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Há ‘coxinhas’ nas periferias?

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Willian Novaes*

A periferia de São Paulo anda cada vez mais conservadora. A nova geração incorporou de vez o elitismo dos “quatrocentões paulistanos” do outro lado da ponte. Ignorância, racismo, preconceito contra favelados, nordestinos e outros predicados.

A maioria deve acreditar que toda periferia é um amontoado de favelas. Onde pobres e pretos vivem e são constantemente mortos pela Polícia Militar. Por outro lado, todos são eleitores do PT e que vivem em harmonia com os seus vizinhos. Sem preconceito. Mas não, dentro dos bairros periféricos ou favelas existem subdivisões de classes. Isso, claro, na cabeça dos seus moradores.

Muitos se orgulham de morar no Jardim tal ou na rua X. Mesmo que na rua ao lado tenha uma das maiores favelas precárias da cidade ou uma boca de fumo na sua esquina. O mesmo ocorre dentro da comunidade. Residir na rua principal do comércio pode se transformar numa barreira social na cabeça e na vida dos seus próprios moradores.

Esse é um fato observado em pesquisas diárias. Por poder conviver com pessoas que moram em diversos bairros periféricos da cidade e com outras nos bairros mais elitistas do mesmo município. Observo o intenso debate político que tomou conta do país. As “verdades” apareceram e os xingamentos na mesma proporção..

O maior e mais reacionário preconceito, principalmente contra Lula e o governo petistas, vem dos “ricos” da periferia. Por incrível que pareça, eles que acompanharam de perto a ascensão social das classes mais pobres, ou seja, os seus vizinhos de rua ou viela.

Essa turma, na maioria das vezes, é herdeira de um ex-assalariado e – provavelmente – um atual aposentado, que infelizmente viu a sua renda familiar desabar. Pessoas que não souberam aproveitar o boom de desenvolvimento que o país teve nos últimos 15 anos. E que não foram beneficiadas com os programas governamentais, pois não se aceitavam como pobres e não eram ricos para surfar no mercado financeiro ou na construção de alguma empresa.

A redução do rendimento familiar ocorreu porque o mercado de trabalho não precisava de pessoas bem intencionadas, mas sem qualificação, como aconteceu com os seus pais e avós. Por outro lado, os seus vizinhos que eram miseráveis aumentaram o seu poder aquisitivo, já que o patamar era bem mais baixo, e hoje formam a nova classe média baixa.

Com a queda no rendimento as grandes casas nas vilas ricas dos fundões da cidade ficaram sem as tradicionais reformas anuais (não sobrou $$$ para a tinta, nem para o novo portão e muito menos para o carro zero). Por outro lado, os favelados, agora, também têm bons sobrados e um carro zero (popular) na garagem. “Claro eles não pagam impostos e ainda recebem dinheiro do governo“, visões claramente preconceituosas e deturpadas. Houve uma nova distribuição de renda no país. E uma grande parcela da sociedade se esforça para não entender esse fenômeno econômico social, atitude motivada por diversos fatores.

Os “quatrocentões das periferias” ainda moram nas comunidades por um único motivo: seus pais ou avós foram migrantes nordestinos ou imigrantes refugiados de alguma guerra. Ambos chegaram a São Paulo miseráveis, fizeram algum dinheiro trabalhando, uma parte ficou rica e foi embora da “quebrada”, mas quem ficou não teve sucesso empresarial no mesmo calibre, mas conseguiu dar um conforto bem maior para os seus filhos e netos, os atuais disseminadores do ódio.

O preconceito de classe no Brasil precisa atualizar o conceito Casa Grande e Senzala. Esse novo fenômeno ainda é pouco abordado pelos cientistas sociais e precisa ser desmascarado. O pobre da periferia acredita em subdivisões. Provavelmente, como os grandes petistas acreditavam que seriam aceitos nos clubes fechados da elite brasileira.

As atuais manifestações mostram com clareza esse novo modelo de divisão do país. Para essas pessoas com visão elitista – que por incrível que pareça são completamente ignoradas pela real elite – o pobre merece ser mais pobre. Eles se consideram “coxinhas” e acreditam que quem é a favor do governo Dilma é ignorante e um mero comedor de mortadela. Esse é um fato que só pode existir no país da Jabuticaba e da palavra Saudade.

Mostrei para um amigo rico e colecionador de artes algumas mensagens de um grupo da zona norte, extrema periferia da capital paulista, que não se reconhecem como moradores da mesma, mas sim do Jardim X. A reação dele foi surpreendente e, após alguns segundos de leitura, com um sorriso no rosto ele disse “essa é a revolução dos desinformados, essa turma jamais vai frequentar a Casa Grande“.

Enfim, o analfabetismo político, claramente, é um dos motivos, mas os pesquisadores precisam nos trazer outros fatores porque é muita esquizofrenia social para um povo só.

*Willian Novaes é jornalista e editor da Geração Editorial

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Processo de cassação de Eduardo Cunha já é o mais longo da história

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Eduardo Cunha, presidente da Câmara dos Deputados (reprodução)

O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), voltou a se defender das acusações de que estaria lançando mão de ‘manobras’ para escapar do processo de cassação que tem contra si no Conselho de Ética da Casa. Na tarde desta segunda-feira (28), o parlamentar ressaltou, mais uma vez, que a culpa não é dele pelo processo que já dura cinco meses e já é o mais longo da história do Legislativo nacional.

Que manobra eu cometi? Já falei várias vezes, o presidente do Conselho de Ética (José Carlos Araújo) erra propositadamente para se manter na mídia. Costumo dizer que isso é como querer deixar a geladeira aberta apenas para ver a luz acesa. Não vou deixar de buscar os meus direitos se as pessoas continuam errando”, disse Cunha aos jornalistas.

O peemedebista também rechaçou qualquer comparação com o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), que vem tendo um trâmite acelerado e que provavelmente terá o seu relatório votado entre os dias 14 e 20 deste mês na Câmara. De acordo com Cunha, são “diferentes”.

Os processos de cassação no Conselho de Ética e o de impeachment têm ritos completamente diferentes. Além disso, a data do processo de impeachment é até anterior, é vem de julho ou agosto, e a decisão veio naquele momento (início de dezembro). Não há o que se falar sobre isso, o trâmite do impeachment é até mais longo”, avaliou.

Menos exaltado e mais feliz o presidente da Câmara ficou ao falar da iminente saída do PMDB da base do governo Dilma. Cunha relembrou que defende desde julho do ano passado que o partido saia do governo e entregue os cargos. Ele promete comparecer à reunião da legenda, nesta terça-feira (29), que vai oficializar o caráter “independente” dos peemedebistas.

Não tem nada a ver com o processo de impedimento. Me parece que a posição que o PMDB vai adotar é pela saída do governo. É a decisão correta a se tomar e o PMDB vai se tornar independente, como deve ser para tratar dos temas do País de acordo com o que (o partido) entende como melhor”, completou.

Mais 15 pedidos de impeachment

Cunha ainda aproveitou para comentar o pedido de impeachment protocolado nesta segunda-feira pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) na Câmara, iniciativa que teve muita confusão durante a tarde entre manifestantes pró-governo e defensores do impeachment de Dilma. O presidente da Casa informou que existem outro 15 pedidos na frente deste, e que todos serão analisados “oportunamente”.

Vou despachá-los no momento apropriado. Vamos aguardar um pouquinho, não tem sentido se for o caso de acolher o pedido você ter duas comissões especiais. Não tem muita lógica e não é a intenção. Só na última quarta-feira entraram quatro pedidos de impeachment, virou rotina nesse governo”, analisou Cunha.

O peemedebista ainda comentou uma sugestão feita na reunião de líderes nesta terça-feira, pelo deputado governista Silvio Costa (PTdoB-PE) – apoiada pelo líder do PT, José Guimarães (CE) – para retomar uma proposta do próprio Cunha, que prega o fim do exame da OAB para o exercício da advocacia no País. Para o presidente da Câmara, não se pode usar isso como retaliação, mas ele não escondeu a sua posição, como autor da proposta.

Vocês sabem do meu histórico de luta nesse ponto. Tenho evitado misturar a minha posição de presidente com a de parlamentar. Falei aos líderes que não vou protagonizar, que é preciso um requerimento deles com um pedido de urgência, aprovado pela maioria. Há um requerimento na pauta, antigo, que quer analisar a eleição direta para a OAB. Não houve consenso. Eu vou submeter aos 257 votos necessários. O exame da Ordem é um absurdo, é a única profissão que você não pode exercer se não passar em um exame no conselho da classe. Mas se for uma retaliação eu prefiro não votar e não me deixarei usar por isso”.

Thiago de Araújo, HuffPost Brasil

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10 lições que podemos tirar da crise no Brasil, por Leonardo Boff

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Leonardo Boff*

Toda crise acrisola, purifica e faz madurar. Que lições podemos tirar dela? Elenco algumas.

Primeira lição: o tipo de sociedade que temos não pode mais continuar assim com é. As manifestações de 2013 e as atuais mostraram claramente: não queremos mais uma democracia de baixíssima intensidade, uma sociedade profundamente desigual e uma política de negociatas. Nas manifestações os políticos também os da oposição foram escorraçados. Igualmente movimentos sociais organizados. Queremos outro tipo de Brasil, diverso daquele que herdamos que seja democrático, includente, justo e sustentável.

Segunda lição: superar a vergonhosa desigualdade social impedindo que 5 mil famílias extensas controlem quase metade da riqueza nacional. Essa desigualdade se traduz por uma perversa concentração de terras, de capitais e de uma dominação iniqua do sistema financeiro, com bancos que extorquem o povo e o governo cobrando-lhe um superávit primário absurdo para pagar os juros da dívida pública. Enquanto não se taxarem as grandes fortunas e não submeterem os bancos a níveis razoáveis de lucro o Brasil será sempre desigual, injusto e pobre.

