achar que usar ou não a norma culta da língua é condição para participar do debate público.

Trato aqui da burrice de quem menospreza o conhecimento, seja ele qual for, chegando a odiar quem o detém ou quem busca aprendizado.

Da burrice prepotente e apressada, que xinga um texto ou vídeo na rede sem ter consumido nada além de seu título ou visto o nome do autor ou autora. E, diante das críticas sobre a superficialidade desse comportamento, rosna, dizendo – no melhor estilo Donald Trump – que tudo o que é importante pode ser escrito em uma linha ou um tuíte. Ou que acredita que um produto é ruim simplesmente por não ter ido com a cara do rótulo.

O burro é aquele que vê seu preconceito violento como sabedoria.

Essa burrice, montada na soberba, pensa que já sabe de tudo a ponto de tachar os que discordam de sua visão de mundo como mal informados, comprados ou manipulados sem apresentar dados e fatos que corroborem a crítica. Ou tenta calar as vozes diferentes da sua por encarar a dissonância como ruído e não como música.

Pois a burrice sempre tenta destruir o conhecimento que ameaça jogar luz sobre ela própria.

Antes, se alguém me mostrasse uma imagem de pessoas enlouquecidas em torno de montanhas de livros em chamas, eu me lembraria de ”Fahrenheit 451”, de François Truffaut (1966). No filme, livros são proibidos, sob o argumento de que tornam as pessoas infelizes e improdutivas. Quem lê é preso e ”reeducado”. Se uma casa tinha livros, ”bombeiros” eram chamados para queimar tudo.

Hoje, se me mostrassem uma imagem assim, logo me perguntaria: onde foi desta vez? Algum grupo fundamentalista islâmico, cristão, judeu ou budista? Interior dos Estados Unidos? Neonazistas europeus? África? Coreia do Norte? China? São Paulo, Rio ou uma grande cidade brasileira?

No dia 10 de maio de 1933, montanhas de livros foram criadas nas praças de diversas cidades da Alemanha. O regime nazista queria fazer uma limpeza da literatura e de todos os escritos que desviassem dos padrões impostos. Centenas de milhares queimaram até as cinzas. Einstein, Mann, Freud, entre outros, foram perseguidos por pensarem diferente da maioria. A Alemanha ”purificou pelo fogo” as ideias imundas deles, da mesma forma que, durante a Contra-Reforma, a Santa Inquisição purificou com fogo a carne, o sangue e os ossos daqueles que ousaram discordar de sua interpretação da bíblia.

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A burrice também é incapaz de aceitar o próprio erro, transferindo a culpa para o outro. Ou, diante de um questionamento, foge da autocrítica, dizendo que outra pessoa ou partido também faz a mesma coisa. A burrice não pede desculpa.

Pois a burrice de um indivíduo acha que é absolvida pela burrice de outro indivíduo ou do coletivo.

Nesta semana, a página de um grupo de extrema direita fez uma enquete entre seus seguidores, questionando quem eles ”jamais” votariam para presidente. Muitos interpretaram mal a pergunta e responderam o inverso, em quem votariam. Até aí, tudo bem. Quem nunca?

Então, os administradores da página informaram várias vezes sobre o erro de interpretação. O que fizeram os seguidores? Culparam o grupo por ter feito uma pergunta ”errada”. A certa seria a pergunta de sempre, sem a inversão do ”jamais”, ou seja, aquilo que não levasse à reflexão. Neste caso, pensar foi visto como um erro e tratado como tal.

A burrice não aceita a existência de outra versão que interprete os fatos além da sua. É incapaz de reafirmar sua visão e, ao mesmo tempo, conviver com análises divergentes. Enxerga a opinião alheia como ”notícia falsa” não por desconhecer a diferença entre formatos de textos narrativos e opinativos, mas por não admitir o conteúdo. A burrice de alguns seguidores de políticos que não aceitam a existência de divergências ocorre da direita à esquerda, ou seja, não é monopólio de ninguém.