Terceira lição: prevalência do capital social sobre o capital individual. Quer dizer, o que faz o povo evoluir não é matar-lhe simplesmente a fome e faze-lo um consumidor mas fortalecer-lhe o capital social feito pela educação, pela saúde, pela cultura e pela busca do bem-viver, pré-condições de uma cidadania plena.

Quarta lição: cobrar uma democracia participativa, construída de baixo para cima com forte presença da sociedade organizada especialmente dos movimentos sociais que enriquecem a democracia representativa que, por causa de sua histórica corrupção, o povo sente que ela não mais o representa.

Quinta lição: a reinvenção do Estado nacional. Como foi montado historicamente, atendia as classes que detém o ter, o poder, o saber e a comunicação dentro de uma política de conciliação entre as oligarquias, deixando sempre o povo de fora. Ele está aí mais para garantir privilégios do que para realizar o bem geral da nação. O Estado tem que ser a representação da soberania popular e todos os seus aparelhos devem estar a serviço do bem comum, com especial atenção aos vulneráveis (seu caráter ético) e sob o severo controle social com as devidas instituições para isso. Para tal se faz necessária uma reforma política, com nova constituição, fruto da representação nacional e não apenas partidária.

Sexta lição: o dever ético-político de pagar a dívida às vítimas feitas no processo da constituição de nossa nacionalidade e que nunca foi paga: para com os indígenas quase exterminados, para com os afrodescendentes (mais da metade da população brasileira) feitos escravos, carvão para o processo produtivo; os pobres em geral sempre esquecidos pelas políticas públicas e desprezados e humilhados pelas classes dominantes. Urge políticas compensatórias e pro-ativas para criar-lhes oportunidades de se autopromoverem e se inserirem nos benefícios da sociedade moderna.

Oitava lição: fim do presidencialismo de coalizão de partidos, feito à base de negócios e de tráfico de influência, de costas para o povo; é uma política de planalto desconectada da planície onde vive o povo. Com ou sem Dilma Rousseff à frente do governo, precisa-se, para sair da pluricrise atual, de uma nova concertação entre as forças existentes na nação. Não pode ser apenas entre os partidos que tenderiam a reproduzir a velha e desastrada política de conciliação ou de coalizão mas uma concertação que acolha representantes da sociedade civil organizada, movimentos sociais de caráter nacional, representantes do empresariado, da intelectualidade, das artes, das mulheres, das igrejas e das religiões a fim de elaborar uma agenda mínima aceita por todos.

Leia aqui todos os textos de Leonardo Boff

Nona lição: O caráter claramente republicano da democracia que vai além da neoliberal e privatista. Em outras palavras, o bem comum (res publica) deve ganhar centralidade e em seguida o bem privado. Isso se concretiza por política sociais que atendam as demandas mais gerais da população a partir dos necessitados e deixados para trás. As políticas sociais não se restringem apenas a ser distributivas mas importa serem redistributivas (diminuir de quem tem de mais para repassar para quem tem de menos), em vista da redução da desigualdade social.

Décima lição: inclusão da natureza com seus bens e serviços e da Mãe Terra com seus direitos na constituição de um novo tipo de democracia sócio-cósmica, à altura consciência ecológica que reconhece todos os seres como sujeitos de direitos formando um grande todo: Terra-natureza-ser humano. É a base de um novo tipo de civilização, biocentrada, capaz de garantir o futuro da vida e de nossa civilização.

*Leonardo Boff é teólogo, filósofo, professor, ecologista e escritor

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Dilma Rousseff afirma que o golpe tem “chefe e vice-chefe”

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Dilma Rousseff cunha temer
Dilma Rousseff faz discurso enérgico contra operadores do golpe

Sem mencionar diretamente os nomes, a presidente Dilma Rousseff afirmou hoje (12) que o vice-presidente da República, Michel Temer, e o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), são os chefes do que ela classificou de golpe em curso contra seu mandato (vídeo abaixo).

“Se ainda havia alguma dúvida sobre o golpe, a farsa e a traição em curso, não há mais. Se havia alguma dúvida sobre a minha denúncia de que há um golpe de Estado em andamento, não pode haver mais. Os golpistas podem ter chefe e vice-chefe assumidos. Não sei direito qual é o chefe e o vice-chefe. Um deles é a mão não tão invisível assim que conduz com desvio de poder e abusos inimagináveis o processo de impeachment. O outro esfrega as mãos e ensaia a farsa do vazamento de um pretenso discurso de posse. Cai a máscara dos conspiradores. O Brasil e a democracia não merecem tamanha farsa ”, disse Dilma, em discurso no Palácio do Planalto.

“Vivemos tempos estranhos de golpe, farsa e traição. Usaram a farsa do vazamento para difundir a ordem unida da conspiração. Agora, conspiram abertamente, à luz do dia, para desestabilizar um presidenta legitimamente eleita. Caluniam enquanto leiloam posições no gabinete do golpe, no governo dos sem-voto”, afirmou a presidenta.

Segundo Dilma, ontem (11), ficou claro que existem dois chefes do golpe que agem em conjunto e de forma premeditada. “Como muitos brasileiros, tomei conhecimento e confesso que fiquei chocada com a desfaçatez da farsa do vazamento, que foi deliberado, premeditado. Vazando para eles mesmos, tentaram disfarçar o que era um anúncio de posse antecipada, subestimando a inteligência dos brasileiros. Até nisso, são golpistas, sem respeito pela democracia, porque eu estou no pleno exercício de minha função de presidenta da República”, acrescentou Dilma.

A presidenta referiu-se ao vazamento de um áudio em que o vice-presidente Michel Temer fala como se o processo de impeachment já tivesse sido aprovado pela Câmara dos Deputados. No áudio, classificado por Temer como mensagem de “palavra preliminar à Nação brasileira”, o vice-presidente diz que precisa estar preparado para enfrentar os “graves problemas que afligem” o Brasil, caso os senadores decidam a favor do afastamento de Dilma. Ele lembra, porém, que a decisão do Senado deve ser aguardada e respeitada.

No comunicado, Temer pede a pacificação do país, diz que é preciso um governo de “salvação nacional”, com colaboração de todos os partidos para sair da crise, e defende apoio à iniciativa privada como forma de gerar investimentos e confiança no Brasil.

A presidenta discursou para uma plateia formada por professores e estudantes no ato intitulado Encontro da Educação pela Democracia.

Integrantes da União Nacional dos Estudantes (UNE), da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), da Confederação Nacional pelos Trabalhadores na Educação (CNTE) e do Conselho Nacional de Educação (CNE) estão entre as entidades que participaram do ato.

A Comissão Especial do Impeachment da Câmara dos Deputados aprovou ontem (11) o parecer do relator Jovair Arantes (PTB-GO) pela admissibilidade da abertura do processo de afastamento da presidenta Dilma Rousseff. Foram 38 votos a favor e 27 contra.

A votação do parecer sobre a continuidade do processo de impeachment no plenário da Câmara deve começar sexta-feira (15) e se estender pelo fim de semana.

Os ministros da Educação, Aloizio Mercadante, e da Ciência, Tecnologia e Inovação, Celso Pansera, estavam presentes à cerimônia.

Nas últimas semanas, Dilma recebeu manifestações de apoio de grupos de intelectuais e artistas, mulheres, integrantes de sindicatos, de movimentos sociais e de juristas. O último encontro no Palácio do Planalto ocorreu na semana passada quando mulheres de diversos movimentos sociais discursaram em defesa do mandato da presidenta.

Vídeo:

Agência Brasil

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Escola pede que alunos vistam vermelho e diretora é ameaçada

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Informativo Escola Classe 106 Norte (reprodução)

Projeto educativo de uma escola pública de Brasília causou polêmica nas redes sociais nos últimos dias e virou caso de polícia. A orientação para os alunos usarem peças de roupas vermelhas, associada pela direção da escola à responsabilidade no combate à dengue, gerou acusações de apoio ao governo da petista Dilma Rousseff.

A diretora disse que chegou a receber uma ligação acusando-a de ser comunista e ameaçando-a. Na semana passada, a Escola Classe 106 Norte, localizada no Plano Piloto da cidade, pediu que os pais vestissem os alunos com “camisetas e/ou assessórios” vermelhos, para uma atividade na última sexta-feira (8), como parte do projeto Cidadão do Mundo. Segundo a vice-diretora, Lisete Prediger, o uso da cor vermelha significava um “alerta” para o combate à dengue.

O Cidadão do Mundo trabalha com cores representando valores. Na sexta-feira, as crianças vieram caracterizadas para explicar a dengue. O vermelho era em tom de alerta para a dengue. E as crianças vieram todas de vermelho. Os pais conhecem o projeto e não tem reclamação nenhuma de pais na escola”, disse.

Chamada de “pilar da responsabilidade” para a atividade de sexta-feira, a cor vermelha, segundo a vice-diretora, também faz alusão a um dos pilares de sustentação da escola – que são coloridos – e um deles é pintado de vermelho. O projeto que associa os pilares coloridos a valores, acrescenta ela, já existe há quatro anos na escola.

Lisete disse ainda que o bilhete enviado aos pais foi modificado e divulgado em redes sociais como se a atividade tivesse alguma motivação política. “Fizeram uma montagem em cima do bilhete da gente e publicaram nas redes sociais. É isso que está causando tanta indignação”.

A diretora, Edmar Teixeira, disse ter recebido uma ligação fazendo ameaças. Uma pessoa que não se identificou, segundo ela, chamou-a de “comunista”, disse que descobriria onde ela morava e iria à sua residência para “infernizá-la”. A ligação motivou Edmar a ir, na tarde de hoje (11), à delegacia registrar ocorrência.

A vice-diretora Lisete Prediger ressaltou, no entanto, que a escola tem recebido apoio dos pais dos alunos. Disse que a atividade aconteceu na sexta-feira, como previsto, e hoje, durante a entrada dos alunos, a direção da instituição recebeu mais uma série de manifestações de apoio. “Fizemos questão de chamar os pais para entrar na escola e explicar”, afirmou. De acordo com Lisete, nenhuma pessoa que se identificou como pai de aluno da escola criticou a atividade da última sexta-feira.