Isso só vai ser resolvido com a qualificação do debate público. De acordo com o sociólogo Bernard Charlot, um saber só tem valor e sentido por conta da relação que ele produz com o mundo. Quando o debate público for mais qualificado, a pessoa se sentirá mais motivada a procurar se informar melhor e de maneira mais plural a fim de conviver com seus pares nas redes sociais ou mesmo na vida offline.

Ler coisas com as quais concordamos e com as quais não concordamos é um primeiro passo. Ler fontes de informação que não sejam anônimas, ou seja, que se responsabilizam pelo que divulgam, é outro. Preferir fontes que baseiam seus relatos em provas e não em suposições ou teorias da conspiração. Que são gostosas, mas burras.

A escola deve promover debates e reuniões para que todos entendam que tipo de mensagem estão passando a seus filhos – ainda mais neste ano eleitoral. Dois pais ou duas mães que defendam o voto em um candidato X e dois pais ou duas mães que defendam o voto em um candidato Y podem ser convidados para apresentar seus pontos de vista para os alunos em uma turma, de forma respeitosa. Pois a aprender como fazer a discussão de valores com respeito a ideias divergentes é tão importante quanto absorver conhecimento técnico. Quando uma escola fecha os olhos a isso, transmite uma ideia. Em outras palavras, o silêncio não é neutro.

A opinião pública e parte dos intelectuais alemães se acovardaram ou acharam pertinente o fogaréu nazista descrito acima, levado a cabo por estudantes que apoiavam o regime. Deu no que deu. Hoje, vemos muitos se acovardarem diante de ondas burras, intolerantes e violentas frente ao conhecimento. Não, não estou comparando nossa sociedade com a nazista. Apenas dizendo que a burrice pode ser atemporal. E universal.

Como sempre digo: falta amor no mundo, mas falta interpretação de texto. E calmante na água de muita gente.

*Leonardo Sakamoto é jornalista e Doutor em Ciência Política pela USP

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Tristeza de Dilma e alfinetada em Ciro Gomes – os detalhes do novo livro de Lula

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novo livro de Lula verdade vencerá

A Verdade Vencerá – o povo sabe por que me condenam“, novo livro do ex-presidente Lula, será lançado nesta sexta-feira (16), em São Paulo, e é uma coletânea de entrevistas inéditas que foram realizadas recentemente por Juca Kfouri, Maria Inês Nassif, Ivana Jinkins e Gilberto Maringoni.

Em uma das três entrevistas que deram origem ao livro, Lula conta que Dilma Rousseff demonstrou tristeza logo após ser declarada vitoriosa na disputa eleitoral de 2014.

“Quando a Dilma ganhou em 2014, eu estive com ela, senti a Dilma triste no dia da vitória. Saímos conversando da casa dela para o hotel onde ela foi fazer o pronunciamento, eu convencido de que era a primeira vez que via uma pessoa ganhar triste, inquieta. A sensação que tive foi de que ela não tinha gostado de ganhar. Estava visivelmente irritada, não sei se pela vitória apertada; mas a vitória apertada é mais gostosa do que qualquer outra coisa!”, relatou Lula.

Naquela eleição, Dilma superou o senador Aécio Neves (PSDB-MG) no segundo turno, na disputa mais apertada desde a redemocratização. Ela obteve 51,64% dos votos válidos contra 48,36% para o tucano, uma diferença de apenas 3,4 milhões de votos. A campanha foi marcada pelo tom agressivo, principalmente nos debates na televisão.

Prisão

No livro, questionado por Juca Kfouri, Lula fala sobre a possibilidade de se exilar em uma embaixada amiga em vez de aceitar passivamente a prisão. O ex-presidente admite estar pronto para enfrentar a prisão e nega a possibilidade de fuga: “Olha, conheço companheiros que ficaram 15 anos exilados e não tiveram voz aqui dentro, no Brasil”.

Kfouri volta ao assunto com mais ênfase. “O senhor está cogitando a hipótese de ser preso?” Lula afirma: “Estou. O que não estou é preparado para a resistência armada, nem tenho mais idade. Como sou um democrata, nem aprender a atirar eu aprendi”.

“O preço que vai ser pago historicamente é a mentira contada agora. Eles querem prender? Prendam, paguem o preço”, completa Lula.

Na sequência a editora Ivana Jinkings indaga: “Como é que se prepara o espírito para isso?” “Eu não preparo o espírito”, diz Lula. “Eu sou um homem de espírito leve. Tudo isso faz parte da história (…) Há duas instâncias superiores a que a gente pode recorrer e vamos recorrer. Eles vão tomar a decisão e estou pronto para ser preso. É uma decisão deles.”

Confira, abaixo, outros trechos do livro ‘A Verdade Vencerá – o povo sabe por que me condenam’:

Dilma e o impeachment. Lula defende Dilma como quadro técnico e como ministra, mas afirma que ela cometeu erros na política “talvez pela pouca vontade que ela tinha de lidar com a política; muitas vezes ela não fazia aquilo que era simples fazer.” No processo do impeachment, por exemplo, o ex-presidente afirma que “em nenhum momento” foram feitas reuniões com as bancadas de partidos, mas apenas com parlamentares individualmente. Com isso, o governo achou que teria votos suficientes para barrar o impeachment.

Ciro Gomes. “Só acho que o Ciro faz parte de um grupo seleto de pessoas que sabem tanto das coisas que nem perguntam para a gente ‘como vai?’, porque já sabem como a gente vai […] ele é inteligente até certo ponto, porque, se fosse inteligente mesmo, estaria defendendo o PT, se acredita que não vou ser candidato […] ninguém será candidato pela esquerda sem o apoio do PT.”

Whisky com Temer. Lula revelou que tomou um whisky com Temer quando o peemedebista começava a simpatizar com a ideia do golpe: “Tomamos um whisky juntos e tentei convencê-lo a entrar em acordo com Dilma”.

Guilherme Boulos. Lula disse que admira Boulos, mas lamenta que ela tenha escolhido o PSOL: “A única coisa que lamento é que você, com o sonho que tem na cabeça de um partido político, tenha entrado no PSOL. Não deveria. Você deveria construir uma coisa nova.”

José Dirceu. “Eu acho que o José Dirceu é um guerreiro. É um homem de muita dignidade e é um companheiro que soube enfrentar de cabeça erguida todo esse processo que está sofrendo.”

Antonio Palocci. “Eu tenho pena do Palocci. Por que eu vou ter raiva dele? Eu tenho uma tese antiga. Delator só delata porque roubou. Quem delata é porque quer fazer negócio.” Palocci estaria negociando há quase um ano um acordo de delação premiada com autoridades.

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Sobre viver, aprender… e pedalar

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André Falcão*

Só sei que nada sei”, já dizia Sócrates na Grécia Antiga, ensinando-nos a ser mais conscientes de nossa ignorância, ou de que não podemos saber tudo, muito menos tudo sobre tudo. Aliás, dizem que não foi bem assim que o velho filósofo falou (nem sei se era mesmo velho quando falou), mas que importa? E aí me lembrei de outra frase bem menos famosa, e bem mais atual, esta atribuída a Melânia Ludwig (digitei a frase e fui pescar no Google a autoria), que quem sabe em um belo dia, quem sabe até se ao pé de uma macieira como Newton (mas não há notícia de que nessa hora uma maçã tenha vindo ao solo), afirmou que “a gente está sempre aprendendo, porque viver é uma aprendizagem constante”. Interessante é que esta frase é tão comum, mas tão comum, que eu a conhecia, sabe-se lá como — talvez meio que por osmose —, o que significa que essa mulher né fraca, não. Ou é?

Ok, tudo bem, fui à Grécia e acabei na Melânia (se enxergarem algum duplo sentido, asseguro, não foi a minha intenção), passando por maçãs e aprendizagem por subconsciência, para constatar que ambos estão certos. Empiricamente certos! Experiências pessoais me deixam à vontade para assim asseverar (esta, reconheço, é feia; parece nome de um velho avarento e cruel: “seu” Assevero).