O apoio também tem se refletido em redes sociais. Na página da escola no Facebook, várias pessoas se identificaram como pais de alunos e criticaram a polêmica. No mesmo canal, a escola publicou uma nota de esclarecimento, desvinculando a atividade de qualquer intenção política.

Entendemos que as crianças não devem ser condicionadas a atrelar o significado de qualquer cor unicamente a uma questão política e, por isso, não acreditamos que exista doutrinação nessa prática, uma vez que nos posicionamos de maneira politicamente neutra em nossas atividades educativas […]. Estamos cientes que existem inúmeras ferramentas de manipulação, mas rejeitamos fortemente que a educação precise se privar de algo tão natural quanto o uso das cores nas atividades lúdicas e pedagógicas”, diz um trecho da nota.

Leia também: O que leva crianças a se odiarem por questões político-partidárias?

Marcelo Brandão, Agência Brasil

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Artistas convidam população a tomar a orla de Copacabana contra o golpe

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Uma gravação do Furacão 2000, a primeira e maior produtora de funk do Estado, convida as comunidades cariocas para a manifestação contra o impeachment no domingo (17), em Copacabana (vídeo abaixo).

“A praia é nossa. Domingo, 17 de abril às 9 da manhã, concentração em frente à Miguel Lemos, no Posto 3. O funk contra o golpe. Não vai ter golpe!”.

A página do evento no Facebook anuncia que “o bonde dos 100 mil vai se reunir (…) para rebolar na cara da sociedade ao som da Nº 1 do Brasil: Furacão 2000”.

Diversos artistas conhecidos do funk divulgaram um vídeo em que convocam ‘o morro a descer para a praia’.

Assista:



O morro mandou avisar: nós vamos lutar!

Uma música lançada por Tico Santa Cruz e Flávio Renegado virou uma das principais trilhas sonoras contra o impeachment de Dilma.

“O Morro Mandou Avisar” enfatiza que se a senzala descer, ninguém vai segurar. “Essa porra de impeachment é um golpe de Estado, pra colocar no poder de novo esse bando de safados”, cravam na letra.

Vídeo:



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A miséria da razão na democracia brasileira

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Cássio Garcia Ribeiro* e Mário Tiengo*, Pragmatismo Político

O enredo do processo de impeachment da Presidenta Dilma é absolutamente surreal. Traição, oportunismo, revanchismo, falência ética e moral são alguns dos principais ingredientes desse enredo. Muitos dos protagonistas estão envolvidos até os últimos fios de cabelo em escândalos de corrupção, havendo provas robustas contra eles. Mesmo se forçássemos a barra e considerássemos a pedalada fiscal um crime de responsabilidade, tal crime seria burlesco ante os crimes cometidos por muitos dos excelentíssimos parlamentares que encabeçam a tentativa de impeachment da Presidenta. Formação de quadrilha, sonegação fiscal, enriquecimento ilícito, improbidade administrativa, desvio de recursos, peculato, crime eleitoral, crime contra o sistema financeiro nacional e lavagem de dinheiro não esgotam a longa ficha corrida imputada aos nobres representantes da sociedade brasileira.

Mais da metade (37 dos 65 deputados) dos integrantes da comissão de impeachment está na mira da justiça brasileira, inclusive o relator do impeachment, o deputado Jovair Arantes (PTB-GO). Suas contas de campanha referentes às eleições de 2006 e 2012 foram reprovadas, além de ser alvo de ação movida pelo Ministério Público Federal por crimes de improbidade administrativa. Além disso, quatro outros integrantes dessa comissão já foram condenados por improbidade administrativa: Paulinho da Força (SD/SP), Marcelo Squassoni (PRB/SP), Marcos Montes (PSD/MG) e Paulo Maluf (PP/SP), todos favoráveis ao impeachment.

O Presidente da Câmara é um caso à parte. Dizem as boas línguas que ele controla uma bancada particular no Congresso Nacional, obtida a partir da distribuição de dinheiro entre seus colegas com envergadura moral equiparável à sua. Cínico, manipulador, calculista, pinta e borda na casa do povo brasileiro ao brincar com os rumos da política e da sociedade brasileira ao seu bel prazer. Sua figura exerce um dos papéis mais importantes da República com o beneplácito, o salvo-conduto da grande imprensa e de parte da sociedade. É comum ouvir que “podemos tolerar um Eduardo Cunha presidente da Câmara, em que pesem seus desvios, pois ele está cumprindo um serviço à nação ao ajudar a expulsar a Dilma e o PT da Presidência”. É chocante e estarrecedor o efeito de catarse que presenciamos aqui no Brasil em torno da caça às bruxas direcionada a um partido e aos seus principais líderes, um tipo de neo-macarthismo à brasileira que deixa a impressão de que as pessoas perderam o bom-senso, a noção de democracia e de justiça, afogando o espírito republicano em berço esplêndido. Nesse universo paralelo fomentado por uma opinião pública dissimulada e manipuladora, todos os desvios e as ilegalidades são aceitos, as apunhaladas pelas costas se transformam em um mero “desembarque”, quando o tema é “Fora Dilma e leve o PT junto”!

Vale a pergunta: cadê as cavalarias do Ministério Público, da Procuradoria Geral da República e do Supremo Tribunal Federal? Onde está o sistema de pesos e contrapesos da democracia? A resposta novamente aponta para um cenário desolador: a toga se omitindo, ou desequilibrando descaradamente a balança. Um famoso membro do STF conspira publicamente, sem pudor algum, com políticos da oposição, enxovalhando a imagem do órgão máximo da justiça brasileira. Um Procurador Geral da República parcial e que, para além disso, comenta-se que teria assumido a função de alto comando do golpe. Deixou (ou, quem sabe, delegou funções, articulou) os soldados e cabos do golpismo agirem livremente. Prisões arbitrárias, delações premiadas, vazamentos seletivos, escutas telefônicas de advogados com seus clientes e da própria Presidenta da República. Não é preciso ser profundo conhecedor do ordenamento jurídico brasileiro para constatar que muitas dessas ações ocorrem à margem da legalidade, em nome de um pretenso combate implacável à corrupção.

Tomaram de assalto a casa do povo brasileiro, rasgaram a Carta Magna e estão prestes a impedir uma presidenta honesta, íntegra, que não cometeu qualquer crime de responsabilidade (ao contrário de muitos que votarão contra ela no domingo) e que foi eleita democraticamente! A justiça, dando de ombros, ou se metendo a fazer política partidária, esquecendo-se de seu importante papel de guardiã da Constituição, de última muralha a salvaguardar o estado de direito. Assim como ocorreu em 1964, uma parcela importante da sociedade brasileira vem dando uma carta em branco a esses senhores, ao avalizar um golpe de estado que pode nos levar à barbárie.

É a miséria da razão na democracia brasileira materializando-se em frente aos nossos olhos. É preciso que a sociedade tenha consciência sobre a infâmia que está acontecendo no país. Nesse sentido, urge que as ruas do país sejam tomadas pelas forças progressistas e democráticas, com vistas a mostrar que um eventual governo ilegítimo será repudiado de maneira veemente. O brado forte que deve retumbar é do protesto contra essa ilegalidade, em oposição a esse verdadeiro atentado ao estado de direito e à vontade popular expressa nas urnas.

*Cássio Garcia Ribeiro é professor do Instituto de Economia da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e Mário Tiengo é especialista em Governança Pública e colaboraram para Pragmatismo Político.

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Secretário de Alckmin vai comandar AGU em eventual governo Temer

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Michel Temer PSDB serra alckmin
Michel Temer e PSDB já negociam cargos para um eventual governo

O vice-presidente Michel Temer convidou o secretário da Segurança Pública de São Paulo, Alexandre de Moraes, para assumir o comando da AGU (Advocacia-Geral da União) em seu provável governo.

O atual secretário do governador Geraldo Alckmin (PSDB) ficaria responsável por fazer a ponte do governo com o STF (Supremo Tribunal Federal) e os demais tribunais de justiça.

Se aceitar o convite, Moraes terá como primeira missão acompanhar, em nome de Temer, o processo de impeachment de Dilma Rousseff. Sua tarefa será estabelecer uma boa relação com o presidente do STF, Ricardo Lewandowski, que comandará o processo.

Temer se tornará presidente interino em maio caso o Senado confirme, por maioria simples, o aval dado no domingo pela Câmara dos Deputados ao impeachment.

Haverá então um intervalo de até 180 dias para o julgamento de Dilma pelos senadores, sob a presidência de Lewandowski, que poderá resultar na cassação definitiva da presidente.

PSDB quer a Fazenda

A executiva do PSDB deve se reunir na próxima semana para discutir se apoia ou não um eventual governo de Michel Temer (PMDB-SP).

Segundo a colunista Monica Bergamo, da Folha, Senadores do partido afirmaram que a legenda poderia aderir a Temer caso ele nomeasse José Serra para o Ministério da Fazenda. “Não participaremos em papel periférico”, diz um parlamentar.

Já Serra, segundo o mesmo parlamentar, estaria dizendo internamente ter dúvida sobre aceitar outro ministério, como o da Saúde, por não ter a garantia de que a Fazenda liberaria recursos para ele fazer gestão de impacto.

Apesar de querer assumir ministérios e cargos, o PSDB avalia os riscos de embarcar num governo que pode terminar “em desastre”, nas palavras de outro parlamentar.

Ontem, senadores do partido almoçaram no gabinete de Tasso Jereissati (PSDB-CE) com o economista Marcos Lisboa, presidente do Insper e ex-secretário de política econômica de Antonio Palocci.

Ouviram que só um governo “respaldado pelo voto” teria força para aprovar as medidas drásticas que, na visão dele, consertariam a economia do país.