Venho aprendendo, pois. Aprendi, por exemplo, que um dos substantivos mais bonitos da nossa maltratada língua, e mais identificados com o objeto a que dá nome (bicicleta), fora irremediavelmente substituído por uma palavra estrangeira, pra variar inglesa: bike. Ora, a bicicleta, você há de concordar, não poderia mesmo ter outro nome que não bicicleta: magra, delicada, sinuosa. Mas se eu não aprender a dizer bike, daqui a algum tempo corro o risco do vendedor não me entender. Nem ninguém com menos de vinte e poucos anos.

Aprendi, também, que “pedalada fiscal”, expressão a que fui apresentado há pouco tempo pela grande imprensa nacional, não era uma reunião de bikers (ciclista igualmente vem caindo em desuso) que usavam bicicletas como meio de transporte enquanto exercitavam (sem trocadilho) seu mister fiscalizatório. Tipo os fiscais de renda, do trabalho, da alfândega, de jogo de roleta, ou mesmo os fiscais da vida alheia, conhecidos como fofoqueiros, o que me remete à fofoca, mais uma palavra perfeita que a minha fiscalização não pode deixar passar sem registro: fofoca é o melhor substantivo para designar a fofoca, né não? Tá, mexerico também é ótimo.

Leia aqui todos os textos de André Falcão

Pedalada fiscal” seria, na verdade (olha o Google, de novo), uma “operação orçamentária” não prevista na legislação do país, realizada por um governo, via da qual o repasse de dim-dim aos bancos públicos e privados eram adiados para aliviar a situação de caixa em determinada época. E aí de cara já senti que a velha bicicleta, não bastasse o assassínio sofrido pelos pés de seus próprios compatriotas (digo, pela boca), estava agora meio que sendo exumada para submissão a escracho público. Afinal, praticar pedaladas (fiscais) não seria legal, no sentido de massa, maneiro, bacana. E no outro sentido também, asseguravam alguns. E embora não se dê na magrela (as tais pedaladas) não dá pra desvincular pedalada, qualquer que seja, da magra. Mas isto foi só um tempo. Estranhamente logo deixou de ser ilegal, e agora até o termo já caiu em desuso. Vida brevíssima. Muito mais curta do que a crença de que ovo é ruim para o colesterol, margarina é melhor que manteiga, e sexo… Não, tá tudo certo com sexo. Ufa! Dar suas pedaladas também pode. Mas melhor que seja só na bicicleta ou no máximo nos pedalinhos. A não ser que você esteja recém-operado de hemorroida ou às vésperas do PSA.

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“Pedalar não é e nunca foi crime”, afirma Roberto Requião

*André Falcão é advogado e autor do Blog do André Falcão. Escreve semanalmente para Pragmatismo Político

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Ronaldinho Gaúcho flerta com Senado e se filia ao PRB

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Ronaldinho Gaúcho flerta com Senado PRB

Depois de ameaçar aproximação com o grupo ligado ao presidenciável Jair Bolsonaro (PSL), o pentacampeão mundial de futebol Ronaldinho Gaúcho decidiu, nesta terça-feira (20/3), seu caminho de estreia na política: ele se filiou ao Partido Republicano Brasileiro (PRB). O evento ocorreu na sede da agremiação, uma suntuosa casa na QL 22 do Lago Sul.

Com toda pompa de celebridade, incluindo a seleção criteriosa para acesso ao evento e ainda a comemorativa chuva de prata para saudar o homenageado, o ex-jogador, diferentemente da tradicional simpatia, não aparentou estar muito à vontade no ambiente – onde figuravam nomes como o presidente em exercício do partido, senador Eduardo Lopes (RJ), o senador Cristovam Buarque (PPS-DF) e inúmeros deputados federais, estaduais e vereadores da sigla. Representantes locais do PRB, como o distrital Julio Cesar e a secretária de Esportes, Leila Barros, não prestigiaram o ato.