Menor oposição desde 1992

Um eventual governo Temer teria a menor oposição desde 1992, quando Itamar Franco assumiu a Presidência após o impeachment de Fernando Collor.

Apenas 17,5% dos deputados seriam contrários à gestão do peemedebista. A oposição seria formada basicamente por quatro partidos: PT, PDT, PC do B e PSOL.

Juntas, as legendas contrárias a Temer somariam 90 parlamentares, já que o PDT deve expulsar seis deputados que votaram a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff no domingo (17).

com informações de Folhapress

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Michel Temer e o retorno da ideia retrógrada dos superministérios

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Michel Temer superministérios planalto presidente
Michel Temer, vice presidente do Brasil (reprodução)

Luis Nassif, GGN

A ideia aventada por Michel Temer, de concentrar seu governo em três superministérios, tem a marca indelével e o pensamento anacrônico de José Serra. É a mesma visão disfuncional de Fernando Collor, quando criou um superministério da Infraestrutura e paralisou a administração.

Há décadas a gestão moderna tornou anacrônica a ideia de que concentração de ações leva à racionalidade administrativa. Pelo contrário, emperra a máquina, limita a inovação nas diversas áreas, tira a flexibilidade da administração, ainda mais na gestão pública, muito mais complexa que na gestão privada.

Cada vez mais a gestão moderna se faz de forma horizontal, flexível, permitindo a cada célula organizar a melhor maneira de desenvolver seu trabalho e de se relacionar com seu público, e de interagir com os demais departamentos e/ou ministérios.

No caso de governos, que necessitam se interagir com todos os segmentos sociais, e cuja atuação não pode ser padronizada – como no setor privado -, a flexibilização é mais necessária ainda.

Foi o que ocorreu na era Lula, com cada Ministério dotado de autonomia para criar, para estabelecer as relações com o meio social ou econômico representados. A articulação entre os Ministérios se dava nos conselhos ou câmaras setoriais, nos quais os Ministérios horizontais – em geral aqueles ligados à área social – conseguiam inserir suas prioridades nas ações do Ministério responsável por cada programa. Tudo sob a coordenação do presidente.

A cabeça de José Serra não saiu dos anos 80, inclusive por razões políticas: centralizando, todos os setores têm que pedir a benção e passar pelo comando único. E o superministro fica imune a críticas à sua atuação e acaba criando feudos, nos quais a lealdade se deve a ele, não ao projeto ou ao presidente.

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Legislativo, Executivo e Judiciário: Entenda a separação dos três poderes

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Palácio do Planalto, Palácio do Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal (Imagem: Pragmatismo Político)

Thiago Trung, Papo de Homem

Como advogado militante, tenho a impressão de que a administração pública enxerga o cidadão sempre como uma parte contrária, nunca como sua própria razão de ser.

Queria abrir um parênteses entre nós e me permitir sonhar um pouco. Já imaginou um partido político que não estivesse interessado em nenhuma outra forma de poder senão o exercício pleno do cargo legislativo? Um partido que não almejasse administrar o país, o Estado e os Municípios, mas simplesmente legislar e fiscalizar os atos do Poder Executivo?

Eu particularmente acredito muito nessa ideia.

Mas seja para criticar minha impressão sobre a administração pública enxergar o cidadão como parte contrária ou para sonhar com outras formas de se fazer política, precisamos antes entender como funcionam as coisas. Ou nos tornamos ativistas de sofá.

No primeiro texto da série “Para entender política“, tratei brevemente da separação dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. Portanto, a noção geral você já tem: o Executivo administra, o Legislativo cria normas e o Judiciário julga conflitos.

Essa separação não é tão estanque, e, por vezes, o Legislativo julga e o Executivo legisla.

O propósito deste texto, o quarto da série, é avançar um pouco mais nesse assunto e esclarecer como este assunto também pode aprimorar sua opinião política.

Como funciona o Legislativo

O Brasil adota um processo legislativo bicameral, ou seja, ele se fraciona em duas casas: a Câmara dos Deputados e o Senado Federal, que, juntos, formam o Congresso Nacional.

A Constituição Federal nos diz que a Câmara dos Deputados compõe-se de representantes do povo, enquanto que o Senado Federal compõe-se de representantes dos Estados e do Distrito Federal.

Assim, não é bem verdade quando se diz que os todos os políticos nos representam, pelo menos do ponto de vista jurídico. Os Deputados Federais, que ocupam a Câmara dos Deputados, sim, representam os cidadãos. Já a função dos Senadores é de atuar em defesa dos Estados que os elegeram, e não diretamente em defesa da população.

Como já sabemos, a função primordial do Legislativo é produzir normas. Seria muito legal discutir o processo legislativo completo, mas talvez isso valha um texto exclusivo pois, além de longa, a discussão pressupõe conhecimento básico sobre a hierarquia das normas no ordenamento jurídico, o que ainda não incluí na série de textos Para entender política.

Por ora, fique com a ideia de que o processo legislativo difere para diferentes tipos de normas e pode envolver diferentes quóruns de aprovação, sessões de votação separadas ou conjuntas das casas e muitas comissões de análise e estudo das propostas.

A diferença entre as duas casas não é só de representação. Cada uma delas tem competências específicas, mas complementares. De novo, não cabe neste texto o detalhamento das competências de cada casa – se tiver curiosidade, dá uma olhada nos artigos 49, 51 e 52 da Constituição Federal e mata a curiosidade. O que eu quero fazer, mesmo, é chamar a atenção para uma informação um pouco menos óbvia e que normalmente passa despercebida: o Poder Legislativo possui poderes que vão muito além da produção de leis.

Além das atribuições legislativas, o Poder Legislativo tem atribuições de fiscalização, controle e julgamento.

Nelas estão incluídos os seguintes:

I – Poder de pedir informações de quaisquer órgãos subordinados à Presidência da República (sendo que se tal órgão desobedecer o pedido, isso pode ser considerado crime de responsabilidade);

II – Formação de comissões parlamentares de inquérito – as famosas CPI –, que possuem poderes de investigação iguais das autoridades judiciais;

III – Controle das contas da Presidência da República, com ajuda do Tribunal de Contas;

IV – Fiscalização e controle dos atos do Poder Executivo;

V – Julgamento de crimes de responsabilidade do Presidente da República, Ministros do Supremo Tribunal Federal, do Procurador-Geral da República e do Advogado-Geral da União (um crime de responsabilidade é aquele que atenta contra a Constituição Federal); e

VI – Aprovação do orçamento anual e planejamento plurianual, que estabelece, de forma regionalizada, as diretrizes, objetivos e metas da administração pública federal para investimentos e para a manutenção de programas de duração continuada.

Essas competências tão displicentemente ignoradas por nós evidenciam como estamos errados em superestimar o Presidente da República, pois ele deveria ser devidamente controlado pelo Poder Legislativo.

E como estamos ainda mais errados em subestimar o Poder Legislativo, pois ele é o Poder que pode de fato obrigar o Presidente da República a agir conforme o ordenamento nacional e, em última instância, conforme os interesses da população.

A existência desses poderes de fiscalização é o principal motivo pelo qual entendo que um Legislativo politicamente controlado pelo Executivo não pode dar coisa boa, pois, neste cenário, o Executivo, que já concentra uma enorme liberdade de ação, age com a certeza de que não terá suas decisões questionadas.

A compra de apoio político é tema dos mais relevantes em teoria política e ocorre nas mais diversas formas, como, por exemplo: coligações partidárias para obter maior tempo de televisão, loteamento de cargos públicos de primeiro e segundo escalão, promessa de obras em nichos eleitorais específicos e, até mesmo, dinheiro vivo.

Honestamente, não vejo muita diferença entre vender apoio político em troca de cargo na administração pública ou de dinheiro – ambas são deturpações da função política do Poder Legislativo e evidenciam como os políticos se apropriam do cargo e o usam em benefício próprio ou do partido.

Apenas para finalizar as considerações básicas sobre o Legislativo, o sistema bicameral normalmente é criticado por ser um modelo pouco favorável a reformas. Isso porque o veto a uma mudança legislativa, ou mesmo a postergação de sua análise para um futuro incerto, é politicamente mais fácil no Senado (pois há menos pessoas envolvidas), do que na Câmara dos Deputados (um ambiente com mais agentes políticos). Se houvesse somente uma casa legislativa, numerosa, esse manejo político seria um pouco mais trabalhoso.

Seguindo, como funciona o Executivo

Finalizado o Poder Legislativo, passemos para o Poder Executivo, que é exercido pelo Presidente da República, auxiliado pelos Ministros de Estado.

No nosso sistema presidencialista, a Presidência acumula funções de chefia de Estado, relacionadas principalmente a relações internacionais, e de chefia de governo, referentes a questões internas.

É este o Poder que determina onde serão investidos os recursos do país, separa quais áreas serão priorizadas, desenvolve e aplica políticas públicas e executa as leis criadas pelo Poder Legislativo. Pela sua própria natureza, o Poder Executivo possui bastante discricionariedade – forma de agir onde não há no agente qualquer restrição ou limite – em suas atividades, motivo pelo qual seria saudável sua constante fiscalização por parte do Legislativo e do Judiciário.

Diante de tamanha liberdade de ação, perceba como é importante fazer a escolha do chefe do Poder Executivo com base nos programas de governo que os candidatos divulgam, pois, em tese, eles representam a visão que o político tem para o país. Você pode até simpatizar mais com um candidato do que com outro, mas, afora a simpatia, você compartilha de sua visão de país?

Antes disso: você já refletiu sobre suas próprias preferências políticas?

Você pode escolher, por exemplo, dar mais relevância à economia, às relações internacionais, à desigualdade social, aos direitos humanos ou ao meio ambiente, e então escolher o candidato que mais se alinha com suas preferências.
Quando estiver refletindo sobre suas preferências políticas, seja realista: os recursos do país são finitos e não dão conta de tratar de todos os temas de forma satisfatória, por isso preferências devem ser escolhidas. Se você defende a redução de impostos, saiba que isso afetará a qualidade dos serviços públicos; se você almeja a redução da inflação, saiba que isso reduz o crescimento e pode aumentar o desemprego.