Em vídeo, o presidente da agremiação, o ex-ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços Marcos Pereira foi um entusiasta da chegada do novo filiado, que deve concorrer a uma cadeira na Câmara dos Deputados pelo Distrito Federal, apesar de oficialmente residir no Rio de Janeiro. “Você não sabe o quanto que sua filiação nos deixa honrados”, gravou o cacique, ao se desculpar pela ausência.
Com tom ensaiado para uma disputa majoritária no DF, o presidente local do PRB, Wanderley Tavares, não poupou elogios ao ídolo do futebol. “Ele é um fenômeno que abrange o mundo inteiro”, animou-se, em referência aos quase 35 milhões de seguidores no Facebook.

Craque em silêncio

Apesar da aparente insistência dos anfitriões de animarem a estrela do dia, Ronaldinho Gaúcho permaneceu em silêncio durante toda a solenidade, a qual durou 1 hora e 29 minutos, mesmo após o atraso de mais de meia hora. Sem direito a discurso do ex-craque, coube ao irmão dele, Roberto Assis Moreira – também ex-jogador – servir de porta-voz. “Essa filiação, para a gente, é o momento para dizer que, durante nossa atividade em campo, tivemos muito cuidado com o que falar, a todo momento. Hoje, podemos dizer da admiração pela bandeira do partido. É um prazer contribuir com ela”, disse o também novo filiado ao PRB para os pouco mais de 50 presentes.

Ao concretizar o ato de filiação, Ronaldinho Gaúcho e o irmão cumpriram o protocolo das fotos oficiais. Rapidamente, no entanto, recorreram a um acesso à garagem para deixarem o local sem mesmo despedirem-se dos presentes, que degustavam um coquetel externo com direito a coxinha, quibe, empadas e canapés.

Os fãs mais decididos deixaram os quitutes de lado e tentaram um contato mais próximo com o novo político do Distrito Federal. “Ronaldinho, sou sua fã. É sério, eu queria tirar uma foto com você para eu levar lá para Canto do Buriti, no Piauí”, esbravejava uma seguidora do ex-craque de futebol. Não deu tempo. Como costumava agir em seus tempos áureos nos campos de futebol, Ronaldinho driblou a admiradora anônima, entrou em um Jeep escuro, agora ao lado dos caciques da legenda, e deixou a mansão. Apesar de reconhecer o talento para o drible, a tiete – não agraciada com a lembrança do ídolo – resmungou: “Começou bem, para não dizer o contrário”.

Veja o vídeo:

Filiação ao PRB

Ronaldinho Gaúcho chega à sigla no Distrito Federal para manter a tradição de nomes conhecidos do esporte disputarem as eleições. Até então, no DF, a mais célebre entre essas figuras era a atual secretária de Esporte, Leila Barros, que disputou uma cadeira da Câmara Legislativa e, apesar de ter conquistado uma votação expressiva, alcançou apenas a primeira suplência da Casa.

A exemplo de outros, o partido sofre um impasse no diretório regional. Grupo ligado a Leila do Vôlei tenta manter a sigla na base aliada do governo de Rodrigo Rollemberg (PSB). Já o atual presidente do PRB-DF, o empresário Wanderley Tavares, tenta construir espaço de destaque no cenário local e chegou a ensaiar a disposição de concorrer ao Palácio do Buriti, fato que incomoda aliados da secretária de Esportes.

A chegada de Ronaldinho Gaúcho, portanto, acabou sendo uma resposta às constantes ameaças da ex-jogadora de deixar a legenda caso o partido rompesse com Rollemberg. “Não ameaça ninguém. O PRB tem tradição em trazer nomes famosos para a política. Todos têm seu espaço”, contemporizou o deputado federal Celso Russomanno (PRB-SP), proporcionalmente o parlamentar mais votado do país nas últimas eleições.

Relembre:
Ronaldinho Gaúcho deve se candidatar ao Senado pelo partido de Bolsonaro

Caio Barbieri, Metropoles

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