Discutir política de forma madura é adotar posições e suportar prós e contras (aliás, não seria maturidade a capacidade de realizar escolhas conscientes e bancar suas consequências?). Defender educação em período integral, saúde de primeiro mundo, redução da inflação, crescimento econômico de dois dígitos, diminuição dos tributos e fim da desigualdade social, assim, tudo junto, não dá. Ninguém disse que é fácil, mas, para você se definir politicamente, você precisa fazer escolhas e ter preferências.

Sinceramente, o Poder Executivo é menos interessante para mim, pois se apresenta como um grande administrador (e, lembrem-se, eu sou jurista; para os politólogos, a coisa é diferente).

Como cidadão, procuro me inteirar sobre quais políticas estão sendo executadas, quais as prioridades de investimento e quais os rumos que o Presidente aponta para o país, tentando fazer uma constante avaliação de acordo com a minha escala de preferências. Mas isso sou eu, e estou aberto a sugestões.

Por fim, como é o Judiciário

No esforço de tratar da separação dos Poderes de forma sucinta, passemos já para o Poder Judiciário, cuja principal função é resolver conflitos de interesse nos casos concretos, com base no ordenamento jurídico.
Assim, quando houver divergência sobre quem está errado e quem está certo, o Judiciário deve ser acionado e a ele cabe resolver a pendenga. O que ele decidiu, está decidido, e pronto.
O julgamento de um conflito por uma parte imparcial é um importante meio de pacificação social, pois evita que a discussão sobre determinado assunto se perdure infinitamente no tempo e impõe um fim, com uma solução que deve ser considerada correta.

O Judiciário tem diversos órgãos com diferentes competências, conhecidos por um monte de siglas. Vou quebrar seu galho e fazer um resumão para que você não se sinta muito perdido lendo o caderno de política:

I – STF, ou Supremo Tribunal Federal, que é a cúpula do Poder Judiciário e tem como objetivo primordial a defesa da Constituição Federal e da Federação.

II – STJ, ou Superior Tribunal de Justiça, cuja principal função é proteger aincolumidade das leis federais;

III – TST, ou Tribunal Superior do Trabalho, que é a última instância para julgamentos referentes a relações de trabalho;

IV – TSE, ou Tribunal Superior Eleitoral, que julga conflitos referentes ao direito político-eleitoral; e

V – Superior Tribunal Militar, que se ocupa dos crimes militares.

Esses são os órgãos de cúpula, ou seja, as últimas instâncias de decisão sobre os respectivos assuntos.

Eles também têm competências específicas para julgar ocupantes de determinados cargos políticos que, por sua relevância, não seguem o caminho normal do processo. Assim, por exemplo, o STF deve julgar os crimes do Presidente da República (lembrando que os crimes de responsabilidades são julgados pelo Legislativo), dos membros do Congresso Nacional e seus próprios ministros, enquanto que o STJ julga os crimes comuns dos Governadores.

O Poder Judiciário, seguindo a lógica do Federalismo, também se divide em Federal, para os assuntos que envolvem interesses nacionais, e em Estadual, para aqueles temas de impacto local. Por isso há os Tribunais Regionais Federais e os Tribunais de Justiça, estes últimos em âmbito estadual. A divisão não é exatamente assim, mas essa é a ideia geral que eu gostaria que você levasse deste texto.

O Judiciário é um excelente instrumento político a ser utilizado pelo cidadão. Isso porque, se você sofrer restrição ilegal de seus direitos por parte da administração pública, por exemplo, você pode ingressar no Judiciário para que ele a force a cumprir a lei. Acredite, a administração pública, em todos os níveis federativos, adota ordinariamente procedimentos que ilegalmente afetam os direitos dos cidadãos, e você precisa lutar contra isso.

Cobrança de tributos de pessoas erradas, retenção de informação pessoal do cidadão, concessão de benefícios previdenciários em desacordo com a legislação vigente, é tanta coisa que até inventaram o “mandado de segurança”, que é uma ação especial contra atos ilegais de autoridades.

E embora seja o saco predileto de pancadas do Judiciário, não é só contra o Executivo que o Judiciário pode atuar. Se o Legislativo fizer corpo mole e deixar de legislar sobre determinado assunto, deixando-o sem regulamentação em detrimento dos direitos do cidadão, ele pode ordenar-lhe que tome providências. É importante notar, porém, que o Judiciário nunca age por si: ele precisa ser provocado por alguém para poder tomar uma decisão.

E embora seja o saco predileto de pancadas do Judiciário, não é só contra o Executivo que o Judiciário pode atuar. Se o Legislativo fizer corpo mole e deixar de legislar sobre determinado assunto, deixando-o sem regulamentação em detrimento dos direitos do cidadão, ele pode conceder direitos aos indivíduos mesmo sem a regulamentação do Legislativo. É importante notar, porém, que o Judiciário nunca age por si: ele precisa ser provocado por alguém para poder tomar uma decisão.

Enfim, eu, sendo advogado atuante, tenho um monte – sério, um MONTE – de considerações sobre o sistema judiciário brasileiro que, assim como outros tantos temas, ficarão para depois, mas espero que essas noções básicas ajudem a clarear um pouco as coisas.

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Câmara para todas as votações até que impeachment seja apreciado no Senado

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eduardo cunha camara dos deputados

A Câmara ficará parada até que o julgamento da presidente Dilma Rousseff pelo crime de responsabilidade seja concluído pelo Senado. Essa é a conclusão a que chegou o presidente da casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Com o apoio de Cunha, os líderes de oposição não estão dispostos a discutir qualquer projeto de lei.

“O governo acabou politicamente, como os deputados vão tratar de temas importantes de um Executivo desautorizado pela Câmara”, questionou o peemedebista. No Senado, a expectativa é que o processo de impeachment pode demorar até setembro ou outubro por causa dos prazos regimentais do processo.

Ontem (terça, 19), por exemplo, nenhuma matéria foi votada em plenário – logo em uma terça-feira, dia típico de votações que não raro avançam pela madrugada.

Os líderes de oposição só aceitam discutir os critérios para a ocupação das presidências das comissões temáticas permanentes. Depois deste tema, nada mais será votado, apesar da previsão de abertura de sessões até sexta-feira (22).

“Só temos um meio governo e a perspectivas de impedimento da presidente pelo Senado, não há clima para qualquer debate ou decisão sobre qualquer tema”, disse o líder do DEM, Pauderney Avelino (AM).

Depois das escolhas de presidentes das comissões permanentes, a Câmara terá na pauta medidas provisórias que impedem a votação de qualquer outro assunto antes delas. A partir daí, o governo terá suas ações travadas pelos deputados.

Líderes de partidos até há um mês aliados do governo – como o PP, o PSD, o PR e o PRB – também não estão dispostos a votar qualquer tema antes da definição final dos senadores sobre o impedimento ou não da presidente Dilma.

Os deputados do PT consideram uma “irresponsabilidade” o fato de o presidente da Câmara não querer pautar a votação de projetos que estão na fila. “O presidente da Câmara é um irresponsável e não pensa no Brasil”, disse o vice líder do governo, Paulo Teixeira (PT-SP). A definição da pauta de votação nas sessões é feita pelo colégio de líderes, em reunião coordenada por Cunha.

Leonel Rocha, Congresso em Foco

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Mulher de ministro se diz a “primeira-dama mais bonita” e publica ensaio sensual

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Alessandro Teixeira e Milena Santos (Imagem: Pragmatismo Político)

A modelo Milena Teixeira, mulher do ministro do Turismo, Alessandro Golombiewski Teixeira, publicou fotos provocantes em seu Facebook tiradas dentro do gabinete do marido para comemorar seu “primeiro dia de primeira-dama” da pasta. Declarando-se a “primeira-dama mais bonita do governo”, Milena retirou o ensaio de sua página após a repercussão na internet.

Tô indignada com a falta de ética e respeito das pessoas. Pegam um momento de felicidade da vida de um casal que se ama e estão felizes e transformam em uma coisa negativa, como se estivéssemos cometendo alguma ilegalidade”, escreveu.

Miss Bumbum em um concurso nos Estados Unidos, Milena foi candidata a vereadora em Salvador em 2012 pelo PSL. Ficou na suplência. “Todos sabem que estou fora da vida pública, por opção, há mais de dois anos, mesmo tempo em que estou casada. Então não precisam pegar fotos e falas que fiz no meu passo e apresentar como se fossem algo atual porque não são! O único fato novo é exclusivo é que eu sou a esposa do Ministro do Turismo. O resto é conversa para boi dormir”, acrescentou a modelo.

Há três anos, Milena posou de biquíni e faixa presidencial em frente ao Congresso Nacional. As imagens também foram publicadas em sua página no Facebook. O novo ministro do Turismo foi um dos coordenadores do programa de governo da campanha de Dilma à reeleição, em 2014. Alessandro Teixeira presidiu a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e foi secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. O ministro, que substitui o peemedebista Henrique Eduardo Alves, “repudiou a exposição da intimidade do casal” e “lamentou” que tenham sido “resgatadas fotos antigas para denegrir a imagem dos dois”.

Congresso em Foco

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EL PAÍS: Parlamento “podre” tenta golpe contra Dilma

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el pais congresso parlamento podre corrupto

Uma matéria publicada no domingo (24/04) no jornal espanhol El País classifica como “podre” o Parlamento brasileiro que, em 17 de abril, votou a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff.

Segundo o artigo “O parlamento podre que processa a presidente”, o deputado Paulo Maluf (PP), a quem se atribui a frase “Rouba, mas faz”, “personifica o mal que corrói o Parlamento brasileiro: o escasso nível moral de muitos de seus integrantes”.

O deputado Maluf, condenado a três anos de cárcere por lavagem de dinheiro na França, perseguido pela Interpol pelo mesmo delito, sem poder sair do país por temor de acabar em uma prisão estrangeira, foi um dos parlamentares que votou no domingo [17/04] a favor do processo de destituição da presidente Dilma Rousseff”.

O jornal cita uma pesquisa da ONG Transparência Brasil que indica que mais de 50% dos deputados brasileiros possuem contas pendentes na Justiça.

A publicação aponta outros parlamentes, como Alberto Fraga (DEM) condenado por porte ilegal de arma de fogo, e Éder Mauro (PSD), que foi acusado de extorsão e tortura em 2009 enquanto era chefe de polícia no Estado do Pará.

O jornal diz também que o político “mais detestado” pelos brasileiros não é a presidente Dilma Rousseff, e sim o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB). De acordo com El Pais, “94% dos apoiadores de [Dilma] Rousseff está contra ele; 84% dos que querem que a presidente saia, também”.

Cunha, religioso evangélico, está sendo acusado de manter contas milionárias na Suíça enriquecidas a partir de subornos da Petrobras”, afirma o texto.

A publicação diz que o Senado brasileiro mantém a mesma “impactante” taxa de políticos envolvidos em casos judiciais, 55,6%.

O jornal cita como exemplo “tão ridículo quanto sintomático” o caso da deputada Raquel Muniz (PSD) que, ao votar a favor do impeachment de Dilma na Câmara, afirmou que o Brasil tinha “saída” e que marido, o prefeito de Montes Claros em Minas Gerais, Ruy Muniz, “nos mostra isso com seu trabalho”.

No dia seguinte, o prefeito (o marido) foi detido pela Polícia Federal acusado de sabotar o andamento de um hospital público em favor de outro privado gerido por seus parentes ‘sujos’”.

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O papel do vice-presidente na história política do Brasil

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Pedro Aleixo, vice de Costa de Silva, Itamar Franco, de Fernando Collor e Michel Temer, de Dilma Rousseff (Imagem: Pragmatismo Político)

Haroldo Ceravolo Sereza*, Opera Mundi

Até 1960, votávamos separadamente, para presidente e para vice. Jango foi eleito vice de Jânio, apesar de ser de outro partido. Mas aí Jânio renunciou em 1961 (não por pressão de Jango, mas de Carlos Lacerda, que o ajudara a se eleger) e não deixaram Jango assumir. Jango ganhou o plebiscito do presidencialismo e foi derrubado por quem não aceitou o resultado das urnas.

Durante a ditadura, havia vices decorativos de verdade. Pedro Aleixo era vice de Costa e Silva, que morreu. Não deixaram que o civil assumisse. Aureliano Chaves, vice de João Batista Figueiredo, sonhava em ser sucessor do general, mas não conseguiu nem disputar a convenção do partido, PDS, pois o preferido das casernas era o ministro dos Transportes, o coronel Mário Andreazza.

Tancredo Neves, então do PMDB, montou uma chapa para ganhar com um vice que saiu do PDS, Sarney. Na posse, a interpretação da Constituição que prevaleceu foi a do magistradíssimo ministro do Exército, Leônidas Pires Gonçalves, que dirigira o DOI-Codi (sangue, trevas, tortura) do Rio de Janeiro.

Para o general, “a constituição era clara: Sarney deveria assumir“. Não, a Constituição dizia que Ulysses, presidente da Câmara, devia assumir, achavam alguns juristas, ou pelo menos não era clara, alegavam outros. Mas a interpretação do Exército prevaleceu… “Curiosamente“, era a mesma Constituição que não prevaleceu com o vice Pedro Aleixo.

Itamar foi eleito vice de Collor num sentido inverso. Collor era o candidato da ditadura, que para se eleger precisou do aval da democracia. A queda de Collor é o marco, na minha opinião, mais correto para o fim da ditadura, que foi civil nos governos Sarney e Collor.

Collor não conseguiu governar porque era um presidente da ditadura que vivia sob uma Constituição (1988) democrática. O sequestro da poupança via Medida Provisória reproduz o modo de impor leis dos Atos Institucionais (todo mundo lembra do AI-5, mas foram 17 na ditadura toda, fora a Constituição imposta em 1967). Aliás, a MP, “sugestão” de Sarney para a Constituição de 1988, dava muito mais poderes ao presidente que os decretos-lei que substituía. Seu poder acabou sendo pouco a pouco limitado na democracia, e Dilma é a que enfrenta mais restrições para usá-la.

Para além da questão técnico-jurídica das pedaladas, a derrubada de Dilma é um golpe porque significa a imposição de um vice, sabidamente golpista (já dizia isso em 2010, no primeiro turno), pela via indireta, apesar de Dilma representar claramente uma escolha popular, pelo voto. Ela venceu as eleições e vem governando dentro das regras institucionais previstas na Constituição, sobretudo nas questões políticas.

Ninguém que votou em Dilma é responsável pela adesão explícita de Michel Temer ao golpe. Não votei nele porque quis, mas porque fui obrigado a isso. Ele, por sua vez, tem obrigações que não está cumprindo, ou seja, de respeitar a Constituição (explícita) e de lealdade (implícita) à Presidente.

Não adianta culpar o eleitor de Collor pelo sequestro da poupança. O eleitor de Collor mudou de posição e o país avançou em direção à democracia.

Os deputados federais, hoje, e o eleitor de Aécio podem fazer o mesmo agora e não apoiar a traição de Temer à soberania popular. Assim, ganha a democracia.

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*Haroldo Ceravolo Sereza é jornalista e um dos autores do livro “À espera da verdade – Empresários, juristas e elite transnacional – civis que fizeram a ditadura militar”.

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Clientes de prostitutas de luxo, deputados votaram “sim, pela família”

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Câmara dos Deputados na votação pelo impeachment de Dilma (reprodução)

Companhia constante de políticos entre terças e quintas-feiras (a tradicional semana parlamentar em Brasília), a loura de 36 anos, estilo mignon e cabelos longos contabiliza entre os seus clientes um placar unanimamente favorável ao impeachment da presidente Dilma Rousseff.

Tenho quatro deputados da atual legislatura entre os meus clientes, de diferentes partidos. Minha bancada é poderosa“, gaba-se a garota de programa, que oscila temporadas como acompanhante fixa de homens ricos e poderosos na Capital da República.

Todos votaram a favor do impeachment“, conta ela, que foi surpreendida, assim como governo, pela mudança de posição de última hora de um deles.

O resultado caseiro reflete a votação (367 sim e 167 não) do domingo (17), no plenário da Câmara dos Deputados, e está registrado em mensagens de WhatsApp.

Sob condição de sigilo, a acompanhante de luxo abre o aplicativo do celular e passa a exibir orgulhosa as inúmeras mensagens trocadas com um parlamentar do PMDB, dois do PP e um quarto do PR, durante a votação do impeachment e também no dia seguinte.

O conteúdo da intensa comunicação arquivada em seu iPhone 6, protegido por uma capinha dourada, demonstra a intimidade cultivada ao longo dos últimos quatro anos.

De um parlamentar do Rio de Janeiro, a loura recebeu um link no qual o nobre deputado aparece dedicando o voto pelo “sim” ao impeachment à família e fazendo uma ode à cidade onde tem sua base eleitoral. “Parabéns, vi você agora“, digitou ela em resposta. “Os bons vão permanecer.”

O texto enviado no início da noite de domingo, no calor da votação, foi enfeitado com uma sequência de emojis, entre eles oito aplausos.

O deputado retribuiu dois minutos depois com a imagem de um coração solitário, encerrando temporariamente a comunicação.

Os dois se conheceram em uma festa de aniversário de um outro parlamentar, na qual ela era uma das 20 mulheres convidadas para entreter dez deputados amigos do dono da festa. “Era tudo muito cafona e caro“, recorda-se.

No reagabofe em 2014, ela se perfilou em um “corredor polonês” de meninas. Foi uma das escolhidas pelo líder de uma bancada, com quem dividiu uma suíte no hotel cinco estrelas, cuja ala presidencial foi alugada para a festança.

Ninguém fala em dinheiro nessas horas, mas os presentes e a grana vêm naturalmente depois, ao virar a eleita de um cara desses“, diz.

Ela não esconde a inveja de um amiga que ganhou um par de sandálias Christian Louboutin logo depois do primeiro encontro.

A brasiliense entrou no círculo íntimo do poder graças às conexões de uma conhecida cafetina. Procurada pela Folha, a “promoter” desligou o celular ao saber do teor da reportagem.

Rescaldo

Um dia depois da votação do impeachment, o WhatsApp da loura continua bombando com o rescaldo da votação.

Na segunda-feira, um parlamentar de São Paulo, o mais conhecido da lista de clientes declarados dela –ou de amigos íntimos como prefere defini-los– envia o link do YouTube que imortalizou seu voto “por amor ao Brasil e à filha“.

O deputado do PP está exultante com a repercussão do seu “sim” entre o público que assistia à sessão em um telão na avenida Paulista, em São Paulo.

A acompanhante de luxo brasiliense só não foi brindada com uma justificativa de voto do seu amigo parlamentar que era tido como fiel ao governo até o último momento. “Fiquei chocada quando soube que ele mudou o voto. É o único da minha turma que é citado na Lava Jato.

Ela encerra o papo mostrando uma mensagem enviada também por um dos nobres deputados de “sua bancada“. O parlamentar entra no clima de chacota que tomou as redes sociais, diante da enxurrada de dedicatórias às mulheres durante a votação histórica.

O meme ironizando o discurso moralista e hipócrita de suas excelências, listando o placar de esposas lisonjeadas (120), amantes zangadas (200), filhos falando “ai que mico” (300).

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Love Boat 

Com a presença rara em Brasília de mulheres e filhos no fim de semana para acompanhar a sessão histórica, o circuito de festas privativas promovidas por parlamentares ficou, digamos, mais familiar.

No fim de semana de impeachment, nada das tradicionais baladas regadas a mulheres bonitas e muita bebida, que são definidas como “plataformas de relações públicas e de exercício de poder” por um lobista das antigas acostumado a frequentá-las.

São opções de lazer para políticos, empresários e a fauna que gira em torno do poder em Brasília.

Na atual legislatura, as festas mais famosas acontecem em um barco de um senador goiano, apelidado de “love boat“. O senador também costuma emprestar o “barco do amor“, que conta com uma única e luxuosa suíte, para amigos.

Outro cenário de noitadas é a casa de um senador mineiro no Lago Sul, que tem uma boate com um sugestivo palco de “pole dance“. Periguetes com crachá do Congresso Nacional e outras que cobram por hora costumam disputar os convites para as baladas.

Capital Sexy

Em outro circuito, Karina Sales, uma loura de 25 anos, 1m65 e 53 kg, conforme anúncio do site de acompanhantes Capital Sexy, diz que o impeachment foi frustrante em termos de movimento no já pouco aquecido mercado de sexo brasiliense.

Por conta da política, o povo sumiu. Tá todo mundo preso nas sessões no Congresso. Esse impeachment é muito brochante“, diz.

Ela é pessimista com os rumos do país e do próprio negócio, em tempos de crise política e econômica. “Gata, desce Dilma, sobe Temer, não vai mudar nada.”

Karina cobra R$ 500 por programa, aceita todos os cartões de crédito e relata cenas de pechincha generalizada em tempos de Lava Jato: “Não interessa se é senador, deputado ou político menor, como prefeitos e vereadores que vêm atrás dos grandes, todos choram miséria na hora de fechar programa.”

O mercado não está bom nem para peixe famoso. “Uma estrela pornô da produtora Brasileirinhas veio para Brasília para a temporada do impeachment e foi embora dois dias antes da votação“, relata Artur Henrique, dono do site Capital Sexy, que promove os anúncios das acompanhantes de luxo. “O dinheiro sumiu”, resume ele.

Já o garoto de programa Franco, do site Bofes.com, diz que não tem do que reclamar de Brasília. “Pra mim, crise não existe“, garante ele, nascido em Fortaleza.

Como discrição é a alma do negócio, Franco não entrega a clientela VIP, disposta a pagar R$ 400 por um programa. “Se atendo político ou famoso, eu nem sei. Não tenho televisão em casa, só vejo Netflix.”

No fim de semana da votação do impeachment, o fã de “House of Cards” diz ter sido sondado para uma “suruba” no Lago Sul. “Mas o cliente acabou não contratando ninguém. Acontece muito.”

Segundo ele, o que tem bombado mesmo é a sauna de um dos hotéis mais tradicionais da Capital, ponto de encontro gay. “Os caras cobram muito barato, R$ 50. Ganham por quilometragem e na pegação fazem dez programas numa tarde“, explica Franco.

Ele não se animou a tomar partido e se juntar à multidão dividida pelo “muro da vergonha” para acompanhar a votação neste domingo, 17. “Tendo ou não impeachment, nada muda. A máquina toda é corrompida.”

Sua colega Karina também optou por outro programa para o domingão decisivo para o governo Dilma Rousseff. “Preferi bronzear meu corpitcho.”

Com o bronzeado sempre em dia, a loura do WhatsApp passou o fim de semana da votação do impeachment fora de Brasília. Afinal, “era o dia da patroa ser homenageada“.

Eliane Trindade, Folhapress

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FHC defende que PSDB integre eventual governo de Michel Temer

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Fernando Henrique Cardoso, ex-presidente do Brasil pelo PSDB (reprodução)

Em uma entrevista publicada nesta terça-feira (26) pelo jornal Folha de S. Paulo, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso defendeu que o PSDB deve participar do eventual governo Michel Temer, com indicações de cargos. Segundo o político, o PSDB tem “responsabilidade política” pelo que está acontecendo.

Eu sou propenso a entrar desde que as condições sejam explicitadas“, disse. “Entrar como partido, indicando nomes, porque a situação do Brasil é mais grave do que aparece.”

Com o possível afastamento de Dilma Rousseff, líderes do partido se pronunciaram contra sobre a possibilidade de aliança com o governo de Temer.

Na última segunda-feira (25), tanto o presidente do partido, senador Aécio Neves, quanto o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, enfatizaram que a legenda não quer cargos. Alckmin, inclusive, disse que é contra o partido fazer formalmente parte da gestão Temer, posição compartilhada pelo secretário geral do PSDB, Silvio Torres.

Nós do PSDB não condicionamos nosso apoio a um futuro governo do vice Michel Temer a ocupação de quaisquer tipos de cargos“, disse Aécio Neves. “Ao contrário, queremos um compromisso com essa agenda, com a permanência das investigações da Lava Jato, reforma política corajosa, que possa restabelecer a cláusula de barreira.”

Para FHC, o PSDB tem “responsabilidade política” por este movimento, uma vez que apoiou o impeachment. “Então não pode simplesmente dizer não entro [no governo]“, disse à Folha.

Leia também:
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Questionado sobre o risco de fazer parte de um governo que promete corte de gastos e até diminuição do Bolsa Família, o ex-presidente diz que a questão é ser realista e tentar dar mais eficiência a esses programas. Segundo ele, a verdade é que “não tem mais de onde tirar dinheiro“.

Eu nem vou discutir aumento de imposto, porque vai haver. Basta olhar as contas. Se depender de mim, o PSDB apoiaria [aumento]. Depende de qual, né?”

HuffPost Brasil

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PSDB é condenado pelo TSE a devolver R$ 1,1 milhão aos cofres públicos

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Aécio Neves PSDB Gilmar Mendes TSE
Aécio Neves, presidente do PSDB, e Gilmar Mendes, presidente do TSE

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) condenou o PSDB a devolver R$ 1,1 milhão aos cofres públicos por irregularidades na prestação de contas do partido de 2010 entregue à Justiça eleitoral.

Despesas não explicadas e notas ilegíveis estão entre as irregularidades apontadas por técnicos do tribunal.

A multa pode ser parcelada em até seis vezes, a partir de janeiro de 2017. Ainda cabe recurso contra a decisão.

Na mesma sessão, os ministros aprovaram com ressalvas as contas do PMDB das eleições de 2010. O partido se livrou de punição, embora tenham sido detectados problemas em 6,5% dos recursos movimentados pela legenda.

Os peemedebistas não aplicaram, por exemplo, a verba exigida por lei para incentivar a participação das mulheres na política. Também tiveram contas aprovadas com ressalvas PCdoB, PSB, PSDC, PV e PRP.

Já o PMN foi punido. A legenda terá de devolver R$ 1,3 milhão aos cofres públicos e ficar oito meses sem receber repasses do fundo partidário por ter tido suas contas desaprovadas pelo TSE, também por irregularidades na campanha de 2010.

O PDT foi condenado à suspensão de dois meses do fundo partidário em 2017 por problemas na prestação de contas. Já o PRTB terá de devolver R$ 238 mil.

Congresso em Foco e Folhapress

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Mulheres cercam Eduardo Cunha após manobra vergonhosa do deputado

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eduardo cunha erundina manobra votação

Gritos de “golpista” e “fora, Cunha”, ocupação da Mesa Diretora por deputadas, sessão suspensa, troca de acusações. O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), voltou a causar polêmica ao insistir em uma votação, na qual saíra derrotado inicialmente, até ver a proposta que apoiava ser aprovada (vídeo abaixo).

Em sessão tumultuada, que só terminou na madrugada desta quinta-feira (28), os deputados aprovaram, por 221 votos a 167 e uma abstenção, a criação de duas novas comissões permanentes: a de Defesa dos Direitos da Mulher e a de Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa.

A confusão começou por volta das 20h, após Cunha declarar rejeitado o requerimento de retirada de pauta do projeto que criava os novos colegiados, contrariando a maioria do plenário.

Liderados pela bancada feminina, diversos parlamentares acusaram o presidente da Câmara de manobrar e promover um “golpe” em plenário. Elas protestaram contra a exclusão de temas considerados prioritários para as mulheres, como direitos reprodutivos e aborto, do âmbito da nova comissão.

Cunha ignorou o apelo das deputadas, que tomaram a Mesa Diretora e as duas tribunas diametralmente opostas do plenário. Dessa maneira, impediram que o deputado João Campos (PRB-GO), relator do projeto e aliado de Cunha, pudesse usar um dos microfones e dar continuidade à sessão – o peemedebista se mantinha decidido a manter aprovação da matéria. Campos é um dos coordenadores da bancada evangélica.

De dedo em riste, a deputada Moema Gramacho (PT-BA) foi até a cadeira do presidente da Câmara para cobrar explicações.

Diante da confusão, Cunha suspendeu a sessão. A deputada Luiza Erundina (Psol-SP) se sentou na cadeira dele enquanto outras parlamentares se revezavam à mesa. “Quem sabe das necessidades e dos interesses das mulheres somos nós mulheres. Não aceitamos que nenhum homem nos substitua para dizer quais são os nossos direitos”, havia discurso minutos antes Erundina.

VÍDEO:

Reincidente

Esta não é a primeira vez que o presidente da Câmara é acusado de ignorar um resultado do plenário que contraria sua orientação e insistir na votação até que a decisão lhe agrade. O peemedebista foi acusado no ano passado de manobrar, por exemplo, na análise da proposta que reduz de 18 para 16 anos a maioridade penal.

Relembre outras manobras de Eduardo Cunha:
. Redução da maioridade penal é aprovada após manobra de Cunha
. A manobra de Cunha para aprovar o financiamento privado de Campanhas

Durante a interrupção da sessão dessa quarta-feira, Cunha se reuniu com líderes partidários e alegou que diversos partidos perderiam cargos se as comissões não fossem criadas. O risco de perder espaço político fez lideranças que resistiam à aprovação da proposta mudar sua orientação, o que garantiu a aprovação do projeto de resolução já na madrugada.

As discussões, porém, prosseguiram em plenário. Em seu parecer, o relator João Campos incluiu o termo “nascituro” entre as atribuições da Comissão de Seguridade, contrariando a posição da maioria das parlamentares. Na prática, discussões sobre aborto, por exemplo, não serão tratadas na Comissão da Mulher.

“Estamos criando um meio instrumento, estamos fazendo de conta que estamos debatendo a questão da mulher e rompendo um acordo. Estamos mexendo com uma questão da seguridade que em nenhum momento entrou nessa discussão”, protestou a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ).

Na avaliação da deputada, em vez de ampliar, o texto retira das competências da Comissão da Mulher a possibilidade de discussão de pontos fundamentais. “Ele [o relator] excluiu do escopo da comissão assuntos fundamentais da mulher, os direitos sexuais e reprodutivos estão excluídos, além de enfraquecer outras estruturas da Câmara voltadas para debater os direitos de mulheres, como a Secretaria da Mulher e a Procuradoria da Mulher. É um retrocesso”, disse.

Moema Gramacho acusou Cunha de quebrar um acordo sobre a abrangência da nova comissão e de ignorar o posicionamento das deputadas para favorecer seus aliados políticos. “Não somos contrárias à criação das comissões da mulher ou do idoso, mas sim a forma como esta comissão foi trazida aqui, somente para contemplar os aliados com cargos nas novas estruturas”, disse.

Para a deputada Erika Kokay (PT-DF), a nova comissão não enfrentará as discussões que mais afetam as mulheres. “É uma comissão executiva: para incentivar, para receber denúncia, para fiscalizar, para oferecer prêmios, mas não para discutir o mérito das matérias no que diz respeito às mulheres. Queremos discutir a violência contra a mulher, a desigualdade salarial que atinge as mulheres e tantas outras questões”, criticou.

João Campos rebateu as críticas. “Não concebo a ideia de que a política relacionada à remuneração das mulheres seja discutida fora do contexto da política dos trabalhadores em conjunto na Comissão de Trabalho e Serviço Público”, disse o relator. O Plenário rejeitou, por 275 votos a 107, destaque do PT que pretendia excluir a nova atribuição dada à Comissão de Seguridade Social e Família para análise de temas relacionados ao nascituro.

Congresso em Foco

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Pelo voto popular, Michel Temer jamais chegaria ao poder

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Michel Temer, vice presidente do Brasil (reprodução)

O projeto econômico e social que o vice-presidente Michel Temer pretende implantar no país, caso assuma o o governo, jamais seria vitorioso numa disputa eleitoral. Isso porque retira direitos alcançados pelos trabalhadores nos últimos anos e reduz investimentos em áreas essenciais como Saúde e Educação.

Reportagem publicada na revista Exame desta terça-feira (26) revela que para escapar de uma alta inevitável de impostos neste primeiro momento, o grupo que apoia o vice-presidente Michel Temer vai insistir na proposta de desvincular benefícios – incluindo os da Previdência – dos reajustes concedidos ao salário mínimo.

Outra proposta é acabar também com as vinculações constitucionais, como gastos obrigatórios com saúde e educação.

A avaliação é de que esse caminho é mais viável do que a elevação de tributos num momento de recessão da economia. Segundo os assessores de Temer, agora é hora de cortar despesas, em vez de aumentar as receitas.

A adoção dessas medidas agrada ao mercado, mas não representa ganhos para os mais pobres.

O vice-presidente sabe que tais medidas não são populares, e que tendem a minguar ainda mais o número daqueles que são favoráveis a um eventual governo seu. Segundo o Ibope, o índice dos que apoiam Temer é de parcos 8%, enquanto nas pesquisas de intenção de voto, ele possui apenas 1%.

Leia:
Nova pesquisa ibope é escondida pela grande mídia
PSDB e DEM farão parte de possível governo Temer
O papel do vice-presidente na história política do Brasil
As 55 ameaças aos seus direitos que tramitam no Congresso Nacional

Não é a toa que Temer afirmou nesta terça que a possibilidade de antecipação de eleições seria um golpe (leia aqui).

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O alto preço que o presente agrilhoado ao passado cobra do futuro

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Luiz Gonzaga Belluzzo, CartaCapital

Os deputados brasileiros se esmeraram em oferecer a seus compatriotas um espetáculo degradante na votação do impeachment. No subsolo da pobreza de ideais e ideias corria o esgoto da hipocrisia. Papai, mamãe, filhinhos, ói eu aqui com a graça de Deus. O PMDB puxou a fila, liderado pelo vice-presidente da República, Michel Temer.

Pois o PMDB, vale lembrar, nasceu das entranhas do MDB de Ulysses Guimarães, Franco Montoro, Tancredo Neves, Mário Covas. Numa peculiar reviravolta genética, nada sobrou da honrada bravura dos grandes homens no DNA dos pigmeus que hoje controlam o partido. Os nanicos não se envergonham de usurpar a memória de Ulysses ao manter o seu nome na Fundação que deveria abastecer o partido de debates e ideias. Fundação Ulysses Guimarães, um deboche à memória de um grande liberal-democrata brasileiro.

Em um domingo paulistano, logo após a derrota das eleições diretas, Ulysses reuniu mais uma vez em sua casa os que estiveram com ele no combate persistente contra a ditadura. Vou invocar aqui o testemunho dos meus amigos João Manuel Cardoso de Mello, Luciano Coutinho e José Gregori. Não me recordo da presença de Fernando Henrique.

Ulysses levantou-se e respondeu aos que imaginavam convencê-lo das conveniências da disputa no Colégio Eleitoral. Dentre tantas guardei as frases que provocaram lágrimas em sua mulher, Dona Mora, sentada num sofá mais distante da pequena aglomeração de companheiros de seu marido. “Para o Colégio Eleitoral eu não vou. Seria uma facada nas costas do povo que se mobilizou nas praças e nas ruas para participar dos comícios pelas Diretas Já. Digo a vocês, a conquista da democracia não será completa sem a manifestação da vontade popular.

A campanha popular das Diretas foi derrotada com a cumplicidade de muitos que estavam na oposição, mas temiam a “radicalidade” de um governo eleito pelo povo. Por isso, os náufragos do regime militar conseguiram chegar até a praia, acolhidos pelo bote salva-vidas capitaneado pela turma do deixa-disso.

Apesar da campanha pelas Diretas ter conseguido forte mobilização popular, não foi capaz de vencer as casamatas do poder real que, desde sempre, comandam a política brasileira. Essa turma não tem o hábito de dar refresco ao inimigo. Em suas fileiras abrigam-se os liberais que vivem dos favores do Estado, as burocracias supostamente meritocráticas que mal toleram a soberania popular. A democracia do patriciado e de seus acólitos estabelece limites para as liberdades e respeito aos princípios jurídicos. Eles devem ser respeitados se o povaréu não botar as manguinhas de fora.

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Leonel Brizola e Ulysses Guimarães, quando o PMDB personificava a esperança de dias melhores (reprodução)

Às vésperas das tentativas do segundo assassinato da soberania popular, não posso negar ao improvável leitor as palavras de Ulysses Guimarães na sessão de promulgação da Carta Magna: “A sociedade foi Rubens Paiva, não os facínoras que o mataram. Foi a sociedade, mobilizada nos colossais comícios das Diretas Já, que, pela transição e pela mudança, derrotou o Estado usurpador. Termino com as palavras com que comecei esta fala: a Nação quer mudar. A Nação deve mudar. A Nação vai mudar. A Constituição pretende ser a voz, a letra, a vontade política da sociedade rumo à mudança. Que a promulgação seja nosso grito: Mudar para vencer! Muda, Brasil!

Há quem diga que o Brasil, ao promulgar a Constituição de 1988, entrou tardia e timidamente no clube dos países que apostaram na ampliação dos direitos e deveres da cidadania moderna. Submetidos ao longo de mais de quatro séculos à dialética do obscurecimento que regia as relações de poder numa sociedade marcada pelo vezo colonial-escravocrata e, depois da Independência, pelo coronelato primário-exportador, os brasileiros subalternos deram na Constituinte passos importantes para alcançar os direitos do indivíduo moderno.

A democracia contemporânea, seus direitos e contradições são conquistas muito recentes. Digo contradições porque, no apogeu do liberalismo, o sufrágio universal era apenas uma aspiração das mulheres e dos não proprietários. O direito de votar foi alcançado por todos com muita luta e sacrifício entre o fim do século XIX e o começo do século XX.

Ah, a “democracia”! Essa palavra circula nas rodas nada circunspectas dos Senhores da Terra Brasilis com a desfaçatez que os perpetua no privilégio e no exercício da demofobia. Ocorreu-me relembrar que a vitória na Constituinte não conseguiu eliminar as consequências da derrota na campanha pelas Diretas. O arranjo social do atraso preconiza uma sociedade submissa ao rentismo, refém da estagnação, prisioneira da defesa da riqueza estéril alimentada pelo fluxos de “hot dollars”. Imobilizados nos pântanos do parasitismo, os bacanas e sabichões acovardam-se diante dos azares da incerteza, avessos aos riscos de construção da nova riqueza.

Leia também:
A Ponte para o Passado de Michel Temer e PMDB
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As “profecias” de Brizola e Chico Anysio sobre o atual cenário político do Brasil
“PMDB e PSDB são sindicato de ladrões”, diz Ciro Gomes
Aventura do PMDB tende a ser tão desastrosa quanto o Titanic

Aí está desvelado, em sua perversidade essencial, o “segredo” das reivindicações antissociais dos vassalos do enriquecimento sem esforço cevado por taxas de juros absurdas. Clamam pelo aumento do desemprego e proclamam a necessidade de mais “sacrifícios”. Quem viveu 73 anos a ouvir essa patuscada dos que sonegam impostos, fogem para os paraísos fiscais e se orgulham de resolver tudo com dinheiro, sabe que o sacrifício vai ser extirpado daqueles que sempre “pagaram o pato”. Este é o alto preço que o presente agrilhoado ao passado cobra do futuro.

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